Quebrada escrita por Rossetti


Capítulo 1
Castigo


Notas iniciais do capítulo

Eu estou postando porque aposto muito que vou chegar pelo menos perto do canon.
Estou ansiosa pelos próximos episódios!



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Blue Diamond finalmente a encontrou, num canto esquecido de homeworld, explorando ruínas abandonada há eras. Claro, Blue não desceu até lá, apenas se manteve em seu palanquim, esperando que algumas de suas subordinadas trouxessem Pink até ela.

Quando a menor das diamonds chegou, estava obviamente irritada. Haviam sujeita em sua roupa e cabelo, então Blue torceu o nariz para ela.

— Como você me achou? – A mais nova perguntou, se recusando a sentar numa cadeira, como uma diamond ou qualquer gem civilizada faria, apenas se jogando de traseiro no chão e cruzando as pernas.

Eu não te achei, White achou. Ela me mandou vir te buscar. – Blue disse, estreitando os olhos. Ao ver a reação de pouco caso de Pink, a mais velha se irritou. – Você me ouviu?! Foi White! Você pode imaginar o que nos espera quando voltarmos, Pink?

A mais nova deu de ombros, um sinal claro de rebeldia.

— Eu não sei, eu não ligo. O que ela vai fazer, me estilhaçar? – Pink levantou os olhos para a outra. – Me trancar? Como se fosse uma grande novidade! Me impedir de ter uma colônia? Como se alguém tivesse a intenção de me deixar ter uma.

— Pink… – Blue começou, com um tom de aviso. – Ela pode ter sido razoável até agora, mas fugir… Você ultrapassou um limite. Você está testando sua paciência.

— Eu disse e repito: O que ela vai fazer? – A diamond olhou para fora do palanquim. – Não há mais mal algum que ela possa me fazer.

Blue cansou de discutir. Nada faria aquela gem entender, no fim. Por fim, voltou à sua lamentação interna: Ela deveria estar cuidando de suas colônias, não de uma gem rebelde. Não era culpa dela, em nada, que Pink tivesse saído daquela forma. Então por que ela precisava pagar por isso? Por que Yellow estava livre desse peso? Não era justo. Nada era justo. Ela fazia tudo certo, então qual a razão de estar ali, naquele momento? E isso não significava que ela não amasse Pink ou qualquer coisa assim, ela apenas queria estar livre para lidar com os próprios problemas.

— Blue… – Pink reclamou, com os olhos repletos de lágrimas, apesar de ainda estar de cara amarrada. – Por favor, pare.

A diamond mais velha mal tinha percebido que chorava uma vez mais. Blue se recompôs e ambas passaram o resto do trajeto em silêncio.

 

Quando chegaram, a Pearl de White as recebeu.

— Pink Diamond, sua presença foi solicitada. – Disse a Pearl, com os olhos baixos, sem ousar encarar as diamonds.

Talvez Yellow e Blue não reparassem, vivendo com a cabeça no alto demais para enxergar uma simples pearl, mas Pink percebia claramente como a pearl com a gem oval na testa, pertencente a White, parecia constantemente à beira de um colapso.

Fosse por causa de sua cor, convivência ou mesmo lealdade, as pearls se pareciam demais com suas donas. Yellow Pearl tinha uma constante expressão arrogante e se orgulhava de seu trabalho. Blue Pearl era emotiva e se expressava artisticamente com frequência. E Pink Pearl, sua pearl, era a mais adorável de todas, a mais gentil, a mais alegre. A única vantagem que a menor das diamonds via em estar sendo trazida de volta para casa era que logo veria sua pearl novamente.

No entanto a Pearl de White não tinha qualquer espaço para mostrar quem ela era. Como se não tivesse qualquer personalidade além da obediência.

— Eu vou falar com White primeiro. – Blue tomou a frente. Poderia estar irritada, chateada e mesmo se sentindo injustiçada, mas não deixaria que White descontasse tudo em Pink.

— Apenas… – A pearl tropeçou nas palavras. – Apenas a presença de Pink Diamond é necessária.

Blue não gostava de receber ordens de uma pearl, mas era a vontade de White. E, ainda que contrariada, ficou onde estava. Apenas Pink seguiu a pearl até a bolha.

E durante todo o trajeto, a diamond percebeu que a outra gem talvez estivesse ainda mais nervosa do que o normal. Seu corpo todo tremia. Por um momento Pink pensou em perguntar o que havia de errado, mas então chegaram até White e a bolha de desfez.

