Amor=Jeff² escrita por SrGhost


Capítulo 2
Tsunami




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Capítulo 2: Tsunami

 Me dirijo até o banheiro. Não é pequeno, me olho no espelho e penso em mil coisas. O que Louis significa em minha vida, estou indo me deitar com ele. Depois de ter pego carona com Gustavo. Me sinto frágil analisando o reflexo ao espelho. Esse sou eu?

 Abro a porta do quarto, Louis está deitado, olhos fechados. Ele é tão lindo, como um anjo da pele morena. Expressão irritadiça. Estou totalmente hipnotizado. Desligo a luz e deito devagar ao seu lado.

 Por um tempo apenas fico imóvel, quieto. Mas não consigo, coloco com calma a mão em suas costas nuas. Descendo levemente por toda a extensão da espinha, sobe e acaricia seu braço definido. Estou sem respirar. Através do fino lençol consigo ver sua boxer de seda branca. Começo a acariciar seu cabelo, tão macio... Ele se vira e abre os olhos.

Louis: Hum... Ah... - O garoto geme sonolento. Esqueço que estou bravo com ele, esqueço até onde estou. -

Eu: Louis...? - Digo em um sussurro. - Você estava...

 Antes de completar a frase, o moreno aproxima-se e encosta a cabeça no meu peito, em um abraço. Me sinto totalmente aquecido. Apenas fecho meus olhos, e deixo o sono e o calor de seu corpo me envolverem.

 Assim que acordo, percebo que Louis já não se encontra ao meu lado. Meio confuso, percebo o garoto de pé, já vestido. Ele se vira e tem uma expressão furiosa, ao seu lado vejo meu celular, ligado.

Louis: Seu namoradinho está te esperando - Diz em um tom alterado - Olha... Olha...

— Ele cerra os punhos, furioso. -

Eu: Louis, olha me escuta...

Louis: Cala a boca. - o garoto diz, frio, já indo embora. - Apenas cale essa boca.

 Levanto rapidamente, pego meu celular e confiro várias ligações e mensagens lembrando nossas "combinações", todas de Gustavo. Chego na porta a ponto de ver os dois meninos se cruzando, a face do maior é tomada por decepção.

 Disparo em direção a porta, porém Gustavo agarra meus pulsos contra seu corpo de uma forma bruta.

Eu: Me solta. - Tento escapar de seu aperto, Gustavo é forte demais para mim. - Você está me machucando!

 Então ele solta, sinto meu pulso dolorido.

— Gus me encara, imóvel e atento. Sinto que estou quebrando, esperando a onda que derruba a todos com sua força. Um verdadeiro Tsunami.

************

 A caminho da faculdade, Gustavo mal me nota. Me sinto perdido, quero puxar algum assunto, mas não encontro palavras para tal. Quando ele freia bruscamente na frente de uma cafeteria perto do campus, meu corpo se move violentamente com o ato inesperado, estou assustado.

Gus: PORRA JEFERSON! - Diz ele virando-se para mim, de certa forma eu estava preparado. - POR QUÊ? NOSSA... É, a única coisa... Assim... não tem como explicar o qual baixo é esse jogo que você está fazendo comigo.

 Raiva? Tristeza? Nesse momento não sei o que passa com o maior e muito menos comigo. Ele se levanta e sai do carro, batendo a porta em um estouro.

 Quando o maior volta, tem dois copos de café na mão. Sinto um misto de alívio e receio quando Gus me entrega um deles. Após um momento de silêncio, o maior volta a me encarar.

Gus: Olha...

Jeff: Não, me escuta.

Gus: Ah...

Jeff: Somos amigos. - Digo cortando ele - Não somos? Então. Somos amigos recentes, e eu sei, sei que você não gosta do Louis. Mas somos apenas uma porra de amigos. Então você não tem o direito de ficar bravo, não tem.

Gus: Eu não tenho o direito de quê?

Eu: É o que você ouviu. E anda esse carro.

