Viva la Vida escrita por whatsername


Capítulo 5
Centuries


Notas iniciais do capítulo

OIIII
AHHHHH, eu tô surtando tanto, vocês não tem noção.
Primeiramente quero agradecer À DIVA DA COR DAS PALAVRAS que recomendou a fic! Moça, eu fiquei TÃÃÃO feliz, sério. Obrigada mesmo por sempre estar apoiando a história, esse capítulo é pra você!
Desculpem pela demora, mas eu posso explicar. Na verdade, minha burrice pode explicar.
Esse capítulo era pra ter saído terça (passada, óbvio), e eu tava lá escrevendo. Fiz umas trocentas tentativas de postar e eu sempre fazia alguma merda e perdia tudo.
Aí, lá pelas quatro da tarde, tava tudo pronto, só faltava clicar e postar, mas eu fiz merda de novo e apagou tudo. Um Oscar de Burrice para mim, por favor.
Mas a burrice suprema ainda está por vir.
Aí eu tive compromisso e não postei na terça, e no dia seguinte, por alguma razão que nem o Dr. Estranho explica, eu achei que tinha postado o capítulo na terça. Sim, me batam. E aí eu só fui me tocar que eu não tinha postado peixaria nenhuma ontem de manhã, e agora aqui estou eu, mostrando minha burrice pra vocês.
Desculpem meeessmo, mas não fiquem tão bravos porque como eu achei que já tinha postado esse cap, eu já fui escrevendo o próximo e já terminei-o. Então, amanhã eu devo já postar outro capítulo e é provável que essa semana já saia um outro ainda, ou seja, três caps em uma semana. Um recorde.
Eu sei, me batam e depois me abracem.
Agora chega de enrolação, tchau.



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"Some legends are told                                       Some turn to dust or to gold                               But you will remember me                                 Remember me for centuries"

Maya

Quando abro a porta de casa, tenho uma visão e tanto.

Henrique está em cima de uma cadeira na cozinha, todo retorcido pra tentar trocar uma lâmpada, enquanto conta uma historinha para Charlie, sentada no chão aos pés da cadeira.

É muito fofo, tenho que admitir.

Isso, é claro, não me impede de rir da cara dele, que me olha meio indignado.

—Se eu não estivesse tão morta agora, faria alguma piada sobre você estar trocando lâmpadas, mas não tenho condições no momento - digo, seguindo Nico para a sala de TV.

Não acho graça pelo fato de pensar que homens não devem fazer serviço de casa, tipo trocar lâmpada, mas sim porque Henrique não costumava fazer esse tipo de coisa lá do Brasil.

Acho que esse tempo fora vai acabar fazendo bem para nós dois.

Eu e Nico depositamos nossas mochilas na sala e então voltamos à cozinha.

Henrique já desceu da cadeira e agora pega Charlie pela mãozinha, a sentando na mesa e a ajudando a comer. 

Me divido entre a fofura e o divertimento.

Nico, que só agora percebo que estava falando ao celular, o tira do ouvido e desliga, sorrindo.

—Era meu pai, ele ligou pra avisar que nós vamos sair à noite.

Me animo porque vou ter a oportunidade de sair à noite em Londres e ver como tudo funciona lá fora.

Depois de uma meia hora jogando conversa fora na cozinha, a Charlie diz que está com sono e vai dormir (se você está em dúvida, ela normalmente não fica em casa, mas a aula dela só começa na quarta), e então eu, Henrique e Nico subimos para o segundo andar.

Eu me enfurno no quarto e tiro a pilha de temas da escola.

Só pra esclarecer algumas coisinhas: como sou intercambista, eu não sou obrigada a fazer provas nem nada na escola, mas, como este é meu terceiro e último ano da escola e eu não tenho a barreira da linguagem, já que sei falar em inglês apesar de não ser totalmente fluente, eu optei por fazer esse ano como se estivesse na escola normal lá no Brasil, fazendo provas, temas e tudo o mais.

Afinal eu nem sei se vou optar por fazer uma faculdade no Brasil mesmo ou em algum outro lugar, tipo aqui, então sei que tenho de dar o meu melhor. O meu futuro depende disso.

