Upside Down escrita por Grimmliz


Capítulo 1
I wanna turn the whole thing upside down;


Notas iniciais do capítulo

Outra Kacchako que escrevi de presente pra uma preciosidade da minha vida. Postei no spirit, e trouxe pra cá. Enjoy! ♥



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 A semana do acampamento de treino tinha passado voando, mesmo com Aizawa mantendo seu padrão exigente. Em um canto ou outro era possível ouvir os alunos reclamando sobre suas dores, mas apesar de tudo, um pequeno sorriso ocupava a face de cada um, já que sabiam que cada exercício era tão somente objetivando o desenvolvimento de todos como futuro herois.

Ainda que precisassem de uma longa noite de descanso, quando Kirishima surgiu com a ideia de fazerem um teste de coragem, nenhum deles, a não ser Bakugou, pareceu se mostrar contra; mas insistente como era e dada sua amizade, Kirishima logo o convenceu do contrário. Obtendo a permissão dos professores, que viram como uma boa oportunidade dos alunos relaxarem, Kirishima sorteou as duplas, acabando com Uraraka e Bakugou juntos, dentre as demais combinações.

O local escolhido fora a floresta dos arredores, que possuía uma trilha com apenas dois caminhos, tornando-se praticamente impossível de alguém se perder, além do mais, o trajeto foi devidamente marcado para não haver imprevistos.

O teste começou quando o sol se pôs, e apesar da lua cheia se mostrar forte no céu, haviam nuvens demais, que por vezes cobriam a luz fornecida, deixando a situação ainda mais assustadora para aqueles que não tinham a coragem como seu dom natural. Uma a uma as duplas adentraram a floresta, e depois de algum tempo, mesmo de longe, era possível ouvir os gritos ecoando pela noite. As reações dos demais eram um misto de risinhos e nervos à flor da pele; Ochako se encaixava no último grupo.

A jovem mantinha as mãos unidas junto ao peito, e apesar de tentar manter a expressão serena, era possível perceber o leve franzir de suas sobrancelhas e lábios. Uraraka sabia que não passava de uma brincadeira, mas não conseguia evitar, ainda mais depois do pesadelo da noite anterior. Fora algo bobo, do tipo que apenas crianças acreditariam, mas a atmosfera estava semelhante demais.

Bakugou percebeu o estado de Uraraka, mesmo com sua falta de interesse na situação, mas já que ela estava tentando tão fortemente esconder, não seria ele quem apontaria dedos. Ela era grande o suficiente para tomar as próprias decisões, e se participar do teste de coragem era o que queria, Katsuki não via nada de errado nisso.

A vez deles chegou. Uraraka seguiu dois passos atrás de Bakugou.

Na trilha, o que parecia causar arrepios se tornava ainda mais aterrorizante. O vento fazia as árvores balançarem, os troncos rangerem. Sombras dançavam conforme a ida e vinda da luz da lua, e o que em um momento não estava ali, de repente estava. Foram diversas as vezes que Ochako segurou o grito na garganta, sabendo que muito provavelmente irritaria Bakugou. Ele não parecia estar tendo problema algum, já que andava tão relaxadamente com as mãos nos bolsos da calça. No fundo Uraraka o invejava por isso, ou talvez, fosse mais como um sentimento de admiração. Bakugou sempre parecia tão valente e senhor de si, sabendo como agir independente da situação.

Ela sorriu. Esperava poder se tornar assim algum dia, ao menos um pouquinho.

— Ei, qual é a graça?

Uraraka piscou mediante a pergunta de Bakugou, voltando à realidade. Ele havia parado, seus olhos escarlate a fitavam diretamente, a carranca um pouco menos séria.

— Graça?

— Você tá olhando pra mim e sorrindo.

— N-Não, eu… eu só estava pensando em outras coisas.

Bakugou considerou a resposta dela por um momento, antes de lhe dar as costas e voltar a caminhar.

— Pelo menos não tá mais agindo como um filhote assustado.

— Eu nunca agi assim!

— É mesmo? — Uma risada de escárnio. — E como você explica aquela cara de quem poderia chorar a qualquer momento?

— Não estou com medo!

Bakugou a encarou sobre o ombro, um sorriso enviesado na boca.

— Eu não disse que você estava com medo.

As faces de Uraraka se aqueceram. Ela desviou o rosto, envergonhada, apenas para se deparar com o vulto que descia voando de uma das árvores. Ochako sentiu o arrepio lhe percorrer a coluna, e antes de considerar o que fazia, correu para junto de Bakugou, agarrando-se à sua camiseta ao se chocar contra o corpo dele.

— Mas que merd-...

Katsuki parou em meio à frase ao ver o quão desesperada ela buscava por ele. Sua expressão relaxou, e com uma paciência que até então não sabia possuir, segurou-a pelos ombros.

— Uraraka… é só a droga de um boneco.

Ela abriu um olho, depois o outro, encarando-o antes de se arriscar a olhar para trás. Uraraka engoliu em seco mediante a confirmação, afrouxando lentamente os dedos, finalmente soltando-o.

— Desculpe, Bakugou-kun.

Uraraka mordeu o lábio.

Estava mais do que óbvio para Bakugou que ela ainda estava apavorada. Não era como se ele tivesse saco para coisas daquele tipo, mas ele queria terminar com tudo o mais rápido possível para poder descansar em paz, e apesar dos pesares, Katsuki não deixaria Ochako para trás. Sendo assim, ele simplesmente a tomou pela mão.

