O Preço da Fama escrita por Holanda


Capítulo 7
Capítulo 7




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A água gelada desceu por sua garganta aliviando sua sede, o suor fazendo suas roupas grudarem em sua pele de uma forma desagradável, seus pés estavam doloridos e tudo que Weiss mais queria era chegar em casa, tomar um banho quente bem longo e dormir. Ela passou a tarde inteira no salão ensaiando com sua equipe de bailarinos e com Flynt e sua respectiva equipe. Seria apenas uma música de oito minutos, mas  o nível de exigência de Weiss era já conhecido, ela sempre cobrava muito e depois de passar uma noite planejando a coreografia, ensinar e testar os primeiros ensaios puxaram seu preço sobre seu corpo.

— Klein, me leve para casa. — Ela disse assim que entrou o carro.

— Ah, senhorita, Schnee? 

— Sim? — Ela levantou a cabeça de seu aparelho telefônico para olhar o seu motorista que estava com os olhos fixos no para-brisa do carro, ela seguiu seu olhar e seu sangue gelou. 

— Acho que isso é um problema. 

Na opinião de Weiss, não era exatamente um problema, como Klein afirmou, mas sim um grande incômodo. Ela balançou a cabeça para o Rolls-Royce todo branco, a grade dianteira cintilando em platina com o símbolo de sua família logo em cima. Não importava quem estivesse dentro daquele carro, era um Schnee e isso já era o bastante para aborrecer Weiss.

— Encoste, quero ver quem é. — Weiss falou.

Klein manobrou o carro para frente até seu BMW está emparelhado com  Rolls-Royce, o vidro do motorista abaixou e era um homem alfa branco, cabelo e costeletas no rosto de uma cor negra bem profunda, Weiss o reconheceu imediatamente como  o motorista de sua irmã Winter. De algum modo isso a aliviou um pouco, encarar Winter ainda era melhor do que seu pai.

— A senhorita Winter deseja conversar com a senhorita Weiss nesse instante. — O motorista alfa que se chamava Tukson falou para Klein, já que Weiss não podia ser vista do banco de trás.

Seu motorista ômega a olhou pelo retrovisor procurado instruções de como agir. 

Weiss acabou soltando um suspiro cansado:

— Tem uma sala de reuniões dentro do prédio, vamos nos encontrar lá. Diga isso a ele.

Klein assentiu.

~**~

 

Weiss gostaria muito de ter se limpado antes de falar com sua irmã, mas ela preferia se livrar logo do aborrecimento para depois relaxar em um banho mais demorado. Pelo menos o suor de ômegas não era desagradável como o de alfas. Mesmo em seu estado sujo, seu cheiro se perdia na sala diante do odor de Winter. Ela era uma alfa que gostava de se impor, ou talvez só tenha sido ensinada pelo seu pai a agir daquela forma que Weiss considerava bem tóxica.

Ela estava sentada em uma das cadeiras da sala de reuniões, Winter estava de pé olhando pela janela ficando de costas para Weiss, sua postura muito rígida com ombros e costas retas, pernas juntas e os punhos cerrados, seu cabelo tão branco como o de Weiss, estava preso em um coque perfeitamente alinhado e usava um terno branco e azul, com uma gravata vermelha. Seu cheiro enchia a sala, era parecido com pinho, Weiss jamais foi capaz de achar o cheiro de sua irmã realmente grosseiro como o cheiro da maioria dos alfas eram. O cheiro próprio de Winter tinha um frescor vinda das notas de pinho, mas era inevitavelmente robusto e vigoroso, era como está dentro de uma floresta de coníferas durante um dia frio no norte.

Um dia, há muito tempo atrás, aquele cheiro já foi seu refúgio. A jovem Weiss roubava roupas de sua irmã alfa e se enrolava nelas em sua cama, como seu ninho seguro, era o único lugar na sua gigantesca mansão que ela se sentia protegida de tudo. E era assim que Weiss pensava em Winter, como a pessoa que podia a protegê-la. Mas o tempo passou, Winter foi treinada para ser a herdeira da empresa, e Weiss trilhou outro caminho, um caminho que nem Winter, nem o resto de sua família aprovava. 

