Nebula's Sorcery escrita por Ruby Moon


Capítulo 6
Chapter Five - Blessed




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Oren e Flora conseguiram chegar em Mjeggul Gri sem problemas. Já era tarde, e não havia quase nenhum soldado em treinamento naquele momento. O casal já conhecia bem aquele lugar sombrio, onde apenas os elfos com domínio perfeito sobre a magia negra conseguia andar sem se sentir afetado pelo poder que havia ali.

Ambos corriam o risco de serem vistos por algum soldado ou até mesmo serem consumidos pela magia negra que protegia o local de intrusos. Mas como eles eram nativos de Maglia, e tinham adquirido bastante conhecimento da magia usada na fronteira entre o Reino Branco e Mjeggul Gri, era pouco provável que algo no plano deles desse errado.

Mjeggul Gri era uma região de Maglia regida pelos dominadores da magia obscura, a névoa presente em quase toda a parte do planeta era mais densa por ali. De uma cor acinzentada, a neblina cobria a paisagem deixando tudo mais assombroso. Árvores gigantescas estavam por toda a parte, uma ponte seguida por uma escadaria dava passagem para o outro lado do bosque, onde quase ninguém ousava ir. Estórias sobre pessoas que desapareciam misteriosamente e outras sem sentido eram contadas pelos nativos que viviam próximos ao extremo norte. Este era o local para onde Oren e Flora estavam indo, onde ninguém ousaria ir e atrapalhar o ritual que planejavam fazer.

— Logo a lua aparecerá. - Disse Oren assim que eles chegaram ao local onde o rito aconteceria em breve.

Flora olhou para o céu acinzentado sem ver sinal algum da lua, seu poder intuitivo era mais fraco que o de Oren, mas por outro lado, seu domínio sob a magia negra era mais confiável.

Os dois começaram a preparação para o ritual. Primeiro Oren desenhou ideogramas na grama formando um grande círculo. O próximo passo era acender velas especialmente feitas por Flora para a ocasião, que as acendeu com fogo mágico.

Assim que terminaram a preparação do ritual, a lua apareceu prateada, iluminando onde antes havia sido penumbra. Os dois respiraram fundo, nervosos. Oren foi para o ponto central do círculo, Flora pegou o livro de magia proibida. Ela comandaria a parte principal do ritual que era a evocação dos cinco espíritos da névoa e Oren seria transportado ao submundo para falar-lhes. Se o plano desse certo, duraria menos de um minuto, mas seria o suficiente para Oren falar tudo o que precisava e conseguir a bênção deles para mudar o futuro de todo o universo.

Ano 2326

Planeta Orbe, 173.439.089 anos-luz da Terra

Base secreta do Arco Dourado

— Que tédio. - Reclamou Sailog jogando-se no sofá velho que ficava no meio da sala empoeirada. - Não há nada para fazer.

Arco Dourado era uma organização anárquica criada por cinco irmãos elfos: Sailog, Rasec, Anton e os gêmeos Asli e Leon. Eles lutavam contra o exército da Rainha Branca de forma independente e que após uma batalha árdua e sangrenta entre ambos os lados, a Rainha havia desaparecido com seus soldados sobreviventes e abandonara o planeta Orbe voltando para Maglia.

Alguns dias depois de se recuperarem da batalha, todos os cinco irmãos se viam em uma rotina cansativa e tediosa. O planeta abandonado estava em ruínas e sua população morrendo por falta de alimentos que eram providos de outros planetas mas que por ordem da Rainha deixaram de transportar para lá.

— Desse jeito seremos os únicos habitantes desse planeta. - Comentou Rasec observando pela janela alguns nativos procurando restos de comida nos meios de escombros de prédios destruídos.

— Em poucos dias eles começarão a devorar uns aos outros. - Disse Sailog.

— Enquanto isso, vamos ficar aqui sem fazer nada? - Indagou Anton sentindo-se irritado por ver seu planeta decair em tão pouco tempo.

— E o que podemos fazer? - Perguntou os gêmeos ao mesmo tempo.

Anton olhou-os sem saber o que dizer. Não fazia ideia de como reverter a situação em que se encontravam. Sailog e Rasec balançaram a cabeça em negação, também sem ideia alguma. Um barulho distante chamou-lhes a atenção.

