Monocromático escrita por Mellanie


Capítulo 1
She Saved Me


Notas iniciais do capítulo

a
eu escrevi escutando uma música que vou colocar nas notas finais e que me lembra muito esse ship. Inclusive, parte da letra traduzida está em itálico na fanfic.
Não tenho certeza se gostei da fanfic, mas enfim.
Espero que gostem e boa leitura ♥



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Então eu tenho dormido com este silêncio em minha mente
E tudo que vejo me assusta

 

Ulquiorra observava em silêncio o céu noturno de Las Noches, enquanto uma nuvem parecia cobrir a enorme lua que possuía uma forma estranha. O deserto estava inquieto, as árvores secas balançavam com força na medida em que o vento lhes acertava. O homem de pele pálida e olhos cor de esmeralda fitava a situação sem demonstrar nada, embora estivesse intrigado do motivo de estar ventando em Las Noches. Olhou para trás, Orihime permanecia dormindo.


Aproximou-se da mulher silenciosamente, inspecionando seus traços. Inoue dormia tranquilamente, e Ulquiorra arqueou sua sobrancelha quando notou que a ruiva pareceu sorrir com sua aproximação. Pegou uma mecha dos longos cabelos alaranjados da mulher em sua frente e os inspecionou, curioso com o tom. Apertou-a. Macia. Ulquiorra podia sentir o aroma doce de morango que o cabelo de Orihime tinha a metros. Notou que ela moveu-se enquanto ele mexia em seu cabelo, e a mesma abriu seus olhos acinzentados no mesmo momento, sentando-se, quando entendeu o que estava acontecendo.


— Ulquiorra? - Riu, envergonhada, enquanto o homem permanecia parado segurando seu cabelo.  


— Mulher. - Saudou-a, que permanecia envergonhada com a situação. Continuou passando seus dedos sobre os cabelos dela, sem entender a estranheza da situação. — Seu rosto está da cor dos seus cabelos. - Disse, simples.


Orihime levou suas mãos para seu rosto, tentando esconder o vermelho de suas bochechas, enquanto Ulquiorra soltava suas madeixas e voltava para sua posição anterior, perto da janela. Ela levantou-se de sua cama e andou até o espada que notou sua aproximação mas não se virou para ela. Sentiu Ulquiorra lhe inspecionar com o canto de seus olhos e ficou ao seu lado, encarando a noite que era eterna. Seus olhos cinzas pareciam procurar por alguma coisa e Ulquiorra notou isso.


— Está procurando por alguém, mulher?


Orihime permaneceu em silêncio quando a imagem de seus amigos veio em sua mente, na esperança de que entrassem ali e a salvassem daquele lugar sem cor.


— Seus amigos não vão te salvar. - Ulquiorra comentou com sua voz monótona, como se tivesse lido seus pensamentos e Orihime lhe fitou, surpresa.


— Eu posso acreditar. - Respondeu o espada levemente irritada, e Ulquiorra virou-se para ela.


— Não enquanto você estiver aos meus cuidados. - O homem inspecionava todas as reações daquela mulher que agora o encarava de volta e se aproximava cada vez mais para perto dele.


Ele permaneceu parado enquanto Orihime ergueu suas delicadas mãos e lhe tocou o rosto, passando seu polegar sobre suas curiosas marcas verdes, que mais pareciam lágrimas. Ulquiorra piscou lentamente com o repentino toque, mas aceitou. Estava curioso com as ações daquela mulher.


— Você não tem medo? - Questionou enquanto Orihime passeava seus dedos em seu rosto, com cuidado.


— De você? Não. - Ela sorriu sincera, enquanto tomava uma curta distância do homem em sua frente.


— Por qual motivo você resolveu me tocar, mulher?


— Esperava que você achasse estranho, assim como quando estava tocando em meus cabelos.


Ulquiorra ouviu a explicação boba daquela mulher e voltou a fitar a enorme lua, sem ter algo a acrescentar.


