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Há muitos séculos houve uma princesa de nome Andrômeda. Se você acreditasse nas lendas, saberia disso. Saberia também que as palavras da mãe fizeram com que a fúria dos deuses caísse sobre a jovem. Andrômeda Tonks conhecia a história desde que era uma menina. Sempre a detestou. Odiava os mitos gregos e suas estúpidas tragédias. Abominava as desgraças sem fim as quais mulheres estavam sempre sendo condenadas em tais narrativas.

Ainda assim, contemplando aquela manhã cinzenta e desoladora, a distinta senhora Tonks não conseguiu evitar que os pensamentos vagassem para a princesa que compartilhava seu nome. Não conseguiu deixar de pensar em sua própria mãe e nas palavras de maldição que lhe rogou tantos anos atrás.

“Não há nada mais vil do que trair a própria família. Traía seu sangue, Andrômeda, e a fúria dos deuses cairá sobre você.”

Druella Black lhe dissera no dia em que descobrira que sua menina do meio vinha se engraçando com um nascido trouxa. “Acabe isso agora, carregue sua vergonha para o túmulo e tudo ficará bem”, a mulher havia lhe garantido e a filha fingira concordar. Nada do que foi dito, entretanto, a impediu de fugir na calada da noite e dar as costas para os seus. As palavras da mãe, no entanto, entraram em sua cabeça e penetraram seu coração.

Andrômeda fingira as ignorar por anos, mas naquele dia era impossível. Seu genro estava morto. Seu marido estava morto. Sua filha estava morta. A mulher tentou ser racional e dizer a si mesma que nada daquilo era sua culpa. Contudo, a praga da mãe continuava a sondá-la de modo sufocante.

Havia traído a família em que nascera – o sangue que ainda corria Black por suas veias – e os céus cobraram seu pecado – cedo ou tarde, a dívida teria que ser paga –, roubando de forma cruel a família que construíra para si. A fúria dos deuses, profetizada há tantos anos por Druella Black, finalmente a alcançara.