Him - NAMJIN escrita por TheFuckingWriter


Capítulo 1
The Question




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           O barulho da chuva na janela fora o que me tirara do transe em que eu me encontrava. Estava tão concentrado em meu livro que havia perdido totalmente a noção do tempo e espaço. Encarei as gotas pesadas daquela possível tempestade escorrerem pelo vidro até as mesmas desaparecerem no peitoril.

            A lareira do escritório ainda estava acesa, portanto o clima era agradável, e talvez por isso eu havia ficado tanto tempo sem tirar os olhos daquele livro que, para falar bem a verdade, não era tão interessante assim.

            Corri os olhos pelas grandes prateleiras de madeira, ainda sentado na minha poltrona preferida, afim de apreciar aquela grande coleção que eu havia construído. Era de fato algo para se orgulhar.

            Ouvi o ranger da porta e voltei meus olhos para a mesma. Era Jin, descalço e usando seu pijama. Me espantei em vê-lo acordado a essa hora, ele sempre dormia bem cedo.

            Ele caminhou até mim e parou em minha frente, como se hesitasse o próximo movimento. O encarei confuso, mas nada disse. E então, poucos segundos depois, ele se sentou na minha coxa esquerda e colocou os pés na direita, colocando ambas as mãos entre as pernas, como se estivesse inseguro, mas eu não fazia ideia de qual pudera ser o motivo.

            Ele encarou o livro que eu ainda segurava e em seguida me olhou nos olhos. Seus orbes estavam opacos, não havia brilho ali, e por um momento achei que ele fosse chorar.

            Seus olhos se fecharam e ele respirou fundo, um ato para que lhe fosse atribuído coragem para falar seja lá o que quisesse. Eu estava ficando levemente irritado com tudo aquilo, com todo aquele drama que até então não tinha explicação.

            – Namjoon. – Ele disse com a voz rígida, mas eu conseguia sentir seu nervosismo. – Você ainda me ama?

            Ele contraiu os lábios após soltar aquelas palavras e pude notar que seus olhos guardavam lagrimas que ele se recusava a soltar.

            – Jin, já passa das três da manhã, não é hora para perguntas idiotas. Você sabe a resposta.

            Me surpreendi comigo mesmo pela frieza.

            Ele abaixou a cabeça e se levantou, indo em direção a porta do cômodo. Pensei em chama-lo, mas não o fiz. Antes de fechar a porta, ele me encarou uma última vez e então encostou a madeira com suavidade.

            Eu jamais esqueceria aquele olhar, fora como se ele não me reconhecesse mais, e o pior de tudo, eu não o culpava.

            Por que eu não respondi à pergunta que ele havia feito? Por que eu não disse que o amava? Afinal, estamos juntos a anos.

            Mas foi aí que eu soube o motivo pelo qual eu não havia o respondido da maneira mais simples e esperada. Eu não havia feito isso porque eu não tinha certeza se ainda o amava.

 

Março de 2015 – Seul

            A vida de um professor de inglês não é fácil. Principalmente quando se trabalha em uma escola pública onde o seu salário é ridiculamente baixo. Mas, como meus pais gostavam de me lembrar, fora eu quem escolhera essa profissão e agora teria de arcar com as consequências.

            “Por que não cursou algo relacionado a números e gerência? Você poderia ser um homem de negócios agora. ”.

            “Poderia estar coordenando sua própria empresa, com milhões de dólares no bolso e morando em Dubai. ”

            Estas frases eram ditas muito antes do “bom dia” lá em casa. Não era agradável, mas eu já havia me acostumado. Além do mais, não precisaria ouvi-las por muito mais tempo, afinal, acho que acabo de encontrar o apartamento perfeito para me mudar e finalmente sair da casa dos meus pais. Só me restava a entrevista com o garoto que já morava lá. Espero que ele me aceite.

