Colégio Karasuno para Super Heróis escrita por Arisusagi


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

OLHA SÓ QUEM TÁ POSTANDO FANFIC NOS 45 DO SEGUNDO TEMPO???
Na verdade, essa aqui foi a que eu comecei a escrever primeiro pra esse desafio, mas aí acabei me empolgando com a de Pedal e de Tokyo Ghoul e demorei uma vida pra acabar essa, kkkk.
Enfim, eu sinto que essa fanfic ficou repetitiva e chata, mas isso pode ser só noia minha né.
Enfim, leiam e aproveitem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/765339/chapter/1

Takeda-sensei suspirou, ajeitando os óculos.

Fazer aquelas entrevistas era cansativo demais, mas não havia ninguém melhor do que ele para cumprir aquele papel.

A individualidade de Takeda era o Detector de Mentiras, e com ela o jovem professor podia identificar rapidamente qualquer mentira que uma pessoa dissesse. Nada mais prático para se usar em uma entrevista para selecionar os alunos que querem entrar para a escola.

O Colégio Karasuno estava bem longe de ser uma escola renomada como a UA, mas isso não queria dizer que eles aceitavam qualquer um. Para o curso regular, talvez fosse assim, mas para o curso especializado para heróis era bem diferente. O orçamento era curto, então eles precisavam saber em quem realmente valia a pena investir.

Até o momento, não houve ninguém muito marcante, e as mentiras que Takeda detectou se resumiam a “meus pais que escolheram essa escola” e “é mais perto de casa” escondidas atrás de discursos bonitos sobre o passado da escola e o dever de um herói.

A parte prática do teste estava um pouco mais emocionante. Nela, os alunos tinham que ficar em uma pequena arena e batalhar contra um veterano. Vencia quem conseguisse colar um adesivo em qualquer parte do corpo do adversário.

Até o momento, poucos candidatos conseguiram vencer. Takeda deixou claro para eles que a vitória não era o único critério de avaliação, e que a estratégia também contava, mesmo que não funcionasse.

“Próximo!” Takeda chamou.

A porta da quadra se abriu e uma menina loira entrou. Um pequeno burburinho correu por entre os veteranos, que estavam sentados do outro lado da quadra, de frente para a mesinha onde o professor estava.

“Com licença.” A garota foi até a mesa em que o professor estava, um pouco encabulada.

“Yachi Hitoka?” A menina assentiu balançando a cabeça. “Sou Takeda Ittetsu, coordenador do curso para heróis. Podemos começar a entrevista?”

“Sim.”

“Fale um pouco sobre você.”

“B-Bem, sou Yachi Hitoka, tenho quinze anos, fiz o ensino fundamental no colégio Ogawa, e minha individualidade é a Estrela.”

“Estrela?” Takeda ajeitou os óculos.

“Eu solto essas estrelinhas do meu corpo.” Ela ergueu a mão direita e soltou uma estrela dourada mais ou menos do tamanho de sua palma. “Consigo fazer de várias cores, tamanhos e texturas. Elas desaparecem depois de um tempo”

“Interessante.” Ele anotou isso na ficha, ao lado de onde estava escrita a individualidade. “Então, por que quer entrar para o nosso colégio?”

“Minha mãe estudou aqui. Eu quero seguir os passos dela.”

“Sua mãe é uma heroína?”

“Ela já foi, mas hoje trabalha como designer de fantasias.”

“Você quer ser designer como ela, certo?” Yachi concordou. “Então, por que o curso de heróis?”

“É que… Bem, acho que é importante conhecer bem a profissão de um herói para fazer uma fantasia que atenda a suas necessidades.”

Esse era um bom ponto que Takeda não havia considerado.

“Faz sentido.” Ele sorriu, anotando um “sem mentir” no canto superior da ficha dela. “Podemos começar o teste prático?”

“Claro!”

