Viva la Vida escrita por whatsername


Capítulo 10
Meu Novo Mundo


Notas iniciais do capítulo

OIIII!
Primeiro cap com música brasileira, tinha que ser um rock topzera nenon?
Desculpem pela demora em postar esse cap, mas é que eu tive bastantes compromissos essa última semana e, não vou negar, fiquei meio triste pela falta de reviews no último cap. Mas eu sei que ele ficou meio bosta então fiz esse mais movimentado, espero que gostem.
Também estou tentando fazer caps um pouco mais curtos pra não ficar tão desgastante. Se você leu e achou que deve elogiar ou fazer qualquer crítica construtiva, sinta-se à vontade, eu fico feliz e me ajuda a melhorar, além de eu ver que não estou sozinha.
Bjsss!!



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Mas se quem eu amo tem amor por mim

Se quem eu amo tem amor por mim

Eu sei que ainda estamos muito longe do fim.

 

Maya

Um mês exato depois da minha chegada, é segunda-feira.

Pois é, não é um dia bom para comemorar, já que acho que não tem uma alma vivente que goste das segundas, mas mesmo assim, me levanto da cama (sem cair, importante ressaltar), visto minhas pantufas grossas (é outubro e tá um frio do cão aqui) e corro até o quarto do Henrique, abrindo a porta de supetão.

—Bom diaaa! - falo, animada.

Mal consigo terminar a frase e minha cara é atingida por um objeto voador não identificado, também conhecido como almofada.

—Ei! - brigo com Henrique, tacando a almofada nele de volta, que está estirado na cama tamanho super grande dele.

—Me deixa dormiiiir - ele reclama.

Estranho, porque Henrique normalmente age como um lorde desde as primeiras horas da manhã.

—Daqui a 2 meses você vai ter seu próprio apartamento! - falo, me sentando na cama ao seu lado.

—Você tá doida pra se livrar de mim - ele constata, a voz abafada pelo travesseiro.

Henrique, o dramático, está de volta.

Jogo outra almofada na cara dele, desligando o sertanejo depravado que vem do despertador dele.

Se nem a música horrível o motivou a desligar de uma vez o despertador, o estado dele deve ser crítico.

Quando vejo que Henrique tem condições de se pôr de pé sozinho, vou para o meu quarto, começando finalmente a me arrumar para a escola.

                         •••

Quando atravessamos os portões de ferro que levam aos jardins da escola, logo avisto Aya deitada num banquinho, entre duas árvores. Ela está ouvindo música e lendo um livro, e parece totalmente alheia a tudo ao seu redor, uma visão etérea.

Nico e eu sentamos na sua frente, e ela leva uns quinze segundos para notar que não está mais sozinha.

—Ah, oi! - ela nos cumprimenta animada, se sentando. - UM MÊÊÊS! - comemora ela ainda mais animada, estendendo as mãos para fazermos um toquinho.

Rindo, a cumprimento também.

—Não sei se eu fico feliz ou triste, porque ao mesmo tempo que já faz mais tempo que você está conosco, também falta menos tempo pra você ir embora - Nico reflete, e Aya concorda.

Ele cutuca minhas bochechas, sorrindo.

Sim, Nico agora gosta de brincar com minhas bochechas. Elas são bem salientes, eu não gosto muito, mas ele acha fofo. Aya diz que fica bonito em mim. 

Ficamos por ali até o sinal bater, indo em seguida para as aulas.

                          •••

Enquanto estou indo para a sala do diretor durante a quarta aula da manhã para os nossos "ilustres encontros de duas em duas semanas", como ele chama (é para fazer um relatório sobre meu intercâmbio, esse tipo de coisa), vejo ninguém menos que Walker no corredor.

Hoje ele usa um coturno preto e jaqueta aviador, e está mais intimidante do que o normal.

Ele continua seu caminho pelo corredor, os demais alunos dando caminho para ele, e tenho certeza de que não me vê.

Porém, quando ele passa ao meu lado, para, segurando meu braço. Mas não com força, com cuidado.

Ele me olha diretamente e por um momento duvido que realmente estejamos num corredor cheio de gente. Aaron tem uma habilidade que é meio perturbadora, meio fascinante: quando ele te olha, parece que enxerga até a alma. Eu poderia estar na Indonésia, na minha casa ou no Reino Quântico: não faria diferença.