Sua irmã se tornou mais uma pessoa para oprimi-la com certos preconceitos e exigências. Quando Weiss abriu os olhos para sua própria condição de ômega e como pessoas de sua dinâmica eram tratadas, ela começou a questionar e claro, rapidamente virou um tipo de escória dentro de sua própria casa com seus pais ultraconservadores. Sua irmã por diversas vezes tentou convencê-la a deixar seus ideais em nome da reputação da família.

Bem, a história foi diferente. Weiss deu um belo foda-se para a reputação de sua família e com 16 anos foi fazer um teste para o programa de TV “Guerra Musical”. Ela passou e deixou de vez sua família tóxica iniciando sua carreira muito bem-sucedida, muito para a decepção de sua irmã mais velha. De algum modo, Weiss acredita que seu pai e sua mãe a viam como uma causa perdida, uma ômega rebelde sem conserto, mas Winter queria sua irmã por perto, queria Weiss junto da família, queria mudar ela. 

Weiss não queria. Weiss queria sua liberdade. Ela não voltaria a ficar presa nas garras de sua família. Ela não deixaria nunca mais, ninguém lhe dizer o que ela pôde e o que ela não pode fazer.

— Você dirá alguma coisa ou só ficará admirando a vista? — Weiss perguntou já perdendo a paciência com o silêncio de sua irmã.

Winter suspirou e finalmente se virou olhando para Weiss, seus olhos azuis eram como pedras de gelo duras.

— Você irá no evento do Plaza esse ano? 

— Sim, por que?

— Bom. — Winter andou circulando a mesa.

— Qual é a questão?

— Grandes mudanças acontecerão.

— O que você quer dizer? — Weiss odiava quando as pessoas não iam direto ao ponto.

— Saberá na hora.

— Ah, então você veio até aqui para fazer mistério e me deixar ansiosa, é isso? — Ela disse ácida.

Winter franzindo o cenho:

— Que tom é esse? Não deverias falar desta forma. 

— Não me diga como eu devo falar! Passei anos sendo prisioneira das regras da família Schnee, agora faço tudo que eu quiser, até mesmo falar da forma que eu quiser. 

Uma expressão surpresa passou pelo rosto de Winter, sua irmãzinha ômega a respondendo de forma malcriada? Um ômega sem abaixar a cabeça para ela? Certamente era uma situação que sua irmã não se agradava, tão pouco estava acostumada. Mas logo sua expressão se apaziguou para algo que se assemelhava a decepção. Weiss já não mais se comovia com aquilo. Por muito tempo ela deixou e fazer o que queria para não decepcionar as pessoas, agora a única pessoa que Weiss não podia decepcionar era a si mesma.

— Eu deveria esperar por isso.

— É melhor se acostumar, irmã, pois não abaixo a cabeça para alfas. Não mais.

Winter levantou uma sobrancelha.

— Não queria que você se abaixasse, mas, pelo menos, não fosse grosseira. 

Weiss suspirou.

— Desculpe, eu só não gosto quando as pessoas querem dizer o que eu devo ou não devo fazer.

A alfa assentiu:

— De qualquer forma, queria saber sobre esse seu suposto relacionamento com essa alfa.

— O que? Do que você está falando? — Weiss perguntou confusa.

— Saiu na imprensa, uma alfa boxeadora.

— Ah! — Weiss revirou os olhos. — Pelo amor de Deus, Winter, não acredito que você leva a sério o que esses abutres falam.

— Então não é verdade? 

Mas que tom de decepção era aquele na voz dela?

— Como assim não é verdade? Você queria que fosse?

— Bem… pode não ser o tipo de pessoa adequada, certamente que não é, uma brutamonte toda tatuada, mas… pelo menos é uma alfa. Acho que isso já é alguma coisa.

Weiss não podia acreditar no que estava ouvindo.

— O que você quer dizer com isso?

— Que eu estou feliz que você está começando a ir pelo rumo certo. Deixando de ser uma desviada. — Weiss não conseguia conceber o quão absurdo e insultante era aquilo que ela estava ouvindo. — Eu sempre tive a esperança que bastaria você achar o alfa certo, claro, essa tal de Yang não é quem eu consideraria “certo”, mas como eu disse, já é algum progresso.