Takeda pegou a lista dos veteranos que se ofereceram para ajudar no test. A individualidade dela parecia servir tanto para ataque quanto para defesa, seria interessante colocá-la contra alguém que tivesse uma individualidade voltada para o ataque.

Depois de refletir por alguns segundos, ele chamou um nome.

“Shimizu Kiyoko.”

No canto da quadra, uma menina se levantou, arrancando cochichos dos garotos ao seu redor. Ela tinha cabelos negros na altura dos ombros, e usava óculos. Assim como todos os outros, ela vestia seu uniforme de educação física, que consistia em uma camiseta branca e calças pretas.

A garota caminhou até o meio do círculo demarcado no centro da quadra.

“Aqui estão os adesivos.” Ele entregou dois círculos vermelho para Yachi.

“Obrigada.” Ela dirigiu-se para a arena.

Yachi pareceu um tanto surpresa com a veterana. Ela a encarou boquiaberta, com os olhos brilhando, prestando mais atenção na pinta que a garota mais velha tinha no queixo do que na mão que lhe foi estendida.

“Yachi-san,” Shimizu a chamou, despertando-a de seu transe “sabe as regras, certo?”

“S-Sim! Sei sim!” Ela entregou um dos adesivos para a outra, um tanto envergonhada.

As duas garotas ficaram de frente uma para a outra, perto das bordas do círculo. Shimizu mantinha uma expressão calma, enquanto Yachi parecia estar um pouco desesperada.

O duelo começou assim que Takeda soprou um apito.

Shimizu ergueu uma mão no ar, e uma bolha de água se formou lentamente em frente a ela. Depois de juntar uma certa quantidade, ela lançou um jato em direção a Yachi, que se protegeu conjurando duas estrelas um pouco maiores do que sua cabeça.

Tomando cuidado para não escorregar, ela tentou se aproximar um pouco mais da garota mais velha. Yachi não tinha nenhuma estratégia em mente além de tentar se aproximar dela aos poucos para colar o adesivo.

Shimizu deu alguns passo para trás, atraindo toda a água do chão de volta para sua mão direita. Yachi pegou uma das estrelas que fez e a grudou em seu antebraço usando outras duas estrelinhas menores, como se fosse um escudo.

Ela se protegeu dos outros dois jatos de água que Shimizu lançou, e aproveitou a brecha para se aproximar um pouco mais dela. Escondendo a mão atrás do escudo, Yachi soltou uma estrelinha menor e dura, e a lançou na direção do joelho de sua adversária. A estrela a acertou em cheio e até fez um pequeno rasgo na calça, mas não a derrubou.

Ela aproveitou a brecha para se aproximar ainda mais da adversária, ficando perto o suficiente para tocá-la. Entretanto, quando estava se preparando para colar o adesivo, Yachi escorregou no chão molhado e caiu, derrubando Shimizu junto.

Envergonhada demais com a situação ridícula que causou, Yachi não sabia nem o que fazer. Ela tentou se desculpar várias e várias vezes, enquanto a outra apenas a encarava, perplexa.

“Yachi-san…” Shimizu tocou seu ombro.

Só foi só aí que ela viu o adesivo vermelho grudado na barriga da garota mais velha. Yachi ficou sem reação, enquanto os veteranos a aplaudiam entusiasmados.

Shimizu se levantou, e estendeu a mão para ela.

“Parabéns, Yachi-san.” Ela a puxou pela mão e a ajudou a ficar de pé.

“Mas eu… Foi só…” Yachi nem conseguia formar uma frase coerente. Ela nunca imaginou que venceria aquele duelo por puro acaso, só de escorregar e derrubar a adversária junto.

“Não importa, você fez um ótimo trabalho.” Ela sorriu, e Yachi sentiu seu rosto ficar dez vezes mais quente do que já estava.

“Yachi-san, bom trabalho!” Takeda disse. “Enviaremos o resultado do exame em breve.”