Henrique mete a cabeça pela porta divisória de nossos quartos com creme de barbear na cara.

Ele é meio bipolar, tem vezes que ele ostenta uma barba bonita na cara e tem dias que ele decide que fica melhor com a cara limpa.

Vá entender.

—Como foi na escola? - ele pede, entrando no quarto displicentemente, como se fosse seu próprio quarto.

Reviro os olhos diante de seu jeito despreocupado.

—Foi bem legal - respondo enquanto ele se aconchega na minha cama e liga a TV em algum canal de futebol. - Consegui sentar perto da Aya ou do Nico em quase todas as matérias, mas acho que é bom eu estar mais sozinha em alguns momentos, bem que eu queria que eles sempre pudessem estar comigo, mas se eu não me virar sozinha um pouco, vou acabar não tendo uma real experiência de independência.

Henrique assente, olhando para mim com um sorriso orgulhoso.

 Se vocês estão se perguntando "Ué, mas o Henrique não vai pra faculdade não?"

Sim, ele vai, mas as aulas dele também só começam na quarta.

Ô, vida mansa.

Ele então se deita na minha cama, dobrando os braços sob a cabeça.

Reviro os olhos parte dois e pergunto o que ele fez em casa.

—Aluguei um carro e dei uma passada na faculdade para acertar os últimos detalhes, assisti TV e cuidei da Charlie - no momento em que fala dela, ele franze a testa. - É normal crianças terem fissura por achocolatado? Eu não lembro de você ter esse vício - ele pede em seguida.

Sim, se você não se tocou ou não se lembra, Charlie ama achocolatado. Realmente não sei se é normal.

—Não faço a mínima ideia - digo, escrevendo uns cálculos no tema de matemática.

Vejo que Henrique começa a trocar os canais da TV e de repente dá um pulo de susto na cama.

Me assusto com o susto que ele levou (?) e olho para ele meio sem entender.

Sigo seu olhar perplexo para a TV, onde passa um clipe de funk.

Afasto os olhos rapidamente, revirando os olhos pela milésima vez pelo drama do Henrique.

—Misericórdia, tem funk até aqui?! - ele pergunta, se ajeitando na cama, meio assustado em como os brasileiros chegaram tão longe.

—Um dia o Brasil vai dominar o mundo - digo, rindo.

Henrique me olha estranho.

—Depois que eu vi você trocando uma lâmpada, não duvido de mais nada - falo, rindo mais.

É a vez de Henrique revirar os olhos.
                                    •••

Lá pelas sete da noite, depois de tomar banho, passar um rímel e tal e me trocar, pondo uma calça preta e uma blusa da Malta (uma banda brasileira que eu amo) e um all star, me considero pronta para visitar o centro de Londres.

Eu e Henrique ligamos para nossos pais via Skype um pouco antes de sairmos.
Meus pais logo atendem e minha mãe já começa a encher os olhos de lágrimas logo que começamos a conversar.

—Meus filhos lindos, estão tão crescidos.

Decido ignorar o fato de que ela me viu há pouco mais de dois dias, até porque meus olhos também estão ficando marejados de saudades.

Decido que não vou chorar, porque:

1- não quero ver meus pais tristes porque tô chorando, achando que eu não estou gostando da experiência, o que seria um absurdo, já que estou vivendo uma das épocas mais legais e divertidas da minha vida.

2- não quero escorrer o rímel que eu demorei pra passar e que, infelizmente, não é à prova da água.

 -Oi mãe! Pai? - peço interrogativamente quando ele começa fuçar no notebook, tentando fazer alguma coisa.

 -Voces tão conseguindo nos ver? Vocês ... - meu pai se atrapalha com o que ele chama de "essas tecnologias de hoje em dia".

—Pai, conseguimos ver vocês, tá tudo certo com a câmera - Henrique diz, sorrindo feliz para eles.

Vejo que Henrique, apesar de disfarçar bem, também tem os olhos meio marejados.

Ele sorri como uma criança enquanto olha para nossos pais pela tela do notebook.

Devo ter a mesma expressão no rosto.

—Como foi o dia de vocês? - pergunto, ansiosa por notícias do Brasil.