            Cheguei a escola suado, visto que tive que correr da estação de metrô até aqui para não chegar atrasado. Fui julgado pelos outros professores ao entrar no prédio. Não só por estar suado e quase atrasado, mas porque eles sempre faziam isso. Eu sabia que eles me olhavam torto por causa da minha idade, porque a maioria ali já havia passado dos 50 enquanto eu ainda estava com meus quase 20 anos e diploma recém-impresso. Eles duvidavam da minha competência e tinham medo de que eu sujasse o nome da escola, visto que era uma das melhores da região.

            Por muitos meses tentei conquistar a amizade deles, mas hoje em dia eu já havia aceitado o meu destino cruel e meus amigos mais próximos ali eram alguns alunos e os livros da biblioteca.

            Os alunos desenvolviam amizade comigo facilmente devido a minha idade, portanto, eu era bastante respeitado por eles. Minhas aulas eram completamente diferentes das outras, eram bem mais dinâmicas e divertidas, de modo que os jovens ali se interessassem pela matéria de verdade, e não porque são tecnicamente obrigados pelo sistema.

            Isto só provava que sempre há um lado bom para qualquer situação, pois minha idade havia me condenado com meus companheiros de trabalho, mas ao menos me rendera o título de professor mais legal da escola.

            Talvez eu tenha começado minha linha de pensamento de maneira errônea. Na verdade, ser professor de inglês é bem legal.

            A hora do almoço finalmente chegara o que significava que eu deveria correr até a estação de metrô novamente para me encontrar com o garoto que eu pretendia dividir o apartamento daqui para frente. O prédio era a apenas algumas quadras da escola, mas como eu tinha pouco tempo para chegar até lá, resolvi pegar o transporte público por ser mais rápido.

            Eu havia ensaiado todas as possíveis conversas em minha cabeça, para que no fim tudo dê certo e eu já possa chegar em casa com caixas de papelão para empacotar minhas coisas. Todos diziam que eu deveria agir naturalmente, nada muito forçado ou qualquer coisa do tipo, mas se eu fizesse isso, provavelmente seria um desastre.

            Toquei a campainha e ajeitei o cabelo. Estava nervoso, mas ao mesmo tempo confiante.

            – Boa tarde, você deve ser Kim Namjoon. – O garoto disse assim que abriu a porta.

            Assenti com a cabeça e lhe estendi a mão afim de cumprimentá-lo. Ele apertou forte e abriu a porta para que eu entrasse. Fiquei espantado com a bagunça que ele parecia ter tentado dar um jeito, mas ficou bem óbvio que ele só havia jogado as coisas para um determinado canto do cômodo.

            – Me desculpe pela bagunça, eu meio que esqueci que você viria hoje. – Ele disse enquanto coçava a cabeça. Parecia ter acabado de acordar.

            – Sem problemas, eu nem havia notado. – Sorri forçado.

            A conversa fluiu incrivelmente bem, pois ele era bem parecido comigo em vários aspectos, ao mesmo tempo que era bem diferente. Difícil de explicar, na verdade.

            Ele era mais novo que eu e disse que trabalhava ali perto, em um Pet Shop. Dizia que amava animais e pretendia cursar medicina veterinária um dia. Ele era bem infantil e ficava facilmente impressionado, já que me tratou como um semideus quando descobriu que eu era professor de inglês. Me fez falar inúmeras frases nos dois idiomas por vários minutos e eu sempre ria com a reação dele.

            – Bom, acho que vejo amanhã então. – Ele disse ao me acompanhar até a porta.

            – Acho que sim. – Sorri e acenei. – Até mais, Taehyung.

[...]

            Acordei com o lado da cama vazio como de costume, já que Jin saía mais cedo para trabalhar, mas neste dia especificamente, encarei a parte do lençol em que ele estava deitado por alguns segundos, passando a mão em seguida. Já estava frio, o que significava que já fazia bastante tempo que ele havia levantado.