“S-Sim! Obrigada!” Yachi se curvou várias vezes antes de sair da quadra.

 

☆★☆

 

“Próximo!”

Um garoto alto e de cabelos pretos muito lisos entrou na quadra.

“Boa tarde.” Ele murmurou, indo até a mesa do professor.

“Kageyama Tobio?” O garoto assentiu, fazendo um leve burburinho correr entre os veteranos.

Takeda soube imediatamente o motivo para tal buxixo. Kageyama era uma figura relativamente conhecida na região por ter vencido o festival esportivo do colégio Kitagawa Daiichi nos anos anteriores. Sua fama, entretanto, não era lá muito boa. Apesar de ter se saído bem nas provas individuais, nas provas em grupo, seu desempenho era péssimo. Diziam que ele era egoísta, e que não sabia trabalhar em equipe.

Se era verdade ou não, o professor não sabia, mas seria interessante ter alguém tão popular ingressando na escola.

“Sou Takeda Ittetsu, coordenador do curso de heróis. Posso começar a entrevista?” Kageyama assentiu balançando a cabeça. “Certo, me fale um pouco sobre você, Kageyama-san.”

“Tenho 14 anos, venho do colégio Kitagawa Daiichi. Fiquei em primeiro lugar no festival esportivo do ano passado.”

“Certo, e sua individualidade?” Takeda pousou a ponta do lápis sobre a palavra Shadow escrita na ficha.

“Eu consigo paralisar qualquer pessoa cuja sombra toca na minha. O tempo e a força da paralisação depende do quão escura a sombra está e do quão descansado eu estou.”

“Interessante.” Takeda anotou tudo na ficha. “E por que quer entrar para nossa escola?”

Kageyama demorou um pouco para responder, parecendo estar um tanto surpreso.

“É… Uma ótima escola. Vários heróis já se formaram aqui, e…”

“Não fui aceito na Academia Shiratorizawa” foi o que Takeda enxergou por trás daquela frase.

“Muito bem.” Takeda fez algumas anotações no canto superior da ficha antes de pegar a lista com o nome dos veteranos. “Agora começaremos o teste prático.”

Seria interessante ver como ele utilizaria sua individualidade baseada em paralisação contra uma do tipo mutante

“Sugawara Koushi!”

Um rapaz de cabelos acinzentados se levantou, e os dois que estava ao seu lado tiveram que se inclinar um pouco para não serem atingidos por suas duas asas. As asas eram enormes, quase do tamanho do corpo dele, cobertas de penas prateadas. Ele as encolheu junto do corpo e murmurou “licença” várias vezes enquanto passava por entre as cadeiras, mas elas inevitavelmente esbarravam em todos.

Kageyama pegou os adesivos com Takeda e foi até o meio do círculo, onde o outro estava.

“Kageyama-kun, conhece as regras, não é?” Ele entregou um dos círculos para o veterano.

“Sim.”

Olhando para o adversário, Kageyama julgou ele alçaria vôo e tentaria atacá-lo por cima. Estando no alto, sua sombra não ficaria muito grande, e isso dificultaria o uso de sua individualidade. Ele precisava arrumar algum jeito de impedí-lo de voar.

Assim que Takeda assoprou o apito, Sugawara abriu suas asas. Entretanto, para a surpresa de Kageyama, o que ele fez foi batê-las com força, lançando uma rajada de vento que o jogou no chão. Sugawara avançou na direção dele com o adesivo em mãos, mas Kageyama conseguiu se levantar e escapar a tempo.

“Você achou que eu fosse voar, não é?” Sugawara disse dando um sorriso simpático. “Eu preciso ter bastante espaço para alçar vôo. Aqui dentro não dá.”

Enquanto o outro falava, Kageyama tentou fazer suas sombras se tocarem, entretanto, Sugawara percebeu seu plano e desviou. Ele abriu suas asas e lançou outra rajada de vento, mas Kageyama conseguiu escapar dessa vez.