—Ah não, nada disso, como foi o dia de vocês?

Rio da ansiedade da minha mãe para saber se estamos todos bem.

—Fui pra escola, como vocês sabem. Foi ótimo! Não achei que fosse ser fácil, mas como tem o Nico e já fiz uma nova amiga, a Aya, tudo ficou mais simples. Claro que é meio difícil acompanhar algumas matérias por causa da língua, mas acho que estou me saindo bem - digo, fazendo careta ao lembrar da aula de química.

Eles sorriem pra mim, orgulhosos.

—Não fiz muita coisa hoje, só resolvi as coisas da faculdade e aproveitei pra descansar antes de a tortura começar - começa a falar Henrique, se referindo à faculdade.

—Que bom que estão bem! - minha mãe fala, animada.

Depois de pedirem o que vamos fazer agora de noite, dizemos que vamos dar uma passada no centro de Londres e meus pais se animam.

—Tirem fotos para nós! - fala minha mãe, que sempre quis vir para cá.

—É se comportem - adverte meu pai, mas sorrindo divertido.

Falamos mais um pouco e depois desligamos, até porque meus pais precisar ir dormir.

Henrique termina de ser arrumar, com uma calça jeans e aquelas blusas que os homens usam com as mangas arregaçadas.

Ele é lerdo, sério mesmo. Henrique é a prova viva de que aquela história que os homens tem que esperar as mulheres se arrumar é mentira. Eu é que tenho que esperá-lo, sempre. 

Pelo menos deve valer à pena, porque as meninas só faltam se afogar na própria baba quando veem ele. Apesar de que eu acho que mesmo se ele não fosse tão vaidoso elas já iam ficar todas abobadas.  É  engraçado de ver.

Descemos e Aya já está lá embaixo, jogando videogame com o Adam.

Sim, Aya também aí com a gente, o que é ótimo. Pelo que sei, ela só vive com a mãe, o pai as abandonou, então ela fica muito sozinha em casa, porque a mãe trabalha muito para sustentá-las. Assim, ela passa muito tempo com os Long, que a tratam como se ela fosse parte da família. Pelo jeito como todos a olham, vejo que ela realmente é. 

E sim, todos nessa casa jogam videogame. Até mesmo Charlie, tão pequenininha, já me venceu num dos jogos.

Pelo que vejo, Aya está ganhando.

Ela deve ser bem boa, porque quando joguei com Adam ele me massacrou, o que não é uma grande proeza, mas vi que ele joga muito bem.

Nico desce as escadas se espreguiçando (ele parece viver constantemente com preguiça) e então se joga no sofá desocupado. 

Henrique olha para Aya intrigado quando ela vence o jogo e começa a fazer uma dancinha da vitória. Não olha como se duvidasse da capacidade dela, olha impressionado do tipo "ganhou meu respeito".

Aya vê que ele está encarando e o encara, levantando uma sombracelha.

—Quer jogar? - pede ela em desafio.

Henrique dá de ombros, se sentando onde antes estava Adam no sofá.

Já prevejo que vamos ficar aqui até a uma da manhã.

Aya é muito boa e Henrique também é.

Me jogo em outro canto do sofá, perto de Nico, com quem aposto um lanche do colégio por quem que vai ganhar.

Eu digo que a Aya vai ganhar (ela é muito boa mesmo), mas Nico tem certeza que o Henrique ganha.

Eles começam e vão apertando os botões do controle, os quais eu nunca consegui controlar.

Sério, sou péssima jogando, vocês nem tem ideia.

Henrique começa perdendo.

Comemoro alegremente, ao que ele me lança um olhar indignado.

Apenas dou de ombros.

Já ouço meu estômago roncando em aprovação.

Ok, agora eu fui nojenta. Desculpe, querido leitor, é que às vezes eu me empolgo.

Mas então Aya franze a testa sem motivo aparente, parecendo se lembrar de algo, e se distrai um pouco do jogo.

É tarde demais.

Henrique, que já lutava para superá-la, aproveita a distração e passa dela. É um jogo de corrida, aliás.