 Digo e o garoto me fita com uma expressão de deboche, depois me manda um sorriso safado.

Eu: Eu...

 Antes que eu possa dizer qualquer coisa, Gustavo arranca bruscamente com o carro. Me fazendo ficar com o coração acelerado. Ele dirige a toda velocidade, parece me ignorar.

************

— Chegando na faculdade, estou frustrado e me sentindo a definição de lixo. Louis não apareceu hoje, e não sei se isso é bom ou ruim. Gustavo me abandonou totalmente, só resta minha amiga Vanessa.

Vanessa: VOCÊ FEZ O QUÊ? - Ela diz chocada. -

Eu: Dormi com o Louis. - Digo, com uma vontade de rir. - Porém Gus...

Vanessa: Sim, eu entendi. Mas vocês fizeram... Aquilo...

Eu: Não! - Grito alto, caindo na gargalhada com minha amiga. -

 Nos encaramos e rimos juntos. Simplesmente.

 Durante a aula, acontecem várias gargalhadas e palhaçadas secretas com Vanessa. Com minha amiga, esqueço de todo e qualquer problema.

 Na saída, vou até o estacionamento e percebo que Gustavo já se foi, e o tempo está meio ruim. Decido por ir com Vanessa até a parada de ônibus, fica um pouco longe do campus e no meio do caminho, começa a chover.

 A chuva se intensifica cada vez mais, com fortes ventos e folhas voando para todos os lados, quase não se pode enxergar nada.

Eu: Meu Deus, acho que vamos voar a qualquer momento! - Digo gritando em meio a chuva -

Vanessa: Então... Ai... Meu pé...

 Olho para o lado e vejo Vanessa com o pé preso em buraco, ajudo ela a sair e percebo que ela tem dificuldades para andar.

Eu: Consegue andar?

Vanessa: Sim, talvez... Tá doendo, caralho...

A garota se apoia no meu ombro, e mancando chegamos até a parada.

Eu: O ônibus não passa, e sua perna está horrível.

Vanessa: Droga, mas vai ficar tudo bem. - Ela diz com uma animação que não me convence. -

Eu: Se não passar logo o ônibus, vamos precisar de ajuda.

 Como como por mágica, Louis passa com um guarda-chuva pela parada. Fazendo contato visual direto comigo, e depois com Vanessa. Por um instante, ele para e pensa no que fazer. Estamos sozinhos na parada, e ele vem em nossa direção e com um suspiro fala:

Louis: Você está bem?

Vanessa: Na verdade, não...

Eu: Ela... Nós...

Louis: Ah, dói muito? - O garoto me corta e fica agachado para analisar a perna da garota.

Vanessa: Sim, não consigo mais movimentar ela.

 Os dois trocam olhares. Tenho vontade de chorar quando sinto que estou sendo ignorado.

Louis: Bom, meu apartamento é aqui perto. Você... Vocês... Posso levar vocês até lá, o ônibus vai demorar a passar pelo jeito. - Ele diz, olhando para a rua deserta com a chuva mais fraca agora.

Vanessa: Ah... - Vanessa olha para mim, como se pedisse ajuda na resposta e eu apenas faço que sim com a cabeça. - Sim, sim... Queremos. Obrigado...

 Subitamente, Louis pega Vanessa em seu colo. Como se fossem noivos entrando em Lua de Mel, Isso me dá um arrepio. A forma que sou ignorado também, congelante.

 Ao longo do caminho seria tudo um eterno silêncio se não fosse pela chuva caindo. Louis troca algumas palavras com Vanessa, as vezes trocando olhares sem expressão comigo. Na chegada, os dois estavam gargalhando da "incrível" habilidade de Louis de carregar uma pessoa e segurar o guarda-chuva ao mesmo tempo.

 Louis: Pega a chave no meu bolso. - O garoto diz, novamente sem me encarar. -

 Com relutância, coloco a mão no bolso na parte de trás de sua calça Skinny - um pouco apertada - e coloco sob a fechadura, que abre facilmente.

