— Tá, por que eu decidi vir andando mesmo? - Digo pra mim mesma enquanto caminho em direção a minha casa. Meu vestido sobe conforme vou andando, então tento segura-lo pela barra. Meu cabelo solto é jogado de um lado para o outro com a vento e meus pés estão cansados nessa sapatilha de bico fino - Eu não devia estar pura ao me vestir assim pra ir trabalhar e nem na hora de escolher caminhar até em casa. 

— Certo, você é a garota mais difícil de encontrar Marinette - Escuto uma voz melodiosa familiar.

— Luka! - Tomo um susto ao vê-lo ao meu lado.

— Você não me deu seu telefone, mas parece que o destino conspira a nosso favor - Ele dá um sorriso preguiçoso e eu tenho certeza que estou da cor de um tomate.

— Na ultima vez, não conseguimos conver-sar direito.

— Nenhuma das vezes conseguimos conversar direito - Ele revira os olhos azuis - Eu queria - Ele hesita e pega o celular - Eu quero te chamar pra sair. Fico sem resposta. Eu sempre tive uma quedinha pelo Luka, ele é tão gentil e carinhoso ... Mas o que aquele beijo significou? - Eeei, sem pressão - Ele dá um sorriso de lado e eu pego o celular dele e coloco meu numero.

— Pronto, agora vai poder me achar quando quiser - Mexo no cabelo nervosa.

— Eu tenho que ir, mas posso te dar uma carona até em casa - Ele indica uma moto preta parada um pouco a nossa frente.

— Não precisa, não quero te atrasar! - Balanço os braços como um polvo.

— Eu não me importo em me atrasar, então você não vai se importar também. Certo?

— Mas o seu patrão deve se incomodar né? Claro pensando como chefe, quer dizer, eu não sei se me importaria ou melhor sei sim, opa estou me deixando confusa, quer dizer você me deixa confusa - Tapo minha boca com as mãos.

Ele ri e eu acabo rindo junto.

— Vamos. - Concordo com um gesto de cabeça. Subo na moto com um pouco de dificuldade - Pode se segurar em mim ... - Eu o abraço, quando ele arranca eu o aperto. Posso sentir o seu sorriso. No caminho não consigo tirar meus olhos de Luka. Ele parece um pouco mais maduro se isso é possível! Tem algo nele que me chama atenção, algo familiar, eu não sei o que é, apenas me sinto atraída como um imã para metal.

A sensação da adrenalina cresce conforme Luka acelera a moto, nas curvas eu só falto esmaga-lo entre meus braços. Eu nem noto quando chegamos ao meu prédio, mantendo meus braços enrolados no cara de cabelos azuis.

— Marinette? - Sua voz melodiosa não consegue me fazer voltar a mim. O cheiro do seu perfume me inebria.

— MARINETTE! - Essa voz sim consegue me trazer de volta, Chat Noir como sempre sem rodeios. Eu dou um pulo da moto no mesmo momento em que fito aqueles olhos de gato claramente irritados - Espero não estar atrapalhando nada - Seu sorriso debochado quase me faz rir.

— Você lembra do Luka ? - Aponto para o cara confuso ainda em cima da moto.

— Chat Noir! Então você voltou mesmo! - Ele desce da moto e estende a mão para o gatinho que aperta com força até demais.

— É, Paris estava precisando de mim. 

— E a LadyBug? - Luka pergunta notando que o Chat Noir ainda não largou sua mão.

— A minha Lady ainda não regressou, infelizmente. Né Marinette? - Ele larga o braço do Luka com força  e se aproxima de mim, parando ao meu lado e passando o braço pelo meu ombro.

— É, infelizmente. - Quase que as palavras não saem.

— Bom, então eu já vou ... Eu te ligo Marinette. - O garoto de cabelos azuis dá um sorriso doce quando prende seus olhos azuis nos meus, dá uma piscadinha e sobe novamente na moto. Antes de arrancar ele vira e olha para o gatinho - Que bom que voltou, Chat Noir. Espero que a LadyBug apareça também. - Ele arranca deixando eu e o gatinho irritado pra trás.

