Severus Snape chegou a casa imensamente cansado do seu dia em Hogwarts. Com a iminência do iniciar do ano letivo, o seu trabalho de prepação das aulas tinha aumentado consideravelmente. Cansado, entrou em casa já desanimado porque sabia que até se conseguir deitar tinha um longo trabalho pela frente.

—Querida, cheguei!- gritou ele ao passar pela porta. A primeira a aparecer à sua frente foi a sua mãe: Eileen Snape

—Olá filho!

—Mãe! Onde estão os meninos?

—A Elizabeth está a ler o novo livro de Poções, a Diana está a pegar no William, a tua esposa está a acabar de dar banho às gémeas e o David está a ajudar.

Severus suspirou. Quando se casou não suportava a ideia de ter filhos,ainda mais depois da dor de perder o primeiro filho, mas ao ter David ficou tão apaixonado que acabou por querer mais. Foi a Elizabeth que se seguiu e a seguir Diana. Logo a seguir veio a aventura das gémeas: a Mariah e a Victoria.

Depois das gémeas, eles já não esperavam ter mais filho mas o William apareceu de surpresa e estava agora com os seus 2 anos. Logo abriu um sorriso ao ver a esposa a aparecer ainda que com os cabelos bagunçados e a roupa molhada.

—Ei amor!- disse Hermione com um sorriso nos lábios. Severus retribuiu com um sorriso singelo já que ele não gostava de demonstrar afeto à frente de outras pessoas.

—Bem, eu já vou indo.- declarou Eileen.

—Não quer jantar por cá, Eileen?- a sogra negou a Hermione.- Muito obrigada pela sua ajuda hoje.

—De nada, minha querida. Boa noite, Severus.- logo Eileen Snape desapareceu através do pó de floo. Severus abraçou a esposa.

—Como foi o dia?- perguntou ele.

—Desgastante mas falamos depois. Agora é hora de jantar. Chamas os meninos?- perguntou a já não tão jovem mãe de 37 anos.

Severus bufou e seguiu em direção aos quartos. Espreitou o quarto das meninas mais velhas e reparou com orgulho em Elizabeth que lia o livro avançado de poções do 1*ano já que ela ia para Hogwarts pela primeira vez quando o ano lectivo começasse. Ao lado dela Diana brincava no chão com William.

—Meninas..- chamou o pai.- Mesa, já! Levem o William-- e logo desapareceu. No quarto dos rapazes estava apenas David que escrevia uma carta.

—Estás a escrever a quem?

—Ao James Sirius. Vou combinar quando podemos ir buscar os livros que nos faltam à Diagonal.

Severus torceu o nariz como sempre torcia ao ouvir falar do Potter mais velho dado à sua semelhança com os seus anteriores inimigos.

—Acabas de escrever depois. A vossa mãe já chamou para a mesma.

David conhecendo o mau génio do pai logo obedeceu. Severus dirigiu-se, por fim, ao quarto das gémeas. Mal entrou, foi abraçado pelas meninas de 7 anos.

—Pai!!!!

—Olá princesas.- disse Severus beijando a testa das duas.- Como foi o vosso dia?

—Teria sido melhor se a mãe não nos tivesse obrigado a tomar banho.- resmungou Mariah ao que Victoria concordou.

—Eu acho que vocês como meninas de 7 anos já podem tomar banho sozinhas, não é filhas?

—É mas como nós não queríamos foi a mãe que nos deu.- disse Victoria. Severus sorriu achando piada:

—Bem vamos para a mesa antes que a mãe nos apareça aqui chateada.- disse Severus e logo as filhas desataram a correr para a cozinha.

Logo Severus sentou-se à cabeceira da mesa enquanto a esposa se sentava na outra cabeceira e os filhos se sentavam nas laterais, como sempre faziam.

A maior parte do jantar decorreu em silêncio pois as crianças Snape sabiam que o pai odiava barulho a qualquer hora e principalmente à refeição por causa de todos os anos a ensinar. Estavam a ir para a sobremesa quando Elizabeth trocou um olhar de desafio com a menina de 9 anos, Diana. Elizabeth não sabia se a irmã iria cumprir o desafio e ganhar a aposta.

A mais nova sorriu sarcasticamente e virou-se para o pai.

—Pai como é que conheceste a mãe? Ou melhor, nós sabemos que eras professor delas, mas como é que vocês começaram a namorar?

Hermione sorriu para dentro quando viu o marido a quase engasgar-se com a surpresa daquela pergunta. Houve silêncio durante 2 minutos.

—Ahm, já todos acabaram? Vamos para a sala e o vosso pai conta-vos a história.- os meninos levantaram-se e correram para a sala rapidamente. Hermione deixara-se ficar para trás e trocou um olhar com o marido.

—Boa sorte.

—A sério que me vais deixar fazer isto sozinho, Hermione?

—Claro, amor.- disse ela maleficamente como uma verdadeira Slytherin. Severus suspirou.

Ao chegar à sala sentou-se no seu cadeirão com os filhos todos no chão sentados a ouvir o que ele tinha para dizer, até William que com os seus dois anos não estava a perceber nada. Hermione sentou-se ao lado de marido ao qual deu a mão.

—Então...vocês sabem que eu era professor de poções da vossa mãe e que no 6* ano fui professor dela de defesa contra a magia negra. Na altura, eu atuava como espião para a ordem da fénix. Eram tempos negros. Tudo começou numa noite em que os devoradores da morte invadiram Hogwarts e eu tive que matar Dumbledore a pedido deste. Antes disso, eu fui abordado na minha sala pela vossa mãe que tinha uma dúvida sobre alguma coisa, sobre sempre. Eu, cansado, tirei-lhe as dúvidas e aconselhei-a a esconder-se e avisei que ia haver um ataque. Ela ficou muito preocupada mas disse que ia lutar com um brilhozinho nos olhos. Eu levantei-me da minha secretária e disse que não era sensato. Eu já sabia que estava apaixonado por ela há quase 6 meses. Aproximei-me dela e ela aproximou-se de mim a dizer que eu não iria conseguir impedi-la e, então, eu beijei a vossa mãe. Ela já era maior de idade na altura, portanto não havia problema nenhum em termos de leis.

