Dias de Luto escrita por O Cartomante


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Uma breve reflexão romântica sobre a fragilidade da vida humana.

Inspirada pela canção "Rosa Amarela", da cantora Paula Mattos.

Espero que apreciem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/765419/chapter/1

Já fazia muito tempo desde que Elena havia tido o seu final feliz com Damon e Jeremy com Matt.

Para Elena e para Damon, os anos não passavam.

Eles possuíam a eternidade toda para viverem juntos, se amando, e eles sabiam disso.

Matt achava tudo aquilo muito aborrecido.

Qual a graça de se viver um amor assim, afinal?

Tudo que é demais enjoa.

Menos Jeremy, é claro.

De Jeremy, Matt nunca enjoava.

Eles eram excepcionais, eram tão frágeis, tão humanos...

Os vampiros de Mystic Falls já não passavam de lendas para assustar crianças desobedientes.

Eles haviam dispersado-se pelo país e pelo mundo.

Mas Jeremy e Matt ficaram ali, naquela casa que Jeremy herdara de sua tia Jenna, embora ela já não parecesse mais a mesma.

Haviam feito muitas reformas, isso havia muito, muito tempo atrás...

E, na opinião de Matt, uma das melhores coisas na mortalidade era justamente a prerrogativa de envelhecer.

Sentir o tempo escassear, escorrendo como areia pelos seus dedos...

Poxa, se não fosse assim, será que ele e Jeremy se amariam com tamanha intensidade?

De uma maneira tão... Humana?

Pouco provável.

A graça era justamente o estar ali, sem saber se amanhã estaria.

Aquela agonia na barriga, o frio nos ossos de rachar só de imaginar que aquele dia poderia ser o último.

Era como gasolina para um fósforo aceso.

Um incentivo brutal para que vivessem cada dia juntos amando como se fosse o último.

E, ah, o faziam.

O fizeram e ainda o faziam.

Elena continuava a mesma, embora ela e Jeremy já não se vissem com tanta frequência.

Com seus 70 e poucos anos, parecia ter dezoito.

Em Jeremy e Matt, entretanto, a pele e o corpo refletiam a idade que possuíam.

Cada ruga um ano que haviam vivido juntos.

Uma lembrança feliz, algo que enfrentaram ou deleitaram juntos...

Matt adorava o rosto plissado de seu Jeremy quando ele sorria.

E sabendo que a morte se aproximava – inevitável, é assim a vida humana, afinal – eles só se sentiam mais compelidos a amarem-se como se fosse o último dia, sabendo que talvez fosse.

E mesmo assim, Jeremy pensava, Matt nunca deixava de surpreendê-lo...

— Adivinhe quem é... — Cobriu-lhe os olhos do mais novo, arrancando-lhe um sorrisinho frágil.

— Nem imagino, seu bobo... — disse o Jeremy idoso, e Matt se aproximou com dificuldade para se sentar ao seu lado no sofá.

Com o chapéu coco seguro em suas mãos e cobrindo-lhe parte da barriga, ele retirou das costas uma flor – amarela, como sabia que Jeremy gostava e lhe entregou, fazendo-o sorrir novamente.

Aquele sorriso etéreo que ele tanto amara nos últimos setenta anos...

E dando-lhe um beijo na bochecha enrugada, apalpou a sua mão num carinho e o envolveu em seus braços.

Ah... Que triste seria quando tivesse que levar a Jeremy aquela rosa em sua mortalha.

Ou talvez fosse ele a te levar um dos lírios que tanto adorava.

De qualquer maneira, quem quer que o fizesse se sentiria triste, sim, mas plenamente realizado.

Afinal, não é justamente a fragilidade da vida humana – o constante medo de perder, a possibilidade real e crescente de não ter mais tempo – que a torna tão especial?

Que viessem os dias de luto, quando a hora chegassem.

Seguraria a mão de seu amado com orgulho até o fim.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí, gente? hahaha

O que vocês acharam desse breve romance entre velhinhos? ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Dias de Luto" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.