            Tomei um banho de água fria para despertar e desci as escadas em direção a cozinha para tomar o café da manhã. A mesa não estava arrumada, havia apenas algumas torradas em um pote fechado e o bule com café ao lado. Isto não era normal, a mesa sempre estava arrumada quando eu descia, certo?

            Eu não tinha certeza mais uma vez. Eu sabia que tomava café da manhã com a mesa arrumada, mas não tinha certeza se isso fora a muito tempo atrás, e agora eu realmente só pegava o que estava pronto guardado nos potes e bules.

            Não tinha notado o quão distraído e ausente eu havia me tornado, não sabia mais a dinâmica da casa ou do casal, que por sinal, eu fazia parte.

            Tomei meu café em silencio e acompanhei as notícias pela televisão, ao mesmo tempo que lia o jornal de hoje. Não havia nada realmente interessante ali, eu só estava tentando ocupar a minha cabeça agora.

            A pergunta que Seokjin fez ontem me deixou profundamente incomodado e agora tudo me trazia de volta aquela cena. Foi como se aquilo tivesse aberto meus olhos e ouvidos, mas não a boca.

            A partir do momento eu passei a reparar mais nas coisas, nos sons e imagens que antes eram rotina, mas que agora tratavam-se apenas de lembranças, pois não faziam mais parte do meu dia-a-dia. Do nosso dia-a-dia.

            Mas nada disso tinha feito com que eu abrisse a minha boca, pois até então, Jin e eu não havíamos trocado uma palavra depois do episódio de ontem. Eu não tinha convicção do que queria dizer, não queria dizer algo a ele simplesmente porque achava que devia. E quanto a Jin, ele parecia me ignorar agora, visto que naquela mesma noite, quando fui para a cama, notei que ele fechou os olhos assim que entrei no quarto e fingiu estar adormecido, talvez para que não prolongássemos aquela conversa.

            Desliguei a televisão, guardei o jornal e peguei minha maleta. Era hora de ir para o trabalho, eu não tinha tempo para pensar nestas besteiras.

            Besteiras.

            Não são besteiras, porque fico dizendo a mim mesmo que são, mesmo sabendo que se trata de um problema sério e que precisa ser resolvido, mesmo que da pior maneira possível.

            Senti um calafrio ao pensar nisso, na pior maneira possível.

            Sacudi a cabeça e tranquei a porta, era melhor que conversássemos sobre isso mais tarde.

 

Maio de 2015 – Seul

            – Taehyung, você já é bagunceiro o suficiente, diga ao seu namorado para guardar as coisas que ele usar antes de ir embora. – Gritei do banheiro ao notar toalhas no chão e roupas penduradas no box. O mais novo respondeu algo que não entendi, mas concordei mesmo assim.

            Morar com outro garoto não estava sendo tão bom quanto eu havia imaginado. Me sentia como o pai do meu companheiro de quarto já que ele era irresponsável e relaxado. Eu quem limpava a casa, fazia as refeições, pagava as contas e ainda por cima tinha que lembrá-lo de tomar banho quase todos os dias.

            No final do mês passado ele acabou perdendo o emprego, o que ocasionou em um peso enorme nas contas, já que agora vivíamos ambos somente com o meu salário. Ele dizia que procurava por algo todos os dias enquanto eu trabalhava, mas não sei se era verdade. De qualquer forma, ele teria que correr, pois eu já estava pensando em procurar por outro lugar caso ele demorasse mais.

            Mas o fim do mês passado também me rendeu acontecimentos bons, como a entrada de um novo professor na escola, que aparentemente tinha idade bem próxima a minha. Como esperado, os outros professores o rejeitaram na primeira oportunidade que tiveram, o que acabou fazendo com que ele, mesmo que por falta de escolha, se tornasse mais próximo de mim ali.