Asli foi a primeira a aproximar-se da porta que dava para o salão onde anos antes aconteciam festas populosas. O grande cômodo estava envolto em uma nuvem de poeira que ofuscava a visão dos irmãos. Com um pouco de dificuldade, Anton viu a figura de homem parada no meio do salão. Ele era alto e esguio, sua forma elegante foi transparecendo a medida em que a poeira baixava e o irmão mais velho se aproximava cauteloso.

— Quem é você? Como conseguiu entrar aqui? - Perguntou Anton já se preparando para defender-se de um ataque, mas o homem apenas ficou parado olhando em toda direção confuso.

Oren não sabia onde estava e nem como fora parar ali. Aquele lugar poeirento era desconhecido para si e ele sentia uma grande quantidade de magia ao seu redor. Assim que a nuvem de poeira baixou, Oren pôde ver os cinco jovens e ter uma vaga ideia de onde poderia estar.

— Ele é idêntico ao Anton só que um pouco mais velho. - Disse Sailog tentando desajeitadamente ser discreto, mas sua natureza extravagante não deixou.

— É claro que ele parece. - Respondeu Asli olhando para Oren que logo reconheceu aquele par de olhos cintilantes. - Ele é o nosso pai.

Todos a olharam incrédulos. Asli tinha um forte poder intuitivo como Oren, e logo percebeu do que se tratava toda aquela estranha situação.

Oren foi em direção a Asli que no mesmo momento recusou a defesa de seu irmão gêmeo Leon.

— Você é idêntica à sua mãe, mas por dentro é igual a mim. - Disse Oren emocionado. – Onde ela está? – Perguntou Oren percebendo que o futuro não seria nada bondoso com ele e Flora caso o plano de dominação universal da Rainha Branca desse certo.

— Nossa mãe morreu assim que nascemos. - Respondeu Leon esclarecendo o que Oren já havia deduzido.

— Mesmo confiando no poder de Asli, não consigo acreditar que este homem seja mesmo nosso pai. - Disse Rasec desconfiado.

Oren foi até o jovem rapaz de olhar sério e o encarou. Seus olhos cintilantes brilharam levemente indicando que era dele que Asli havia herdado tal poder. O que significava que quando seus olhos se iluminavam, eles podiam ver claramente o que se passava na mente dos outros e poderiam controlar seus cérebros, além de poder se comunicar telepaticamente com qualquer um que quisessem.

Mjeggul Gri

Já havia se passado mais de um minuto desde de que Oren tinha sido transportado para o submundo para encontrar-se com os Deuses da Névoa. Flora sabia que eles poderiam punir Oren pelo uso proibido da magia negra. Ela começou a folhear o livro de feitiços em busca de algum reversivo quando uma forte luz invadiu o círculo onde os ideogramas estavam marcados no chão.

Logo, Oren estava de volta com mais cinco elfos de cabelos brancos. Flora correu até ele, abraçando-o e beijando-o agradecendo aos deuses por seu amado estar de volta.

— Flora, quero que você conheça nossos filhos. - Apresentou os jovens desconfiados para sua esposa, que olhou para cada um deles admirada com a aparência deles.

— Você é tão bela e jovem que não consigo chamá-la de mãe. - Disse Sailog segurando as mãos de Flora de maneira sedutora.

— Não se importe com Sailog. Ele faz isso com todas as mulheres bonitas que encontra. - Disse Anton desculpando-se pelo comportamento do irmão.

— Está tudo bem. - Sorriu Flora para o filho galanteador.

— Ele faz isso até com a própria irmã. - Continuou Leon com um pouco de irritação.

— Não podemos perder tempo. - Disse Oren interrompendo antes que os dois irmãos começassem a brigar. - Temos um plano a seguir e vocês precisam ter foco.

— Não se preocupe, pai. Eles fazem isso o tempo todo. - Explicou Asli sem se importar com a discussão dos irmãos.

— Iremos fazer qualquer coisa para salvar o universo. - Disse Anton.

Oren explicou rapidamente o plano para os filhos e o que cada um deles faria para que tudo desse certo. Após a breve explicação, todos foram transportados para onde deveriam estar.

