Celine escrita por Alex Carter


Capítulo 1
INICIAÇÃO




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PRÓLOGO

Cinco de janeiro de 2015, Celine está recostada à sacada da sua pequena fazenda olhando o entardecer, ela fecha os olhos por um instante lembrando dos dias que via o sol se pôr da porta da casa de fazenda com seu pai.

Um bom homem - pensou Celine.

As lembranças sempre lhe vinham à memória meio que de maneira nostálgica          quando se tratava de seu pai. Homem do interior, gostava de cuidar de suas poucas terras, e estava satisfeito em ter uma vida simples e próxima de sua família.

Celine tinha apenas cinco anos quando sua mãe morrera em um acidente com fogo no celeiro. A garota agora com 21 anos não gostava da lembrança, franzia a testa, a sensação era de frustração.

— Me perdoe mamãe, pois ainda sinto raiva de você por ter me deixado tão cedo.

 Um vento mais forte despertou-a de seu transe:

— Vou entrar e preparar o jantar.

No dia seguinte Celine precisava ir à cidade de Limeira, havia se tornado detetive e precisava se apresentar à nova função. Dormiu cedo. As cinco da manhã já estava na estrada em sua moto, uma Harley Davidson, mais uma das heranças de seu pai.

Cidade pequena com pouco mais de trinta mil habitantes, Limeira era o lugar ideal para Celine. A detetive acreditava que ali ia estabelecer uma vida tranquila, afinal, uma cidade tão pequena não poderia ter grandes problemas policiais.

Eram 11:20 da manhã quando Celine estacionou em frente a delegacia da cidade. O lugar era um pouco mais organizado e imponente do que ela havia imaginado - Isso é bom, pensou - subiu as escadas da entrada tirando o capacete e os óculos escuros, estava vestida em um jeans azul e uma blusa social de seda. Mulher de 1,80m e 55kg, corpo atlético, gosta de fazer corridas e boxe, é faixa preta em jiu-jítsu, tem uma pontaria perfeita. O contraste ficou por conta das botas cano longo que usava pois eram parecidas com botas de cowboy, que ela adorava porque lembravam seu pai.

Ao adentrar as portas da delegacia percebeu a discussão que vinha da porta atrás do balcão de atendimento, provavelmente era a sala do delegado, um homem já em idade avançada sai enfurecido da sala, encara Celine enquanto passa por ela a passos largos. Celine olha ao redor, apenas dois policiais estão ali, o primeiro um homem de aproximadamente 40 anos, de barba e cavanhaque, corpo atlético e um olhar sério, o outro um jovem meio magro aparentemente um novato também.

A porta da sala do delegado abriu abruptamente, um homem de uns trinta anos sai e com ele uma mulher mais ou menos da mesma idade que o homem, ele 1,77m, um pouco fora de forma, moreno, origem obviamente mestiça de negro e índio, aparência típica da região. Ela, uma morena de cabelos curtos, cortados à altura do pescoço, olhar firme e lábios finos, estatura próximas de 1,80 m, estava obviamente irritada, vestia um jeans e uma camisa social, a arma no coldre ficava à mostra, o distintivo ao cós da calça tornava óbvia sua posição ali.

CASO 0

— Lia Nunes, delegada – disse a mulher ao apertar a mão de Celine.

— Paulo Soares, subdelegado – Falou o homem em um aceno simples com a cabeça.

— Celine, detetive, fui designada para esta delegacia, estou me apresentando, aqui está a documentação - falou enquanto erguia alguns documentos em direção a delegada.

— Sou Rogério Sousa, novato também – falou o policial mais jovem do ambiente.

— Aquele ali saindo é o Marcos – falou a delegada enquanto caminhava em direção à porta da delegacia.

Celine cumprimentou todos e saiu em direção à delegada, determinada a saber o que estava acontecendo. Percebeu que Marcos falava com o homem que tinha saído da delegacia. O policial parecia bastante envolvido com a situação. A delegada se aproximou e exigiu conversar em particular com Marcos que a olhou enfurecidamente, obviamente já havia entendido qual seria o teor da conversa, o homem retirou-se da presença de Marcos, entrou em seu velho ford74 e saiu visivelmente frustrado.

— Você não pode me impedir de investigar! – disse Marcos não contendo seu tom de voz.

— Eu posso e vou! - disse Lia já em tom de ameaça.

— Este velho está louco, deve ter sonhado com tudo que falou, sua neta deve estar por ai aprontando alguma com os amigos – falou a delegada já virando-se em direção à porta da delegacia, mas em uma última olhada para Marcos falou: Não se meta nisso, não podemos perder tempo com gente maluca!