            Era bom finalmente ter alguém para conversar dentro da sala dos professores, por mais que ele ainda fosse bem tímido, eu sempre dava um jeito de tirar alguma informação do garoto.

            Jimin era adorável, me cortava o coração todas as vezes que ele tentava puxar assunto com os mais velhos e eles o dispensavam o mais rápido possível. Mas agora já estava tudo bem e já éramos bem próximos inclusive, saíamos nos finais de semana e eu já havia até conhecido seu apartamento, que era bem menor que o meu, embora ele morasse com mais dois garotos. Neste dia eu senti pena dele, pois se não aguento morar com um, quem dirá dois.

            – Jimin-ah, eu não sei o que fazer com o Taehyungie! – Disse assim que cheguei ao refeitório e me sentei ao lado dele, afundando o rosto nas palmas da mão. – Ele não faz nada! Não lava os pratos, não lava a roupa, não lava o banheiro. E pior, ele ainda não está trabalhando.

            O garoto tinha as bochechas estufadas devido ao pedaço de bolo de cenoura que ele havia acabado de levar a boca.

            – Lá em casa também é assim, os garotos são bem folgados.

            Pedi um pedaço de seu bolo e ele assentiu com a cabeça. O gosto era bom, mas a aparência era péssima.

            – Acho que deveríamos morar juntos, seria perfeito. – Disse sem pensar muito bem sobre o assunto.

            – Não é uma boa ideia, acabaríamos brigando muito. Eu morei algum tempo com meu primo aqui em Seul e hoje não conseguimos nem olhar um para a cara do outro. – Ele fechou a vasilha que antes tinha seu bolo e voltou a me olhar. – Você não pode comparar a experiência de conviver com uma pessoa com a de viver, são coisas completamente diferentes.

[...]

            Essa era a dura verdade que eu não queria encarar. As sábias palavras de meu antigo amigo Jimin faziam todo sentido agora. Eu não estava mais vivendo com Jin, estava convivendo.

            Fazia tempo que eu não via Jimin, senti falta de seus conselhos e ombro amigo. Quis ligar para ele neste mesmo instante, para pedir ajuda ou sua opinião sobre o que eu deveria fazer, mas eu não falava com ele fazia tanto tempo que seria inadequado ligar do nada, então achei melhor continuar acompanhado apenas dos meus próprios pensamentos, que não estavam me ajudando muito, mas era o melhor que eu tinha agora.

            Cheguei a universidade que agora era meu trabalho. Ter me tornado professor de inglês de uma universidade conceituada em Seul fora uma reviravolta para os meus pais. Eu havia me tornado nacionalmente reconhecido por meus artigos e publicações, além de ter um salário bem alto. Tão alto que eu conseguiria pagar tranquilamente as contas que Taehyung e eu sofremos tanto para conseguir quitar quando éramos mais jovens e morávamos juntos. Lembrar disto me fez sorrir, do meu amigo, de nosso velho apartamento e da pequena crise que passamos em uma determinada época.

            Tudo hoje me trazia lembranças do passado. Era estranho ao mesmo tempo que era prazeroso. Eu não costumava pensar muito sobre o passado, estava muito fissurado com o futuro, com o meu futuro, o que acabava fazendo com que eu também me esquecesse do presente.

            Mas eu nem fui sempre assim. Eu costumava ser um garoto que viva bem mais o presente, só que com o passar do tempo eu acabei mudando, o que para mim foi ótimo, visto que agora eu tinha uma vida financeiramente estruturada, um carro novo e um apartamento na cobertura de um dos prédios mais caros da cidade.

Mas mais uma vez, fui tomado pela dúvida. Não tinha certeza se de fato eu tinha tanto assim, se de fato esse realmente era o meu sonho, pois até onde consigo me lembrar... não era.

