Cheguei em casa, joguei minhas coisas no sofá e fui pra cozinha. Tirei a comida da geladeira, pra esquentar. Como minha mãe trabalha como Bióloga Marinha aqui em Alphaville, meu pai é arquiteto e eles ficam o dia todo fora. Minha mãe chega às 18h e meu pai às 17h.

Eu acho chato almoçar sozinha, mas eu não podia fazer nada. Eu sei que é o trabalho deles.

Terminei de almoçar, arrumei a cozinha, fui pro meu quarto pegar uma roupa pra tomar banho...

Enquanto eu estava no banho, eu pensava em tudo que tinha acontecido hoje, ele tinha sido tão fofo comigo. Lógico que eu não gostei nem um pouco dele ter brigado comigo, eu me senti... Estranha, não sei explicar. Porém quando ele sorri, me abraça ou só dele falar comigo eu me sinto tão bem, é como se ele me completasse, é muito estranho isso.

Acabei meu banho, liguei meu computador, e fui pra sala pegar meu fichário, afinal eu tinha lição pra fazer, neh. Voltei pro quarto, entrei no MSN, eu fui vendo o que eu tinha pra fazer de lição.

Já estava acabando a primeira e meu telefone toca...

– Alô?

– Oi, filha

– Oi, mãe. Aconteceu alguma coisa?

Minha mãe e meu pai nunca ligavam, só quando queriam ou acontecia alguma coisa.

– Não, mais eu queria que você ligasse pro Jacob, e o chamasse pra ir jantar hoje ai em casa.

– Eu vou tentar.

– Ok! A gente se vê daqui apouco. Ah! Coloque uma roupa descente, porque talvez a gente vá sair.

– Ok. Mãe eu vou desligar que eu tô fazendo lição e também já falo com ele.

– Desculpa filha. Beijos

– Sem problemas, mãe.

Desliguei o telefone. Será que minha mãe tem noção de como ela me deixou? Ele não está no MSN, o que significa que eu vou ter que ligar pra casa dele. Meu coração esta querendo sair pela boca, literalmente.

Peguei meu celular, e procurei o numero dele...

– Alô?

– Oi, por favor, eu poderia falar com o Jacob?

– Quem está falando?

– É a Manuela.

Era um homem falando, acho que o pai dele, tinha a voz bem grave e aparentava ter certa idade, pela voz ser um pouco cansada...

– Ah! Oi Manuela, o Jake deu uma saidinha, você quer deixar recado?

– Então... Acho que nem precisa, não é nada de importante. Depois eu falo com ele.

– Tem certeza? Não seria incômodo nenhum.

– Não, não. Só me responde uma coisa? - Claro. - O senhor sabe se ele vai demorar?

– Em 1º senhor não, vou me sentir mais velho do que já sou... – eu dei risada e ele me acompanhou. – E eu acho que ele chega aqui perto das 16:30.

– Ah! Então só avisa que eu liguei, e pede pra ele se puder entrar no MSN, se não for incomodar muito. – eu disse sem graça.

– Não que isso. Pode deixar que eu dou o recado. Quer que ele te ligue?

– Não precisa, não. Obrigada, mais uma vez.

– Não foi nada.

– Obrigada e boa tarde pro sen... Quer dizer pra você.

– Assim fica melhor. – ele deu risada. – Tchau pra você também Manuela.

Ele desligou o telefone, e eu continuei com ele na orelha. Idiota? Eu sei, mas é que... Sei lá, a voz dele lembrava um pouco a do Jacob, e a risada é igual, só que com um ar mais cansado.

Eu fui uma burra mesmo, neh. Eu podia ter pedido pra ele ter falado pro Jacob ligar pra mim... Mais não eu pedi pra ele entrar no MSN, então dá quase no mesmo. Não Manuela, não dá quase no mesmo. Eu sou uma anta mesmo...

Continuei fazendo a lição, eu já estava acabando, ele ainda não tinha entrado ainda no MSN, meu telefone começa a tocar que nem um desesperado. Sabe o por quê? Eu não to achando ele, meu quarto é uma pequena bagunça.

– Alo? – nem vi quem era...