 

Terra, 2057

Oren conseguiu chegar no exato momento em que Paul fechava a porta da área dos funcionários do museu.

— Boa noite, Paul Devine. - Disse com sua voz mais suave que de costume, como se isso ajudasse a não surpreender o agente.

— Oren, o que faz aqui? - Perguntou Paul surpreso.

— Estou aqui para ajudá-lo. - Respondeu Oren sério.

— Como me encontrou? Ethan falou alguma coisa? - Indagou o agente ficando cada vez mais confuso com as dúvidas que estavam brotando em sua mente.

— Calma, Paul. Eu não me encontrei com o Ethan desde quando saíram de Thorne.

— Mas como soube que eu estava aqui?

— Podemos falar sobre isso depois.

— Impossível. A única saída está sendo vigiada pelos espiões da agência. - Respondeu Paul sem conseguir pensar em nada além de ter que enfrentar os espiões num tiroteio onde somente um deles sairia vivo.

— Apenas feche seus olhos e confie em mim. - Disse Oren tocando os ombros de Paul e olhando para ele sério.

— O que?

— Feche os olhos. - Disse mais uma vez, Paul cerrou os olhos junto com seus punhos. Um segundo depois, sentiu que já não estava mais em pé na área de funcionários do museu e sim, dentro do carro de Ethan. - Dirija o mais rápido que puder, eu me livrarei deles.

Paul ainda confuso com toda aquela situação ligou o carro e rapidamente saiu do estacionamento do museu. Olhando o retrovisor viu o agente Jones e seu colega discutirem enquanto entravam no carro e tentavam segui-los. Mas assim que voltou a olhar para a estrada percebeu que já estava bem próximo de sua casa.

— Você vai ter que explicar tudo isso. - Dizia Paul enquanto eles desciam do carro e iam para dentro da casa - Eu não estou entendendo merda nenhum.

— Não precisa ficar nervoso. - Oren tentou acalmá-lo - Enquanto eu estava te ajudando a se livrar de uma encrenca, Flora estava cuidando de Emma e Lorraine.

Assim que Paul abriu a porta da garagem viu Lorraine sentada à mesa com Flora e mais dois rapazes de cabelos curtos e brancos penteados para trás como o de Oren. Na sala, Emma jogava com uma garota e dois rapazes de cabelos longos e brancos. Assim que viu o pai, Emma foi correndo ao seu encontro para abraçá-lo.

— Papai, porque demorou tanto?

— Eu tive um pequeno problema, mas já foi resolvido. - Explicou Paul para a filha que sorriu e voltou para jogar com os novos amigos. Ele foi até a mesa onde Lorraine estava sentada - Querida como está se sentindo? - Perguntou preocupado dando-lhe um beijo na testa.

— Estou me sentindo melhor, graças à Flora.

— Eu preparei uma poção que estava no livro. - Disse Flora olhando diretamente nos olhos de Oren que olhou de Lorraine para Paul sério e preocupado.

— O que foi? - Perguntou o agente que conhecia os dois há tempo suficiente para entender que quando eles se comunicavam em silêncio algo não estava certo.

— Os sintomas que Lorraine está tendo indicam uma contaminação que era comum há milhões de anos. - Disse Flora que tinha conhecimento em medicina.

— Que tipo de contaminação? Pensei que ela estava assim por causa dos vestígios das bombas.

— Que bombas? - Perguntou Oren.

Paul contou-lhes sobre a Guerra das Nações que durou por anos e a criação de uma bomba mais potente do que as bombas nucleares que eram usadas. O minério usado para aumentar o dano das bombas foi extraído de um deserto que ficava entre o Egito e a Síria, uma pedra preto-azulada brilhante que muitos acreditavam possuir poderes místicos.

— Na verdade, essa pedra é um fragmento do esqueleto da Besta. - Disse Flora após Paul concluir a história sobre a guerra - Ela existiu muito antes dos humanos ou de qualquer outra espécie, controlava todo o universo com suas mãos flamejantes como um Deus.

— Há muitas outras pessoas com os mesmo sintomas.