 

Junho de 2015 – Seul

Por mais que eu não tivesse esse costume, de ficar em casa nos finais de semana, já que gostava de sair para bares e clubes e tomar algumas cervejas, naquele dia especificamente, acabei comprando alguns petiscos e latinhas na promoção do mercadinho perto de casa e convidei meu amigo Jimin para passarmos aquela noite no meu apartamento.

Taehyung também estaria lá com seu namorado, pois o garoto não largava seu vídeo game por nada neste mundo. Acho que se um dia ele tivesse que escolher entre o namorado e seus jogos, ele ficaria com os jogos.

Perguntei se eles gostariam de se jugar a nós, mas ambos negaram, disseram que ficariam no quarto mesmo. Assenti com a cabeça e tentei arrumar a sala que Taehyung havia deixado toda desarrumada para variar.

Não demorou muito para que Jimin chegasse, já que ele era bastante pontual. Ele havia trazido mais algumas cervejas e uma caixinha de som debaixo do braço.

— Pra quê isso? – Apontei para o aparelho.

— Não acha que seria estranho se ficássemos bebendo sem música?

— Bom, não havia pensado nisso, mas agora que você falou eu concordo, seria um pouco estranho. – Peguei a caixinha e a liguei, colocando a playist que o garoto já havia preparado.

Quando a primeira música tocou, ouvi passos pesados se aproximando de nós. Jimin me olhou assustado e eu apenas ri da reação dele. Era Taehyung que havia saído correndo de seu quarto e chegado até nós.

— Eu amo essa música! – Ele exclamou.

— Esse é Taehyung, meu colega de quarto. – Disse apontando para o garoto que agora dançava freneticamente em frente a caixinha de som.

Jimin riu e logo se levantou, se juntando a ele e oferecendo-lhe uma cerveja, mas o mais novo negou, já que ele não bebia nada alcoólico o que eu julgava ser extremamente chato da parte dele.

Fiquei ali observando os mais novos dançarem recostado no sofá, era uma cena que já me parecia extremamente familiar, por mais que fosse a primeira vez que aquilo acontecesse, eu sentia que ainda aconteceria muitas vezes e já era bom que eu me acostumasse.

O namorado de Taehyung finalmente chegou e se assustou com a cena cômica que rolava ali. Me encarou e depois voltou os olhos para o freezer, como se perguntasse se podia pegar uma das latinhas e eu assenti com a cabeça. Ele se sentou ao meu lado e começou a olhá-los com o mesmo sorriso envergonhado que eu.

— Quem é esse? – Ele apontou para Jimin.

— Jimin, ele trabalha comigo na escola.

— Imaginei mesmo. Então vocês não estão... você sabe.

Me afastei bruscamente do garoto com os olhos saltados. Ele cobria o rosto com uma das mãos e ria da minha reação. Apenas revirei os olhos e voltei a me acomodar no sofá.

— É brincadeira, eu só queria ver sua cara de assustado com a pergunta. – Ele apontou para os dois que ainda dançavam. – Não sei se você já reparou, mas só de olhar duas pessoas juntas é possível notar se são um casal ou não. Ou se ao menos eles se gostam. Eu notei a maneira como você olha para Jimin, você gosta bastante do garoto, mas não é “daquele jeito”, sabe? – Confirmei com a cabeça. – Você apenas o vê como um amigo, um amigo muito querido, eu acredito. Não é da mesma maneira que eu olho para Taehyung. – Ele sorriu ao dizer o nome do namorado ao mesmo tempo em que o encarava. – Eu realmente olho para ele quando o vejo, é como se nada mais importasse quando meus olhos pousam sobre sua silhueta. Consigo ver cada detalhe, cada característica do meu namorado, mesmo que estejamos a muitos metros de distância. Eu conseguiria reconhecê-lo em meio a milhares de pessoas no centro da cidade, parece não fazer sentido, eu sei, mas o amor faz isso com as pessoas. Você se sente tão ligado a alguém, que é como se precisássemos um do outro para viver. – Viver, não conviver. Fiz a observação em minha própria cabeça. – Eu sei o quão piegas isso pode soar, mas meus olhos brilham quando o vejo se aproximando de mim. Meu coração dispara e um sensação quente sobe pelo meu corpo. Essa sensação é o amor, e tudo isso é denunciado pelo olhar. Entende?