— Vamos.

— B-Bakugou-kun?

— Quero acabar logo com isso.

Uraraka se deixou arrastar por Bakugou, que ainda que alegasse pressa, logo diminuiu a velocidade dos passos ao perceber que o acompanhava com esforço. A sensação de estar de mãos dadas com ele era bastante estranha. Não era algo ruim, só... diferente. Por algum motivo ela se sentiu nervosa, e um outro medo a tomou: o de que sua palma começasse a suar. Diante de tal pensamento, Uraraka tentou soltar-se, mas Bakugou segurou-a ainda mais firme.

— Não seja teimosa.

— Mas e se alguém ver?

— Tá escuro, ninguém vai ver.

Não estava tão escuro assim, mas Uraraka preferiu não contrariá-lo.

O restante do percurso correu de forma mais tranquila para Ochako. O que até então passava como um filme de terror em sua cabeça, se transformou no que de fato era: os fantasmas, não passavam de lençóis; as pessoas ensaguentadas, bonecos ou colegas de classe.

Eles já conseguiam ver o fim da trilha a uns 200 metros à frente. Uraraka suspirou, aliviada. Neste momento, Bakugou olhou para ela, como se quisesse dizer que ela poderia relaxar, mas então, ele apontou para um ponto próximo ao rosto dela.

— Ei, não se mexa, tem um inseto no seu-...

Bakugou não teve tempo de terminar de falar, já que apenas a palavra inseto bastou para que ela perdesse o controle, não apenas de suas emoções, como de sua individualidade. No minuto seguinte, os pés de Bakugou deixaram o chão, e então seu corpo começou a flutuar, subindo cada vez mais.

— Mas que droga é essa, Uraraka?!

Ela não pareceu ouvi-lo.

Uraraka!

Ochako finalmente se atentou ao que acabara fazendo, liberando-o no exato momento. Bakugou não teve tempo de reagir, apesar de seu tempo de reação ser exemplar. Seu corpo acabou desabando.

Sobre o de Uraraka.

Ele gemeu, prestes a deixar um xingamento sujo escapar, mas interrompeu-se ao perceber o quão perto seu rosto estava do de Ochako. Ela demorou um tempo mais para abrir os olhos, mas sua reação foi a mesma que a dele. Eles se encararam, a atenção de Bakugou voltou-se para as curvas dela a pressionarem seus músculos, então para o pescoço exposto levemente tingido de vermelho, e finalmente, a boca.

Ali Bakugou se manteve.

Os lábios dela se entreabriram.

Ele acompanhou o movimento.

— B-Bakugou-kun… o inseto… — ela choramingou, a voz estremecida.

Inseto? Quem ligava para insetos numa hora como aquela?

Ah. Claro. O inseto.

Bakugou limpou a garganta.

Ochako tinha voltado a fechar os olhos com força, as mãos apertadas em punhos ao lado do corpo. Ele levou a mão ao rosto dela, os dedos esbarraram acidentalmente contra a pele dela — quente e macia —, antes de remover um besouro de tamanho respeitável do cabelo de Uraraka. Bakugou manteve os dedos junto aos fios castanhos dela, mais uma vez observando-a.

— J-Já terminou? — ela choramingou novamente.

— Quase. — murmurou.

Katsuki se aproximou, só alguns centímetros.

O suficiente.

Tão simples, apesar dele ser uma pessoa complicada.

O nariz roçou contra o dela. Seu coração acelerou algumas batidas.

Ochako abriu os olhos, curiosa, se deparando com Bakugou ainda mais perto, a uma mera respiração de distância. Ele a fitou por um minuto inteiro antes de tomar os lábios dela entre os dele, não mais que um rápido contato, mas menos inocente que um reles roçar.

Bakugou se afastou, apoiando-se nas mãos para encará-la de cima. Nenhum dos dois sabia bem o que fazer, mas também não tiveram tempo de descobrir, já que Kirishima surgiu do nada, todo animado, rindo dos dois, mas principalmente de Uraraka.

— Por essas vocês não esperavam, não é?! O Koda até mesmo enfrentou o medo… de… insetos…

Kirishima se calou diante da visão de Bakugou sobre Uraraka, bastante sem jeito.

— F-Foi mal, eu não sabia que vocês…

Bakugou levantou de repente, ajudando Uraraka. Como se nada tivesse acontecido, devolveu as mãos novamente nos bolsos, olhando diretamente para Kirishima.

— Eu só estava tirando o inseto.

O olhar de Bakugou caiu sobre Uraraka, como se pedindo pela afirmação dela. Ela desviou os olhos no ato, o rosto corado demais para seu próprio bem.

— Foi isso mesmo, Kirishima-kun.

O silêncio recaiu sobre os três. Bakugou encarando Kirishima, que dividia a atenção entre os dois, e Uraraka, que desenvolveu um repentino interesse nos próprios sapatos.

— É só isso? Posso ir agora? — perguntou Katsuki, o mau humor brotando dos confins de seu interior.

— H-Hm — concordou Kirishima, assentindo.

Bakugou passou por Kirishima como se ele não existisse.

Uraraka seguiu logo depois, mantendo uma boa distância entre os dois.

Kirishima deixou um sorriso discreto habitar sua face ao encarar a sombra de ambos, e por mais que fossem amigos, e quisesse provocá-lo, jamais diria a Bakugou o quão terrível ele atuara ao tentar esconder o rubor nas próprias faces.


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Notas finais do capítulo

Até a próxima, que tá quase pronta rsrs



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