— Eu sei de um lugar onde eles são levados para tratamento. - Disse Lorraine levantando-se e indo para a sala onde os jovens estavam. Ela abriu ligou um computador velho numa mesinha no canto da sala e mostrou a reportagem que falava sobre o Hospital Nacional que ficava no Sul onde a líder das Nações Remanescentes, Bernadette Zimmermann, era a diretora principal.

— Eu não posso te levar nesse hospital, Lorraine. - Disse Paul sério - Deve estar cheio de agentes de segurança lá, e nesse momento já devem saber que estou na lista dos que se opuseram às regras do Departamento.

Anton aproximou-se deles para prestar atenção à conversa. Quando pôs os olhos na tela do computador e viu a foto da líder das Nações chamou os outros para olharem também.

— Nós a conhecemos. - Disse ele apontando para a tela e olhando para Oren.

— Na nossa linha do tempo, o grupo que ela comanda faz experimentos em criaturas debilitadas. - Explicou Rasec.

— Como ela pôde viver por tanto tempo sendo humana? - Questionou-se Oren.

— Linha do tempo? - Indagaram Paul e Lorraine sem entender.

— Conheci nossos filhos em 2326, a mesma linha do tempo em que vocês e todos que conhecemos foram mortos por Erina após ela recuperar o esqueleto da Besta. - Disse Oren tentando esclarecer pelo menos uma das muitas dúvidas que o casal humano tinha em mente.

— Bernadette é uma bruxa. - Explicou Leon - O hospital é apenas uma armadilha para capturar cobaias.

— Os outros líderes sabem disso? - Indagou Paul pensando se o Presidente Peterson estava envolvido em toda essa confusão.

— Apenas um deles saberá daqui a alguns meses, ele trocará sua vida por cumplicidade e lealdade à Bernadette. - Disse Sailog ainda sentado no sofá jogando com Emma.

— Precisamos fazer alguma coisa. - Disse Lorraine assustada. - Todas aquelas pessoas estão indo para lá na esperança de serem curadas, imagina o quanto eles devem sofrer ao descobrirem que não passam de cobaias para sei lá o que eles fazem naquele hospital.

— Calma, Lorraine. - Flora a puxou pelos braços fazendo-a sentar-se no sofá ao lado de Sailog. - Nós vamos resolver tudo isso. Mas precisamos ter calma e organizar cada passo de acordo com o plano.

— Primeiro precisamos cuidar de você. - Disse Paul tranquilizando-a.

— Eu vou cuidar dela. - Disse Flora determinada. Oren olhou-a surpreso. Eles tinham um plano e ele precisava dela ao seu lado. - Você agora tem cinco ajudantes excepcionais. O livro de sua mãe contém muitos feitiços que pode nos ajudar a salvar a vida de Lorraine e de outros humanos.

— Assim que ela estiver melhor investigaremos o hospital e os envolvidos nisso também. - Disse Paul tranquilizando Oren.

— Tudo bem. - Disse Oren após um tempo de contemplação - Mas aqui não é seguro, tem muito movimento e alguém pode descobrir algo e falar para a Agência de Segurança.

— Eu conheço um lugar que podemos ficar sem sermos incomodados e que tem tudo que precisamos. - Disse Paul indo até seu escritório que ficava num corredor próximo à sala onde estavam. Poucos minutos depois ele retornou com um mapa nas mãos. - Poucos quilômetros depois da montanha há um prédio abandonado, era um antigo laboratório. Não tem mais nada por perto e ninguém vai lá por acreditarem ser assombrado.

— Eu posso lançar um feitiço de proteção para garantir que ninguém se aproxime de lá. - Disse Flora aprovando a decisão de Paul.

Todos concordaram com o plano e se organizaram imediatamente para pôr em prático suas partes no acordo. Oren despediu-se de Flora beijando-a carinhosamente e depois seguiu de volta para Mjeggul Gri com seus filhos.

Anton havia contado a Oren sobre o comandante Mal do exército da rainha Branca, que jurara lealdade a ela e pouco tempo depois assassinaria Oren à pedido dela.

O plano inicial de Oren, era apenas derrotar Erina e tirá-la do poder de Maglia. Mas assim que fora abençoado com a ajuda de seus futuros filhos, ele poderia acabar com toda a injustiça que causaria a desgraça do universo e todos aqueles envolvidos.


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