Hard to do - One Shot escrita por Any Queen


Capítulo 1
1999


Notas iniciais do capítulo

São apenas dois capítulos, espero que gostem



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/765663/chapter/1

1999

And while you've been pushing, I'm pulling away
I wish I can say all the words I don't say - Hard to do, Gavin james

 

— Oliver, devolve a minha boneca! - gritou a pequena Felicity pela décima vez contra a porta do quarto de Oliver, estava gritando descontroladamente e sabia que a mãe viria chamar sua atenção por fazer bagunça na casa dos patrões, mas Felicity não se importava de levar um sermão da mãe, se importava em salvar a boneca do terrível Oliver Queen.

— Vem pegar, Esquiticity! - Felicity escutou outras risadas dentro do quarto e sabia que Oliver estava fazendo isso para se mostrar na frente dos amigos tirando sarro da filha da empregada.

As lágrimas começaram a cair e Felicity tratou de secá-las, Oliver não merecia que ela chorasse por causa de suas besteiras, mas a menina ficou triste da mesma forma, mesmo sabendo que era a filha da empregada e que morava de favor na casa dos Queens, ela sempre achou que era um pouco parte da família. Ela e Oliver tinham a mesma idade e, graças a Senhora Queen, estudavam no mesmo colégio. Costumavam a se dar bem e fazerem tudo juntos, mas de uma hora para outra, Oliver tinha virado um idiota que só queria saber de impressionar os amigos e tirar sarro dela.

Ela continuou batendo na porta, realmente queria aquela boneca de volta, a mãe não gastava muito dinheiro para poder juntar o bastante para que a filha fosse para a faculdade, e a boneca tinha sido uma das poucas coisas que se dera ao luxo de comprar.

— Oliver, por favor, eu faço qualquer coisa, só devolve a minha boneca! - gritou mais uma vez, escutou risadas e passos, de repente a porta abriu.

Oliver e seus amigos seguravam a boneca com a cabeça separada do corpo, como torturadores e sorriam uns para os outros.

— Por que você fez isso, Oliver? - a garota olhou diretamente para o menino de cabelos loiros que estava de braços cruzados – Eu te contei que era um presente importante.

— É só uma boneca idiota, igual a você!

— Pode me devolver agora? - Felicity deu um passo para dentro, mas Oliver a empurrou com força para fora, fazendo-a com que caísse com tudo no chão.

— Eu vou devolver quando eu quiser! Essa casa é minha, tudo aqui é meu, então eu faço o que eu quiser e você é só a filha da empregada, tem que fazer o que eu mandar!

Oliver parecia ter crescido vários metros enquanto gritava, Felicity apenas fungou, talvez devesse correr até Moira, mesmo que sua mãe tivesse mandado nunca importunar a senhora Queen.

— Tudo bem – veio uma voz de repente – Chega disso, Oliver, devolve a boneca para a garota, você já fez o que queria.

— Tommy, ainda não acabamos.

Um garoto de cabelos escuros apareceu e lhe estendeu a mão, ela a aceitou e se escondeu atrás dele. Conhecia Tommy Merlyn, era tão rico quanto Oliver e seus pais era melhores amigos, Tommy era quieto e sempre sorria para Felicity no colégio, sabia que ele estava tentando ajudar.

— Já acabaram, não está vendo que ela está chorando? E, além disso, temos treino agora, vamos nos atrasar se continuarmos com essa bobeira.

— Ela precisa aprender qual o lugar dela! - disse um dos garotos que segurava a outra parte da boneca.

— A casa nem é sua, cala a boca! - Tommy disse – Agora me devolve a boneca.

Eles obedeceram Tommy e devolveram a boneca, assim que ele a pegou, olhou para o estrago e se virou para a pequena garotinha que estava tentando não chorar.

— Acho que dá para concertar. - ele a entregou e Felicity segurou a boneca com força, acenou para Tommy e saiu correndo.

Mais tarde naquela noite, Felicity estava sentada na mesa da cozinha com um pacote de cola e sua boneca destruída, suspirou novamente quando a cabeça da boneca suspendeu para um lado e acabou caindo novamente. Não tinha contado para ninguém do acontecimento, mas queria concertar a boneca antes que a mãe visse. Ela escutou a porta se abrindo e tratou de esconder a cena do crime esperando que fosse sua mãe, mas ao olhar para o invasor, era apenas Oliver, andando calmamente até ela.

