Boy Meets Boy - NAMJIN escrita por TheFuckingWriter


Capítulo 1
Welcome to America




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Era outono. Eu via pela janela do carro em que eu estava, a caminho do meu futuro apartamento, as folhas em tons castanhos, galhos secos e pessoas agasalhadas.

Ainda não havia caído a ficha de que eu estava me mudando. Estava prestes a morar sozinho, em um apartamento minúsculo e sem conhecer um único ser vivo naquele país. Mas ao mesmo tempo estava disposto, iria superar as expectativas que todos depositaram sobre mim, pois era o sonho dos meus pais e o meu, de me formar em uma universidade conceituada e em um país tão diferente como era os Estados Unidos.

Bom, essa era a parte boa naquela mudança, eu estava saindo da Coreia do Sul para um país totalmente diferente do meu. Não que eu não gostasse de onde passei 21 anos da minha vida, mas agora eu poderia realmente me sentir livre de questões culturais que me prendiam naquele lugar.

Me deparei com o motorista me encarando com um tom de estranheza. Não sei quanto tempo ele ficou me olhando.

— São cinquenta dólares, rapaz. – Disse ele com uma sobrancelha levantada.

— Me desculpe, estava longe. – Respondi enquanto lhe entregava o dinheiro.

Antes que o motorista pudesse ir embora lhe perguntei onde ficava a minha futura universidade, pois nem isso eu sabia. Nota-se o meu despreparo para levar uma vida sozinho. Ele me respondeu e tive uma ideia vaga de como chegar lá.

Ao adentrar meu apartamento percebi que se tratava na verdade de uma quitinete, pois era basicamente composto por um único cômodo e o banheiro. Fiz uma careta, mas estava feliz, pois sei que este é o melhor lugar que meus pais podem pagar, tendo em vista a nossa situação financeira não muito boa.

Comecei a descarregar minhas malas próximo a porta, afim de limpar o local antes de me acomodar. O apartamento não estava em boas condições, percebi logo que alguns estudantes já haviam passado por ali. As paredes que eram brancas estavam sujas e rabiscadas, em muitas partes com palavras ou frases obscenas, mas os móveis que foram oferecidos pelo dono do local aparentavam ser novos.

Dentro do pequeno cômodo que eu passaria os próximos anos só havia um fogão, uma geladeira e uma cama. Suponho que terei que fazer minhas refeições no chão.

 

[...]

 

O despertador tocou em um som ensurdecedor, o que já me fez levantar desesperadamente. Olhei para o celular para checar a hora e notei que tinha cerca de vinte minutos para me trocar e chegar a minha primeira aula.

Tomei o banho mais rápido da minha vida, vesti a roupa que já havia separado no dia anterior, pois para mim estilo é uma coisa séria, e sai correndo pela rua, recebendo olhares de todos que eu esbarrava ou não.

A universidade era próxima ao meu apartamento, já que o prédio em que eu morava era basicamente dedicado a demanda de estudantes do campus.

Ao entrar fiquei encantado com a arquitetura do local, era algo que não se via na Coreia. Remetia aos castelos que via nos livros de história, era verdadeiramente lindo.

Enquanto olhava para cima para admirar os arcos abobadados que a construção possuía esbarrei em um garoto baixo, branco como neve.

— Preste atenção por onde anda, garoto. – Disse ele.

— Desculpe-me. É que é meu primeiro dia, estou meio perdido. – Respondi curvando-me. Droga! Por que fiz isso? Não estou mais na Coreia.

Ele apenas soltou um som de deboche e saiu.

Cheguei em frente à minha sala e entrei. Olhei ao me redor, tentado memorizar os rostos de cada pessoa. Para qual deles devo me apresentar? Afinal, seria bom ter ao menos um amigo aqui.

 

[...]

 

A aula acabou por volta do meio dia. Não me apresentei a ninguém e passei a aula toda apenas olhando para o quadro e as explicações entediantes do professor. A faculdade não é tão legal quanto nos filmes americanos.