Weiss pensou em uma série de respostas bem grosseiras e malcriadas para dar a sua irmã mais velha, mas ela foi fria e guardou todas elas para si.

— Nossa conversa acabou, Winter. — Ela se levantou com uma expressão bem séria.

— Weiss? 

Ela ignorou quando a alfa a chamou, usando aquele tom de voz de mando e autoridade que alfas tinham que faziam as pessoas estremecerem e obedecerem, mas Weiss já havia treinando até a exaustão sua força de vontade e autocontrole para resistir.

— Eu não tenho o que conversar com gente homofóbica. — Foi simplesmente o que ela disse passando pela porta e certamente deixando uma alfa bem enfurecida para trás.

~Alguns dias Depois~

Que Weiss não deveria ficar surpresa em ver atitudes retrógradas vindo da sua família isso era certo, seu pai sempre fez questão desde que ela consegue se lembrar, de ressaltar que os Schnees é uma família tradicional e conservadora. E Weiss era a ovelha negra. Sua carreira, sua vida, suas roupas, suas músicas, seus ideais, absolutamente tudo era uma afronta ao seu sobrenome. Seu pai jurava que ela fazia de propósito apenas para envergonhá-lo, mas obviamente que Weiss não dava a mínima para ele.

Se ela foi naquele maldito evento beneficente da empresa Schnee? Claro que sim. Afinal era para uma boa causa, vários famosos e empresários faziam doações para o leilão que seria convertido em ajuda humanitária. Uma pena que ela teria de ter de lidar com toda sua família no processo.

— Querida? Você chegou. — Sua mãe a saudou se levantando de seu local na primeira fileira e beijou sua bochecha. — Quanto tempo desde a última vez que nos vimos.

Ela era fisicamente bastante parecida com Winter, quase como uma versão ômega e mais velha de sua irmã. Já havia algumas marcas de expressão em seu rosto tão bem cuidado, fora isso, pouco se tinha pistas de sua verdadeira idade.

— Verdade, mãe? O que a senhora está fazendo? Está me farejando? — Weiss perguntou segurando um riso, já que sua mãe assim que a abraçou roçou o rosto em seu pescoço e o cabelo dela fez cócegas em sua pele.

— Desculpe, meu amor, acho que foi a força do hábito. Só tento ter certeza que  está tudo bem com você.

Weiss se afastou um tanto desconfiada, claro que toda mãe costumava verificar o cheiro dos seus filhos, mas na situação que estava acontecendo, especialmente depois daquela conversa estranha com sua irmã, Weiss desconfiou que sua mãe estava se certificando que não havia cheiro de ninguém nela. 

— Você veio sozinha? 

E ali estava. Aquela simples pergunta confirmou as suspeitas de Weiss. Sua mãe só queria saber se ela estava saindo com alguém.

— Absolutamente sozinha, mamãe. — respondeu seca.

— Ah, certo, então senta aqui do meu lado.

Foi o que Weiss fez, mas logo uma visão das mais desagradáveis apareceu, seu irmão mais novo, Whitley, estava vindo junto de possivelmente o alfa mais insuportável e burro que Weiss já teve o desprazer de conhecer, Cardin Winchester. Se fosse por si mesmo, aquele rapaz não estaria ali, ele não era bom em nada, nem formado era, Weiss achava que ele não tinha capacidade para tal. Mas seu pai, Jonathan Winchester, era dono de uma indústria alimentícia, que por acaso, estava envolvida em um escândalo à cinco anos atrás, algo sobre aditivos tóxicos e ilegais no leite. Ele era um dos três membros fundadores daquele evento, junto de seu pai, Jacques Schnee e Leonardo Lionheart.

— Olá, amada irmã. — Whitley cantarolou em seu tom de voz de falsa doçura que deixava o sangue de Weiss fervendo. 

— Olá, irmãozinho. — Ela olhou friamente para o rapaz alfa que usava um terno preto e seu cabelo ruivo e curto estava cheio de gel e penteado para trás. — Senhor Winchester.