Aya chacoalha a cabeça, se livrando dos pensamentos, e tenta recuperar a dianteira, mas é tarde demais: Henrique cruza a linha de chegada, vencendo, e em seguida se levanta e é a sua vez de comemorar.

Ele vem até Nico e os dois trocam um soquinho. Em seguida, olha para mim e mostra a língua (a infantilidade dele ainda me assusta), voltando para seu lugar nos sofá.

Ele olha para Aya solenemente e os dois apertam as mãos, sorrindo em divertimento.

O legal é que ninguém é fanático: eles jogam por pura diversão e ninguém fica menosprezando ninguém independente da derrota ou da vitória.

—Bom, crianças, acho melhor irmos andando porque senão vamos voltar muito tarde - diz Adam enaqunto Olivia sai da cozinha depois de ter dado comida para Charlie.

Saímos de casa e embarcamos na espaçosa Suburban. Olivia e Adam vão na frente e Charlie vai na cadeirinha ainda.

Me sento entre Henrique e a janela e Aya se senta do outro lado dele.

Nico, sabendo que a viagem é longa, trouxe um travesseiro e se espichou no fundo do carro.

Só pra ficar mais claro: a Suburban é beeeem grande e tem três fileiras de bancos: duas lá na frente pro motorista e pro banco do passageiro, na fileira de trás tem três bancos (onde eu, Henrique e Aya estamos sentandos) e na fileira de trás tem mais três bancos, um pouco mais elevados em relação ao resto do carro. É lá que Nico está estirado.

E sim, ele já está dormindo.

Quando eu digo que o Nico tem algum poder sonífero eu não tô brincando. 

Adam começa a dirigir para fora do nosso bairro e eu e Henrique praticamente grudamos os narizes na janela para conseguirmos olhar tudo.

Nosso bairro é bem rústico, tem uns pubs um pouco mais pra frente e várias casas no mesmo estilo da onde moro agora. O caminho é ladeado por várias árvores e tem banquinhos aqui e ali nas calçadas e praças para as pessoas aproveitarem o dia.

É lindo.

Você deve estar se perguntando o porquê que eu não notei tudo isso antes, quando estávamos chegando em casa do aeroporto. O motivo é simples: eu tava morta de cansaço e, se vocês se lembram, meu único desejo era me jogar na grama do quintal e dormir eternamente.

O trajeto leva mais ou menos uns quarenta minutos de carro, nos quais eu me divido espiando pela janela do carro e jogando baralho com a Aya e o Henrique. 

Lá pelas tantas, o Nico acorda e começa a jogar com a gente.

Apesar do cabelo negro bagunçado (como sempre) e da cara amassada de sono, ele ganha todas depois que começa a jogar.

—Ah, Nico, eu gosto mais de você quando está dormindo - Aya fala olhando pra ele com um sorriso amarelo.

Ele retribui o sorriso e volta a jogar.

Nico e Aya são aquele tipo de amigos que devem se conhecer há éons, implicam um com o outro propositalmente, mas tudo é meio que uma piada interna, um joguinho, então ninguém se ofende, porque ambos sabem que o outro não fala sério.

Depois de Nico nos massacrar algumas vezes, começo a ver uma luzes mais fortes entrarem pela janela do carro.

Largo minhas cartas e basicamente fundo minha cara com o vídeo quando avisto as luzes da London Eye.

Ouço Henrique suspirar atrás de mim.

É tão lindo quanto nas fotos. As luzes azuis iluminam a roda gigante toda e o entorno dela é todo iluminado com estabelecimentos comerciais, etc...

Olivia vê meu encanto e sorri.

—Bonita, né? Ela funciona até as dez da noite, podemos ir lá pelas nove.

 Agora são oito da noite, vamos embora lá pelas nove e meia. Fico feliz de já poder aproveitar um pouco da cidade ainda nos primeiros dias, apesar de não ser por muito tempo.

—Vocês preferem comer primeiro ou depois? - pede Olivia pra "criançada" nos bancos de trás.

—Primeiro - respondemos eu, Charlie, Henrique, Aya, Nico e Adam.

Olivia lança para Adam um olhar cortante, mas ele sorri para ela e dd de ombros.