Bom, esse é meu primeiro dia, não vamos tirar conclusões precipitadas.

Fui embora caminhando mais uma vez, admirando o caminho pelo qual já havia percorrido, mas devido a correria, não reparei em nada.

Notei cafeterias, lojas de roupas, estúdios, bares, restaurantes e uma esmagadora quantidade de prédios para estudantes. Acredito que seja um bom lugar para morar.

Mais uma vez, acabei esbarrando em um garoto que saía de um dos estabelecimentos comerciais.

— Desculpe-me. – Disse curvando-me novamente. Preciso parar com isso.

O garoto sorriu. Achei que iria tirar sarro de mim.

— Novo na cidade, né? – Perguntou ele com um sorriso amigável nos lábios.

— Está tão óbvio assim?

— Bom, primeiramente as pessoas não se curvam aqui. Você apenas se desculpa e continua ereto.

Agradeci mentalmente por este não ser tão mal-educado quanto o que encontrei mais cedo.

— Claro, claro. – Respondi constrangido. – Cheguei ontem. Estou estudando literatura no campus aqui perto. Você estuda lá também?

Já aproveitei da simpatia do garoto para tentar fazer amizade. Estava me sentindo muito sozinho e com medo de não conseguir socializar com os ocidentais. Apesar que pelo sotaque, ele também não parecia ser daqui.

— Imaginei, dificilmente você irá encontrar alguém aqui por perto que não estude lá. Bom, tirando eu. – Ele respondeu de maneira brincalhona. – Eu moro aqui perto, mas não estudo, sou apenas professor de dança daqui.

Ele apontou com o indicador para o local de onde havia saído. Era um estúdio de street dance. Logo percebi que pelas suas roupas eu já deveria ter imaginado. Apesar dos olhos puxados ele ficava bem com as vestimentas urban style.

— Nossa, admiro muito quem consegue dançar, mas realmente não é o meu forte. – Respondi.

— Com algumas horas de treino qualquer um pode dançar. Enfim, qual seu nome?

— Kim Namjoon. E o seu?

Logo que respondi ele começou a dar risada e eu não entendi o porquê. Fiquei encarando-o com um olhar perdido como o de quem não entende a piada que foi feita na roda de amigos.

— Você chegou ontem mesmo. Aqui na América você diz primeiro seu nome, não o sobrenome como no seu país. Se você responder do jeito que acabou de fazer as pessoas vão pensar que você se chama Kim.

Levei a minha mão ao rosto como forma de repreensão. Como pude esquecer disso?

— Meu nome é Hoseok. – Ele estendeu a mão e nos cumprimentamos devidamente.

Fomos conversando por todo o caminho sobre mais situações que eu deveria evitar na América para não passar por situações constrangedoras como eu havia passado nos últimos minutos. A maioria delas eu já sabia, pois assistia muitos filmes, só esquecia porquê apesar de vê-las eu não as fazia na vida cotidiana.

Ele era da Coreia do Sul também, e havia se mudado para os Estados Unidos a três anos. Veio em busca de oportunidades mais amplas como dançarino. Pelo que me contou, o estúdio onde ele trabalhava era relativamente grande, portanto senti uma ponta de esperança de que talvez também consiga alcançar meus objetivos aqui.

Ao chegar na frente do meu prédio me despedi e ele me encarou confuso.

— Você mora aqui? – Perguntou ele.

— Desde ontem.

— Sério? Eu também! Mudei faz um ano. Estou no terceiro andar, e você?

— No primeiro mesmo.

— Legal. Até mais então. – Disse ele se virando.

Entrei em meu apartamento e me deitei na cama. Bom o dia não foi tão ruim assim. Conheci alguém pelo menos.

 

[...]

 

Era cerca de sete horas da noite quando eu estava decidindo qual sapato iria usar. Estava me arrumando para sair com Hoseok e alguns amigos dele. Não estava animado pois continuava cansado da viagem, mas ao mesmo tempo queria sair daquele cubículo.