Ele apenas deu um aceno de cabeça, Weiss reparou que o braço dele estava entrelaçado com o de seu irmão. Ela quase havia esquecido do relacionamento dos dois, Whitley parecia presunçoso e arrogante com seu namoro com um dos “melhores partidos alfa da alta sociedade”. Na opinião de Weiss, Cardin era tão ruim quanto lixo, mas pensando por um lado, talvez os dois fossem perfeitos um para o outro. Seu irmão apesar de ômega, não era flor que se cheire. Falso, cínico e manipulador, quase o pacote completo para ganhar o desprezo de Weiss.  

— Eu a vi falando com os repórteres lá fora, oh cara irmã, não deveria falar com essa relé nociva, o melhor a se fazer é ignorá-los!  — Whitley começou de forma afetada e dissimulada. — Eu ouvi as coisas absurdas que falaram sobre você saindo com uma… boxeadora troglodita completamente bruta. — Ele riu desdenhando. — Veja que absurdo, minha adorável irmã jamais iria se interessar por alguém tão obtuso. 

Weiss teve de fazer muita força para não revirar os olhos.

— Obrigada pela preocupação, irmão, mas não tenho de dar satisfação com quem eu saio ou deixo de sair. — Weiss deu seu melhor sorriso forçado para deixar claro que ela estava apenas entrando no deplorável joguinho de dissimulação do seu irmão.

Whitley deu seu sorriso falso a encarando com seus olhos azuis pálidos.

— Mas então, ela veio? — Cardin perguntou repentinamente, Weiss se virou para ele quase esquecendo de sua presença.

— Ela quem? 

— Yang?

O rosto de Weiss azedou:

— Não.

— Mas você vai me apresentar a ela?

Weiss piscou duas vezes tentando processar em como ele era um broco sem noção.

— Pare com isso. — Whitley o chamou para sentar poupando Weiss de dar uma resposta curta e grossa para o namorado dele.

— Meninos, se comportem que o leilão já vai começar. — Sua mãe disse pondo um fim a conversa.

 

~**~

— Acho que todos os convidados já entraram. — Velvet disse ajeitando sua câmera fotográfica.

Ela e Blake estavam do lado de fora do prédio onde o evento da SDC estava acontecendo, o Plaza. Nas três horas anteriores elas ficaram ali abordando os convidados que iam chegando, Blake conseguiu algumas boas declarações de alguns empresários, ela fez questão de se focar neles em vez das celebridades que passaram por ali. Mas não era o bastante, Cinder era uma chefe de altos padrões, Blake teria de ter mais do que isso se quiser impressioná-la. Ela tinha de fazer isso por ela mesma, tudo que Blake queria era ser reconhecida no meio jornalístico, e nenhum jornalista seria respeitada se não tivesse os furos nas mãos.

— Terra chamando, Blake? — Velvet passou a mão na frente do rosto de sua amiga beta. — O que você tá olhando? — Ela seguiu os olhos da amiga e a viu observando uma van branca entrando pelo portão lateral do prédio. — Blake? Você não tá...

— Você pode ir, não precisa me esperar.

— Blake não! Volta! Volta aqui! Não vai! — Foi tarde, os pedidos da ômega Velvet ficaram no ar enquanto Blake foi fazer sua jogada mais arriscada. 

~**~

 

Após o leilão, começou a festa, naquela altura já era noite e os garçons bem-vestidos bailavam pelo salão equilibrando taças de champanhe e canapés em cima de bandejas de prata. Blake, de algum modo conseguiu passar pela copa e pela cozinha quase despercebida, naquele momento ela quase podia imaginar Yang brincando com sua cara dizendo que era suas habilidades furtivas de gato ninja.  Discretamente ela entrou no salão, para sua sorte todos estavam prestando atenção ao anfitrião da noite, Jacques Schnee.

— Estive a frente desta empresa há 20 anos, e posso lhes garantir que foram os 20 anos mais cansativos, porém, não escolheria nenhum outro caminho, porque também foram os 20 anos mais gratificantes de minha vida. — Ele dizia no alto da pequena escadaria, a plateia estava atenta, e ao seu lado, estavam sua esposa e apenas dois de seus filhos.

Blake procurou no meio da multidão Weiss e a achou com uma taça na mão e observando com uma cara aborrecida.