— Você já não destruiu minhas coisas o bastante hoje? - fungou.

— Felicity…

— O que aconteceu com “Esquisiticity”? - Felicity jogou a boneca na mesa novamente enquanto Oliver se sentava.

— Brandon me obrigou a fazer isso, ele disse que não iria vir na minha festa e ele é o garoto mais legal da escola!

— Ele é um idiota! Por que iria querer que ele viesse? Só vai estragar tudo.

— Você não entende porque não quer ser popular, eu preciso ser amigo deles.

— E para isso precisa tirar sarro de mim. Então acho que não podemos ser mais amigos.

— Podemos ser amigos! Eu posso comprar outra boneca.

— Eu não quero outra boneca! Eu já tinha uma boneca antes de você destruir e agora… Eu não quero mais ser sua amiga, Ollie.

— Você tem que me desculpar! Quem vai jogar videogame comigo? - Oliver deu um sorrisinho e cutucou o braço de Felicity – Quem vai me ensinar matemática?

— Sua professora?

— Qual é, Lissy! Eu realmente sinto muito, você sabe que é minha melhor amiga no mundo inteiro. - Oliver foi diminuindo o tom de voz que Felicity teve que se esforçar para ouvir a última parte.

— O quê?

— Minha melhor amiga no mundo inteiro! - gritou Oliver e virou o rosto envergonhado.

— Acho que posso te perdoar depois dessa declaração, Degolador de Bonecas. - Felicity olhou para Oliver – Você também é meu melhor amigo no mundo inteiro, Jonas.

— E é assim que vai ser para sempre, Megan.

Depois da conversa, Oliver ajudou a concertar a boneca com a fita especial do pai, ficou bem visível, mas Felicity não se importava mais, havia coisas mais preciosas do que uma boneca.

 

 

2006

But I need you far more than I ever want you
It's such an unnatural thing we do - Hard to do

 

— Eu não posso usar isso, mãe! - rugi para o espelho – Estou ridícula!

— Claro que não querida, várias garotas na sua idade usam aparelho. - Donna se sentou na pequena cama da casa onde moravam, que ficava em um pequeno terreno nos fundos da mansão.

— Mas não em uma festa como essa!

— Querida, você tem treze anos, claro que vai achar que o mundo vai acabar com uma festa, mas acredite em mim, não é assim! Você tem que ir e se divertir com seus amigos.

Me joguei na cama bufando, sabia que nenhum dos meus amigos viria para essa festa, Oliver e seus amigos populares não iriam deixar que os nerds e esquisitos da escola viessem, mal tinha me convidado, mas era sua festa de aniversário e havia uma parte de Oliver que não tinha vergonha de ser meu amigo.

— Eu não quero ir de aparelho! Vão tirar mais sarro de mim do que já fazem.

— Você está indo pelo Oliver e ele já viu seu aparelho, então trate de tirar essa bunda daí e ir para festa.

— Eu nem sei porque estou indo, ele nem vai notar a minha presença. - suspirei, é claro que Oliver estaria muito ocupado com o seu caso da vez, Laurel Lance, ele havia me contado que estava pronto para dar seu primeiro beijo com ela, eu não duvidava disso, ela era a garota mais bonita e popular da escola e não usava aparelho!

— É claro que ele vai notar sua presença, vocês são amigos desde que nasceram e, além do mais, você precisa dar a ele seu presente.

— Ele é rico, mãe, deve ter ganhado milhões de presentes mais interessantes.

— Eu sei que é complicado ser amigo dessas pessoas sendo filha da empregada, mas eu criei uma filha forte que sabe se defender. Então vai, você está linda.

Olhei para o vestido rosa que minha mãe havia comprado e meus cabelos lisos, conferi mais uma vez se a maquiagem não estava forte de mais e chequei o maldito aparelho. Por fim, olhei para a prateleira e a boneca remendada estava lá, Oliver era meu melhor amigo, eu tinha que ir.

Assim que entrei na mansão, escutei a música alta, por costume, acabei entrando pelos fundos e vi os funcionários correndo de um lado para outro com as comidas, preferiria ficar por ali e ajudá-los do que enfrentar um bando de adolescentes que não gostavam de mim.