— O que você está fazendo? - Eu empurro o braço dele do meu ombro e encaro aqueles olhos verdes.

— Eu? O que você estava fazendo agarrada nele daquele jeito? - Ele cruza os braços e estreita os olhos pra mim - E eu não vou nem falar desse vestido em uma moto.

— Chat Noir, eu não vou te contar, porque isso não é da sua conta. - Pego a chave e entro no prédio batendo a porta antes que ele possa entrar. Subo até meu apartamento, Alya ainda não chegou. Encosto na porta da sala tentando acalmar meu coração que agora bate feito um tambor. Eu sei que no passado sempre fiquei dividida entre o Adrien e o Luka, mas com o Chat Noir também? Isso não é possível. Vou direto para o banheiro e tomo um banho demorado, saio enrolada na toalha e quando entro no meu quarto tem uma rosa vermelha em cima do meu travesseiro.

Ao pega-la vejo um pingente de coração amarrado a ela. 

— Chat Noir ... - Meu coração acelera novamente.

—-

Minha folga demorou 2 milhões de anos pra chegar. Eu não vejo Chat Noir desde a semana passada e com o pré lançamento da coleção chegando, estava precisando mesmo de uma folga. Acordo cedo e começo a cozinhar. Faço 3 tipos de biscoitos, 1 pavê, mais de uma duzia de macarrons e uma torta, que foi na verdade a unica coisa que eu tinha que fazer mesmo.

— Meu Deus! - Alya diz ao entrar em casa, seu terninho está amassado e ela parece que acabou de acordar.

— Ta, acho que exagerei ... - Digo sem graça.

— Então, você acha? - Ela ri e eu acabo rindo junto.

— Bom, a torta está pronta. É aniversário de quem? - Ela disfarça e vem até a cozinha, pega um biscoito e mexe no celular.

— Do Nino. - Ela praticamente sussurra o nome do antigo namorado.

— O QUE?! - Eu grito e a ruiva leva um susto.

— Ai amiga! Não tem nada demais os amigos dele fazer uma surpresa no dia do aniversário dele! - Ela revira os olhos e me mostra a linguá.

— Como assim amigos dele? 

— Você, Adrien e eu vamos até a casa dele, então é melhor você se arrumar logo - Ela pisca pra mim dando um risinho travesso - Espera, você não ta nervosa? 

— Eu acho que não - Como um macarrom, Alya chega até mim e me analisa.

— O que aconteceu amiga? Antes você tremia toda vez que o nome do Adrien surgia ...

— Bom, eu vou me arrumar - Batos as mãos para tirar um pouco da farinha, tiro o avental e deixo em cima do balcão - rapidinho eu me apronto então - Dou um sorriso pra ela e vou tomar um banho rápido.

Coloco um vestido amarelo claro de tecido leve, acinturado mas com a saia rodada e levemente armada, deixo meu cabelo solto e faço uma maquiagem leve. Pego o pingente prateado de coração e o coloco no meu cordão. Coloco por dentro do vestido para não aparecer muito, finalizo com um sapato Christian Louboutin Highness nude.

Arrumo todos os doces e espero Alya estar pronta. Dou uma ultima olhada no espelho. Meu cabelo cresceu bastante e o tom de azul escuro está contrastando bastante com o tom pastel do vestido.

— Esse sapato é maravilhoso!  - Quando vejo o reflexo da ruiva ao meu lado meu queixo cai, ela está com um macaquinho preto que se ajusta perfeitamente ao corpo ressaltando suas curvas,

— Meu Deus! Você quer acabar com o Nino! 

— Claro que não amiga, eu só quero mostrar o que ele perdeu gata - Ela disfarça o olhar travesso.

— Alya, você sabe que ele não terminou com você porque deixou de gostar de você. Ele só ... - Ela não deixa eu terminar.

— Não me importa, ele nem vai ver o que lhe atingiu! - Ela sai rebolando e eu não contenho um riso.

Quando chegamos a portaria Adrien ainda não chegou.