 Entrando, percebo que o espaço meio pequeno. A cozinha é "junto" com a sala, separadas por um balcão de vidro. Os sofás estão cobertos com um pano vermelho e as janelas são grandes e estão com as cortinas abertas. Paredes em tom de verde, é aconchegante, apesar de tudo.

 Louis: Bem vinda. - Louis sorri e deposita Vanessa em um dos sofás. - Eu vou buscar uma toalha.

 Louis se dirige até o quarto. Na espera, eu mando um olhar para a Vanessa que diz: "Então é isso." Na volta, Louis está sem sua camisa, deixando a mostra seu peitoral liso e barriga tanquinho com várias tatuagens espalhadas. Me sinto quente, e Vanessa está vidrada.

— Não percebo quando uma toalha acerta meu rosto. O garoto está congelante, então esse é o seu lado negro? Esse é o moreno que dormiu comigo outra noite? -

Eu: Obrigado. - Sussurro para eu mesmo. -

 Decido por sentar com a toalha branca enrolada pelo meu corpo em um banco que fica entre a divisão cozinha/sala. Observo disfarçadamente enquanto Louis cuida de Vanessa. Fazendo piadas... Sendo gentil. Ele é tão diferente com ela, e estou tão ferido por isso... Tão magoado.

 Não percebo quando ele se agacha, não me encara. Apenas apanha a toalha e começa a enxugar meu corpo. Claro... Um aspirante a médico nunca deixaria um paciente em necessidade. Fico tonto com esse pensamento.

Eu: Oi... - Digo, para o moreno que evita olhar em meus olhos. Sem resposta, ele levanta e coloca água em uma chaleira. Sem camisa, parece a visão do paraíso. Mas me contenho. - Por que você está assim comigo? Fala comigo...

 Louis finalmente me nota, com uma pontada de ódio no olhar.

Louis: Será que eu posso? Seu "namoradinho" deixaria?

 Estou surpreso com a frieza e o desprezo que ele pronúncia as palavras. Será esse o verdadeiro Louis?

Luis: O quê...? - Me levanto, aproximando-me do maior. - Você sabe que eu não tive nada com o Gustavo.

 O nome do garoto de olhos castanhos parece ser o estopim para a sua raiva quando Louis me empurra com força em direção a parede.

Louis: Será? Você não percebe... Não percebe quem realmente, que eu, o que eu sinto é real, e...

 Meu corpo é prensando entre o corpo do maior e a parede, me sinto tonto. Ele é mais forte do que eu jamais vou ser.

Eu: Por favor... Louis... Você está me machucando...

 Então ele me solta, como se estivesse sem consciência antes. O garoto pega a água e volta para o lado de Vanessa. O que foi isso? Quem é esse garoto com estilo rock e perturbado que eu me meti? E qual sentimentos? No chão, me sinto confuso e triste.

 Voltando para sala, Vanessa está com a perna no alto sustentada por vários travesseiros. Coloco um sorriso no rosto pela expectativa de minha amiga estar melhor e sento ao seu lado.

Eu: Van, você se sente bem?

Vanessa: Sim, amém. Essas coisas só acontecem comigo.

Eu: Acredite, não é só com você. - Digo revirando os olhos e voltando a sorrir logo em seguida. -

Vanessa: Hey, tenho notado que está um clima meio estranho entre você e o.... Será que eu... - Ela sussurra. -

Eu: Claro que não, é só o jeito dele, eu acho. Mas não me importo. - Minto. -

 Antes de poder falar mais alguma coisa, o garoto volta. Dessa vez com uma calça de moletom branca e camisa preta lisa. E ele está lindo.

Louis: Vocês podem ficar um tempo aqui até parar a chuva, hum? Quem sabe dormir um pouco...

 Acabo por ignorar a pergunta e encarar minha amiga. Que seja o que ela quiser.