— Marcos serrou o punho, fitou o asfalto por um instante, então caminhou até sua viatura e saiu dali.

— O que aconteceu? -Perguntou Celine enquanto Lia passava por ela.

— Esse velho maluco está convencendo Marcos de umas besteiras, nosso trabalho aqui não é muito mas não podemos ficar dando ouvidos a histórias de velhos que estão alucinando – falou Lia em tom de desabafo.

— Que histórias?

— Ele, o Sr. Dias, alega que sua neta Rosienia foi sequestrada por algum tipo de animal voador gigante, não sou uma pessoa cética, mas nunca aconteceu nada nem parecido neste lugar, foi aqui que nasci e me criei, por isso vejo essa história como uma invenção da cabeça desse velho maluco.

— Estranho!

— É, mas duvido realmente que seja alguma coisa, logo a neta do Sr. Dias aparece por ai, essas jovens de hoje tem a cabeça de vento.

— É, pode ser – falou Celine enquanto Lia já havia desaparecia por traz das porta da delegacia, dando mais um de seus recados.

— Ha!, Marcos vai ser seu parceiro, boa sorte.

— Ok. – disse Celine enquanto sua curiosidade era aflorada pela que havia presenciado.

Celine ao entrar na delegacia percebe a delegada olhando as gavetas de uma armário em busca de algo.

— Aqui está, tome, seu distintivo e sua arma.

Celine recebe, instala o suporte da arma na cintura e coloca o distintivo na corrente que carrega no pescoço, verifica a carga de sua 9mm, depois a coloca no coldre.

O telefone da delegacia toca.

— Primeiro DP! - Responde Paulo ao atender a ligação.

— Socorro...por favor...meu filho está morto! – Se acalme, de onde você está ligando?

Depois de receber o endereço Paulo passa para Celine e pede para ela verificar o que está acontecendo enquanto ele entra em contato com Marcos para a encontrar no local do crime.

— Ok - concorda Celine enquanto se dirige para sua moto colocando o capacete e os óculos.

Ao chegar no endereço Celine já percebe a viatura de Marcos estacionada, olha para a casa e vê Marcos falando com uma jovem mulher, ela está obviamente transtornada, chora e esbraveja, Celine se aproxima de Marcos – Sou Celine, Paulo me colocou no caso com você – Marcos a olha por um instante – Tudo bem, venha cá – falou enquanto se afastava com Celine da mulher com quem conversava.

— Essa é a Sr. Rocha, ela está alegando que pensava que seu filho de 12 anos estava na escola, quando foi no quarto do garoto para arrumar viu sua cama ensanguentada, a bolsa da escola no chão e pedaços de carne que parecem ser de seu filho espalhados pelo quarto, ela afirma que como trabalha a noite o garoto já se acostumou a se preparar e ir para escola sozinho já que a escolha fica somente a um quarteirão de distância de sua casa, ela já deixava o café e as roupas prontas, o nome do menino era ‘é’ Vinícius, é um ótimo garoto.

— O que você acha que aconteceu? – pergunta Celine como que avaliando Marcos.

— Não sei, está acontecendo muita coisa estranha nessa cidade ultimamente – Responde ele com ar de quem já sabia que algo assim ia acontecer.

— Você não parece surpreso!

— E não estou!

— O que você quer dizer com isso?

— Essa cidade está amaldiçoada!

— Isso não existe.

— Eu também pensava assim.

Marcos fita Celine por um instante, então se dirige a viatura sem falar nada.

— Você vem? – pergunta Marcos já dentro da viatura.

— Claro! – Responde Celine com um ar de surpresa.

A Detetive entra na viatura, põe o cinto de segurança então pergunta para onde eles vão.

Marcos explica que o Sr. Dias havia lhe instigado a verificar a mina de carvão que havia sido fechada por apresentar problemas de segurança para os mineiros. Essa mina estava fechada havia mais de 4 anos e raramente alguém se aventurava entrar nela já que ela podia ceder a qualquer momento e matar quem estivesse lá dentro.

— Mas você acreditou no que aquele senhor falou? A delegada me assegurou que ele não é muito bom da cabeça – falou Celine em um tom de desencorajamento.

— Um homem uma vêz falou que até os loucos podem dizer coisas importantes para quem está disposto a ouvir – falou como se quisesse a ensinar algo enquanto se dirigiam para a mina.

— Como assim?

— O Sr. Dias é um homem antigo aqui, ele alega que sua bisavó era índia e que o colonizador tirou de sua família tudo que eles tinham, por este motivo o povo de nossa cidade o trata dessa forma, mas eu não o vejo com um louco o coisa do tipo, e isso no final não tem importância porque é nossa obrigação investigar tudo e ainda tem meus instintos que me dizem que tem alguma coisa que não estamos vendo nisso tudo, e de qualquer forma nós não temos qualquer outra pista mesmo, então isso não é nenhuma perda de tempo.