—Tudo bem? - ele pede baixinho.

Digo que sim, também baixinho. Ué, quem fala baixinho me contamina.

Ele então se mexe um pouco, inclinando a cabeça para baixo para que quem passa no corredor não consiga ler seus lábios, se aproximando mais.

—Não saiam essa noite - diz ele então, e olho para ele com uma cara de "é o ke?".

—Tem algo errado - ele solta a bomba e deixa a frase no ar. Então, solta me braço delicadamente e começa a andar de novo, continuando seu caminho no sentido oposto ao meu sem dar satisfação.

Começo a andar também, me afastando dele e do caos, revirando os olhos mas ao mesmo tempo me perguntando o motivo da procuração de Aaron.

Quando chego na sala do diretor, abro uma fresta na porta e ele pede para que eu entre, mas fala ao telefone.

—Senhor Smith... Sim, sim, você já me comunicou. A questão é... - uma bufada discreta enquanto é interrompido por quem quer que esteja do outro lado da linha - A questão é que seu... filho, se ele não está disposto a entrar em contato, não há nada que eu... - então OFNI (Objeto Falante Não Identificado), do outro lado da linha, fala outra coisa e o diretor Fisher apenas assente, falando que fará o possível e desligando o telefone logo em seguida. 

Ele então olha para mim sorrindo, o estresse saindo de suas feições.

—Srta. Alencar, quanto tempo! - ele ironiza, já que nos vemos praticamente todos os dias.

Rio, apertando a mão que ele me oferece e me sentando na cadeira a frente da mesa dele, iniciando mais um dos nossos "ilustres encontros de duas em duas semanas".

                          •••

Durante a aula de Inglês, a última do dia, eu, Nico e Aya quase morremos de tédio.

E eu, também, de pavor.

Descobri que daqui a duas semanas nossas provas vão começar, e não estou preparada.

Tá certo que eu não fico preparada pras provas nem quando eu sei delas com dois meses de antecedência, mas a situação agora é mais crítica. Vou ter que fazer provas em inglês, me esforçar para entender e ainda por cima tirar notas exemplares, já que quero entrar pra uma faculdade aqui da Inglaterra.
Nico, por outro lado não parece lá muito preocupado: ele se deitou sobre a carteira em cima dos braços e puxou um ronco.

Vejo que Aya também está com sono, por sua posição desleixada na carteira, mas ela se esforça para manter os olhos abertos.

Sim, a nossa professora é um tédio. Ela fala, fala, e não diz nada, como já diria meu pai.

Mas sigo firme.

Enquanto corro pra anotar tudo e me esforço para acompanhar o sotaque e o raciocínio da professora, não posso evitar que meus pensamentos vaguem para mais cedo, para Aaron, seu aviso e o diretor Fisher.

Tudo correu bem durante os minutos que passei na diretoria, mas tenho a sensação incômoda que deixei passar algo importante.

Quebro a cabeça, mas não consigo conectar os fatos.

Depois de longos e tediosos minutos, o sinal bate, indicando o horário de libertação dos escravos.

Enquanto descemos as escadas para irmos para os jardins, falo do meu encontro com Aaron mais cedo, e sobre o alerta dele de "não sairmos hoje à noite".

Eu hein, homem é muito dramático. Não dava pra falar só "Fica em casa que é melhor" ?

Nico concorda com a cabeça, e Aya também.

—Ei, já que não vamos sair nem nada, o que que você acha de ir lá em casa mais tarde pra fazermos nada juntos um pouco? - Nico pergunta para Aya, e ela assente.

Hoje a mãe dela trabalha até mais tarde, então ela não vai fazer nada mesmo.

—Ok, passo lá uma sete, tudo bem?
Nico e eu concordamos, e, animados, nós três nos despedimos e vazamos, indo cada um pro seu lado.
                                    •••

À noite, Henrique e Nico estão sentados no sofá jogando Mario Bros (veja bem o nível de maturidade), Nico com suas roupas pretas porém estilosas e Henrique com calça e blusa de moletom.

Aproveitem, que é difícil pegar meu irmão com uma roupa tão desleixada.

Eles estão tão compenetrados e rindo que nem doidos que nem percebem quando dá sete e quinze e Aya ainda não chega.