Vanessa: Ah... Sim... Queremos, sim. 

 Louis senta em uma poltrona que há perto do sofá, e eu na ponta do sofá onde está Vanessa, com os pés para cima.

 O garoto sussurra algumas coisas para a garota, soltam alguns sorrisos e brincadeiras. Minha mente parece flutuar, estou tão cansado. Louis, o moreno que invadiu minha vida. Meu Desastre, me deixou exausto hoje. Me tratou de um modo que me sinto despedaçado. Mas eu coloquei Vanessa na minha frente e fiquei calmo por ela... Ou eu sou apenas fraco demais para ir contra Louis, ou até mesmo Gustavo? Com esses pensamentos, fechos olhos e acabo caindo no sono.

 Ao acordar, já está escuro. Louis nos leva até o ponto de ônibus... Novamente com Vanessa ao colo e fazendo várias brincadeiras. No Ônibus com minha amiga, o caminho é feito em silêncio e o pai de Vanessa nos encontra na chegada e leva minha amiga de carro para sua casa. Chego em casa... não há mensagens no celular, minhas colegas não estão em casa e eu me sinto triste. Perdi duas pessoas que estavam conquistando meu coração. Sozinho e com o barulho dos pingos de chuva sobre o telhado, acabo por dormir.

 Na chegada a faculdade, estou com Vanessa na cantina. Jogamos conversa fora enquanto provamos de um delicioso cappuccino preparado por mim (Sim, tenho ótimos dotes na cozinha!)

 Vanessa: Hey, por que você está com essa carinha...?

 Fito seus olhos, com um misto de cansaço e tristeza.

Eu: Bom, são... são... - Em minha mente aparece a imagem de Louis e sua expressão irritada. Logo após Gustavo com seu sorriso fácil. -

Vanessa: Olá... terra chamando...

Eu: Bom, é... são as provas, você sabe... muitos trabalhos, mensalidade. Isso é difícil.

 Minha amiga faz uma cara de quem não acredita muito.

Vanessa: Okay né, você sabe que pode me contar tudo... Tudo mesmo. Vou estar com você sempre.

 Me sinto melhor com suas palavras e um sorriso começar a se formar, para logo sumir ao ver a presença que se aproxima: Louis.

 Seus cabelos escuros estão desgrenhados, e uma franja tímida cai sobre sua testa. Ele usa uma calça skinny preta e uma jaqueta azul. O garoto me encara brevemente, logo em seguida senta de costas para mim, olhando para a Vanessa. Um silêncio breve se estabelece, Van me olha com uma pena tão profunda. E só o que faço é olhar para baixo e segurar as lágrimas.

Louis: Oi, Van. Você está melhor?

Vanessa: Sim... - Ela diz, ainda me fitando. Logo após muda seu foco. - Muito obrigado pela ajuda mesmo, não tenho palavras para agradecer.

 Neste momento ele segura sua mão e olha para a perna da garota enfaixada. E é neste exato momento que eu levanto e começo a andar. Não aguento, não posso lidar com isso. Não é possível que eu não consiga mais nem a atenção dele, do meu Louis...

 Percebo os olhares pesados e até mesmo um chamado de Vanessa. Mas eu não nem sequer penso em olhar para trás.

 A aula passa de um modo devagar e exaustivo. Vanessa tenta conversar comigo, mas não estou no clima. Na verdade, estou mais que no clima, já que está totalmente nublado.

 Minha amiga não tem nada a ver sobre o que acontece comigo e os meninos, mas eu nunca soube separar meus sentimentos e sinto uma espécie de magoa com ela.

