Sorry escrita por hokuto ritsuka


Capítulo 10
O que os olhos não veem


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas lindas!

Desculpem a demora de novo u.u Dei uma empacada bruta nesse capítulo ;_;

Obrigada a todos que estão lendo e acompanhando! ♥

Boa leitura!



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Makoto fechou o zíper da bolsa depois de terminar de guardar dentro dela tudo que precisaria para ir ao treino. Por um momento, ficou olhando sua mão ao fim do movimento, então a ergueu na altura do rosto e a contemplou. Lembrou-se de quando sua mãe havia lhe explicado o que eram soulmates e como eles estavam ligados por um fio invisível preso ao dedo mindinho. Será que o seu fio estava mesmo lá? Às vezes, era difícil acreditar em algo que não se vê.

Quando ouviu a explicação, imediatamente, ele acreditou que Haru seria seu soulmate. Depois, essa certeza minorou para uma esperança. Embora houvesse momentos em que ele realmente confiasse em seu instinto, ele sabia que possivelmente era mais desejo do que realidade.

Com o tempo, ele simplesmente aprendeu a conviver com esse sentimento, mas cada vez que algum colega de sala chegava anunciando que havia descoberto seu soulmate, havia um misto de sentimentos que o tomava. Ficava feliz por essa pessoa, é claro, mas ao mesmo tempo em que havia a ânsia de que seu soulmate entrasse em contato, ele também tinha receio de que isso acontecesse. De quem seria a letra que apareceria em seu braço? Estava chegando à idade em que todos já haviam encontrado seu soulmate, era uma questão de tempo. E se essa pessoa não fosse o Haru, como ele poderia aceitá-la? E se fosse o Haru, ele o aceitaria? Será que essa contagem regressiva explodiria uma bomba em sua vida? Ele achava melhor não pensar nisso.

Makoto também se lembrou da conversa que teve com Haru no dia anterior. Haru havia descoberto um de seus segredos, havia descoberto o medo que tinha da água. Mas Haru não o julgou, apenas tentou entendê-lo. Apesar daquele medo ainda existir, um grande peso havia sido retirado do seu coração. Mas ainda havia a dor da perda, isso era algo que apenas o tempo poderia trazer algum alívio.

Era uma ironia triste que Makoto tivesse esse medo incontrolável de algo que não conseguia ver, embora aquela sombra que o perseguia dentro da água, por vezes, quase se tornasse visível; e ao mesmo tempo, chegasse a duvidar do fio invisível que deveria estar preso ao seu dedo. O fato de que outras pessoas tinham o tal fio não era uma implicação direta da existência do seu próprio. Mas, se ele estivesse mesmo ali, será que se olhasse para seu dedo por tempo suficiente, Makoto também seria capaz de vê-lo?

Makoto olhou o relógio. Não era agora que ele descobriria isso, precisava sair logo ou se atrasaria. Haru devia estar esperando por ele ao pé da escada como faziam antes de Makoto começar a se atrasar para cuidar dos kingyos.

Ele passou rapidamente pelo caminho que levava sua casa até os degraus de pedra, mas quando estava prestes a descê-los, olhou para o alto da escadaria.

Makoto se virou a tempo de ver Haru se levantando alguns degraus acima. Suas sobrancelhas inclinadas ergueram em surpresa. Enquanto Haru se aproximava, um sorriso floresceu nos lábios de Makoto.

— Eu não estou atrasado, né? — ele perguntou.

— Vamos, — Haru respondeu enquanto passava por ele. Talvez não quisesse que Makoto visse seu rosto, era algo que ele sempre fazia quando se sentia encabulado.

Assim que chegaram ao pé da escada, eles começaram a correr. A brisa de inverno estava fria em seus rostos, e quando estavam se aproximando da ponte, ela se transformou em vento. A sensação não era muito agradável, mas ainda assim eles corriam.

