Com Amor, Amelia escrita por Inyscg


Capítulo 15
XIII




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/765833/chapter/15

Amelia

Choque? Parece que acabaram de me retirar um pouco de cérebro? A lógica de tudo, da vida e da humanidade acabou de perder o sentido? Sim, o mundo e todo o universo se desmoronaram, quando acabo de ler mais umas páginas do diário que pelos vistos pertence a uma tal de Amelia. Coincidência? Obviamente! É a única explicação plausível para que a minha sanidade permaneça intacta.

Fecho os olhos, encosto-me a uma parede ligada ao elevador dos laboratórios que se encontra no terraço iluminado por algumas luzes. Nem sei o que pensar e aposto que Charlie, que se encontra ao meu lado, também não sabe. Isto acabou de ficar ainda mais constrangedor. Eu e ele temos uma cena, acho eu, nunca falei com ele sobre esse assunto, mas eu sinto-o e após ler isto parece que o destino quer que nos juntemos. Rapidamente os meus pensamentos confusos são invadidos pela frase na minha cabeça “nunca pensaste coisa mais pirosa e clichê”. “O destino quer-nos juntos”? Só podes estar a brincar Amelia Janson!

—Então… -Charlie quebrou o silêncio que se havia imposto sobre nós.

—Então… - respondi, abrindo os meus olhos, devagar.

—O que achas que devemos fazer agora?

—Continuar a ler, desvendar este mistério e, entretanto, viver normalmente as nossas vidas.

—Parece-me um bom plano! És sempre assim tão rápida a resolver problemas? – perguntou, com um sorriso ao qual eu correspondi com outro sorriso - Bem, já é tarde. Vamos para casa? Eu levo-te.

—Isso já está a começar a tornar-se um vício teu.

—O quê? Levar-te? Não, eu sou mesmo viciado é em ti – assim que ele disse isto senti a temperatura do meu rosto aumentar e, de seguida, levantei-me.

Seguimos para o elevador e Charlie acompanhou-me até casa. Que querido…

Mais uma vez, quando entrei, encontrei Clarisse recostada no sofá da sala.

—Insónias outra vez? – perguntei, baixinho.
—Um pouco, sim, ultimamente tem sido assim. Talvez por causa da escola, têm exigido muito dos alunos este ano.

—É normal, é o último – respondi, enquanto ela assentia com a cabeça.

Despedimo-nos e dirigi-me ao meu quarto, vesti o pijama super rápido e enfiei-me na cama. Estava tanto frio! Já se nota este início de inverno. Fechei os olhos e deixei o quente dos lençóis me envolver num sono profundo. Apesar de todo este mistério e todas a perguntas por responder não consigo evitar estar cansada e precisar de uma boa noite de sono.

Mais cedo nesse dia

Hoje vai ser um dia bastante preenchido! Tenho aulas na faculdade agora de manhã e depois de almoço tenho que seguir para os laboratórios. Quando saio do meu quarto já pronta, reparo num tabuleiro com comida em cima da bancada da cozinha. Vou até lá e encontro a minha medicação ao lado de umas torradas e um sumo de laranja, juntamente com um bilhete de Clarisse.

“ Aposto que estás cansada e aproveitei para te fazer o pequeno-almoço. Não te esqueças dos comprimidos. Tem um bom dia! Beijinhos, Clarisse"

Ela é mesmo uma querida, às vezes até parece minha mãe. Tomei o pequeno-almoço, que estava delicioso e segui para a faculdade.

Foi um manhã complicada… estou incluída numa turma nova, as pessoas do meu ano já acabaram o curso, enquanto que eu estou atrasada.

Tomei a máxima atenção durante as minhas aulas, fiz anotações e trabalhei arduamente, de modo a distrair-me dos meus pensamentos.

Finalmente, acabada a manhã, dirigi-me à hambúrgueria que costumava ir com a Felícia. Como há muito tempo que não almoçamos juntas, convidei-a e depois seguimos juntas para os laboratórios. Esta hamburgueria é mesmo boa e mal posso esperar por meter as mãos no meu hambúrguer vegetariano com extra tomate. Acho a sua história bastante interessante até, faz parte do tema do espaço do restaurante, que consiste numa lenda antiga sobre uma espécie também antiga, mas bastante evoluída que sacrificava os animais e os utilizava como alimento. Era uma espécie egoísta que acabou por levar à sua extinção, depois de esgotarem o seu planeta. Obviamente que são só histórias. Nunca se provou a sua veracidade. Também nunca nenhum ser humano pensou aqui, neste planeta, em matar animais com esse propósito. Pelo menos, quando se iniciaram as civilizações, pois chegou-se à conclusão que o nosso corpo não necessitava de nutrientes animais. Bem, vou reformular. A verdade é que precisava, mas no passado, os humanos ingeriam uns suplementos que substituíam a falta desses nutrientes. Com o passar dos anos o nosso corpo habituou-se e a Natureza encarregou-se de tratar da parte da evolução em que seres humanos não precisam de ingerir carne.
Assim, este restaurante faz hambúrgueres de modo a que as pessoas possam ter a experiência de provar algo parecido à carne, mas que não o é.