 Gustavo mal me nota a aula inteira, em uma papo infinito com Regina e suas amigas. Elas o alisam, elogiam, riem... tentam ser tão perfeitas para eles, e o pior, ele parece perfeito para todas elas. Em minha sala, porcamente ando falando com Vanessa. Já Gus, é tão popular que as pessoas chegam a formar círculos para conversar com ele. Ele pode ter qualquer garota a seus pés... E isso me deixa inconsolável, nunca serei mais que um conhecido para esse garoto. Quando percebo estou com lágrimas nos olhos, quando o menino tão popular no centro do círculo me nota... Fita tão profundamente minha face com seus olhos cor verde. A visão da perfeição, infelizmente não é perfeição para o meu ser.

 Acabo por sair da sala minutos mais cedo e perder minha amiga de vista. Vou no banheiro, e sem sinal de Vanessa, me preparo para Ir para casa. No caminho da saída, sinto um toque em meu braço, me viro e dou vejo quem, sim... Gustavo.

Eu: Oi, o que você quer? - Digo em um tom desanimado, evitando olhar em seus olhos.

Gus: Bom, o tempo continua ruim... você quer uma carona?

 Ele pergunta, e todos os meus sentidos dizem para aceitar sem questionar, e por um minuto penso nisso.

Eu: Ah... Não, não... Sem Vanessa. - Começo a olhar para os lados em sua procura. -

 Ele sorri fraco.

Gus: Ela está esperando no carro.

 Ele e diz aproximando-se. Eu respiro forte e dou um passo para trás. Por que eu continuo fazendo isso com ele...? Com eles... Enquanto caminho, sinto o olhar do menino me penetrar. Nenhuma palavra é dita, mas toda tensão é sentida. Não tenho direito de estar bravo com ele... muito pelo contrário.

 Chegando ao carro, vejo minha amiga no banco de trás e involuntariamente um grande sorriso se forma em meu rosto. Que se fecha imediatamente quando percebo a garota que está no banco da frente: Regina. Em um piscar de olhos, Gustavo bate as portas. Estou dentro.

 Ao longo do caminho, sinto os olhares de Gustavo diretamente para mim sobre o espelho. Troco algumas confidências baixas com Van ao logo do caminho, o que parece deixar o menino intrigado. Porém, o carro estava longe de ser silencioso. Regina falava sobre os mais diversos assuntos, e o pior, não eram futilidades... a garota falava sobre livros, cinema, coisas do mundo. Gustavo dirigia cada vez mais envolvido no assunto, o papo deles é ótimo.

Van: Ela é tão inteligente - Diz a garota no meu ouvido - Já pode voltar para o zoológico que deixou ela sair.

Começo a rir baixo. Regina nos fita, com um tom de deboche e curiosidade.

Regina: Qual é a piada? - Ela fala nos olhando pelo espelho.

Gustavo permanece calado.

Eu: Ah... capaz, nada não...

Regina: Bom, vocês estava rindo tanto que eu... - A menina olha de um jeito assanhado para o garoto no volante - Quero saber, parece interessante.

Ele devolve um olhar de desdém para ela, como se tivessem se comunicando telepaticamente. Isso me irrita.

Gus: Ah... chegamos a sua residência, senhora Regina. Até amanhã.

Regina: Até, Gus... - A loira se levanta para dar um beijo na face do meu... de Gustavo, mas acaba fazendo mais que isso e praticamente sentando em seu colo. A cena é tanta que tenho de virar a face. - Tchauzinho pessoal.

 Gustavo me encara com um olhar de culpa e tristeza. Me sinto abalado e deixado em segundo plano. Vanessa parece perdida também. Observo enquanto Gus aciona novamente a máquina, deixando a casa que mais parece uma mansão, para trás.

 Um tempo depois, deixamos Vanessa em casa. Nesse momento estou muito preocupado e começo a encher minha amiga de dicas. Chega um ponto que Gustavo ri da situação e pede para eu parar. Partimos, e após um tempo de silêncio, Gustavo pergunta:

Gus: Então... ah... O que tem feito? - Ele não me olha, então eu êxito. Poderia optar pelo silêncio e construir um muro de indiferença. Mas... ele estão sendo legal comigo mesmo após eu ter machucado ele. - Hein?