Em meio ao vento que castigava a ponte, Nagisa os esperava, mas era como se o vento não o atingisse, ou fosse pouco mais do que uma carícia a agitar seus cabelos. Ele acenou alegremente para os dois. Então seu olhar passou por eles e Nagisa continuou acenando. Makoto sabia quem estava vindo logo atrás deles mesmo sem olhar. Era Rin. O som de seus passos correndo ficava mais alto conforme ele se aproximava, até alcançá-los junto de Nagisa.

— Oi, — disse Rin.

Makoto respondeu com um sorriso e um gesto de cabeça, e Haru levantou a mão em um aceno que mais parecia um pedido para que se afastasse.

Os quatro continuaram a correr.

— Nanase-kun, tenho certeza de que hoje conseguirei manter o ritmo, — disse Nagisa.

— Se você ficar parado na ponte, não vai servir como treinamento, — respondeu Haru.

— Então, a partir de amanhã eu vou ficar trotando no lugar enquanto espero.

Makoto e Rin não conseguiram conter o riso. Era a cara de Nagisa dar esse tipo de resposta. Se fosse outra pessoa, pareceria que estava retrucando ou apenas brincando, mas dito por Nagisa só podia ser uma verdade sincera e inocente.

Nagisa olhou meio confuso para eles.

— Quando digo, trotando no lugar, quero dizer trotando realmente rápido.

A risada de Makoto e Rin só ficou mais intensa, a ponto de Rin quase perder o equilíbrio enquanto corria.

Nagisa era esse tipo de pessoa. Uma criança aberta e esforçada com uma meiguice não intencional que despertava uma sensação de irmão mais novo.

— Eu vou deixar você para trás se ficar conversando, — Haru disse, provavelmente para Nagisa, e acelerou o seu ritmo.

Nagisa também acelerou para conseguir acompanhar Haru, e embora desse tudo de si, se continuassem naquela velocidade, não demoraria a ficar para trás como havia acontecido no dia anterior. Sua respiração que se condensava em pequenas nuvens brancas ficava cada vez mais difícil.

Logo Nagisa começasse a perder o ritmo.

Haru, que até então olhava para o caminho à frente, pareceu abaixar o olhar por um momento antes de desacelerar até seu ritmo anterior, permitindo que Nagisa continuasse o acompanhando.

— Oh, — disse Rin baixinho, mas alto o suficiente para que Makoto escutasse, e provavelmente, Haru também, dado como seus ombros ficaram levemente tensos.

Talvez Rin também estivesse começando a entender melhor a natureza de Haru.

Haru era muito autossuficiente, ele também era bom em tudo o que se propusesse a fazer. Apesar de raramente dizer o que pensava, ele não era o tipo de pessoa que gostava de magoar ou ignorar os outros. E ele correspondia às expectativas que as pessoas depositavam nele.

Makoto perceberia logo que Rin também poderia usar a gentileza de Haru contra ele mesmo.

— Sabe, hoje teremos a tomada de tempo da 5ª série. Se eu ficar em primeiro lugar, eu posso entrar para a equipe de revezamento? — Nagisa perguntou para Rin quando já estavam no vestiário. Ele não havia desistido de tentar persuadir Rin a deixá-lo participar.

— Claro. Se você ficar em primeiro lugar, — respondeu Rin depois de estudá-lo por um momento.

— Ouviu isso, Nanase-kun? Darei o meu melhor! — Nagisa se virou imediatamente para Haru.

— Sim. Boa sorte, — ele respondeu polidamente em seu tom neutro habitual, mas que encheu Nagisa de alegria e motivação.

— Ei, Matsuoka, — Makoto o chamou de lado. — Você tem certeza disso? Fazendo esse tipo de promessa.

— Não se preocupe. Se ele ficar em primeiro, quer dizer que realmente é qualificado para participar do revezamento.

— Não é disso que estou falando, é sobre o Haru. Nagisa está achando que o Haru vai participar do revezamento.

— É exatamente o oposto. Sem ofensa ao Nagisa, mas isso faz parte um pequeno plano para trazer Nanase para o revezamento.

Desde que Nagisa começou a frequentar o Iwatobi SC, ele sempre esteve orbitando ao redor de Haru. Então se achasse que Haru ia participar do revezamento era claro que ele também iria querer participar e daria tudo de si para isso.