Jacques era um homem alfa que já exibia uma barriga proeminente em seu terno branco, o cabelo penteado para trás impecável e seu bigode igualmente branco. Seus olhos tinha um tom de azul mais escuro que o resto de sua família, certamente que os três filhos haviam puxado mais a senhora Schnee.

— Há 50 anos meu amado sogro, Nicholas Schnee fundou esta empresa com o objetivo de trazer algo de bom para o mundo.

Ela quase soltou um riso debochado ao ouvir aquilo, Blake conhecia muito bem o histórico de acusações de irregularidades e corrupção na SDC, chegando ao cúmulo de serem apontados de usar mão de obra escrava em países subdesenvolvidos, além do pouco zelo ao meio ambiente. Blake olhou para Weiss e ela podia apostar que a popstar pensou exatamente a mesma coisa que ela.

— E estamos cada vez mais empenhados com esses ideais, sempre respeitando a tradição. — Houve uma saraivada de palmas. — E agora em diante, a SDC estará mais comprometida que nunca com o desenvolvimento, inclusive com uma renovação.

Hum… então a fonte de Cinder estava certa. — Blake pensou consigo.

— Os tempos estão ficando sombrios, os valores da sociedade estão sendo deturpados e as novas gerações esqueceram como se portar, as pautas progressistas avançam ameaçando a família tradicional e aos bons costumes. 

Blake franziu o cenho, aquele discurso conservador era ruim o bastantes para fazer seu estômago revirar, ela novamente olhou para Weiss que estava com uma cara enojada.

— Por isso precisamo nos manter unidos e ter mais força no congresso, para lutar contra essa ameaça progressista que avança em nosso amado país. — Jacques fez uma pausa enchendo o peito. — E é com orgulho que anúncio que vou lutar com minhas próprias mãos… declaro oficialmente que entrarei na corrida presidencial.

Um estrondo de palmas irrompeu pelo salão tão alto que parecia um trovão nos ouvidos sensíveis de Blake.

— Para tal. — Jacques voltou quando a multidão se acalmou mais. — Para tal, não posso continuar a frente da SDC, por este motivo, indico minha filha mais velha, Winter como nova CEO da companhia! 

— Isso com certeza é uma notícia de primeira página. — disse alguém ao seu lado e por cima das palmas, quando Blake virou para ver quem era, ficou surpreendida ao reconhecer Salem Ônix, a dona da SLM-Comunicações. 

Aquela mulher era literalmente a chefe da sua chefe.

Ao lado dela estava o marido, Ozpin Greenwood, apresentador de um programa de TV. Eles formavam um casal bem distinto, ela com seu vestido longo negro e seu cabelo de um loiro tão pálido, ele estava com um terno escuro e verde, o óculo redondo e pequeno já sua característica marcante e seu cabelo completamente grisalho. 

— Sem dúvidas, mas acho que tem mais coisa por aí, para quem tem bons ouvidos. — Ozpin disse e Blake jura que ele olhou diretamente para ela. 

Os dois entrelaçaram seus braços e desapareceram no meio dos convidados. 

Blake se afastou deles já achando a situação estranha demais para ela lidar, mas entendendo como um sinal. Ela continuou discretamente na festa, sempre de ouvidos atentos e escutando conversas bem interessantes. 

— Arrecadamos bastante esse ano. — Ela ouviu o senhor Winchester dizendo. 

— Foi um bom ano. — respondeu o senhor Lionheart, ele era o diretor do instituto Haven. 

— Vamos encher aquele avião e logo aquela casa na Baviera vai ser minha. Com esse lucro não tem erro. 

Aquilo era algo. Blake tentou se aproximar mais.

— Cuidado com as extravagâncias, Jonathan. — falou Arthur Watts, Blake o conhecia como um dos diretores de desenvolvimento da SLM-Comunicações.

— Quem se importa, ninguém nunca desconfiou. 

— Mas é bom não perder a cautela, cautela nunca é demais. — Lionheart advertiu.

— É, às vezes as coisas podem mudar rapidamente. — Watts virou a cabeça e ele olhou diretamente para Blake.

Ela teve um pequeno ataque de pânico, se virou para se afastar e sumir no meio da multidão, mas de repente seu rosto bateu em algo e ela exclamou um sonoro “ai”.