Quando Sugawara abriu as asas mais uma vez, Kageyama rapidamente estendeu um braço, fazendo com que sua sombra tocasse a dele. O corpo de Sugawara paralisou instantaneamente, e ele soltou um grito de susto, seus braços, pernas e asas pesados como chumbo.

Kageyama se aproximou rapidamente, sem que suas sombras se separassem, e colou o adesivo no peito de seu rival.

Enquanto os veteranos que assistiam urravam impressionados, ele soltou Sugawara, que por pouco não caiu no chão.

“Parabéns, Kageyama-kun.” Sugawara suspirou, coçando a cabeça. “Essa sua individualidade me assustou um pouco.”

“Desculpa.” Ele murmurou.

“Não tem problema! Esse é o objetivo da prova.” O veterano abriu um sorriso.

“Bom trabalho, Kageyama-san.” Takeda disse. “Em breve, enviaremos os resultados do exame para você.”

Kageyama se curvou brevemente e saiu da quadra.

 

♢♦️♢

 

O aluno dessa vez era um rapaz alto e loiro, que foi até a mesa do professor sem dizer uma só palavra.

“Tsukishima Kei?” Takeda perguntou e ele assentiu, arrumando os óculos de armação retangular.

“Sou o coordenador do curso de heróis, Takeda Ittetsu. Podemos começar a entrevista?” Tsukishima assentiu mais uma vez. “Fale mais sobre você, Tsukishima-san.”

“Venho do Colégio Amemaru. Minha individualidade é Gravidade.” Ele disse em tom quase desinteressado.

“Me fale um pouco mais sobre ela.”

“Consigo controlar a força da gravidade de qualquer coisa que esteja no meu campo de vista.”

“Qualquer coisa?”

“Desde que não tenha uma massa muito grande.” Ele ajeitou os óculos mais uma vez. “Também depende do quanto estou concentrado.”

“Muito bem.” Takeda anotou tudo na ficha que tinha em mãos. “E por que você quer entrar para nossa escola?”

“Meu irmão estudou aqui.” A resposta de Kei foi curta e direta.

“Seu irmão…?” Takeda começou a trabalhar no Colégio Karasuno há cerca de dois anos, porém não conhecia nenhum outro aluno com o nome Tsukishima. “Você quer seguir os passos dele?”

Tsukishima ficou em silêncio por alguns instantes, parecendo estar levemente desconfortável.

“Não exatamente. Só quero ser um bom herói.”

Takeda ergueu as sobrancelhas, surpreso. Durante as entrevistas, vários alunos mencionaram parentes que haviam estudado no colégio, mas todos diziam que queriam seguir os passos deles. Caso se lembrasse mais tarde, ele pesquisaria quem era o irmão de Tsukishima Kei.

“Bem, podemos começar o teste prático?” Ele assentiu, e Takeda pegou a lista de veteranos. Por não entender muito bem como a individualidade dele funcionava, o professor optou por um aluno que sempre tomava a iniciativa nos ataques.“Nishinoya Yuu.”  

Um garoto baixinho e com os cabelos espetados se levantou e correu até o meio da quadra.

“Vai lá, Noya!” Um dos outros veteranos gritou para ele.

Tsukishima pegou os adesivos com o professor e também foi para o centro do círculo.

“Você sabe como funciona, não sabe?” Nishinoya pegou um dos adesivos. “O primeiro que colar o adesivo no outro vence.”

“Eu sei.” Ele respondeu em um tom desinteressado.

Assim que o apito soou, Nishinoya começou a esfregar as mãos no cabelo.

“Vamos ver se você aguenta o meu Rolling Thunder!” Ele pôs as mãos em frente ao corpo, com as palmas viradas uma para outra, e foi possível ver pequenos raios passando entre elas.

Nishinoya se preparou para correr na direção de Tsukishima, entretanto, assim que deu o primeiro passo, ele caiu de joelhos, curvando-se até encostar a bochecha no chão. Era como se a gravidade estivesse agindo com o triplo de força sobre seu corpo.