– Oi, Manu? – gelei.

– Jacob?

– É, desculpa se eu to te atrapalhando...

– Não que isso, é que eu não tava achando meu telefone, por isso eu demorei pra atender.

A gente deu risada.

– O que você queria? Ta tudo bem? Meu pai falou que você tinha pedido pra eu entrar no MSN, mas eu preferi te ligar, tudo bem, neh?

– Sem problemas. Ta tudo bem sim... – como eu ia falar. – É que minha mãe me ligou um pouco antes deu ligar pra sua casa, que ela queria saber se você pode...

Eu travei, não conseguia falar.

– Se eu posso? Manu fala você está me deixando nervoso.

– Desculpa, me distrai aqui. – dei uma risada. – Se você pode vir hoje jantar aqui?

– Que horas?

– Ah! Ela não falou, mas lá pras 20h, porque ela chega às 18h, até ela se arrumar, meu pai também, e eu que sou a mais demorada... – meu problema: quando eu fico nervosa eu começo a falar.

– Ok.

– Você consegue chegar aqui? Ou quer que eu te explique?

– Não precisa, eu lembro o caminho. Manu tem como eu deixar meu carro na garagem do teu prédio?

– Tem sim, a gente tem garagem fechada.

– Ok, valeu. E... Era só isso?

– Uhum.

– Ah! Então vou desligar pra não te atrapalhar mais.

– Tá, mas você não atrapalha não. Beijos, até daqui apouco.

– Até Manu.

Eu esperei ele desligar, eu estava sem reação, como ele conseguia ser tão perfeito? Eu preciso ver ele, e logo.

Eu terminei minha lição correndo e fui escolher minha roupa, eu queria estar linda. Fiquei uma boa meia hora olhando minhas roupas...

Roupa escolhida, fui pro banheiro, ia fazer escova e depois chapinha minha unha já tinha feito ontem.

Escutei meu pai chegando, eu estava com metade do meu cabelo já de escova...

– Filha?

– Estou aqui no meu quarto, pai.

– Posso entrar?

– Pode sim, eu só to fazendo escova.

– Oi, meu anjo.

– Oi, pai.

Meu pai sempre foi assim, ele chega e vem falar comigo e com a minha mãe e depois vai fazer as coisas dele.

– Vai sair?

– Vamos. – ele me olhou sem entender. – A mamãe ligou falando para eu chamar o Jacob pra vim jantar, ai ela falou que talvez fossemos sair, mas provavelmente vai ser pizzaria.

– Ah, ótima ideia! Mas então eu vou tomar meu banho pra liberar o banheiro. – a gente deu risada, sempre que a gente ia sair, e minha mãe precisava do banheiro e ele estava usando, ela ficava louca.

Ele saiu me deixando sozinha, eu terminei de fazer a escova e a chapinha, minha mãe chegou.

– Oi filha!

– Oi mãe!

– Seu pai já chegou?

– Uhum está no banheiro. A gente vai sair ou ficar aqui mesmo?

– Sair, não agüento mais jantar em casa. – eu dei risada, minha mãe nunca gostou de rotina. – E é bom seu pai sair logo do banheiro.

Eu dei muita risada. – Mãe, eu falei pro Jacob, vir mais ou menos umas 20h.

– O QUE?? Como 20h, ficou louca? Eu não vou conseguir me arrumar, eu tenho lavar a cabeça e fazer escova, fora a depilação...

– Mãe, faz assim, eu escolho uma roupa pra você, ai só vai precisar depilar a axila; depois eu faço sua escova. Pode ser?

– Pode. Mais que roupa você vai escolher?

– Não sei, vou dar uma olhada, mais já tenho umas coisas em mente. – eu dei uma piscadela e ri.

– Oi meu amor!

– Oi! Já ia brigar com você, pra sair do banheiro.

– Não falei que eu tinha que ir rápido? - A gente deu risada.

Ela pegou as coisas dela e foi pro banheiro, eu entrei no closet, pra procurar alguma coisa... Achei exatamente o que eu estava procurando um vestido longo estampado e uma rasteirinha, peguei um bracelete e um brinco.