A sala estava cheia de gente da escola, automaticamente abaixei a cabeça e foi me sentar, iria falar com Oliver no final da festa. Assim que pensei nele, Oliver gritou do topo da escada, estava devidamente vestido com suas roupas caras e as garotas começaram a dar gritinhos. Eu realmente não entendia o fascínio, ele era magricelo e tinha espinhas, tirando os olhos claros, não havia nada que chamasse sua atenção. Assim que ele desceu, foi tomado por abraços e beijos das garotas, revirei os olhos e dei um riso sarcástico.

— Eu sei, não entendo o que vêm nele.

Me assustei com a voz ao meu lado, era Tommy e automaticamente meu rosto começou a ficar vermelho, Tommy era meu salvador de armadura dourada, ele sempre me defendeu e cuidou de mim, ele sim merecia meus suspiros com seus cabelos escuros e olhos hipnotizantes.

— Oi… oi… Tommy. - gaguejei.

— Por que não foi dar parabéns para o aniversariante da noite? - Tommy se sentou ao meu lado.

— Ele está bem acompanhado agora.

— Isso é verdade. - Tommy sorriu, aquele lindo sorriso – Ele está sempre acompanhado.

— Eu disse para minha mãe que ele não notaria minha presença. - sacudi a cabeça – Não sou popular o bastante.

— Ei, eu sentiria falta da minha comentadora preferida de festas. - eu não achou que era possível ficar mais vermelha. - Além disso, Oliver só está agindo assim porque quer seu beijo hoje.

— Você acha que Laurel ficaria com ele?

— Acho que todas as garotas na sala beijaria ele.

— Nem todas – murmurei.

— Sim. - Tommy sorriu e se levantou – Não quer ir dançar?

— Você quer dançar comigo?

— Por que não?

O resto da noite se seguiu melhor do que eu esperava, Tommy me fez companhia e me apresentou seus amigos que não tiraram sarro de mim, até tinha esquecido do medonho aparelho. Porém, sabia que não ficaria por aquilo mesmo, quando a festa se encaminhava para o seu fim, estava indo dar meu presente para Oliver quando Laurel me viu antes do meu amigo. Ela adiantou o passo e parou-me antes que tivesse a chance de chamar Oliver.

— Ora, ora, quem chamou o serviço de limpeza? - as pessoas a nossa volta riram e Laurel sorriu falsamente – A festa não acabou ainda, empregada, vamos tocar o sininho quando precisarmos dos seus dotes.

— Muito engraçadinha, deveria virar comediante. - disse – Eu só quero entregar o presente do Oliver, com licença.

— O que você pode dar a ele com a merreca que a sua mãe ganha? - mordi os lábios para me segurar, estava acostumada com essas piadinhas, não queria estragar o aniversário de Oliver. - Vai ficar quieta? Será que está indo dar seus serviços?

Houve uma enxurrada de risadas e assobios, Felicity segurou as lágrimas, queria poder sair correndo, mas suas pernas não a obedeciam.

— Acho que nem isso ele iria querer! Deve ser de segunda mão, e seu aparelho! Deve ter tanta comida parada aí. - Laurel girou um “eca” e toda festa começou a olhar o que estava acontecendo – Acho que nenhum garoto na face da terra beijaria isso aí. De garota para garota, acho melhor você ir para o convento do que passar por esse tipo de humilhação.

— Me dê licença, Laurel. - tentei passar, mas Laurel entrou no caminho e jogou o conteúdo que estava no copo em cima de mim.

— Ai meu Deus, olha que desastrada! Você não deveria ser tão agressiva, Esquisiticity, acabou estragando seu vestido. - as risadas ficaram mais altas – Mas acho que não foi uma tragédia tão grande assim, esse vestido deve ser de segunda mão ou… Ai meu Deus, ela roubou o vestido! - a gritaria ficou insuportável e as lágrimas já rolavam pelo meu rosto, precisava sair dali, olhei para Oliver que apareceu atrás de Laurel, pedi silenciosamente por ajuda, mas o garoto estava parado – O que mais ela não pode ter roubado? É muito feia ser ladra, Felicity!