Às sete e vinte, pego meu celular e mando uma mensagem para ela: 

"Em que buraco você se enfiou?"

Se passam cinco minutos e ela não responde. Vejo que já faz um tempo que ela não fica online, e minha preocupação só aumenta.

Levanto.

—Hã... garotos, não sei se vocês perceberam, mas a Aya já devia ter chego.

—Que horas era para ela ter vindo? - pede Henrique rápido, enquanto Nico desliga o videogame e fala:

—É verdade, ela está atrasada. Era pra ela ter chego às sete.

Henrique olha no relógio.

—Vamos atrás dela.

Olho para ele, que rebate:

—Ué, eu sei dirigir.

Ah, é verdade.

Porém, é nesse momento que meu celular toca.

—Maya? - pede uma voz ofegante e meio desesperada do outro lado da linha quando atendo.

Aya.

—Aya? O que aconteceu? - peço rapidamente.

—Acho que meu pai está me seguindo. Saí do trem na estação perto da casa de vocês, mas, não sei, algo está errado. Não quero entrar aí porque ele vai descobrir onde vocês moram e a coisa vai ficar feia. Eu... - ela para de falar abruptamente. - Ah meu pai, pode ter certeza que ele está me seguindo.

Ela para de falar de novo por uns segundos, e aproveito para falar para Henrique e Nico.

—O pai da Aya está seguindo ela.

E então volto a falar com Aya:

—Onde você está?

—Perto da Praça Wrightbone, eu tô meio que andando em círculos porque não sei pra onde ir - responde ela, com a voz mais trêmula agora.

Henrique pede que eu passe o celular para ele, e eu passo.

—Aya? - ela fala alguma coisa para ele - Ok, vou atrás de você. Tente continuar nessa área em que você está, pra eu te achar mais rápido. Qualquer coisa me ligue.

Depois de falar isso, Henrique desliga.  

Tudo ao mesmo tempo, ele avisa que vai buscar Aya de carro, pega as chaves, um casaco (pra quê não sei) e sai, falando pra ligarmos se algo acontecer

E assim, meu medo que já era grande se dobra, porque agora minha melhor amiga e meu irmão estão lá fora.                     

                         •••

Vinte minutos cheios de agonia e pavor depois, a porta se abre abruptamente.

 Henrique e Aya entram rapidamente, e ele fecha a porta com um baque logo depois.

Ambos estão ofegantes, e, apesar de esconder bem, vejo que Aya treme.

—Tudo bem? - pede Nico, correndo para perto dela, que, agora percebo, está com a jaqueta de Henrique.

Ela assente com a cabeça. Vou na cozinha pegar um copo de água para eles, e então sentamos no chão e Aya conta tudo o que aconteceu.

Em um dado momento, Adam, Olivia e Charlie chegam e ajudam a apoiar Aya.

Ela diz que pegou o metrô até a estação mais próxima da nossa casa, e que estava fazendo o curto trajeto restante até aqui a pé, mas sentiu que estava sendo seguida e viu um cara atrás dela. Então, ela tentou se esquivar e conseguiu ligar para nós, e aí deu tudo certo.

Tenho vontade de chorar, porque não consigo nem imaginar o quanto isso deve estar sendo difícil pra ela, mas todos concluímos silenciosamente que a melhor coisa que podemos fazer por ela é apoia-la.

Por incrível que pareça, não sinto nenhum resquício de pena por ela, ninguém sente. Não teria motivo.

Ela é a menina mais forte e independente pra idade que já conheci, alcançou tudo o que tem por mérito próprio, não merece pena. Merece apoio, porque é isso o quê fazem os amigos.

E ali, nós seis sentados no chão da sala, o videogame ligado na TV, eu percebo que não importa o que aconteça: se tivermos uns aos outros, tudo ficará bem.


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Notas finais do capítulo

Oii parte 2!!
Tenso, né?
Espero que tenham gostado, e, se sim, deixem reviews, é muito importante saber o que vocês pensam pra mim!
Beijoooos, e obrigada por lerem até aqui!!
P.s.: vou tentar postar o próximo capítulo o mais breve possível. Desculpem se eu não respondi alguma DM, eu tava super ocupada (provas), mas vou colocar tudo em dia agora!



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