Saí e o encontrei acompanhado por dois garotos. Um deles me chamou a atenção.

Era alto, possuía ombros largos e lábios carnudos. Estava usando um suéter rosado e uma calça jeans surrada, composição que para muitos não funcionaria, mas nele estava tão harmônico.

Fiquei um tempo parado em frente a porta do meu apartamento observando-o de longe. Enquanto admirava sua estonteante beleza, ouvi Hoseok gritar meu nome. Voltei a realidade.

— Já está bêbado, Namjoon? – Disse ele em um tom de brincadeira, despertando gargalhadas entre os garotos. – Esses são Seokjin e Jimin.

Cumprimentei-os com um sorriso tímido. O outro garoto, Jimin, era baixo e fofo. Parecia um aluno do ensino médio.

Quando me dirigi a Seokjin ele me olhava, e por um momento, nossos olhos se encontraram. Ele não desviou o olhar, eu tive de fazer. Senti meu rosto queimar, mas não queria que percebessem então logo tentei distraí-los.

— Vamos logo, amanhã ainda tenho aula cedo. – Disse enquanto apressava o passo os deixando para trás.

Hoseok correu para me alcançar e colocou a mão em meu ombro. Indicando a direção contrária, tentando dizer que eu estava indo para o caminho errado.

Chegamos a um bar muito aconchegante, lá bebemos e comemos à vontade. Ficamos lá por cerca de duas horas. Não iríamos demorar muito mesmo pois ainda era o início da semana e todos lá trabalhavam ou estudavam. Ou os dois.

Por todo o tempo em que ficamos no bar eu não conseguia evitar em dar rápidas encaradas em Seokjin. Ele era tão engraçado quanto era bonito. Era muito extrovertido, mas não conversou diretamente comigo muitas vezes. Acho que não gostou de mim. Ou estava constrangido assim como eu.

No caminho de volta para nossos apartamentos, no mesmo instante em que Jimin e Seokjin foram para direções opostas à nossa eu não pude evitar em questionar Hoseok.

— Hoseok... Sobre Seokjin... – Estava sentindo um nó na garganta. Estava com vergonha não só por perguntar sobre ele mas sobre qual seria a reação de Hoseok. – Ele namora ou algo assim?

Meu mais novo amigo franziu a testa e parou de caminhar.

— Por que quer saber?

Meu coração disparou e senti como se meu rosto fosse queimar de tanta vergonha que senti.

— Nada. – Respondi e continuei andando.

— Espera. Você é gay? – Perguntou ele com um pouco de hesitação na pronuncia da última palavra.

Pensei se eu deveria contar a ele ou não. Se ele tivesse algum problema com isso eu estragaria a única amizade que havia feito até agora. Mas ao mesmo tempo não queria omitir algo tão importante. Era um dos principais fatores pelo qual eu me sentia reprimido por morar na Coreia.

— Sim. Algum problema? – Respondi depois de alguns segundos de atrasado.

Ele levantou os braços em sinal de rendição.

— Nenhum, cara.

Só depois que percebi que havia soado um tanto quanto ameaçador.

— É mais comum do que você imagina. Você não está mais na Coreia, amigo. – Disse Hoseok enquanto colocava o braço ao meu redor. – Mas mesmo assim, tome cuidado. Nem todos aqui aceitam isso numa boa.

Não pude esconder o enorme sorriso que surgiu em meus lábios. Senti meu coração explodir em alegria ao dizer isto em voz alta e receber uma reação positiva logo em seguida. Me senti leve. Hoseok era um cara muito legal.

— Jin também é.

Minha alegria foi ainda maior, mas ao mesmo tempo, fiquei mais constrangido do que estava antes. Desta vez não deu para disfarçar.

Hoseok gargalhava.

— Meu deus! Jin conquista todos que o conhecem!