— Agora chega. - disse Oliver – Foi longe demais, Laurel.

— Longe demais? - disse Tommy aparecendo do lado de Felicity – Ela está sendo uma verdadeira vadia.

Acabei não ficando mais para ouvir aquilo, deixei o presente de Oliver cair no chão e sai correndo, quando chegou na porta que dava para a varanda, larguei os sapatos e sai correndo, chorando tanto que senti vergonha de mim mesma. Mais tarde, depois que o som da festa tinha sumido e as lágrimas cessadas, me sentou na beira da piscina com os pés dentro da água, agradecendo pelo frio que cortava meu corpo, meu rosto ainda estava vermelho de tanto chorar. Escutei a porta se abrindo e rezei para que fosse algum empregado indo arrumar o lugar, mas os passos se seguiram e só parou quando estavam ao meu lado. Olhei para cima e vi Oliver olhando para mim, nem tinha tido a chance de dar os parabéns para ele hoje.

— Você deve estar congelando. - ele se sentou ao meu lado e tirou o paletó, colocando sobre meus os ombros, tirou o sapato caro, levantou a calça e colocou seus pés na água, dando um gritinho quando viu o quanto estava gelada – Isso está congelando!

Voltei a encarar meus pés na água, não querendo olhar para Oliver.

— Eu sinto muito pela Laurel, eu não sabia que ela ia fazer aquilo. - dei de ombros – Ei, não fica assim, sabe que eu não acredito em nenhuma palavra que ela falou.

— Mas também não me defendeu. - levantei o olhar pela primeira vez e encarei Oliver – Por que não me defendeu?

— Eles sempre fazem isso, Felicity, achei que seria a mesma coisa de sempre.

Dei uma risada desacreditada.

— E você achar que só porque acontece sempre que não machuca toda vez? Eu não queria ir, eu briguei para minha mãe para não ir nessa estúpida festa, mas era seu aniversário e eu nunca perdi um aniversário seu. - pisquei para não deixar as lágrimas caírem – E olha no que deu, fui chamada de ladra e você nem notou que eu estava lá!

— É claro que notei! - Oliver chegou mais perto e passou o braço pelo meu ombro – Mas você parecia estar se divertindo com Tommy e eu sei que gosta dele.

Afastei-me de repente, ficando vermelha novamente.

— Claro que não! Eu não gosto dele.

— Eu sou seu melhor amigo, não há nada sobre você que eu não saiba. - Oliver olhou de soslaio para mim – E eu também, por acidente, devo ter lido uma página do seu diário enquanto você o escrevia outro dia.

— O quê? - soquei seu braço.

— Ai! Você é muito forte para uma menininha. - Oliver sorriu mais carinhosamente – Era meu papel de melhor amigo deixar que você tivesse alguma chance com ele.

Minha raiva diminuiu pela primeira vez desde todo o acontecimento, respirei fundo e olhei para meu amigo, acabei dando um sorrisinho.

— Isso ai! Não pode deixar os outros tirarem sarro de você, só eu posso fazer isso.

— Acabei não te entregando seu presente… Claro que não era nada demais, não era tão legal quanto todos os outros que você ganhou, mas…

— Tommy pegou do chão depois que você saiu. - Oliver tirou algo do bolso – Acabou quebrando, mas eu salvei o que estava dentro.

Ele segurou a pequena foto que tiramos na viagem para Aspen, a foto deveria estar dentro de um globo de neve da cidade, tinha sido o último lugar que Oliver tinha viajado com seu pai antes dele morrer.

— Só queria que tivesse uma memória dele, mas feliz ao mesmo tempo. - abaixei a cabeça envergonhada.

— Foi meu preferido. - olhei de repente para ele, esperando que fosse uma gracinha, mas ele estava olhando melancolicamente para a foto – Obrigada.

— De nada. - segurei sua mão com a minha e apartei – Parabéns meio atrasado, meu melhor amigo no mundo inteiro.

— Obrigada, Lissy.

— Então – tossi – Como foi beijar a cobra da Laurel? Algum sintoma de envenenamento?

— Muito engraçado. - Oliver sorriu para mim – Não aconteceu, não podia beijá-la depois do que ela fez com você.