Como a decisão é unânime, escolhemos um restaurante perto do local onde estacionamos, com vista pra o Parlamento Britânico e pra London Eye, já que eles falaram que hoje vamos passear por aqui mesmo.

 Hoje nós só vamos conseguir ir na London Eye, porque já tá tarde e é tudo muito cheio. Adam e Olivia já compraram os ingressos antecipadamente e com Fast Pass (ingresso pra pegar fila menor), porque senão nós iríamos basicamente morrer esperando.

O restaurante é ótimo e bem confortável. É dentro de uma antiga casa inglesa e, como é bem próximo do Parlamento, tem aquele ar meio real, mas pelo que eu sei não é caro.

Vou esclarecer umas coisinhas: a London Eye, o Parlamento, a Abadia de Westminster e o Big Ben ficam todos muito próximos. Então é bem prático, mas, como vocês sabem, hoje não vamos poder ir em tudo porque não temos muito tempo. 

O garçom vem e anota nossos pedidos logo que entramos. Eu peço uma panqueca, Henrique um macarrão com molho sugo e por aí vai.

Aya já recusa quando o Adam diz que vai pagar pra ela, alegando que, se eles quiserem pagar a conta dela, vão falir.

Inicialmente acho que é brincadeira, mas aí ela pede pro garçom um hambúrger com batatinha frita.

—É coisa básica - diz ela, chacoalhando a mão de modo displicente.

Quando o lanche chega, são três camadas de carne com queijo intercalado.

Ela olha tão emocionada pro lanche que só falta pedi-lo em casamento.

Rio da sua alegria enquanto ela o contempla e então todos comemos nossas comidas.
                                   •••

 Depois de estar quase explodindo de comida, me recosto na cadeira do restaurante, suspirando.

—Meu pai, comi demais - digo, massageando a barriga.

Henrique, do meu lado direito na mesa, se inclina para mim, afagando carinhosamente minha barriga com um olhar encantado.

—Querida Jubscreuda, titio ama você - ele fala, eu me esgasgo de tanto rir com o suco que tomei há pouco e os outros da mesa não entendem nada, porque Henrique fala em português.

—Henrique está fingindo que eu estou grávida, pra fazer piada sobre toda a comida que eu acabei de comer.

Aya ri da minha cara enquanto coloca uma batatinha frita na boca, se juntando aos outros, que riem às minhas custas. 

—Não ligue para as piadas bobas do seu tio, Jubscreuda - falo, agora em inglês, para minha barriga.

—Que tipo de nome é Jubscreuda? - pede Nico, intrigado.

—Nunca conheci ninguém no Brasil com esse nome, mas não duvido que exista. - Eles fazem uma cara horrorizada, ao que dou de ombros e explico: - Nunca duvide do brasileiro.

Depois de pagarmos a conta, saímos do restaurante e mais uma vez perco o fôlego ao olhar pra London Eye.

—Acho melhor já irmos para a fila - diz Adam, olhando o relógio.

Enquanto andamos pela rua, divido minha atenção entre a paisagem linda ao meu redor e as selfies que Aya me mostra, que ela tirou dela com o hambúrguer que pediu, só pra fazer graça mesmo.

Depois de termos vários ataques de riso no meio da rua em Londres e de um monte de gente olhar para Aya e para mim como se fôssemos loucas, decidimos parar com as fotos e focar na roda-gigante.

A London Eye é gigante. Tipo muito, muito grande.

Até eu que não tenho medo de altura tremo na base um pouco.

O telefone de Aya toca. Ela olha para a tela e sua expressão assume, por um milésimo de segundo, uma aparência preocupada, mas ela logo trata de se manter neutra de novo. Pede licença e vaza da fila, indo para uma árvore num canto mais afastado falar com quem quer que esteja do outro lado da linha.

Henrique olha para ela com a testa franzida, mas sua atenção logo é desviada para a London Eye de novo.

Adam a observa preocupado, e me pergunto se é algo a que devo prestar atenção. Não conheço Aya há muito tempo, não sei se devo me preocupar, mas depois de uns segundos ela volta sorrindo e parece estar tudo bem, então não dou muita atenção, até porque é difícil focar em algo mais do que as luzes ofuscantes de tudo ao redor.