— Sempre atrasado - A ruiva revira os olhos - Ele me lembra você, mas agora eu sei que você era a LadyBug então te perdoei.

— Eu não vou comentar sobre isso.

— Se o Chat Noir voltou, de repente, a Tikki pode voltar . 

— Alya, eu não quero mesmo falar sobre isso. - Nesse momento um carro que com certeza é mais caro que até mesmo o meu apartamento para na nossa frente. O vidro do carona desce e eu vejo o rosto que me faz sonhar desde os 14 anos.

— Bom dia - Aquele sorriso de lado é lindo demais.

— Bom dia - Dizemos ao mesmo tempo.

— Marinette, você vai na frente, eu vou atras com as coisas!

— Posso ir atrás com você - Ela me interrompe.

— Amiga, você é muito desastrada, é melhor eu ir atrás sozinha - Balanço a cabeça concordando, infelizmente ela tem razão. Guardamos as coisas no carro e entramos.

— E ai Adrien, ligou pro seu amiguinho dizendo para ir pra casa de jogos? - Casa de jogos?

— Claro, ele vai adorar te ver Alya, ele ficou bem mal quando você foi embora. - Adrien não tira os olhos da pista, nem uma olhadinha de nada pra mim. E eu não me sinto mal por isso.

— Ele me mandou embora, então não me culpe se não acredito em você - O tom de voz dela muda de brincalhão para sério - Eu só quero que voltemos a ser amigos.

Nesse momento Adrien me flagra com os olhos nele e por 5 segundos nos encaramos, antes dele voltar a olhar pra pista.

— Somos todos amigos, isso nunca vai mudar.

—-

Quando entro na casa de jogos fico de boca aberta, é mesmo uma casa de jogos. É o playground dos sonhos pra qualquer criança com todos os videogames possíveis! Totó, air game, flipper, tudo!

— Adrien, isso é maravilhoso! - Tenho certeza que meus olhos estão brilhando.

— Esqueci que você ama vídeo games - Ele ri e passa a mão pelo cabelo bem arrumado - Pode vir quando quiser, agora já sabe o caminho.

— Helloooooo! Eu estou com todo peso aqui atrás! - Nos dois ajudamos a ruiva com as comidas até a sala. Adrien olha no relógio.

— As pessoas já devem chegar, vamos montar tudo. - Concordamos com um aceno de cabeça e começamos a colocar tudo em seu devido lugar.

As pessoas começam a chegar, algumas eu não conheço as meninas como sempre rodeiam Adrien como se ele fosse o unico cara no mundo. Decido explorar a casa então, subo para o andar de cima onde encontro os quartos. Sigo reto pelo corredor e vejo uma pequena escada. Ao subir vejo que dá acesso a cobertura, sem muros ou qualquer outro parapeito é um lugar perigoso mas, incrivelmente bonito! Ao me aproximar da ponta vejo que estamos muito mais alto do que imaginei. 

— Cuidado! - Sinto uma mão segurar meu braço.

— Você me assustou - Adrien. Seguro o braço dele em reflexo.

— O que veio fazer aqui? É perigoso demais. - Seus olhos verdes capitam toda minha atenção - Vem ... - Ele me segura pela mão e me ajuda a descer pela pequena escada - Não vai dizer nada?

— Eu? Errr obrigada. Eu só fiquei curiosa ... - Ajeito meu cabelo pra que fique de um lado só do pescoço -  Mas não estava em perigo.

— Isso eu decido - Ele dá um sorriso e eu tenho certeza que estou vermelha como um tomate - O Nino chegou e acho que o queixo dele quebrou quando viu sua amiga.

— Vou lá da um abraço nele - Ao passar pelo loiro me atrapalho e viro meu salto, ao tentar me segurar Adrien acaba caindo em cima de mim. Dura alguns segundos até ele levantar o corpo o suficiente para me olhar nos olhos.

— Você ta bem? - Seu olhar segue até meus lábios e percebo a proximidade de nossos rostos. Meu coração dispara instantaneamente e posso perceber que isso também aconteceu com o loiro porque sua respiração se torna tão irregular quanto a minha.