Celine concorda com um aceno de cabeça e passa a ver Marcos com um pouco mais de respeito, sem falar que sua curiosidade sobre o caso está ficando cada vêz maior.

A MINA

A mina de carvão fica dentro da floresta da cidade, essa escavação é na base de uma montanha onde alguns moradores da cidade costumavam caçar. A estrada para a mina era de pedras para facilitar o transporte pelos caminhões pesados, mas já estava bem coberta de areia, barro e mato. Ao chegar em frente a mina, Marcos estaciona a viatura e eles se aproximam da entrada que está fechada apenas com tábuas velhas e lonas, facilmente Marcos e Celine retiram os materiais que vedavam a entrada da mina, observam o interior por um instante em silencio, Marcos parece perceber alguma coisa no chão, então começa a se aproximar, chegando perto ele se agacha próximo ao objeto que havia visto, Celine ilumina o local, são ossos envelhecidos que estão no chão.

— São ossos humanos? – pergunta Celine.

— Não, o formato sugere que seja de um animal...parece osso de uma asa.

— Mas nesse tamanho? Parece ter uns dois metros de comprimento...

— Realmente, nunca vi um animal que pudesse ter asas tão grandes...

Marcos, fica de pé e começa a se afastar dando espaço para Celine iluminar o local completo. Eles então percebem que são duas grandes asas, eles estavam olhando o início de uma delas...

— São enormes – diz Celine com um olhar assustado.

— É, são mesmo, mas o mais interessante não é isso....

— O que você quer dizer?

— Aqui estão os ossos das asas, mas onde estão os ossos do dono delas?

— A pele de Celine gela ao imaginar que a criatura dona daquelas asas enormes pudesse estar ali dentro da caverna, em um impulso instintivo ela dá uma passo para traz, seus olhos buscam rapidamente olhar fundo na escuridão, então seu braço é pego com firmeza, ela olha e Marcos a está olhando firmemente nos olhos...

— Tudo bem, fique calma, se essa coisa estivesse por aqui nós já a teríamos visto.

— É uma boa racionalização – fala Celine tentando ficar calma.

— Ok, vamos pegar essas coisas e levar para a cidade.

— Certo.

Então um grunhido é ouvido, é um som que parece o de ossos estalando em uma garganta para produzir som de fala, é um som baixo, mas muito nítido, é óbvio que eles estão sendo observados.

Antes mesmo de Celine expressar qualquer reação Marcos empunha sua tauros e vai em direção ao som. Só agora a detetive percebe o ardor fétido que exala no local, antes o medo não havia deixado sentir aquele fedor, era pútrefo e fazia a sensação de morte ficar ainda maior.

Celine tira sua arma do coldre, cerra os dentes, e por um instante a pergunta que Marcos havia feito a deixa paralisada, a sua adrenalina sobe, então a lembrança de seu pai ensinando-lhe a caçar tira-a da paralisia. Quando volta a si, Celine mal consegue ver a silhueta de Marcos já sumindo na escuridão, então ela aperta o cabo de sua 9mm com as duas mãos e se prepara para dar cobertura a seu parceiro. Celine aponta sua lanterna em direção a Marcos ainda assim mal podendo vê-lo.

Um objeto pontiagudo perfura rapidamente o ombro esquerdo de Marcos, seu grito de dor se mistura ao grunhido do seu agressor em uma pintura estarrecedora de medo e terror. Celine atira na direção de Marcos pedindo a Deus para que seus tiros não atinjam seu parceiro pois ela não tem visão do que está acontecendo e espera poder ao menos afastar a ameaça. Ela ouvi Marcos atirando também e percebe os grunhidos de dor do agressor de Marcos, ela tentar iniciar um corrida em direção a Marcos, mas um bater de assas, este muito mais forte, de repente um vulto passa por Celine em grande velocidade, seu tamanho e força são enormes pois jogou Celine na parede na mina sem qualquer esforço enquanto saia pela entrada da caverna e ganhava os céus enluarado da cidade sumindo em meio as nuvens.

— Marcos!?

— Tô aqui.

Ao se aproximar a policial vê seu companheiro com o ombro perfurado e sangrando ele já está começando a perder a consciência.

— O que era aquilo?

— Não sei...

— Vem vou te levar para um hospital.

— Tá bom.

Ao sair Celine percebe que os ossos na entrada da mina sumiram e se pergunta que tipo de animal pode ser tão feroz e ainda ter esse tipo de inteligência...


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