—Mãe, o pai beija bem?- perguntou Mariah inocentemente. Hermione corou e acenou com a cabeça, piscando o olho ao marido.

—Continuando, mal eu terminei o beijo, nós fizémos meio que um ato de loucura e obrigámos Dumbledore a casar-nos antes que ele saísse do castelo.

—Onde é que ele ia?- perguntou Elizabeth.

—A algum lado com o Potter.- Severus achava que eles eram muito novos para saber das Horcruxes.- O Albus casou-nos mas eu e a vossa mãe não conseguimos estar muito tempo em contato pois nessa noite, eu tive de fugir com os devoradores da morte depois de cumprir o que Albus me pedira.

—Então mas vocês nem namoraram? Casaram logo?- perguntou David estupefacto.

—Pode parecer loucura, é verdade.- disse Hermione.- Mas nós trocávamos olhares apaixonados durante as aulas, mais eu, claro que o vosso pai não demonstrava nada mas eu de vez em quando apanhava-o a olhar para mim. Além de que, Severus me contou que a Guerra séria iria começar naquele dia e que provavelmente ele iria morrer no fim dela e disse que se morresse queria morrer casado comigo.

—Uau pai!- disse Victoria

—Nessa noite eu tive que matar o Dumbledore como vocês já sabem e fugi com o Draco e os devoradores da morte. A vossa mãe ficou destroçada.

—Eu não sabia que o Dumbledore tinha pedido a Severus para o matar mas confiei que o Severus estava do nosso lado porque se não o diretor não confiasse nele, ele nunca nos teria casado.- Severus ergueu a sobrencelha em descrença mas nada disse.- Depois de sermos recambiados para casa e eu e o Harry e o Ron começarmos a fugir,o Severus esteve lá comigo a ajudar-me a apagar a memória dos meus pais, a fazer as malas e essas coisas.

—Bem e aí a vossa mãe engravidou. Sem eu saber, claro.

David franziu o sobrolho de um modo idêntico ao pai. Ele não podia ser aquele bebé já que ele sendo o mais velho nascera em 2004 e os acontecimentos de que o pai falava eram em 1997/1998.

Na cara de Hermione passou um esgar de dor e inconscientemente a sua mão foi parar na barriga como protetoramente enquanto Severus agarrava a outra.

—Vocês sabem o que a Bellatrix Lestrange fez à vossa mãe não é?- eles assentiram com a cabeça.- Ela descobriu que a sua mãe estava grávida e perguntou quem era o pai. Claro que Hermione não disse nada, se ela dissesse que era eu, as coisas acabariam feias. Então a Bellatrix achou que Hermione não sabia quem era o pai e gravou-lhe com uma faca a palavra prostituta na barriga e sangue de lama no braço.

—Foi então que o vosso pai descobriu o que estava a acontecer e mandou Dobby para nos tirar da Mansão Malfoy. Eu estava muito debilitada e enquanto Ron e Harry ficavam na casa de Bill, eu fui para a casa de Remus, o pai de Teddy. Lá Severus entrou de repente, meio desesperado por eu estar naquele estado.- Hermione de repente calou-se como se não quisesse falar mais.

—A vossa mãe, de repente, ainda que só com 8 meses de gravidez, começou a ter contrações e a vossa irmã mais velha nasceu.- Severus inspirou fundo.- Nasceu sem vida.

Hermione não chorou mas mordeu o lábio com muita força. Lembrava-se vivamente de quando Nimphadora e Andromeda lamentaram muito e lhe puseram a filha nos braços. Ela tinha cabelos pretos bagunçados e era tão bonita. Parecia uma boneca de olhos fechados. Severus não falara, na altura, mas ficara muito abalado com o assunto e só conseguiu falar disso 3 anos depois.

—Na hora da Guerra, tal como eu esperava, Voldemort quis matar-me mas a vossa mãe salvou-me.

Severus observou os filhos com atenção. David estava com uma expressão rígida semelhante à do pai. Elizabeth chorava baixinho, enquanto Diana estava meio aluada e as gémeas olhavam uma para a outra sem saber o que dizer.. E William.. bem a dada parte da conversaa, William fora para o colo de Hermione e lá adormecera.

—Quando anunciámos em público o nosso namoro, 3 anos depois, foi um choque para a sociedade bruxa mas eles acabaram eventualmente por aceitar. Fizémos um casamento oficial 2 anos depois disso em 2003. Foi nesse dia que a vossa mãe me contou que estava grávida, neste caso, do David.- completou Severus com um ar cansado.

—E depois viémos nós todos a seguir.- comentou Diana.

—E por mais que vocês nos dêem imenso trabalho, nós amamo-vos imenso.- disse Hermione. Severus sorriu quando viu as gémeas levantarem-se para abraçar a mãe.

—Cuidado que ainda esmagam nós os três.- queixou-se Hermione com um sorriso.

—Três mãe? És só tu e o William aí.- disse David. Hermione engoliu em seco e trocou um olhar com o marido que a encarava questionador.

—Não é óbvio, meninos? A mãe está grávida.- disse Elizabeth.

Severus olhou para a mulher que acenou em confirmação e levantou-se para beijá-la apaixonadamente. David sorriu perante este gesto. Sabia que apesar do pai não demonstrar muito os sentimentos, amava Hermione Granger Snape mais que tudo o que lhe pertencia.