— Gosto de conversar com você. - Ouviu a voz doce daquela mulher que estava parada ao seu lado, e pareceu levemente intrigado.


— Mas eu não falo, mulher. Normalmente seus assuntos são bestas demais para que eu perca tempo com eles. Você fala demais sobre o shinigami.


Orihime deu um pequeno riso enquanto pegava na mão do espada.


— Você tem ciúmes, Ulquiorra-kun?


— Eu não sei o que são ciúmes, mulher. E pare de colocar kun no meu nome. É Ulquiorra. - Permaneceu apático enquanto Orihime apertava sua mão.


— Suas mãos são geladas. - Analisou enquanto apertava a mão daquele homem que parecia ficar irritado a cada aperto.


— E as suas são quentes.


— Somos opostos, Ulquiorra-kun. - Inoue disse, ignorando o pedido do espada de não colocar kun em seu nome. — O que você sente quando eu te toco?


— Sentimentos não existem, mulher.


A verdade é que Ulquiorra queria muito acreditar naquilo. Afinal, ele era vazio por dentro. Ele não tinha um coração, que era o que aquela mulher tanto falava sobre. Ele realmente queria acreditar que sentimentos não existiam seguindo a sua ideologia niilista, porém, o toque daquela mulher lhe deixava intrigado. E ele não sabia explicar que sensação estranha era aquela.


Preferia ignorar e manter sua posição de que o que não era visto por seus olhos não existia.


Mas, desde que aquela mulher passou a ser sua refém e estar a seus cuidados, Ulquiorra começou a questionar se isso era verdade. Orihime Inoue lhe passava sensações que ele pensava não existir e odiava não poder colocar aquilo em palavras. Sentiu a ruiva aproximar-se dele, encostando sua cabeça em seu ombro.


Las Noches sempre foi seu lar, e desde que Orihime estava por ali, sua casa parecia ter sido invadida por crianças. Aquela mulher conseguiu trazer uma nova atmosfera, mas era algo que apenas ela tinha. Se ela não estava junto a ele em um cômodo, tudo parecia perder a cor e ser o tom monocromático original ao que sempre foi. Ulquiorra não sabia definir se gostava daquilo ou não, mas achava no mínimo intrigante. Já estava farto de acordar e encarar o mesmo deserto branco e a noite negra todos os dias de sua vida.


Então eu tenho dormido com este silêncio no meu cérebro
Acordando aqui todos os dias neste maldito lugar


Odiaria admitir, mas a verdade é que estava aprendendo muito sobre humanos com aquela mulher. Quase o suficiente para lhe deixar intrigado sobre a espécie humana. Algo dentro dele queria que Orihime ficasse confinada e em seus cuidados para sempre. Se ele fosse honesto consigo mesmo, encontraria isso em seus pensamentos. Sentiu a mulher mexer a cabeça levemente enquanto permanecia encostada em seu ombro.


— Você vai sentir minha falta quando Kurosaki-kun me salvar, Ulquiorra? - Orihime questionou-lhe curiosa, vendo como o espada lhe fitava e continuava imóvel em seu lugar.


— Já lhe disse, mulher. O shinigami não vai te salvar. E eu não entendo o motivo de você se preocupar tanto com ele. É mais do que visível que ele não compartilha do mesmo sentimento que você.


— Mas então você acredita em sentimentos, Ulquiorra-kun? Você acabou de provar que eles existem me perguntando isso.


— Não, mulher. Apenas falei em termos fáceis para que você me entenda e pare de questionar.


— Se você sentir minha falta você vai me procurar, Ulquiorra? Eu ficaria feliz de te receber na minha casa. Poderíamos provar uns doces. Eu sei fazer doces. Rukia diz que são bons.


— Eu não posso sair daqui mulher.


Eu nunca vou deixar lá
Eu nunca vou deixar


— Ah. - Ulquiorra sentiu Orihime suspirar desanimada, enquanto levantava sua cabeça e permanecia ao lado dele, fitando o nada.


