Mr. Midnight escrita por Helen


Capítulo 1
Capítulo Único -- Mudança.




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Era primavera na Europa do século 15. Havia um homem baixinho e aparentemente frágil rondando por entre os rios de pessoas em Londres. Seu nome, ninguém possuía. Ele identificava-se apenas por Mr Midnight. Midnight não era humano, era na verdade um ser supremo de pura "luz", bondade infinita, que se disfarçou de humano para explorar o último planeta com vida do universo e tentar torná-lo pacífico por "curar" as pessoas do ódio e da depressão. Certo dia, todas essas pessoas testemunharam contra Midnight, alegando que ele era um bruxo, e assim foi. Ele escapa em direção a Ásia antes o possam capturar.

Chegando na Ásia, ele encontra um pobre e sofrido homem que todos os dias chora pela sensação de falta de encaixe no mundo. Mr. Midnight tem compaixão dele e restaura sua alma, o que o torna um homem mais alegre e grato.

A gratidão do homem se manifesta em uma vida ativa. Ele começa a sair de sua casa, a interagir com seus vizinhos e parentes que não via há muito tempo. Seu grande potencial se torna realidade em algumas semanas, e ele consegue desenvolver a si mesmo, ajudando as pessoas. Mr. Midnight o acompanha em suas jornadas, carinhosamente curando e auxiliando todos aqueles que o homem encontra.

Porém, nos corações de alguns vizinhos próximos, a inveja cresce e toma forma, trazendo consigo uma gama de pensamentos dos mais terríveis. Um complô se organiza contra o homem. Das tentativas de estragar a felicidade do homem, o grupo as esgota, sobrando somente a pior de todas: assassiná-lo. O grupo vai até as margens da cidade asiática e encontram-se com um jovem espadachim, conhecido por causa de seu pai, cruel assassino.

Eles dizem "Te queremos pra um serviço. Espada na garganta, silêncio e sem tumulto. Aceita?"

Zoro, o espadachim, responde "Diga onde fica a casa e o nome do alvo, que acabo com isso antes mesmo de desconfiarem."

Eles dão a ele toda a informação de que precisa, e Zoro começa a planejar seu trabalho. Zoro se dirige até a casa do homem e pensa em várias formas de entrar lá. Passa algum tempo como que estudando o lugar. Muitas pessoas passavam perto da casa dele de dia, mas à noite, tudo ficava muito vazio ali dentro. O samurai pensou que seria melhor entrar na casa e fazer o serviço lá mesmo, já que o homem sempre andava acompanhado de Mr. Midnight.

Uma noite, ele invade a casa do homem. Ele anda pelos corredores em silêncio. Mr. Midnight, que estava em um quarto próximo, ouve a movimentação friamente calculada do samurai, e sente uma aura sombria. O anjo espera. Zoro passa pelo corredor e abre a porta do homem, ainda quieto. Começa a tirar a espada da bainha, e é com esse som que Midnight sai do seu quarto, e vê o espadachim prestes a matar seu amigo.

"ALTO LÁ, HOMEM DE MÁS ÍNDOLES" diz o anjo.

Com o som da voz dele, o homem desperta confuso, e vê Zoro com a espada nas mãos. Surpreendido e um pouco confuso, Zoro tenta atacar Mr. Midnight. O anjo desvia, se movendo para trás. "Para com tua violência! Não necessita de matar-nos! Diga o que queres!"

O espadachim ignora as palavras do anjo, e tenta acertá-lo mais uma vez, pela lateral. Seu golpe é defendido pelas asas do servo divino. Tanto o homem como Zoro ficam boquiabertos com a aparição das mesmas, e paralisam. "Para!" o anjo tenta se aproximar do homem, e consegue tocar seus ombros por um instante. "Para..." Quando nota que algo está saindo de sua alma, o espadachim larga, e pula pela janela, correndo daquela casa pelos telhados, totalmente assustado.

Passando por telhados e sumindo da vista dos dois amigos, Zoro sai pelas ruas, completamente desnorteado. Por sorte, consegue encontrar o caminho de volta ao seu local seguro. Logo quando chega na sua pequena casa, o samurai lava o rosto. Se sente diferente. Observa seu reflexo, e percebe que sua aparência está mais calma. Como aquilo era possível? Nem quando era criança tinha um semblante tão pacífico. Sempre tinha sido exposto à violência do seu pai, e por isso seus olhos não conheciam inocência.