Aquilo me fez gargalhar também. Pelo menos eu estava certo em achá-lo tão bonito. Não era o único, era algo normal visto o comentário feito por Hoseok.

— Ele não namora, Namjoon. Mas já te aviso, o cara não é fácil. Talvez os excessos de elogios tenham subido a cabeça. – Disse ele fazendo careta, aparentemente brincando.

Cheguei e tomei banho. Coloquei as roupas mais confortáveis que possuía e deitei na cama, encarando o forro com infiltração do meu apartamento.

Por que ele não desviou o olhar? Será que ele também se interessou por mim?

Fiquei pensando em Seokjin, ou melhor, Jin. O cara era confiante. Como isso iria acontecer?

Bom, só o achei bonito, nem o conheço como pessoa. Melhor esperar para ver como é esse tal de Jin.

 

[...]

 

Estava a alguns poucos metros da universidade quando avistei Jimin do outro lado da rua. A primeira coisa que veio a minha cabeça foi: Será que Jin está aqui também?

Jimin estava com dois garotos, mas nenhum deles era Jin. Não fui até lá para cumprimenta-lo. Não porque Jin não estava lá, mas porque o conheci ontem, talvez ele nem se lembre do meu nome.

Ao voltar o meu olhar para frente, dei de cara com Jin na entrada da universidade. Olhei para baixo imediatamente. Droga.

— Namjoon? – Ouvi sua voz se aproximando.

Levantei a cabeça e vi que ele vinha em minha direção. Abri um sorriso tímido afim de cumprimentá-lo.

— Oi Jin.

— Jin? – Ele me encarou com a testa franzida. – Que intimidade.

As vezes quero sair correndo de situações constrangedoras como essas que me acontecem constantemente. Mas desta vez não iria transparecer tal sentimento, quis parecer confiante.

— Não é assim que todos o chamam?

— Sim. Normalmente demoram mais que um dia para começarem a me chamar assim, mas tudo bem. – Disse ele com um sorriso no rosto.

— Você estuda aqui? – Mudei de assunto rapidamente antes que o clima ficasse mais estranho. Por que estou agindo desta maneira perto dele? Isso nunca me aconteceu.

— Estudo medicina. Mas não nesse campus. Só estou aqui porque estava procurando o Jimin. Você o viu?

Apontei com o indicador a localização de seu amigo que eu havia visto antes.

Ele olhou para a direção que apontei e voltou os olhos para mim. No mesmo instante me apoiei na parede e não desviei o olhar. Foram poucos segundos até ele olhar para o lado.

— Mais alguma pergunta, Jin? – Dei ênfase ao apelido.

— Por hoje é só, Joonie.

Ele se virou e foi em direção a Jimin. Não pude evitar um sorriso no momento em que ele soltou “Joonie”. Ninguém nunca havia me chamado assim. Achei fofo, mas ao mesmo tempo me deixou mais confuso ainda em relação a esse garoto.

Observei-o durante o caminho até o outro lado da rua. Quando chegou a Jimin e seus amigos eles disseram algo a Jin e ele respondeu. Neste mesmo momento Jimin e os outros dois que eu não conhecia olharam para mim. Jimin começou a gargalhar e eu rapidamente me virei e fui em direção ao prédio que teria aula. Eles provavelmente riram porquê eu deveria estar babando enquanto olhava Jin. Droga.

 

[...]

 

Estava decidido a cozinhar hoje, afinal, estava cansado de comer pizza e fast food. Mas logo que abri meu armário de cozinha percebi que não havia nada dentro, até porque eu não havia ido ao mercado desde o dia que cheguei.

Subi as escadas do prédio, estava indo ao apartamento de Hoseok pedir um macarrão instantâneo pelo menos. É comida, pode não ser exatamente o que eu pretendia cozinhar, mas ainda é comida.

Bati na porta, mas não foi Hoseok que abriu e sim o garoto em que eu havia esbarrado no primeiro dia.

