Dias de Luto escrita por O Cartomante
Notas iniciais do capítulo
Uma breve reflexão romântica sobre a fragilidade da vida humana.
Inspirada pela canção "Rosa Amarela", da cantora Paula Mattos.
Espero que apreciem!
Já fazia muito tempo desde que Elena havia tido o seu final feliz com Damon e Jeremy com Matt.
Para Elena e para Damon, os anos não passavam.
Eles possuíam a eternidade toda para viverem juntos, se amando, e eles sabiam disso.
Matt achava tudo aquilo muito aborrecido.
Qual a graça de se viver um amor assim, afinal?
Tudo que é demais enjoa.
Menos Jeremy, é claro.
De Jeremy, Matt nunca enjoava.
Eles eram excepcionais, eram tão frágeis, tão humanos...
Os vampiros de Mystic Falls já não passavam de lendas para assustar crianças desobedientes.
Eles haviam dispersado-se pelo país e pelo mundo.
Mas Jeremy e Matt ficaram ali, naquela casa que Jeremy herdara de sua tia Jenna, embora ela já não parecesse mais a mesma.
Haviam feito muitas reformas, isso havia muito, muito tempo atrás...
E, na opinião de Matt, uma das melhores coisas na mortalidade era justamente a prerrogativa de envelhecer.
Sentir o tempo escassear, escorrendo como areia pelos seus dedos...
Poxa, se não fosse assim, será que ele e Jeremy se amariam com tamanha intensidade?
De uma maneira tão... Humana?
Pouco provável.
A graça era justamente o estar ali, sem saber se amanhã estaria.
Aquela agonia na barriga, o frio nos ossos de rachar só de imaginar que aquele dia poderia ser o último.
Era como gasolina para um fósforo aceso.
Um incentivo brutal para que vivessem cada dia juntos amando como se fosse o último.
E, ah, o faziam.
O fizeram e ainda o faziam.
Elena continuava a mesma, embora ela e Jeremy já não se vissem com tanta frequência.
Com seus 70 e poucos anos, parecia ter dezoito.
Em Jeremy e Matt, entretanto, a pele e o corpo refletiam a idade que possuíam.
Cada ruga um ano que haviam vivido juntos.
Uma lembrança feliz, algo que enfrentaram ou deleitaram juntos...
Matt adorava o rosto plissado de seu Jeremy quando ele sorria.
E sabendo que a morte se aproximava – inevitável, é assim a vida humana, afinal – eles só se sentiam mais compelidos a amarem-se como se fosse o último dia, sabendo que talvez fosse.
E mesmo assim, Jeremy pensava, Matt nunca deixava de surpreendê-lo...
— Adivinhe quem é... — Cobriu-lhe os olhos do mais novo, arrancando-lhe um sorrisinho frágil.
— Nem imagino, seu bobo... — disse o Jeremy idoso, e Matt se aproximou com dificuldade para se sentar ao seu lado no sofá.
Com o chapéu coco seguro em suas mãos e cobrindo-lhe parte da barriga, ele retirou das costas uma flor – amarela, como sabia que Jeremy gostava e lhe entregou, fazendo-o sorrir novamente.
Aquele sorriso etéreo que ele tanto amara nos últimos setenta anos...
E dando-lhe um beijo na bochecha enrugada, apalpou a sua mão num carinho e o envolveu em seus braços.
Ah... Que triste seria quando tivesse que levar a Jeremy aquela rosa em sua mortalha.
Ou talvez fosse ele a te levar um dos lírios que tanto adorava.
De qualquer maneira, quem quer que o fizesse se sentiria triste, sim, mas plenamente realizado.
Afinal, não é justamente a fragilidade da vida humana – o constante medo de perder, a possibilidade real e crescente de não ter mais tempo – que a torna tão especial?
Que viessem os dias de luto, quando a hora chegassem.
Seguraria a mão de seu amado com orgulho até o fim.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
E aí, gente? hahaha
O que vocês acharam desse breve romance entre velhinhos? ♥