Denial escrita por Grimmliz


Capítulo 1
You can't control, and you can't deny me;


Notas iniciais do capítulo

Então, essa fanfic surgiu de um desafio, só pra variar.
Eu gostei do Sugimoto com a Asirpa desde o começo. Tenho uma queda imediata por esses casaizinhos com diferença de idade, mas não me levem a mal, não considero para o lado carnal da coisa, mas sim o fluffy. Entretanto, quem nunca imaginou aquele futuro distante em que as coisas podem de fato acontecer? Somos todos humanos, after all. E foi com isso em mente que escrevi isso aqui. Espero que gostem. (:



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Sugimoto estava meio sem jeito de voltar à cabana depois daquela tarde, quando entrou no exato momento em que Asirpa trocava suas vestes. O problema não era o fato de tê-la visto nua, até porque ela já o vira assim antes, ainda que em situações onde não havia outra escolha; mas sim, nos segundos em que ele se demorou na porta, e seus olhos, mesmo que rapidamente, a percorreram de cima a baixo. Ele havia murmurado um pedido de desculpas ao constatar o que fazia, ao mesmo tempo em que Asirpa lhe dava um olhar surpreso sobre o ombro.

Ele não esperou para ver a reação de Asirpa, talvez porque não existissem palavras para remediar seu ato.

A lua já se mostrava alta no céu quando ele se viu sem opção, a não ser, retornar. As noites eram frias demais para que passasse ao relento, e já estava demasiadamente escuro para procurar um abrigo sem correr algum risco, sem contar que eram anos demais perseguindo um objetivo para que fosse derrotado por um motivo tão tolo quanto aquele.

Quatro anos.

Esse era o tempo em que ele e Asirpa estavam juntos, ainda procurando pelo restante do mapa. Ao menos o futuro lhes era positivo — e igualmente perigoso —, já que uma grande parte havia sido reunida por eles.

A fogueira crepitava forte no centro, aquecendo o ambiente, quando Sugimoto adentrou à cabana. Asirpa estava deitada à direita, de costas, parecia dormir. Ele a imitou, deitando à esquerda. Seu corpo logo começou a sentir o calor do fogo, o degelo dos ossos. Sugimoto fechou os olhos, ouvindo nada além do estalar ocasional da madeira.

Então Asirpa falou:

— Ainda tem um pouco da caça de ontem. Você deveria comer.

— Eu já comi, não se preocupe.

O silêncio perdurou por dois minutos inteiros, Sugimoto até mesmo achou que desta vez ela dormia, mas Asirpa era uma garota imprevisivel.

— Onde você foi essa tarde?

Sugimoto abriu os olhos desta vez, encarando as sombras dançando nas paredes, embaladas pelas chamas.

— Vasculhar ao redor. Ter cuidado nunca é demais.

— Naquela hora nós tínhamos acabado de voltar da ronda.

O ex-soldado fez uma careta. Por isso que ele nunca reclamara quanto às ordens de Asirpa. Ela inquestionavelmente sempre fora a mais inteligente dos dois.

— Sugimoto, sobre hoje…

Ele suspirou. Sabia que uma hora ou outra teriam que falar sobre aquilo. Sugimoto enfrentou todo tipo de gente, matou pessoas; um passado e tanto se comparado à maioria, então, não entendia qual era a dificuldade em assumir um erro.

Era isso.

Sugimoto simplesmente tinha que se desculpar devidamente.

— Desculpe, Asirpa-san. Eu deveria ter avisado que estava entrando. Não foi certo o que fiz, ainda mais com uma criança como você. Isso não vai mais acontecer.

Asirpa se calou novamente, mas desta vez, Sugimoto acompanhou a sombra dela se juntar às demais, ao levantar. A silhueta foi aumentando, o que ele deduziu ser devido a aproximação de Asirpa. Ele sentou, virando na direção dela.

A Ainu o encarou de cima, os braços cruzados sobre o peito, ao parar a alguns passos.

— Repita o que disse.

Sugimoto engoliu em seco, não imaginou que ela esperava tanto por um pedido de desculpas dele.

— Eu deveria ter avisado-...

— Não essa parte, — ela o cortou — depois disso.

— N-Não foi certo o que fiz, ainda mais com uma criança como você…?

Ela o fitou com seriedade, as mãos caíram ao longo do corpo. A Ainu pisou firme na direção dele. Sugimoto não soube bem porquê, mas viu-se meio se afastando, meio se arrastando, da forma que deu, até que as costas acabaram chocando-se contra o limite da cabana. Asirpa o agarrou pelo colarinho, caindo de joelhos à frente dele.

Face a face.

Ele se surpreendeu com o repentino ataque.

— Ei, Sugimoto.

— S-Sim, Asirpa-san!

— Que parte de mim é a de uma criança?

