Sequestrada - Número 1970 escrita por Carolina Muniz
"Quase sempre, amar parece ser uma tentativa de descobrir o que a outra pessoa deseja e dar isso a ela. Algumas vezes, é impossível. Mas outras vezes é muito simples."
¤ Capítulo 2 ¤
Ana entrou em seu quarto, fechou a porta atrás de si, jogou a bolsa na cama e fechou os olhos por cinco segundos antes de abri-los novamente.
Okay, precisava de um banho frio... e de uma vida nova.
Já que o banho era a única coisa que ela podia ter, ela tomou um demorado, e saiu do banheiro enrolada na toalha.
Sua mãe entrou no quarto no momento em que ela estava procurando seu celular em sua bolsa.
— Seus sapatos - ela disse, colocando-os em no chão ao lado da porta. - Quantas vezes eu preciso dizer para não deixar os sapatos no chão? - reclamou.
Ana expirou o ar profundamente.
Odiava que sua mãe entrasse em seu quarto sem bater na porta.
— Eu me esqueço... Então, muitas - disse ela, deixando a bolsa para lá e abrindo o armário de roupas.
— Você realmente não me ajuda - reclamou Carla novamente. - Eu pedi para buscar o Teddy no judô, você realmente não podia deixar seus amigos por alguns minutos e buscar seu irmão?
Ana bateu com o punho na testa.
— Mãe, eu realmente esqueci. Sério. Não foi por mal - desculpou-se, pegando uma short de moletom e uma regata vermelha.
Achar que estou grávida tirou toda a minha atenção! - acrescentou mentalmente.
Sua mãe suspirou enquanto ela se virava e pegava uma calcinha na cômoda.
— Ana, você já vai fazer 18 anos... - continuou ela.
Ana revirou os olhos e tirou a toalha.
Puxa, ela realmente havia se esquecido.
— O que é isso? - sua mãe perguntou e a garota se virou para ver o que é após colocar a roupa íntima e o short.
Carla segurava o folheto da farmácia, que estava em cima de sua bolsa.
Seu coração deu baque.
— Não é nada. Deram na escola - falou apressada. - Você sabe, essas palestras de auto-ajuda - tentou, distraidamente.
Sua mãe lia o folheto com atenção. A garota pegou a blusa apressada e se virou para colocá-la.
— O que é isso? - sua mãe questionou.
— O quê? - perguntou ela.
— Isso é uma tatuagem? - a mulher se levantou e deixou o folheto de lado.
Droga! Ela precisava ser observadora hoje?
— Ah, já tem um tempo – disse a morena, como se não fosse nada.
— Você fez uma tatuagem, Anastasia Rose Steele?
Nossa!
— Ai, mãe, fala sério. Não é nada de mais.
— Eu não quero mais nenhuma, entendeu? - decretou.
— Okay - cedeu. - Mas eu já tenho quase dezoito anos.
— Mas ainda não tem dezoito. Até os vinte e um eu mando em você. Está achando o quê? Filha minha não anda igual uma cantora de rapper, não. Onde já se viu? Daqui a pouco está usando boné para trás e chamando todo mundo de "tiozão".
Ana não conseguiu segurar a risada com o exagero da mãe e pegou a escova de cabelo.
— Não se preocupe - garantiu, ainda rindo.
Naquele momento, Theodore entrou no quarto correndo e chorando.
— O que houve? - Ana perguntou, mais alarmada que a própria mãe.
O menino levantou o helicóptero quebrado e as lágrimas continuaram a descer por seu rosto. Seu coração se partiu. Ela odiava vê-lo chorar. Era como se doesse em si mesma.
A morena ajoelhei na sua frente e ficou a sua altura.
— Vamos fazer uma cabana na sala, o que acha? - sugeriu a garota.
— Mas e o meu 'helicoptor'?
Ana sorriu para o pequeno e tirou seu cabelo da testa.
— Amanhã compramos outro - prometeu, secando as lágrimas do rosto mínimo do outro.
— Ana, não prome... – sua mãe começou, mas logo a interrompeu.
— Amanhã, depois da escola - prometeu firme e ele lhe deu um beijo na bochecha, carinhoso e manhoso como sempre.
Ana terminou de limpar suas lágrimas e ele sorriu.
Seu irmãozinho de apenas cinco anos, tão inconstante...
— Okay, vai lavar as mãos para comermos panquecas - disse ela e ele saiu correndo.
— Você não devia ter feito isso - sua mãe brigou. - Sabe como esse helicóptero foi caro? - continuou, pegando os estilhaços do chão e balançando a cabeça.
— Sabe que não foi culpa dele? Ele deve ter voado demais e foi para o teto - disse, sabendo que tudo Teddy estragava por que deixava ir até o teto, bem no ventilador. - Amanhã eu vou comprar outro para ele. Tenho o dinheiro do papai ainda.
Seu pai havia se separado de sua mãe quando ela tinha onze anos, e sua mãe disse que nunca se arrependeria de ter pedido o divórcio. Ele pagava pensão, é claro, achando que o dinheiro compensava o fato de ele nunca ter sido um pai de verdade para Ana. Quando Ana fez doze, sua mãe conheceu Raymond, o pai do Teddy.
Foi como aquelas coisas do destino, sabe? Ray havia perdido a mulher no parto do filho e sua mãe acabado de se separar. Eles se apaixonaram e bem, sua mãe precisava de um marido e Theodore precisava de uma mãe. Logo, eles se casaram e há dois anos, Ray, enquanto dirigia de volta para casa, sofreu um acidente de carro. O impacto foi muito forte e ele não resistiu. Sua mãe ainda o amava, Ana não que algum dia deixaria de amá-lo, mas a saudade amenizava um pouco na forma de Teddy, ele era igualzinho ao pai, sem tirar nem pôr. Carla nunca o considerou como um filho adotivo, Theodore era filho e pronto. E Ana o amava como a um irmão de verdade, por que ele era. Teddy com certeza era a criança mais indiscutivelmente amada do mundo.
Porém, pensar em a fez pensar nos dois trancinho dos testes de gravidez.
Seu coração acelerou de novo.
— Filha? Filha! - sua mãe chamou e ela voltou à realidade.
— Oi?
— Seu irmão está te chamando e você não escuta - ela disse, já na porta, com Theodore segurando sua mão.
— Claro, vamos - disse a garota, balançando a cabeça para dispersar os pensamentos e estendendo a mão para Teddy.
Lá embaixo, Ana fez como o prometido, uma cabana com luzes e lençóis, pegou seu notebook, colocou o desenho preferido de seu irmão, ali adormeceu com Teddy e ficou por toda a noite.
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