Eu: Procurando um estágio... você sabe, para me manter pelo menos.

Gus: Um estágio? Por que você não me falou disso antes?

Eu: Você quer mesmo que eu responda? - Digo em um tom irônico e ele me encara atrás do espelho. - Enfim...

Gus: Enfim - Ele diz em um tom sério - E se eu te disser que tenho a oportunidade perfeita para você?

 O fito com uma expressão de confusão e esperança.

Eu: Você está falando sério?

Gus: Sim, meu pai... Ah, não sei se eu já tinha comentado, o velho é dono de uma editora. Posso conseguir uma entrevista para você. - Ele diz, estacionando em frente ao meu apartamento, e meus olhos refletem a mais pura gratidão e carinho por esse homem. - Porém, tem um condição.

 Sinto o mundo desmoronar, o céu escurecer, as flores secarem, a vida parando e o som da esperança sendo sugada do meu corpo. Rolando os olhos, pergunto:

Eu: O quê?

Gus: Você ir em uma festa - O garoto de olhos castanhos diz com um sorriso travesso - Neste sábado.

 Não sei o que responder, parece que nada pode ser descomplicado para minha pessoa nessa vida. Penso em dizer não, porém, eu preciso muito desta chance. Então digo:

Eu: Sim... Gustavo... eu vou com você.

 No mesmo instante, o garoto se inclina para me abraçar, porém eu o afasto. E já abrindo a porta do carro, agradeço e começo a caminhar.

Gus: Amanhã, as 15hrs. - Ele diz com seu tom marrento de sempre - Não se atrase.

 E vai. Continua sua vida. Tudo que eu faço é subir, pensando quando as coisas vão começar a melhorar...

 Ao chegar, encontro Ju e Katy, preparando o jantar (Na verdade Julia está fazendo e Kathellyn observando enquanto fala do seu dia).

Eu: Olá gente...

— Digo, meio desanimado. -

Katy: Oi, a Jujuba tá fazendo uma comidinha especial.

 As duas me encaram animadas, mas rapidamente percebem minha expressão de tristeza e desânimo. Então volta a sorrir de imediato.

Katy: Senta aqui, conta pra gente o que tá rolando.

 E eu vou. E nesse momento, que percebo o porquê de eu morar com essas garotas, minhas melhores amigas.

 Um som ensurdecedor. Um som distante, ao mesmo tempo alto e agudo. Entra lá no fundo... Na mente. É o despertador.

 06:00. Nenhuma mensagem. Nenhuma ligação, ninguém deitado ao meu lado. A vida vai tão rápido quanto volta. É impressionante.

 Coloco meu corpo para funcionar, passo um tempo na frente do guarda-roupa. Não escolhendo peças que combinem perfeitamente, não. Apenas pensando. Penso em pegar qualquer coisa como sempre, mas lembro da entrevista. Minha chance. Após esse pensamento breve, acabo por escolher dois conjuntos diferentes de peças. E sigo em frente.

 Sigo para o ponto de ônibus mais cedo, não quero me atrasar. Me pego pensando na entrevista e como estou ansioso. E se não der certo? E se Gustavo estiver armando para eu passar vergonha? Okay, viajei um pouco.

 Na faculdade, chego ao mesmo tempo que minha amiga Vanessa, que inesperadamente (ou não), apareceu junto de Louis. Passo um tempo encarando os dois com uma expressão confusa, observando a menina agarrada ao braço do garoto que costumava a ser meu amigo. Vanessa percebe que estou olhando e sua pele ganha um tom avermelhado. Eu apenas sigo em frente, fingindo que não vi nada.

 Não posso desfocar hoje. Não.

 Decido por entrar na sala mais cedo... Alguns dos meus colegas já estão aqui. Como Henrique, que me manda um sorriso inspirador. Ele é até bonito, mas não me chama atenção. Vou sentar no meu lugar de sempre, meditando para que tudo dê certo.


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