– Manu trás pra mim a roupa que você separou. – ela gritou do banheiro.

Eu levei e deixei a rasteirinha na porta. Depois ela sentou na cama e eu fui fazer escova, enquanto isso ela ia colocando os acessórios e depois começou a passar base.

– Mãe deixa que quando eu acabar aqui, eu faço sua maquiagem.

– Ok!

– Gente já são quase 20h, ele já deve estar chegando.

– Ah, pai! Antes que eu esqueça, ele pediu se podia colocar o carro dele na garagem, eu falei que sim.

– Tudo bem. Vou interfonar lá pra baixo e avisar.

Eu estava começando a fazer a maquiagem da minha mãe...

– Ele chegou...

– Tá pai, já vou acabar aqui, eu depois eu termino de me arrumar.

– Não acreditoque você ainda não está pronta.

– Ai, Manu! Não acredito, eu podia muito bem fazer sozinha.

– Ah, mãe! Já to acabando.

– O que falta pra você?

– Por a roupa, e a maquiagem.

– Deixa que eu termino aqui, vai se arrumar.

Eu já estava nervosa, só de saber que ele já estava perto. Eu fui direto pro meu quarto, coloquei minha roupa hiper rápido, e fui ao banheiro passar maquiagem.

Peguei meu celular, gloss, lápis de olho e pó. Escolhi minha bolsa e fui pra sala. Meu coração estava na mão.

– Manu, vem logo... Você só ia colocar a roupa e passar a maquiagem.

Nossa eu ainda mato a minha mãe, como ela tem coragem de falar na frente do Jacob que eu ia colocar a minha roupa. Mães, são sempre iguais.

– Já estou aqui, mãe. Mais você também não precisava falar que eu ainda ia colocar a roupa. – eu falei de maneira descontraída e revirei os olhos.

Estavam os três olhando para mim. Ele estava com um olhar admirado, eu poderia dizer vidrado.

– Até que em fim a noiva ficou pronta.

– Bom acho que podemos ir então, neh? – odeio quando meu pai fala isso.

– Por mim, pode sim. Nossa filha, como você é mal educada...

– O que eu fiz?? – eu hein, mal cheguei aqui e minha mãe já está brigando.

– Nem cumprimentou o Jacob.

– Mãe, vocês nem me deixaram respirar, já tão brigando comigo. – andei até ele... – Desculpa, oi Jacob.

– Oi Manu. – ele me deu um abraço e um beijo na bochecha.

Ele abraça muitooo bem. E ele estava lindo, estava com uma calça jeans, uma blusa xadrez escura e uma jaqueta de couro.

– Vamos, então? – meu pai falou, ele deve ter percebido, que nem eu nem ele estávamos com vontade de sair dali.

– Uhum.

– Claro claro. – ele deu um sorriso maravilhoso.

– Não está esquecendo nada, neh Manu?

– Lógico que não. – eu fiz cara de incrédula. - Só porque eu vivo esquecendo as coisas, não quer dizer que eu sempre esqueça.

– Pri, vai fechando a porta que eu vou descendo pra tirar o carro.

– Se o senhor quiser, a gente pode ir ao meu carro, porque depois eu vou ter que tirar ele da garagem mesmo.

Meus pais se entre olharam, e assentiram.

– Tudo bem, mais só se você tirar o senhor e me chamar só de Marcos.

– Claro, Seu Marcos.

– Ai ai. Não adianta neh?

A gente deu risada.

– Faz assim então, Manu vai descendo com ele, que eu e sua mãe já vamos.

– Ok.

A gente falou juntos, e esperamos o elevador, eu até gosto de descer de escada, mais quando eu estou de salto nem rola.

– Você está linda, Manu.

Eu fiquei vermelha na hora. – Obrigada. Você também está muito bonito.

– Só não falei nada antes por causa dos seus pais.

Dei uma risada sem graça, enquanto ele abria a porta para eu sair.

Ele me seguiu até a garagem, eu abri as portas, ele saiu com o carro, e falou pra eu entrar, quando as portas estavam fechadas, ele deu a volta no prédio e parou na entrada do prédio, para pegar meus pais.