— Posso ajudar? – Perguntou ele num tom de desinteresse total.

— Hoseok mora aqui, certo? – Perguntei incerto. Será que bati no apartamento errado?

O garoto apenas abriu a porta e sentou no sofá. Encarei isto como um “sim”.

Entrei no apartamento e olhei ao redor procurando-o. Convenhamos que não há muito espaço para procurar, portanto logo o avistei no fogão.

— Namjoon! – Exclamou ele. – Algo de errado?

— Não, cara. Só vim te pedir um macarrão instantâneo. Não tenho comida no apartamento porque não fui ao mercado desde que cheguei aqui.

— Sério? Está vivendo de que? Enfim, sente-se aí. Come com a gente. Já conheceu o Yoongi?

Me virei para o garoto sentado no sofá que só tirou os olhos do celular para me encarar rapidamente, dar um sorriso forçado de lado e logo voltou a mexer no aparelho.

— Ele abriu a porta para mim. – Respondi na esperança que ele tenha esquecido do episódio do meu primeiro dia.

— Eu já o vi na universidade. Ele esbarrou em mim. – Disse Yoongi com um sorriso sacana. Provavelmente quis me constranger, mas não funcionou.

— Ele costuma fazer isso mesmo. – Respondeu Hoseok.

Após alguns minutos o anfitrião levou a comida à mesa. Estava relativamente boa. O arroz queimado em algumas partes e a carne de porco um tanto quanto salgada. Mas de um modo geral, foi melhor do que macarrão instantâneo.

Por fim o garoto mal-humorado na verdade era bem legal. Conversamos bastante e acabei notando que tínhamos muitas coisas em comum. Me senti mais à vontade com ele do que com Jimin e Jin. Mas Jin ainda era um pouco diferente.

Acabei indo embora de madrugada do apartamento de Hoseok. Descobri que Yoongi estudava no mesmo campus que eu e já combinamos de ir juntos para lá no dia seguinte, tendo em vista que o garoto dormiria na casa do amigo.

Fiquei surpreso com o número de pessoas que conheci em tão pouco tempo. Senti um alívio quando recebi uma mensagem dos meus pais perguntando se eu havia feito algum amigo aqui e pude responder que sim.

Tinha feito não só amizades. Jin era diferente. Não sabia ao certo, mas amizade não era. Aquele garoto me instigava.

 

[...]

 

Era sexta feira quando recebi uma notificação em meu celular. Era uma mensagem de Hoseok.

HOSEOK JUNG: Vai fazer alguma coisa hoje?

NAMJOON KIM: Com quem faria? Só conheço você aqui.

HOSEOK JUNG: Você conhece o Jin.

NAMJOON KIM: O que está insinuando?

HOSEOK JUNG: Nada. Vamos sair hoje?

NAMJOON KIM: Pode ser. Eu topo.

HOSEOK JUNG: Ok. Passo aí no seu apartamento quando formos.

NAMJOON KIM: Quem mais vai?

HOSEOK JUNG: O Jin vai se é isso que quer saber.

NAMJOON KIM: Dá um tempo, Hoseok.

HOSEOK JUNG: Brincadeira, cara. Jin vai levar uns amigos que não conheço. Yoongi vai também.

NAMJOON KIM: Ok. Até mais tarde.

Desde quando Hoseok se tornou tão irritante? Enfim, estava jogando roupas para tudo quanto é lado afim de achar a combinação perfeita. Tanto Jimin quanto Yoongi haviam dito que eu tinha estilo, confesso que isso inflou um pouco meu ego, mas tudo bem.

Por fim coloquei apenas um conjunto todo preto. Não queria me produzir demais. Fiquei com medo de Hoseok e os outros dizerem que me arrumei porque Jin estaria lá. Até parece.

Depois de pegarmos um metrô na estação mais próxima da universidade, descemos em uma área bem movimentada, repleta de luzes e música. Provavelmente era o foco das festas universitárias.