— Então você a rejeitou? - tentei segurar meu sorriso.

— Nunca diga que eu não faço nada por você.

— Eu não diria obrigada por isso. - sorri para ele e de repente me encontrei com seus olhos e Oliver estava me olhando de um jeito entranho – Então você ainda não deu seu primeiro beijo, não completou sua meta, Jonas.

Tentei agir normal, mas seus olhos estava hipnotizantes, aqueles olhos azuis estavam totalmente concentrados nos meus e eu não sabia porque não queria quele parasse.

— Não vai demorar muito, eu acho.

Era impressão minha ou ele estava chegando mais perto? Por que ele estava chegando mais perto? Por que eu queria que ele chegasse mais perto? Oliver era meu amigo. E, de repente, eu me peguei dizendo a coisa mais idiota que eu já disse em toda minha vida.

— Sabe… se quiser cumprir sua meta ainda hoje, acho que… Esquece.

— O que?

— Bem, como foi minha culpa não ter tido seu primeiro beijo hoje, quer acabar com isso logo? - senti minhas bochechas corando.

— Quer ser meu primeiro beijo? - abaixei os olhos, não queria ver ele rindo da minha cara.

— Entendi, foi uma ideia idiota, desculpa por falar isso. - comecei a me levantar, mas Oliver segurou minha mão.

— Sabe, realmente foi sua culpa. Vamos fazer isso, acabar logo com essa espera.

— E como nós fazemos isso?

— Acho que nós fechamos os olhos e encostamos as bocas.

— Você faz parecer tão chato. - eu ri, mas era de nervosismo.

— Alguma ideia melhor?

— Não, vamos acabar logo com isso.

Fiquei de frente para ele e olhei para Oliver mais uma vez antes de fechar meus olhos, meu coração estava martelando, minhas mãos estavam soando, eu não queria querer aquele beijo. Senti suas mãos segurar meus ombros e seu calor cada vez mais perto, até que sua boca encostou na minha, de leve, e ficou por ali por uns três segundos até que ele se afastasse. Depois que abri os olhos, Oliver me encarava, ainda perto de mim e ainda segurando meus ombros, não tinha sido ruim, na verdade, tinha sido mais que bom.

— Não foi tão ruim… - eu disse.

— Seu aparelho nem me incomodou. - disse Oliver olhando para os lados.

— Acha que…

— Devemos fazer mais uma vez para conferir?

— Tudo bem.

E nos beijamos mais algumas vezes antes que minha mãe nos pegasse na varanda e nunca mais tocamos no assunto, Oliver começou a namorar Laurel alguns dias depois e eu os via se beijando por toda escola. Queria pode dizer que estava feliz por meu melhor amigo, mas não parava de pensar o quanto eu queria beijá-lo novamente.

 

2008

When falling in love's just so hard to do — 

Hard to do

 

Cooper beijava bem. Esse foi meu primeiro pensamento quando meu namorado esqueceu novamente de me pegar para ir para escola, ele beijava bem e por isso ainda não tinha terminado com ele. Respirei fundo e fui para a entrada da mansão, esperando que Oliver pudesse me dar uma carona para escola, ele odiava Cooper e no que Cooper tinha me tornado. Ele não entendia que eu estava na minha fase emo porque eu queria estar e porque Oliver morria de vergonha de ser visto comigo desse jeito. Assim que cheguei, na entrada, Oliver estava pegando o carro e eu gritei para que me esperasse.

— Ele te deu um bolo de novo? - disse assim que entrei no carro.

— Deve ter esquecido, tanto faz! - ignorei seu sorrisinho convencido e fomos para escola.

— Você não precisa estar com ele, sabe disso?

— Eu poderia responder essa pergunta de duas formas diferentes. - fiz um dois com meus dedos e tratei de parecer séria – Eu posso muito bem gostar de ficar com ele do jeitinho que ele é. Ou não há mais ninguém nessa escola que queira ficar comigo.

— Isso não e verdade. - Oliver me olhou rapidamente – Nenhuma das duas sentenças.

— Diga, senhor popular Degolador de Bonecas, como pode ter alguma noção disso? - Oliver deu um sorrisinho.

— Porque eu conheço você, você é incrível e, por trás de todo esse preto, é bonitinha.