Agora veja, você zomba do amor
Quando tudo o que queremos é ser o suficiente
Quando tudo o que queremos é sentir-se bastante


— Para ser sincera, - Orihime começou a falar e Ulquiorra lhe fitou com suas orbes esmeraldas. — você me intriga. Não sei o que é. Mas não temo você.


Ulquiorra não entendia exatamente o que Orihime queria dizer com aquelas palavras, mas sentiu uma enorme vontade de tocá-la. Queria tocá-la e questionar para aquela mulher o que diabos ela estava lhe fazendo pensar e sentir. Estava perdendo sua racionalidade para algo que não entendia e a detestava por isso.


Detestava? Era exatamente aquilo?


Algo em sua mente implorava para que aquela mulher lhe notasse. Algo dentro dele queria muito que Orihime olhasse para ele como olhava para o shinigami. Mas o que era aquilo? Como era chamado?


— Você ama o shinigami, mulher? - O espada lhe questionou, olhos esmeraldas fixados nos cinzas. Sentiu o olhar dela vacilar por alguns segundos, confusa.


Inoue permaneceu em silêncio. Se Ulquiorra tivesse lhe questionado aquilo no dia em que chegou em Las Noches, gritaria em seu ouvido que SIM. Amava Kurosaki-kun. Naquele momento, próxima dele, já não sabia mais.


— Não sei se meu coração pertence a ele, Ulquiorra-kun. Anteriormente, sim, creio que ele possuía meu coração. Sinto como se ele tivesse me devolvido agora.


Ulquiorra piscou lentamente, tentando entender o que aquela mulher tinha lhe falado.


Orihime virou-se sorrindo triste para ele: — Você não tem um coração, não entende, não é?


Ulquiorra assentiu com a cabeça, silenciosamente, enquanto Orihime colocava sua mão no peito do espada, próxima ao buraco que ele possuía em seu peito.


— Se você tivesse, de quem seria? Você o daria para alguém? - Inoue continuou a conversa, com seus olhos cinzas brilhantes.


Algo ecoou na mente do espada. Algo que pareceu lhe perturbar profundamente. Sua mente queria berrar que sim, que se aquilo que os humanos chamam de coração existisse nele, talvez já não estivesse mais em seu peito. Ele temia que já estivesse nas mãos de Orihime há muito tempo.


E ninguém sabe, mas ela, ela me salvou


Ulquiorra não lhe respondeu nada, apenas desvencilhou-se daquela mulher e andou para outro ponto do quarto. Orihime fitou-lhe silenciosamente, e então lhe sorriu delicadamente quando sentiu os olhos esmeraldas de Ulquiorra sobre si.


— Vou sentir sua falta. - A ruiva admitiu, simples e sincera, enquanto sentava-se em sua cama.


Ulquiorra movimentou-se ficando de costas para ela, enquanto parecia sentir uma pequena tristeza subir em sua garganta. Se é que aquilo que os humanos chamavam de tristeza existia.  — Eu também. - Comentou, permanecendo de costas e sentindo a surpresa de Orihime, que lhe fitava com seus olhos acinzentados e se aproximava dele com cuidado.


O espada virou-se para ela, tocando novamente em uma mecha ruiva da mesma e Orihime sorria: — Talvez eu possa ficar mais um pouco, Ulqui-kun.


E a partir daquela frase, Ulquiorra realmente desejava que Orihime Inoue ficasse e continuasse a tingir Las Noches com tons que ele nunca havia conhecido.


Tão bonitos quanto o tom de seus cabelos.


Eu vou ficar

 


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Notas finais do capítulo

Lydia, Hospital: https://www.youtube.com/watch?v=iwsBzKtS-fU
O que acharam? Ainda vou morrer por adorar esses dois, me ajudem.
É meu ship favorito desde que coloquei os olhos neles. (2012 uhu)
Obrigada pela leitura ~



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