“O que tá acontecendo?!” Ele exclamou, tentando em vão se levantar.

Tsukishima se aproximou dele, encarando-o sem piscar uma vez sequer, e colou o adesivo em seu ombro.

Dessa vez, os gritos vindos da plateia de veteranos eram de indignação. Assim que Tsukishima virou as costas, Nishinoya se levantou.

“Ei, isso não foi justo!” Ele gritou indignado. “Takeda-sensei!”

“Foi justo sim, Nishinoya.” O professor respondeu. “Ele atacou assim que teve a chance.”

No fundo, Takeda também estava um pouco decepcionado com essa vitória tão brusca. Tsukishima nem sequer deu uma chance de seu adversário atacar.

Nishinoya soltou um grunhido de frustração e cobriu o rosto com as mãos, voltando logo para o lugar onde estava sentado antes.

“Você venceu dessa vez, mas na próxima não vai ser assim!” Ele gritou, apontando para Tsukishima, que sorriu desdenhoso.

“Bom trabalho, Tsukishima-san. Enviaremos os resultados do exame para você em breve.”

Tsukishima assentiu, balançando a cabeça, e se retirou.

 

☽☽

 

“Com licença.”

Um rapaz de cabelos escuros entrou na quadra e parou timidamente em frente à mesa do professor. Ele tinha o rosto coberto de sardas e olhava fixamente para o chão.

“Yamaguchi Tadashi?”

“Sim.” Ele olhou nos olhos do professor por um instante, mas desviou o olhar logo em seguida.

“Sou Takeda Ittetsu, coordenador do curso de heróis. Podemos começar a entrevista?”

“Claro.”

“Me fale um pouco sobre você.”

“Venho do Colégio Amemaru e minha individualidade se chama Criação Emocional.” Ele parou de falar por um instante, mas continuou antes que Takeda o pedisse para explicar melhor. “Consigo criar objetos baseados em minhas emoções.”

“Certo. E por que você quer entrar para a nossa escola?”

Yamaguchi ficou em silêncio por alguns instantes, parecendo estar um pouco tenso.

“Eu quero ser um bom herói, e para isso preciso aprender a dominar melhor minha individualidade.” Foi uma resposta sincera.

Takeda pegou a lista de alunos assim que terminou de fazer suas anotações. Ele já tinha um aluno em mente para batalhar contra Yamaguchi.

“Azumane Asahi.”

Um rapaz bem alto se levantou e foi até o meio do círculo demarcado no centro da quadra. Yamaguchi pegou os adesivos com o professor e também foi para a arena. Assim que prestou mais atenção na aparência de seu adversário, ele se sentiu imediatamente intimidado.

Azumane tinha os cabelos castanhos e compridos, na altura dos ombros, uma barba rala cobrindo seu queixo e uma expressão assustadora no rosto. Yamaguchi ficou receoso até de se aproximar dele para entregar o adesivo.

Mesmo depois de o apito soar, Yamaguchi não sentia a mínima vontade de se aproximar, mesmo que sua vaga na escola dependesse disso. Era como se aquele rapaz fosse fazer algo muito ruim para ele, e seus instintos o mandavam fugir para bem longe dali o mais rápido possível.

O veterano finalmente se moveu, caminhando em passos largos na direção de Yamaguchi, que sentiu um desespero ainda maior crescendo em seu peito. Suas pernas pareciam estar paralisadas, mas ele conseguiu se afastar de Azumane mesmo assim.

De onde estava vindo aquele medo todo? Não fazia sentido nenhum. O outro rapaz nem havia lhe dirigido uma palavra sequer, porque ele estava assim tão assustado?

Só aí Yamaguchi percebeu que aquela provavelmente era a individualidade de Azumane, o que fez com que o medo diminuísse um pouco. Aquela seria a oportunidade perfeita para mostrar sua própria individualidade ao professor.