Ele finalmente finalizou sua fala e eu me encontrava com os olhos vidrados no garoto. Ele me pareceu tão inteligente e profundo, me questionava como relacionamento entre ele e Taehyung funcionava, já que eram tão diferentes um do outro.

Mas tudo o que ele havia dito era verdade. Enquanto o garoto falava, seus olhos não saíam do namorado e era estranhamente prazeroso vê-lo tão encantando por alguém que ele via quase todos os dias, e ver o quão apaixonado ele estava. Era reconfortante sentir que meu amigo tinha alguém tão bom ao seu lado.

— Na verdade não entendo. – Finalmente respondi.

— Como não? – Ele perguntou com o cenho franzido.

— Bom, é que eu nunca amei alguém.

O garoto pareceu chocado, o que me deixou constrangido. Não era tão difícil assim achar alguém com quase 20 anos que nunca havia amado. Ou era?

É claro que eu já havia ficado com alguns garotos, mas eu nunca havia namorado, nunca havia amado alguém. Não por escolha minha, mas porque normalmente nunca dava certo mesmo, então acabei nem pensando muito sobre o assunto “namorar”.

— Que droga. Você precisa conhecer alguém para amar então.

— Quer que eu saia por aí perguntando quem está disposto a me amar? – Falei irônico.

— Não, idiota. Esse tipo de coisa não dá para forçar, você tem que esperar até acontecer. Olha, antes de Taehyung, eu namorei muita gente, muita mesmo, até finalmente achá-lo. – Ele deu um gole em sua bebida. – Mas o mais importante foi que eu nunca desisti, sempre soube que o destino preparava algo para mim. E sinceramente, valeu muito a pena esperar.

Taehyung pulou em Yoongi e lhe deu um longo selo nos lábios. Sorri ao vê-los juntos assim.

— Do que estão falando? – O mais novo perguntou.

— Amor.

— Namjoonie-hyung não sabe nada sobre isso, não perca seu tempo.

Empurrei meu amigo fazendo com que ele caísse no chão ficasse esticado rindo da minha cara. Yoongi acompanhou o riso, mas de maneira mais discreta já que não éramos muito próximos.

— Tive uma ideia! – Taehyung levantou do chão repentinamente com o indicador levantado. – Por que você não apresenta o Namjoon-hyung para o seu colega de quarto? Eles combinam bastante.

— Taehyung, fica quieto. – Tentei lhe dar um chute, mas ele desviou com facilidade.

— Talvez não seja uma má ideia. – Yoongi completou com uma expressão pensativa. – Quer dizer, eu não diria que vocês combinam, mas também não diria que não combinam.

Fiquei confuso. O que isso significava?

— Diz que sim, hyung. – Taehyung estava ajoelhado agora, implorando por minha resposta. – Se vocês derem certo você será eternamente grato a mim e eu poderei te lembrar para sempre disto. – Ele sorriu quadrado.

— E é exatamente por isso que não vou aceitar. – Respondi.

— Aceite, hyung. – Ouvi a voz de Jimin soar atrás de mim. Nem havia o visto chegar. – Será bom para você, já faz tempo que você não sai com ninguém.

Cocei a cabeça e fechei os olhos, escutando Taehyung falar “aceita” repetidas vezes até eu levar a minha mão a boca dele para cala-lo.

— Ok, eu aceito. – Falei finalmente e os mais novos pularam de alegria enquanto Yoongi se limitava a sorrir.

— Ok, então. – Yoongi pegou seu celular e parecia mandar mensagem para alguém. – Seokjin-hyung irá gostar de você, pode ficar tranquilo.


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