Sentámo-nos e fizemos os nossos pedidos.
—Já tinha saudades destes almoços contigo – Felícia diz.

—Também eu – respondi com um sorriso – apesar de parecer que nem passaram dois anos, parece que foi tudo um sonho, que tudo se passou apenas numa noite.

—Estás a dizer, indiretamente, que não sentes saudades minhas?

—Indiretamente – respondi, na brincadeira.

Comemos, conversámos, rimos, e aquele momento seguiu com a sua naturalidade.

—Então e o Charlie? Vai bem? – Felícia perguntou.

—Porquê a pergunta? Deves saber mais do que eu, trabalhas com ele lembras-te?

—Eu sei, eu sei, mas não sou eu que tenho encontros secretos com ele – ela disse, em sussurro.

—Encontros secretos? Não são nada secretos! – respondi, enquanto soltava gargalhadas leves – como é que sabes? – olhei desconfiada, na brincadeira.

—E ainda dizes tu que não são secretos. Mantenho-me informada!

—Ah vocês os dois têm andado a falar.

—Apresento-te a casamenteira privada do doutor Charlie… Eu! – ela disse animada.
—Casamenteira? Amiga, isso já não se usa – disse, enquanto me ria – mas antes que esta conversa tome um rumo assim mais esquisito, vamos pagar para irmos que já está a ficar tarde e não quero chegar atrasada no meu primeiro dia.

—Esta conversa não acaba aqui! – apenas me ri ainda mais com a sua fala.

Dirigimo-nos aos laboratórios e quando chegámos vesti uma bata, que apresentava um cartão com o meu nome. Neste momento, iria dirigir-me ao bloco médico com Felícia, que ela iria realizar algumas consultas e observar alguns pacientes. Eu vou acompanhá-la nas suas tarefas. Depois, seguimos para a zona de laboratórios, onde vamos investigar mais sobre o assunto do chip que encontraram em mim. Nesse momento, irei aproveitar para falar com Jackson juntamente com Charlie e a Felícia. Durante o caminho para cá consegui explicar-lhe o que se tem passado em relação ao diário que encontrei, apesar do Charlie já lhe ter dito alguns pormenores.
Agora estamos as duas no seu consultório. Um dia espero vir a ter um meu… O desejo de já estar formada nesta área é tão grande!

Alguém abre a porta e por detrás da mesma começam a aparecer duas figuras. É a Sidney de mão dada à sua mãe, Corine. Fiquei tão feliz por vê-la!

—Amelia! – ela corre para mim e abraça-me, calorosamente.

—Boa tarde – Corine diz ao entrar no consultório.

—Muito boa tarde – Felícia responde juntamente comigo.

—Amelia, querida, ainda bem que estás melhor. O Jackson tem-me informado sobre o teu caso.

—Agradeço toda a ajuda – disse soltando-me de Sidney, devagar.

A consulta decorreu normalmente, observámos Sidney e os seus últimos exames. Tudo estava normal, felizmente. De seguida, eu e Felícia fizemos uma ronda pelos pacientes que estavam em recuperação do cancro e finalmente, conversámos com Jackson, juntamente com Charlie, sobre o diário. Jackson já não parecia aquela pessoa fechada e arrogante, falando abertamente connosco e empenhado em resolver este mistério. Afinal as primeiras impressões nem sempre estão corretas. À medida que a conversa fluía sentia a minha vista a ficar baça e, por momentos, pensei que iria desmaiar, mas após uns segundos essa sensação parou, depois de já estar apoiada em Felícia.

—Sentes-te bem? – ela perguntou, fazendo Charlie ficar alerta.

—Sim, foi só uma tontura, já passou – sorri.

Durante a noite

Abro os olhos e sinto-me enjoada, observando o teto do meu quarto andar à roda. Tento levantar-me devagar e dirijo-me à casa de banho. O meu instinto foi abrir a sanita e apoiar-me nela, tentando vomitar para aliviar a pressão que sentia no estômago, mas aquele mau estar não passava. A minha vista fica baça, como hoje à tarde nos laboratórios, e apago.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Com Amor, Amelia" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.