Catarina de Lurton: Além do tempo. escrita por Anabella Salvatore


Capítulo 11
Epílogo.


Notas iniciais do capítulo

Lá vai as músicas:
Masquerade, versão Chilling Adventures Of Sabrina.
The Night We Met, do Lord Huron.



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A trajetória do tempo...

 

 

Camilla é secretaria de Saulo, faz uns 3 anos. Ela faz o trabalho dela muito bem, se relacionando muito bem com todos os acionistas da empresa e com os funcionários, e nunca deu muita bola ao seu chefe gato. Camilla vem de uma família rica da Itália, eles formaram fortuna com a vende e produção de vinho, família muito antiga. Camilla veio para o Brasil para fechar uma dessas vendas e decidiu ficar, para ser independente de toda aquela confusão que era na Itália.

Ela só não conseguia ser tão independente quanto seu irmão, Allan. Desde muito novo, o jovem não apresentava nenhuma característica que mostrasse que ele estava preparado para assumir os negócios da família. A vinda da irmã para o Brasil só foi uma desculpa para ele vir junto. E ele veio e, com o dinheiro que ambos tinham, abriu uma Studio de fotografia. Com o passar dos anos seu nome foi ganhando prestigio.

Saulo é um empresário dono da Hughes, empresa "dona de outras", como, por exemplo do ramo de alimentação e moda. Saulo é um homem rico que tem uma queda pela sua assistente, mas deixou de lado e ficou nos negócios. Sendo, até mesmo, grosso com ela, as vezes. Sua família é tão tradicional quanto ele aparenta ser... Ah, só aparenta. O homem já perturbou o sono de Catarina inúmeras vezes ao ficar bêbado em locais públicos.

Aretha é uma renomada modela brasileira. Sua fama só contribuiu para que a moça desejasse mais e o novo desejo dela é ser a garota propagando de uma das empresas de Saulo, a "Le Manson". Contudo, no dia de ser fotografada falta uma modelo; Ela teve uma vida "normal", até que foi percebida por um homem, dono de uma agencia, e conseguiu se desenvolver na carreira escolhida.

Então a sua corrida realidade e o que estava acontecendo, Camilla assumiu apreciar mais aquele momento. 

Normalmente, sua vida era: trabalho, casa, casa do irmão, trabalho. Uma rotina cansativa e um pouco irritante. Rotina essa que ela adorava. Talvez fosse pela sensação de liberdade, de escolha. Ou, pudesse ser pela agitação, que prometia nunca a entediar. 

Contudo, naquele momento ela saia da rotina e sentia o sol em seu rosto que, não chegava a ser quente, mas acolhedor. Aquela parte da Itália, na qual ela se encontrava, fazia parte das suas memorias de infância. Ela se lembrava dali, de correr por entre os jardins e se perder em labirintos. 

—Afinal, onde está a secretaria? -Questionou rudemente, um homem que ela assumiu não suportar. 

O ego de Rupert Gwinton e a sua incrível habilidade de humilhar as pessoas, faziam com que o homem fosse o tipo de ser humano que, na opinião dela, deveria ser sacrificado em prol da boa educação. 

—Senhor Gwinton, estou aqui. O senhor precisa de algo? -perguntou com toda sua educação. 

Ele se virou e olhou para ela com superioridade. 

—Ai está você, por favor, você deve ir buscar a papelada que o senhor Hughes deixou e levar a ele. Agora. 

Rezando para não atirar uma planta nela, ela assentiu e saiu dali, voltando ao hotel. 

Ela trabalhava para ele. O senhor Hughes. Ou, como estava escrito na sua certidão de nascimento, Saulo Edwards Hughes. O CEO da famosa empresa que carregava o seu próprio nome. A moça estava ali graças a ele e as suas habilidades nos negócios. A nova aquisição era uma empresa de roupas, o qual ele tinha encontrado e comprado quando a mesma faliu. 

Barato e agiu, de acordo com o mesmo. 

Quando ela bateu na porta da sala de reuniões do hotel e ouviu falar de um ensaio fotográfico, ela pressentiu que sobraria para ela. 

E sobrou. 