Durante a prova em que seria medido o tempo no nado de peito dos alunos da 5ª série, Nagisa se transformou em outra pessoa. Era possível sentir sua força como nadador, que ninguém esperava estar guardada dentro do seu corpo franzino, como um animal marinho atravessando a água da piscina.

Então era isso o que seu desejo de ganhar tornava possível? Ele não estava brincando quando disse que daria o seu melhor.

— Nanase-kun, você me viu? — Nagisa perguntou a Haru assim que ele entrou no vestiário depois do treino. Nagisa veio correndo entusiasmado, por um momento pareceu que fosse abraçar Haru.

— Sim, eu vi.

Nagisa abriu um sorriso radiante.

— Esta foi a primeira vez que fiquei em primeiro lugar, sabe, — ele disse para Haru.

— Entendo, — respondeu Haru em um tom que poderia parecer meio interessado e meio desinteressando, também. Mas pelo sorriso de Nagisa, aquela resposta era suficiente para ele.

Assim que Rin entrou no vestiário também, Nagisa não perdeu um segundo em ir até ele.

— E sobre a promessa, Matsuoka-kun?

Nagisa tinha os olhos brilhando de expectativa enquanto esperava a resposta de Rin.

— Eu prometi. Você está na equipe de revezamento medley.

Ao ouvir a confirmação de Rin, Nagisa se virou para Haru.

— Eu consegui! Eu estou no time com você, Nanase-kun!

— Sim, você está.

A resposta de Haru foi tão casual que poderia ter passado despercebida, mas não por Makoto e Rin.

— Haru, você quis dizer...? — Makoto perguntou surpreso.

— Nanase, isso é verdade? — perguntou Rin ao mesmo tempo.

Como as suas perguntas se sobrepuseram, Makoto precisava perguntar novamente e deixar isso claro.

— Você realmente vai nadar o revezamento medley?

— Bem, eu pretendo.

Diante da resposta de Haru, Rin não pôde esconder sua satisfação.

— Nós conseguimos, nós conseguimos, Tachibana!

Makoto e Rin comemoravam enquanto Haru agia como se isso não fosse grande coisa, ou ele apenas se sentia incomodado pelo alarde todo.

— Então, agora somos uma equipe! — disse Rin. — A partir de amanhã vamos começar a treinar duro para o revezamento!

Makoto e Nagisa assentiram com entusiasmo e Haru continuou secando os cabelos com uma toalha.

— Ah, sim. Vamos começar a nos chamar pelo primeiro nome a partir de agora. Vamos nos sentir mais como companheiros de equipe assim. Então, agora Nanase é Haru.

O movimento da mão de Haru parou por um momento, mas ele não disse nada.

— Tachibana é Makoto.

Makoto sorriu com suas sobrancelhas inclinadas.

— E quanto a mim? — perguntou Nagisa.

— Você continua sendo Nagisa, não tem problema algum nisso.

Nagisa pareceu pensativo por um instante.

— Hum, já sei! E você será Rinrin!

Rin enrijeceu no mesmo instante, seu queixo caiu sem saber o que responder. Makoto riu tanto que seu estômago doía. E Haru, apesar de continuar virado, seus ombros tremiam enquanto ria baixinho.

— E então, Mako-chan e Haru-chan! — Nagisa disse alegremente, apontando para os outros dois.

A risada de Makoto parou no mesmo instante, e a toalha de Haru caiu no chão.

— Eu mal posso esperar para começarmos a treinar como uma equipe amanhã!

Certamente Nagisa era uma pessoa que não deveria ser subestimada.

Se havia sido Nagisa ou o seu pedido ao crepúsculo que havia convencido Haru a participar do revezamento, isso não importava. Eles nadariam juntos, e viveriam essa experiência juntos. Era isso que importava.


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Notas finais do capítulo

Algumas coisas que aparecem nesse capítulo acontecem no capítulo 4 de High Speed. Finalmente temos a equipe do revezamento lendário! :3

Obrigada aos sobreviventes! ♥



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