Ele respirou fundo e se concentrou no medo que tomava conta de seu corpo, tentando dar alguma forma a ele. Era escuro e frio, ameaçador, mas ele não conseguia transformá-lo em algo tangível.

Azumane tentou se aproximar mais uma vez, e enquanto escapava, algo surgiu na mão de Yamaguchi. Era um pedaço de madeira cilíndrico e curto, menor que seu braço. Aquela era a materialização de todo o seu medo? Patético.

Mesmo assim, ele avançou em direção ao adversário, que se encolheu em vez de fugir. Yamaguchi rapidamente pegou o adesivo e colou em seu braço, finalizando assim o duelo.

“Bom trabalho.” O veterano disse timidamente enquanto coçava a nuca. “Eu… Foi minha individualidade que causou o medo. Desculpa te assustar assim.”

“Não tem problema, sério.” Yamaguchi sentiu-se até um pouco idiota por ter sentido tanto medo de uma pessoa tão tímida e gentil.

“Muito bem, Yamaguchi-san!” Takeda o parabenizou. “Enviaremos os resultados do teste em breve.”

“Obrigado.” Ele se curvou para o professor e para o veterano, antes de sair da quadra.

 

⚪⚫⚪

 

“Com licença!”

O aluno que entrou dessa vez parecia estar extremamente animado. Ele era baixinho e tinha os cabelos bagunçados em um tom de laranja forte.

“Hinata Shouyou.” Ele se apresentou antes que Takeda pudesse perguntar seu nome.

“Hinata-san, sou Takeda Ittetsu, coordenador do curso de heróis. Podemos começar a entrevista?”

“Sim, claro!”

“Fale um pouco sobre você.”

“Bem, eu vim do colégio Yukigaoka e tenho 15 anos. Minha individualidade é a Sunshine.” O professor estava prestes a pedir mais detalhes quanto ao poder quando os cabelos do garoto começaram a brilhar, ficando vívidos como fogo. “É isso que ela faz.”

Takeda sempre adotou a filosofia de que não existia nenhuma individualidade inútil, todas eram úteis em determinadas ocasiões. Entretanto, a desse garoto seria um pouco difícil de se utilizar em combate.

“Por que você quer entrar para a nossa escola?”

“Porque o Pequeno Gigante se formou aqui.” Os olhos de Hinata brilharam quando ele disse aquele nome.

O Pequeno Gigante foi um herói muito famoso na região, que desapareceu repentinamente, assim como surgiu. O curto período em que ele esteve na ativa foi o momento de glória do colégio Karasuno. Os números de alunos matriculados nunca foram tão altos. Mas agora, cerca de cinco anos após o Pequeno Gigante sumir da mídia, o colégio já não tinha mais todo aquele prestígio. Era até emocionante ver um aluno dizendo que queria entrar para a escola porque foi onde o Pequeno Gigante estudou.

Takeda pegou a lista de alunos e olhou para todos os nomes que ainda não estavam marcados. A individualidade de Hinata seria boa contra alguém que se prejudica com a luz, entretanto, não tinha nenhum aluno desse tipo na lista. O jeito era escolher qualquer outro que estivesse disposto a batalhar.

“Tanaka Ryuunosuke!”

Um dos veteranos se levantou muito animado. Ele tinha a cabeça raspada e estava de bermuda, ao contrário dos outros veteranos, que usavam calças.

“E aí, já sabe como funciona, né?” Tanaka disse em um tom enérgico, pegando o adesivo com Hinata.

“Sei sim!” Ele respondeu animado, reparando então que o veterano estava descalço.

Antes que Hinata pudesse comentar sobre esse fato, o apito soou, e o motivo para tal imediatamente apareceu.

As pernas de Tanaka se transformaram em patas de dragão, cobertas de escamas vermelhas iridescentes e com garras pretas afiadíssimas.