Por um momento tudo pareceu normal.

— Pink! – A gigantesca diamond exclamou. – Aí está você!

— Olá, White. – Pink disse, antes de perceber a pequena figura branca aos pés de White. – O que…?

— Olá, Starlight. – A matriarca continuou, enquanto a menor das diamonds se aproximava passo a passo, estreitando seus olhos para tentar ver bem o que era. E a cada metro aproximado, a diamond tinha mais certeza que havia algo de errado. – Você nos deixou bastante assustadas.

Algo dentro de Pink gritava para que ela se afastasse. Que aquilo seria demais. Que ela devia ao menos fechar os olhos. Mas ela continuou até ver.

— Pearl? – A diamond chamou baixinho.

A diamond teria reconhecido sua pearl em qualquer lugar, por isso sabia que deveria ser ela. Mas, de alguma forma, não era.

Um de seus olhos apenas não estava lá, assim como sua cor gentil e calorosa tinha ido embora, assim como os movimentos suaves foram substituídos por uma posição fixa e macabra, com os braços abertos. Uma cicatriz atravessava seu rosto, ainda que sua gem estivesse intacta. E ela sorria. Um sorriso frio, vazio. Era como olhar para uma estátua quebrada.

Quebrada. Sim, essa era uma forma de descrever.

— Pearl. – Pink chorou. E levantou as mãos para segurar o rosto de sua pearl, mas parou antes que realmente tocasse nela. – Pearl? O que houve com você?

— Esta pearl está melhor do que nunca. – A pearl respondeu. Mas não com a voz amável que Pink tanto conhecia, e sim a voz gélida de White.

— O que você fez com ela? – Pink questionou, desviando seus olhos para a gigantesca diamond.

— Você se divertiu em seu passeio, Pink? – White sorria. – Foi um problema encontrar você, é claro. Tive que tornar sua pearl um pouco mais colaborativa. Ora, que ótima brincadeira deve ter sido! Espero que tenha valido a pena.

Então era um castigo. Claro que era.

— Eu entendi! – Pink secou suas lágrimas e juntou as mãos, em súplica. – Eu entendi! Me perdoe, White! Eu não vou fugir, eu nunca mais vou fugir! Não vou desobedecer. Vou esperar pelo dia em que eu merecer uma colônia e um exército, se algum dia eu merecer. Eu juro, não vou reclamar nunca mais. Apenas traga ela de volta ao normal!

— Ótimo, ótimo. – A diamond piscou devagar. – Fico satisfeita que sua pearl tenha atingido o potencial que eu esperava de uma serva. Está perfeita agora, não?

— Não!

— É claro que agora ela já não combina com você, Starlight. Mas não se preocupe, ela não será descartada, eu ainda posso tê-la. Uma pearl para nos lembrar que obediência é fundamental é uma excelente ideia, não acha?

— Por favor… – A menor das diamonds deixou que suas pernas cedessem e ela caísse de joelhos no chão, cobrindo o rosto com as mãos e chorando. Pink não queria acreditar que aquilo estava mesmo acontecendo. E não queria nem mesmo olhar de novo para dentro daquele único olho vazio, se lembrando que tudo o que sua pearl tinha sido não existia mais lá.

Se lembrando que era sua culpa.

— Ainda bem que suas brincadeiras são inofensivas e você concorda comigo em tudo, não é, Pink? – White lentamente moveu seus olhos até o ponto da sala onde sua própria pearl se encontrava, de olhos baixos e tentando se manter o mais imóvel possível. – Discordância não é agradável para nenhum dos lados e decisões tomadas para o bem de todos não devem ser questionadas. Mas… – O sorriso dela aumentou ainda mais. – Vamos tirar uma coisa boa disso tudo. Você não pode não ter uma pearl, não é Starlight? Então estou te dando um presente. Não é ótimo que possamos fazer trocas assim?

Pink descobriu um pouco os olhos e também se virou na direção da White Pearl.

— Um pouco de cor e ela será perfeita para você, Pink. E então você terá novamente alguém com quem planejar suas travessuras. Não é divertido?

Pink não teve tempo de responder. Quando se deu conta, estava em uma bolha. E rápido demais, estava presa novamente no quarto de sempre.


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Notas finais do capítulo

Espero comentários e opiniões, por favor!



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