Entramos em um casarão, provavelmente uma fraternidade, parecia que haviam mil pessoas lá dentro. Haviam pessoas bêbadas e caídas e não era nem onze horas da noite.

No início estranhei porque nunca havia visto algo assim na Coreia, olhei para o grupo que estava comigo e percebi que um dos amigos de Jin estava em choque. Ele parecia ser o mais novo e provavelmente também não havia visto algo assim.

— Primeira vez numa festa dessas? – Perguntei a ele não só por curiosidade, mas afim de tranquilizá-lo com alguma conversa.

— S-sim... Na Coreia não tem essas coisas. – Ele tinha o sotaque muito forte, provavelmente não falava inglês a muito tempo. É, com certeza acabou de se mudar pra cá.

— Eu sou de lá também. Estou tão chocado quanto você.

— Ninguém fica tão chocado quanto Jungshook. – Disse Jimin. – Ele tem só 18 anos, temos que cuidar dele ainda.

Jimin estava estranhamente alegre. Provavelmente já estava bêbado.

— Acho melhor que eu cuide então, né? – Respondi num tom de brincadeira, mas Jimin fez uma cara feia e estranhei.

— Sai fora, Namjoon. Eu cuido. – Jimin me empurrou de leve e puxou Jungkook pelo braço, indo em direção à piscina. O que significou isso?

Minha expressão ainda denunciava a confusão com a situação que acabei de presenciar quando senti uma mão em meu ombro. Era Yoongi.

— Não tente nada pra cima de Jungkook. Como você já deve ter notado, alguém já está tentando.

— O quê? – Respondi quase que gritando. – Eu não estava tentando nada pra cima dele. Só achei que alguém sóbrio deveria ficar de olho no garoto.

Yoongi deu de ombros e se afastou. Hoseok não podia ter amigos mais estranhos.

Fui em direção a onde eu havia visto o grupo pela última vez e me deparei com Hoseok dançando no centro da sala. Todos estavam em volta batendo palmas e gritando. O garoto dançava como um profissional, era nítido que havia praticado por anos. Me juntei a plateia e comecei a aplaudi-lo.

Depois de cerca de três músicas ele parou para descansar. Acompanhei-o até o bar e ambos pegamos uma bebida.

— Nossa, que estranho. Jin e Taehyung não chegaram ainda. – Disse Hoseok.

Havíamos vindo no metrô com Yoongi e Jimin, que além de amigo de Jin, também era de Yoongi, e junto a ele veio o garoto novo, Jungkook. Segundo eles, Jin e Taehyung iriam vir mais tarde.

— Acho que você veio atoa, Namjoon. – Disse Hoseok tentado segurar o riso.

— Muito engraçado. – Disse dando pouca importância ao comentário.

Eu havia aceitado o convite porque não queria ficar no apartamento em uma sexta feira a noite, mas confesso que o fato de saber que Jin viria me motivou ainda mais. Queria conversar mais com ele. Eu tinha essa estranha vontade de querer saber mais sobre ele.

Pegamos nossas bebidas e fomos dar uma volta pela festa. Vimos pessoas aos beijos, tanto homens com mulheres quanto homens com homens ou mulheres com mulheres. Foi engraçado ver a reação de Jungkook ao ver tal cena.

— Eles beijam em público! – Exclamou o mais novo.

— Por que não o fariam? – Respondi logo em seguida. – Beijar é algo natural. Não importa o lugar ou a pessoa.

— Belas palavras, Joonie.

Senti meu coração parar por um segundo e minhas mãos suarem ao ouvir a voz de Jin vindo do fundo da sala. Ele veio.

Me virei e me deparei com ele caminhando em nossa direção. Estava com um suéter felpudo, com uma grande gola que deixava suas clavículas a mostra, junto a calça surrada mais uma vez.

Estava lindo e parecia que todos na festa paravam para observá-lo. Droga, realmente vai ser difícil competir.


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