“Que maneiro!” Hinata gritou impressionado assim que as viu.

“Legal, né?” Ele avançou na direção de Hinata em uma velocidade impressionante, que desviou antes de ser atingido. “Mais maneiro ainda é quando eu transformo o corpo todo!”

“Você se transforma em um dragão?! Que legal!” Tanaka avançou mais uma vez na direção dele, mas Hinata desviou com um pulo absurdamente alto.

“Ei, você falou que sua individualidade só fazia seu cabelo brilhar!”

“Sim, e é só isso mesmo!” Ele deu outro pulo, ficando a quase meio metro do chão. “Eu aprendi a pular alto assim jogando vôlei!”

“Ora, então você também joga vôlei? Já gosto de você, moleque!” Tanaka pulou alto também, e correu na direção de Hinata mais uma vez.

De repente, os cabelos do garoto emitiram uma luz amarela muito forte, quase tão forte quanto o sol. Tanaka cobriu o rosto com uma das mãos, e tentou colar o adesivo no garoto com a outra. Entretanto, Hinata foi mais rápido e colou o adesivo em seu braço.

“Ei! Você é ligeiro, hein!” Tanaka exclamou assim que a luz do cabelo dele se dissipou. “Bom trabalho!”

Hinata soltou um grito de comemoração, seu cabelo ainda emanando uma luz fraca e dourada.

“Muito bem, Hinata-san!” Takeda ajeitou os óculos, surpreso com a rapidez e agilidade do garoto. “Em breve enviaremos o resultado dos exames!”

Hinata se curvou e agradeceu antes de sair da quadra.

 

☼☀☼

 

Takeda tirou os óculos e esfregou o rosto com as mãos. O relógio se aproximava das nove da noite, e ele era o único na sala dos professores. Depois de finalmente digitar a última nota na planilha, seu trabalho do dia estava finalmente acabado.

Esse ano, não havia muitos candidatos, então o número de reprovados não foi assim tão alto, e todos tiraram notas boas no geral. Parecia que as turmas desse ano seriam bem interessantes.

A impressora terminava de imprimir as cartas anunciando os resultados do exame. Takeda ainda teria que colocá-las em envelopes e levá-las ao correio, mas isso ele faria no dia seguinte. Por hoje, era só isso.

Ele apagou as luzes da sala e fechou as janelas, além de desligar o computador. Assim que a impressão terminou, ele desligou o aparelho e guardou todas as folhas em uma pasta.

Entre os nomes dos aprovados estavam: Yachi Hitoka, Kageyama Tobio, Tsukishima Kei, Yamaguchi Tadashi e Hinata Shouyou.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então, queria falar um pouco das individualidades que escolhi pra galera.
Pra alguns acabei indo pelo significado dos nomes mesmo, que nem os personagens de Boku no Hero Academia: Shi*mizu* (água), *Kage*yama (sombra), *Tsuki*shima (lua) (porque na lua a gravidade é diferente, e a gravidade dela influencia nas marés e etc), *Hi*nata (sol), *Ryuu*nosuke (dragão) (dragão na área).
O resto fui pegando elementos dos próprios personagens, como vocês devem ter percebido (o rolling thunder do noya, o Asahi que sem querer mete medo em todo mundo, etc.) A do Yamaguchi foi o que demorei mais pra elaborar, porque queria dar uma individualidade que pudesse ser motivo pra ele virar alvo de chacota dos coleguinhas na escola. Acabou que a Dih (CowardMontblanc) me deu essa ideia e eu achei bem legal, principalmente porque parece ser algo difícil de controlar. Aí ele era zoado por não saber usar os poderes.
Não sei se vocês têm esse costume de imaginar como seria a individualidade de personagens de outros animes, mas gosto bastante de ficar imaginando, kkk.
Enfim, muito obrigada pra quem leu até o fim o/



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Colégio Karasuno para Super Heróis" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.