— Desculpe eu não queria atingir você. — Uma voz masculina disse e quando Blake abriu os olhos viu que havia batido no peito de um homem beta loiro. — Uou, você é linda! Meu Deus! 

Blake ainda estava com seu nariz dolorido pelo impacto, ela iria apenas dizer que tá tudo bem e se afastar o mais rápido que pudesse, mas a cantada simplória acabou a fazendo prestar alguma atenção ao homem, ela iria dispensá-lo com uma resposta sarcástica e ácida como sempre fazia, mas Blake reconheceu o sujeito a sua frente.

— Devo me sentir lisonjeada de ouvir isso do cara que foi eleito o homem mais bonito por votação popular na Boop três vezes?

Ele riu alegre.

— Num sei, deixa eu me apresentar, eu sou…

— Sun Wukong, ex-membro da SSSN, modelo pela Times Star e garoto propaganda da Street, fez alguns filmes de qualidade bem questionáveis, como “Minha Sogra Pirou”,  “Salve-se Quem Puder” e "Aventuras na Ilha Korassaum".

Blake o interrompeu toda ácida, ela o olhou friamente, ela pensou que ele já teria se tocado quando ela mencionou aquela estúpida lista de “mais sexys do ano” que a Boop fazia todos os anos.

— Uou, então você já me conhece, saquei, posso pelo menos saber seu nome?

— Não. — Ela disse e virou a cabeça para verificar, Watts estava se aproximando deles.

— Olá, bela dama, acho que eu ainda não a conheço. — O homem disse, ele era um beta esguio, de pele escura e um bigode chamativo. 

— Eeeh… eu sou… — As desculpas e as palavras fugiram de Blake, ela seria descoberta.

— Sabe, esta é uma festa bem exclusiva. — Ele disse levantando uma sobrancelha.

— Ela é a minha namorada. — Sun falou todo alegre e passou o braço pelo ombro dela.

Blake o olhou chocada, depois forçou um sorriso e entrou na farsa. Já Watts, estreitou os olhos para os dois, ela duvidava que ele compraria aquela história.

— Sabe? Vocês dois fazem um bonito casal. — Ele disse um sorriso sarcástico sob o bigode. — Um modelo e uma jornalista.

O sangue de Blake gelou, como ele sabia? Ok que ele trabalhavam na SLM-Comunicações, mas era em um setor tão distante do setor de Blake, eles jamais haviam se visto.

— Quando o senhor disse que não me conhecia era uma mentira. — Ela afirmou.

— Ah, eu acertei, você é a garota da Cinder, não é? Ela disse que mandaria alguém, mas não achei que seria tão atrevida a ponto de entrar aqui.

Blake tentou analisar suas palavras, havia algo por trás, era o que sua intuição dizia.

— Bem impressionante! Entre em contato comigo, depois. — Ele lhe deu um papel dobrado e simplesmente se afastou bebendo sua taça de champanhe.

— Aquela cara estava te assediando? — Sun perguntou repentinamente do seu lado, ela quase havia esquecido sua presença.

— Não, já você… — Ela olhou para o braço dele que ainda estava envolvendo seu ombro. 

— Oh, desculpe. — Ele se afastou tão rápido que era como se Blake tivesse lhe dado um choque elétrico.

— Obrigada por ter tentando me ajudar, agora isso é um adeus.

— Hey! Espere, não vai me dizer nem seu nome? Seu número? Seu instagram? Nada?

Blake se afastou e sumiu no meio da multidão, quando chegou em casa, começou a redigir uma publicação sobre o evento do Plaza e os anúncios bombásticos na noite, mas ela também abriu um arquivo novo, intitulado “A Falsa Caridade - O Esquema em Oito”. 

Aquilo era grande, uma investigação que poderia mudar a vida de Blake. Ela podia sonhar com uma promoção, com um prêmio, talvez? Era tudo que ela sempre quis ter em mãos e agora ela tinha a oportunidade e não desperdiçaria. 

 

~**~

Weiss estava seriamente com vontade de vomitar depois daquele show de horrores que foi o discurso de seu pai. Não sabia se ficava preocupada, ou não, com a suposta candidatura de seu pai, ele não tinha chance de vencer, tinha? Ele não tinha tradição da política, não podia dá em nada.

 

 

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