“Aquela... coisa... protegeu o homem da morte.” Pensou consigo mesmo. “É alado. Mas não se veste como a gente daqui... Não se parece com os deuses, muito menos com os anjos... Tentou me enganar, demônio deve ser. Invasor de almas, raptor de emoções... Sim, de fato, demônio deve ser.”

Tirando essa conclusão, ele jurou que iria livrar a terra daquela criatura. Mas, estando cansado da correria e do susto, deitou-se no chão frio do lugar que chamava de casa, e adormeceu.

...

No dia seguinte, Zoro começou a planejar seu contra-ataque. Não era mais questão de dinheiro, pensava, e sim uma questão celestial. Iria livrar a terra daquele demônio insolente de qualquer forma.

Passou os dias seguintes se preparando para o enfrentamento. Treinou como nunca tinha feito antes, estudou sobre seu inimigo, e retirou da bainha a espada sagrada de seu pai, o conhecido Warui. Dizia seu pai, quando era vivo, que aquela espada era a única garantia de que eles teriam uma recompensa depois daquela vida. Tinha sido um presente divino, que purificava tudo aquilo que tocava. A arma perfeita para matar um demônio.

Zoro se equipa com o melhor que possui, e se prepara para o pior. Manda alguns de seus conhecidos vigiarem a casa onde está Midnight, e eles lhe dão um panorama geral de tudo: calmo.

A lua sobe no céu e ilumina de forma gentil o espadachim, que novamente invade a casa do homem, atrás agora de matar Midnight. O anjo sente sua presença, e sai ao seu encontro. Nada surpreendente. Zoro havia entrado da mesma forma, da última vez. Depois de alguns momentos de silêncio, o samurai corre para atacar o anjo, mas ele desvia. Zoro acaba esbarrando em um dos poucos móveis da casa. Ele ataca de novo, e dessa vez o outro defende com um tapa dado por suas asas. O espadachim é arremessado até a parede, fazendo um barulho alto, que acorda o dono da casa. Percebendo que a luta machucaria inocentes se continuasse ali dentro, Mr. Midnight sai de casa, obrigando o samurai a também sair.

Completamente movido pela raiva, Zoro persegue Midnight empunhando a espada sagrada de seu pai. As ruas e as sombras tentam esconder o anjo e confundir o espadachim, porém, este último não parece notar a presença da noite. Os dois correm pelo silencioso vilarejo, e acabam atravessando ele, indo pelos caminhos que levavam aos campos de arroz.

Zoro pega uma das suas pequenas facas e, aproveitando que não há sombras que possam esconder o anjo, as lança contra ele, atingindo uma de suas pernas. Midnight grita com a dor, tropeça e cai no chão. O espadachim corre até ele e prepara-se para dar-lhe um golpe fatal.

“Volte para o inferno!”

Por um momento, a espada sagrada brilha. Mr. Midnight olha nos olhos do samurai, e decidido a mudar aquela vida, usa as asas para se levantar, e o abraça no momento em que a espada atravessa seu corpo.

Toda a energia negativa de Zoro é absorvida pelas mãos do anjo, que tremem com a dor.

“Tudo bem... Você está bem agora.”

O peso do anjo e das suas asas puxou os dois para o chão. E, pela primeira vez em toda a sua vida, o espadachim se sente leve, sem ódio sem tristeza. De joelhos, percebe então que Midnight estava longe de ser um demônio. Antes que pudesse dizer qualquer coisa, o anjo começa a se desfazer como que em pétalas de luz, que são levadas pelo vento. O samurai fica ali, parado, enquanto o dia amanhece.

Quando o sol se levanta no horizonte, Zoro pela primeira vez levanta os olhos para contemplar sua gloriosa subida. Vendo toda a beleza e a vida da manhã naqueles campos de arroz, ele nota pela primeira vez algo que nunca tinha notado: seu espírito poético. Sua boca, como em reposta à beleza da existência, recita uma breve poesia:

“quero contemplar uma flor

à primeira luz do dia

para ver a face de um deus”

E volta pro vilarejo, com as mesmas roupas, o mesmo cabelo, a mesma espada. Mas por dentro, alguém completamente diferente.


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