— Ora, ora, me acha bonita?

— Nunca disse isso. - Oliver segurou um sorriso e eu aproveitei o fato dele estar olhando para estrada para estampar um sorriso no meu próprio rosto.

— Tudo bem, não ligo muito para o que você acha mesmo. - menti – E isso realmente não é suficiente, sua ex-namorada me odeia desde sua festa de treze anos e faz com que todos compartilhem do seu sentimento.

— Você foi uma empaca-beijo. - ele já não estava sorrindo quando disse isso, não falávamos sobre o nosso beijo há dois anos, provavelmente nunca falaríamos – E, sim, ela te odeia, mas vai esquecer disso, está concorrendo a rainha do baile de primavera.

— Não diga, é quase tão surpreendente quanto você se inscrevendo para o time de futebol. - revirei os olhos – Você nem gosta de futebol!

— Eu gosto sim! E, afinal, preciso de créditos para a faculdade e, biologia básica, é um ímã de mulheres.

— Agora você entende de biologia? Queria ver todo esse entendimento na prova hoje.

— Hoje? - Oliver me olhou desesperado – Não brinca.

— Não, seríssima. Primeira prova do Ensino Médio vamos nós!

Depois da prova, estava beijando Cooper na arquibancada enquanto furtava olhares para o teste de Oliver para o futebol, ele estava se saindo muito bem e, com certeza, aumentaria sua popularidade e criaria músculos. Cooper me apertou mais sobre ele e eu tive que parar o beijo, não estava confortável.

— O que foi? - perguntou ele.

— Você está muito animado hoje. - arrumei meu cabelo e tentei me ajeitar – Acho melhor ir com calma.

— Calma? - Cooper deu um riso sarcástico – Mais calmo que nós dois só uma tartaruga, qual é Felicity! Estamos de rolo há muito tempo.

— Rolo? - me levantei e peguei minha mochila, sabia que no fundo Cooper era um idiota, mas achei que ele teria a decência de esconder.

— Vai fazer doce agora? Quer que eu te elogie um pouco? Para ver se se torna um pouco menos chata.

Virei-me para encará-lo desacredita, ele nunca tinha agido daquele jeito e agora estava se tornando tudo o que Oliver achava dele.

— Eu queria que você agisse com um pouco de decência, mas isso não parece ser possível. - Voltei a andar, mas ele segurou meu braço.

— Você está reclamando de mim? Eu estou de saco cheio de ficar esperando você me retribuir e você ainda acha que estamos indo rápido demais. Ainda bem que não perdi todo meu tempo com você!

— O quê? - segurei minhas lágrimas, além de estar me esnobando ele ainda tinha me traído? Que merda estava acontecendo?

— Ora, baby, não achou que era única, não é?

— Vai se ferrar.

Voltei a descer as escadas da arquibancada correndo, enquanto Cooper gritava meu nome, assim que cheguei no chão, ele agarrou meu braço com mais força.

— Me solta! - avisei.

— Nós podemos resolver isso, baby. - tentei puxar meu braço, mas era um aperto forte demais.

— Me solta, Cooper!

— Eu fumei um pouco demais hoje, é isso. - ele tentou me olhar com olhinhos de gato, só que me deixou com mais medo – Sabe que eu te amo, não é mesmo? Me perdoa.

— Me deixa ir.

— Baby…

— Não ouviu, idiota? - disse uma voz que eu reconheceria em qualquer lugar – Ela mandou soltar.

— Ora, ora, se não é o salvador da pátria? - Cooper me soltou e eu tratei de sair de perto – Sempre desconfiei que não estava dando para mim porque estava dando para ele. Acho que estava certo.

Afastei-me mais e fiquei ao lado de Oliver, seu maxilar estava tenso e seus punhos serrados.

— Acho que se você não falar mais nenhuma palavra eu posso não socar a sua cara. - avisou.

— Vai se arrepender disso, sua puta, a escola toda vai saber quão vadia você é! - gritou Cooper, fazendo com que mais olhos parassem para presenciar a cena.

— Acho que você fez sua escolha. - Oliver terminou sua frase dando um soco no rosto de Cooper, que logo caiu e Oliver tratou de ir para cima dele com tudo, batendo no meu ex-namorado ódio até que o treinador o parasse.

