O Fantasma escrita por Helen


Capítulo 6
Ato 6 – Final.


Notas iniciais do capítulo

Eis que Fantasma para de encher sua paciência, leitor, e finalmente decide o que fazer da vida.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/765556/chapter/6

(entram Fantasma e Narrador)

Narrador. E agora?

Fantasma. E agora o que?

Narrador. Vai ser fantasma para sempre?

Fantasma. O que é que posso ser, além de fantasma?

Narrador. Há muito pra ser além de fantasma.

Fantasma. Acho que é isso que me perturba.

Narrador. Amigo, vou te dizer algo. Antes de eu ser narrador, eu também era um fantasma.

Fantasma. Era?!

Narrador. Era. Não era visto, muito menos lembrado. Era só um borrão na memória dos meus amigos de infância, e um detalhe inútil na convivência dos contemporâneos. Então notei que gostava de narrar. E brinquei de narrar. Agora estou narrando como eu me tornei narrador.

Fantasma. Você fala como se fosse fácil.

Narrador. Eu já passei por isso, então parece fácil. Mas quando você deixa de ouvir seu Medo, tudo se torna mais simples.

Fantasma. Meu Medo?

Narrador. Esta criaturinha aí do seu lado. (aponta para o lugar de entrada do Medo)

(entra o Medo. Parece um macaquinho.)

Medo. (para Fantasma) Acha mesmo que eu sou ruim? Eu sou quem te salva de ser ridículo!

Narrador. (para Medo) E como você sabia que ele iria ser ridículo?

Medo. (ainda para Fantasma) Lógico que ia! Você é esquisito, Fantasma. As músicas que você gosta são estranhas, você dança estranho, escreve estranho. Sua cara é estranha, também. Se sair por aí tentando ser quem não é, vai acabar quebrando a cara.

Narrador. Você nunca se revelou! Nunca provou sua teoria de ser estranho.

Medo. E eu preciso? Ele sabe como é ridículo. Não é, Fantasma?

Fantasma. Não me chama de Fantasma!

Medo. Ora, por quê?

Fantasma. Por que sou obrigado a ser fantasma? Não posso me tornar algo melhor?

Medo. E arriscar se expor? Enlouqueceu?!

Fantasma. Sei que vai ser arriscado, e sei que vou sofrer bastante. Mas não quero mais ser fantasma. Não quero mais! Ser fantasma só me traz agonia, pois ninguém me vê, e ninguém me ouve!

Medo. Por que quer ser ouvido? Não há pessoa que mude pessoa.

Fantasma. E daí?! Quero amar as pessoas, como me foi dito desde o princípio...

Medo. Amar esse bando de ridículos?

(entram os personagens do Ato 1, enquanto Medo fala.)

Medo. Eles, que não sabem o que é o amor? (aponta os personagens)

Fantasma. Nem eu sei o que é o amor. Posso eu culpá-los por também não saber?

Medo. Vai amar esses hipócritas?

(entram os personagens do Ato 2, enquanto Medo fala.)

Medo. Esses que só sabem usar a boca pra reclamar, e não fazem nada para mudar?

Fantasma. Eu não estaria sendo melhor caso reclamasse deles.

Medo. Tem certeza que quer amar esses egoístas?

(entram Quieto e Ego, como amigos inseparáveis)

Medo. Esses que rejeitaram os próprios sentimentos para se sentirem melhor?

Fantasma. Quem nunca rejeitou o que uma vez sentiu, que atire a primeira pedra...

Medo. Tu tem noção do que é querer amar esses mesquinhos?

(entra Você. Miss entra pelo lado oposto, e fica próxima de Narrador)

Medo. Esse tipo de babaca?

Fantasma. As pessoas deixam a bondade cair quando veem os escândalos. Fecham seus olhos para a miséria quando se sentem ameaçadas. Não posso julgá-las, pois têm seus motivos... Mesmo não sendo os melhores.

Medo. Tem certeza de que é isso que deseja?

(entra trio de cantores do Ato 5)

Medo. Deseja mesmo amar aqueles que nunca te apoiarão?

Fantasma. Só de ruim, provarei para eles que fizeram uma péssima escolha em não me ajudar.

(olha para todos os personagens)

Eu os odiei, sim, mas agora não posso me conter. Amo vocês, e quero que todos sejam felizes. Mesmo que nunca mais me vejam. Mas quero quer sejam felizes.

(alguns personagens estranham, e outros dão risadas.)

Fantasma: Não se preocupem mais. Não assombrarei mais ninguém.

(se aproxima do centro do palco, olha para a plateia)

Fantasma: De agora em diante, não serei mais fantasma!

Mas quem serei eu?

Me chamem de Filho. Por que Filho? Pois sou filho de um bom homem, que amou a todos os meninos da rua, e amou a mim também, me adotando e me levando pra casa. Agora, eu também devo retribuir o amor que ele teve.

(os outros personagens seguram as mãos, formando uma linha atrás de Filho.)

Filho: Deixe de odiar!

Todos, ao mesmo tempo, incluindo Filho: Ame!

Filho: Pois, se não houver alguém que ame, como haverá aqueles que retribuirão amor?

(Fantasma entra na linha, todos agradecem. Fim.)


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Fantasma" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.