— B-Bem, n-não é que… é que… — e limpou a garganta, suando frio.

Asirpa semicerrou os olhos. Os dedos de uma mão se desvencilharam da gola dele, buscando a com a qual ele se apoiava desajeitadamente no chão. Ela a trouxe para sua cintura; fez o mesmo com a outra.

Mais uma vez Sugimoto se viu engolindo em seco.

Asirpa continuava a encará-lo, seus olhos de um azul profundo. Ele sempre os achara bonitos, e sabia não ser o único.

— Diga, Sugimoto! — exigiu novamente.

— Asirpa-san... — um pedido de desculpas? uma pergunta? Nem ele sabia muito bem o que queria dizer ao pronunciar o nome dela.

Sugimoto tentou afastar as mãos do corpo da Ainu, mas Asirpa colocou as dela sobre as dele.

— Sugimoto, eu talvez pudesse ser considerada uma criança aos olhos do mundo quando começamos nossa jornada, ainda que para o meu povo, eu já tivesse idade suficiente para casar. Mas quatro anos se passaram desde então, por isso, eu volto a perguntar… — ela expirou, o rosto levemente corado desta vez, a confiança ainda inabalada. — Que parte de mim é a de uma criança?

Sugimoto considerou cuidadosamente a pergunta dela desta vez. Talvez ele soubesse a resposta desde o início, mas era muito mais fácil assumir que ela não crescera. Entretanto, a sensação do corpo de Asirpa sob o toque dele lhe revelava a inegável verdade. Mesmo sobre as infinitas camadas de tecido e pele, o que existia abaixo era uma jovem mulher. Os olhos dele lhe disseram o mesmo mais cedo.

A Ainu libertou as mãos dele, repousando-as nos ombros de Sugimoto. O ex-soldado não as moveu desta vez, pelo contrário, intensificou ligeiramente a pressão sobre a cintura dela.

Os dois passavam tempo demais juntos. É claro que jamais faria algo contra a vontade de Asirpa, mas a verdade é que Sugimoto preferiu se manter na ignorância, do que descobrir suas chances.

Era simples e seguro.

Ou assim costumava ser,  já que não existia nada de seguro na forma como Asirpa continuava a encará-lo. Em sua espera. Ela tinha expectativas, ele poderia atingi-las facilmente.

O homem que era dizia sim, seu bom senso, não. Mas apelar para o bom senso não era de muita valia quando se estava na presença de uma mulher pela qual se sente atraído, ainda mais quando ela — Asirpa —, claramente se sentia da mesma forma.

Algo na expressão de Sugimoto correspondeu ao que ela esperava, já que quase de imediato, Asirpa envolveu o rosto dele, e o beijou.

Seu primeiro beijo.

Sugimoto hesitou ao contato inicial, mas suas defesas se dissolveram. Ele foi gentil com a Ainu, assim como sempre fora. Suas mãos mantiveram-se respeitosas junto ao corpo dela, sua boca não exigiu nada além do que Asirpa lhe oferecia. Lhe restava um pouco da inocência de uma criança, mas esta se difundia quando em contato às vontades da mulher. Asirpa era uma mistura de dois mundos, e Sugimoto não estava preparado para a colisão deles. Mas ele lidaria com isso, da mesma forma que fazia com tudo em sua vida.

A Ainu se afastou, seu rosto menos corado agora, ao contrário do de Sugimoto.

Maturidade de fato não tinha muita relação com a idade.

Asirpa devolveu as mãos aos ombros de Sugimoto, seus olhos encontraram os dele, ambos reluzindo em pós-descoberta.

Uma troca de sorrisos embaraçados.

Mais um ataque repentino de Asirpa.

Sugimoto piscou, desconcertado, com o aperto de Asirpa em suas bochechas, o que tornava quase impossível sua fala.

— E só para constar, nunca mais me chame de criança novamente, ouviu bem, Sugimoto?

Ele assentiu, já que não havia outra resposta correta que não aquela. Foi o suficiente para apaziguar a jovem Ainu, que se desvencilhou dele apenas para se ajeitar no colo de Sugimoto, recostando a cabeça contra seu peito.

— Está frio, calor humano ajuda.

Estava frio todos os dias, e nem por isso eles dormiam juntos um do outro. Mas ele não a questionaria, não naquela noite.

Sugimoto sorriu, seu olhar mais caloroso que a temperatura de seu corpo. Os braços a envolveram ao relaxar contra a parede, as mãos dela buscaram as dele.

Não havia nada no mundo que Sugimoto pudesse negar a ela.

Asirpa era um mar de emoções, e a ele só restava se adaptar às ondas.


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Notas finais do capítulo

Venhamos e convenhamos, a Asirpa sempre foi a mais adulta dos dois. E eu adoro a forma como o Sugimoto obedece ela em TUDO! Ele e um bom rapaz. ♥ rs



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