— Que merda foi essa, Queen? - o treinador segurou Oliver – Alguém leva esse garoto para a enfermaria. - assim que Cooper foi levado, ele se virou para Oliver – Isso é inadmissível, não resolvermos as coias com base no soco.

— O senhor ouviu o que ele estava falando dela! - Oliver estava ofegante e suas mãos estavam vermelhas de sangue, eu só não sabia de quem era.

— Esse não é o ponto, vai receber uma baita suspensão! - Oliver estava prestes a reclamar quando o treinador levantou a mão interrompendo-o – E bem-vindo ao time.

Fiquei esperando Oliver voltar da escola para agradecer a ele, assim que ouvi seu carro estacionar na garagem, corri até seu quarto e abri a porta sem bater. Oliver estava sem camisa, segurado-a como se acabasse de ter a tirado, ele tomou um susto com a minha repentina aparição.

— Felicity?

— Oi. - disse tímida, nunca tinha visto Oliver sem camisa em uma situação dessas, claro que já tínhamos ido a praia e a piscina, mas nunca era sozinhos e com quatro paredes, ele era bem mais malhado do que eu achei que era, mas tentei não pensar nisso – Só queria agradecer.

— Sem problemas, eu…

— Não diga “eu te avisei”. - entrei mais no quarto e fechei a porta atrás de mim.

— Eu não ia, mas… Eu te avisei. - Oliver se jogou na cama com um suspiro e eu o acompanhei.

— Eu sei disso, mas Cooper… Ele nunca tinha feito isso, nunca disse aquelas coisas para mim.

— Ainda bem que eu estava perto. - olhei para ele e segurei meu olhar, odiava quando seus olhos pareciam um ímã e não me deixavam focar em outra coisa – Não está abismada por eu ter batido tanto nele?

— Vou ser uma pessoa horrível se disser que não? - sorri e uma mecha do meu cabelo caiu, Oliver rapidamente esticou a mão e a colou atrás da orelha.

— Não. - sua mão ficou no meu rosto por mais alguns segundos e depois de limpar sua garganta, Oliver se afastou – Laurel veio falar comigo depois, disse que ficou impressionada com meu senso de heroísmo.

— Nossa, então vocês voltaram? - eles tinham terminado no ano anterior porque Laurel alegava que ambos deveriam conhecer novas pessoas nessa nova fase da vida deles, eu suspeitava que essa volta repentina tinha a ver com o recente ingresso de Oliver no time de futebol.

— Não sei. - Oliver não me olhava nos olhos.

— Parabéns por conseguir entrar no time! Pelo visto você está conseguindo tudo o que queria. - não queria soar invejosa, mas deveria ter tido esse efeito, porque Oliver sacudiu a cabeça.

— Não é bem assim. - ele voltou a me olhar e segurou a minha mão – Sabe que não precisa fingir ser outra pessoa para que gostem de você. Você é a pessoa mais incrível e inteligente que eu conheço.

— Mas não bonita o suficiente.

— Não tem essa! - revirei os olhos – Estou falando sério, você é incrível por dentro e… por fora.

— Disse que não me achava bonita. - Oliver levantou novamente a mão e tocou meu rosto.

— Realmente não gosto dessa maquiagem e desse cabelo tingido. - ele contornou meu maxilar – Mas eu acho você bonita… Na verdade – disse Oliver chegando cada vez mais perto, ou eu estava chegando mais perto? Só sabia que eu queria beijá-lo novamente e queria fazer isso desde nosso último beijo – às vezes eu acho que não pode existir coisa mais bonita. - fechei meus olhos e esperei o beijo que nunca aconteceu, Thea, sua irmã mais nova invadiu o quarto e acabamos nos separando.

Depois disso, Oliver não voltou com Laurel, na verdade, começou a ser visto com uma garota diferente toda semana e ficou cada vez mais popular até dominar a escola. Não demorou muito tempo para virar capitão do time e ser considerado o galinha mais gostoso de Star City High. Com essa fama toda, ele também se afastou de mim, não nos falávamos mais, apenas em família, ele me ignorou na escola e eu não sabia porque. No fim daquele ano, eu era mais uma estranha no mundo de Oliver Queen.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Hard to do - One Shot" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.