Brincamos de jogos como pedra, papel e tesoura na fila até que chega a nossa vez.

Não demora tanto, por incrível que pareça. Acho que é porque já é tarde, uma noite se segunda e, obviamente, porque temos Fast Pass.

 Antes de entrarmos no brinquedo propriamente dito, tem um filme muito massa em 4D com imagens aéreas de Londres e efeitos especiais que dura uns cinco minutos. A roda gigante funciona como dizem os tantos sites que falam sobre ela: ela gira bem devagarinho, e é alta que nem não sei o que.

135 metros de altura.

Tremo na base novamente logo ao entrar na "cápsula", que vai me levar o mais alto possível. Ela é meio oval, espaçosa, toda de vidro com envergaduras brancas e uns detalhes em vermelho no interior.

São nove e meia, e o passeio dura una meia hora. Vamos chegar umas dez e pouco em casa. Mas, assim que a London Eye começa a girar, todos esses pensamentos somem da minha mente.

Me agarro ao braço de Henrique, não por medo, mas por instinto. Ele é a única família efetiva que tenho agora e meu instinto sempre foi estar com a família nos momentos mais marcantes da vida.

E esse com certeza é um momento que não vou esquecer tão cedo.

Pelo visto Charlie também treme na base, porque, com a mãozinha na mão de Adam, hipnotizada pelas luzes da cidade, que se refletem em seus olhinhos arregalados, ela fala: 

—Papai, acho que vou morrer.

Adam sorri para ela e diz que ela não vai morrer, que ele cuida dela.

A roda gigante gira bem devagar, dando tempo para absorver cada detalhe. 

As luzes da cidade de Londres quase me cegam, mas é a coisa mais linda que já vi na vida.

É como se um mar de luzes e gente fosse as pouco se estendendo diante de mim, sem esquecer da água. Muita água do Rio Tâmisa, que se agita abaixo de nós.

O legal é que dentro da cabine tem uns tablets com guias interativos sobre os prédios e construções que você vê no trajeto.

No alto dela, dá para ter uma vista de uns quarenta quilômetros da cidade, claro que agora está de noite, então não dá pra ver tããão longe, mas só pelas luzes todas acesas e o efeito que provocam, já vale à pena vir a essa hora.

Temos uma vista privilegiada do Big Ben e do Parlamento, ao lado da London Eye, e também da Abadia de Westminster e da St. Paul's Cathedral, que me tiram o fôlego.

O trajeto é tão mágico que passa rápido, a meia hora parecendo menos de cinco minutos.

Ainda estou hipnotizada quando Henrique me ajuda a descer da cabine (como ela gira bem devagar, a cabine nem para para os ocupantes saírem, nós saímos com ela em movimento mesmo).

—É... Lindo - digo.

Henrique concorda com a cabeça, tão hipnotizado quanto eu.

Aya, meio abobalhada, fala:

—Eu já vim aqui várias vezes, mas ainda fico meio zonza toda vez.

Charlie parece que ainda tem as luzes da cidade refletidas nos olhos, de tão sonhadora que está.

Nico concorda e Adam e Olivia sorriem satisfeitos, vendo que gostamos.

Crianças, já são dez e dez da madrugada— Adam fala, exagerando. -Precisamos ir, senão amanhã vai ficar complicado para vocês acordarem.

E então, falando animados sobre tudo o que fizemos de legal num dia só, entramos no carro.

Tá certo que o cansaço nos vence rapidamente e logo eu, Henrique, Aya, Nico e Charlie somos quatro corpos estirados nos bancos da Suburban e, bem, um esparramado na cadeirinha.

Suspiro, caindo no sono de puro cansaço.


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Notas finais do capítulo

Ahhh, consegui!
FINALMENTE
Comentem, deixem reviews, etc.
É importante para eu saber que tem gente aqui, e eu aceito tanto elogios quanto criticar construtivas.
Obrigada por estarem lendo até aqui e, se estão, o que que custa pelo menos marcar que está acompanhando a fic, pra eu pelo menos saber que o número de leitores está crescendo? Por favorzinho.
Beijooos e até amanhã, acho.



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