*

*

*

*

Camilla estava tão concentrada na analise de alguns documentos que não observou o rosto dos funcionários. Então, ao levantar a cabeça e dá de cara com o seu irmão, sua expressão de surpresa não pôde ser escondida. 

—O que você faz aqui?-Ele viu a câmera em suas mãos.- O que? Não deveria ser o Romeu? 

Allan riu. 

—Ele é um amigo! Pegou um forte resfriado com as recentes chuvas e não pôde vir. Estou apenas prestando um favor, maninha. 

Camilla negou com a cabeça enquanto ele ria.

—Você também não perderia essa... -Comentou sorrindo. 

Saulo, longe, observava a interação entre sua secretaria e o fotografo, intrigado. Afinal, ele se perguntava, o motivo de tanta interação. E, por outro motivo, ele não gostava daquilo. Quando o celular dela tocou e ela teve que se afastar, Saulo estranhou ao sentir alivio. 

Camilla voltou com as mãos na cabeça, zangada. 

—Não acredito nisso! -Exclamou contrariada. 

Allan ficou serio e encarou a irmã com preocupação. 

—O que houve? 

—Uma modelo! Ao que tudo indica seu voo sofreu atrasos e ela não chegará a tempo. -Ela olhou em volta, observou todas aquelas pessoas que tinham saído de casa e não fariam nada. Tudo em vão. -Droga. 

—O problema é esse? Uma modelo? 

—Uma modelo?! Claro que sim, seu trouxa. -Ele sorriu com a forma com que ela o chamou. -O que eu faço? 

—Minha irmã, pense. -Ela o olhou. -Precisamos de uma modelo, uma mulher bonita e isso é exatamente o que temos! Uma mulher bonita e sexy. 

Ela levantou as sobrancelhas. 

—Bonita e sexy? Onde está essa tal mulher? 

Allan a olhou. 

—Nesse momento ela me olha com a sobrancelha arqueada e faz uma expressão de incredulidade. 

Ela fez uma expressão engraçada, que o fez rir.

—Eu? Está louco? Eu não posso fazer isso... Eu... Eu nem ao menos tenho o perfil da campanha. 

—Você apenas precisa se arrumar e voltar a ser uma Bianco Mancini legitima... Apenas, me deixe fazer e, depois, você me diz o que acha.- Ela o olhava com descrença, então ele resolveu tentar convence-la com a ajuda do emocional da moça.- Todos saíram de casa para fazer isso, seria uma injustiça... 

Ela o olhou, ainda incrédula. Allan não esperou ela dizer nada chamou o maquiador, Pietro, que animado ligou para um grande amigo, que ligou para outro e para outro. Saulo deveria ter percebido que estava demorando, mas, concentrado, não percebeu as horas passarem. E elas passaram, uma hora depois, Aretha, uma das modelos,  foi chamada para tirar as fotos com a outra modelo. 

A modelo se assustou com quem encontrou lá. Imaginou que poderia ser algum parente da tal secretaria. 

—Olá, querida. -Cumprimentou falsamente. 

Camilla apenas sorriu. 

—Vamos, as duas. -Disse Allan. 

Ele começou a fazer o seu trabalho, quando a sessão acabou, Saulo partiu para seu apartamento e nem sequer viu Camilla (no espaço de tempo entre a mudança e as fotos), ou as fotos. Ele não ficou para ver a cara de Aretha ao observar as fotos da outra mulher, o olhar de inveja. Ele nem ao menos a viu pedir para "arrumarem" as suas fotos. E ela pediu. E Allan a ignorou com maestria. 

—Sinto muito, senhorita. Contudo, quem escolhe as fotos é a empresa. 

—A empresa? -Ela se aproximou da pobre moça, uma moça da equipe de fotografia. -Querida, você sabe quem eu sou? Ou, sequer compreende o que posso fazer com você? EU ESTOU MANDANDO E...

A moça olhava para a ruiva, assustada. E então Camilla resolveu agir.

—Desculpe, não fomos apresentada. -Disse com uma falsa simpatia, se pondo na frente da moça. 

Aretha encarou a outra modelo, sem saber quem era. 

—Faça-me rir, deve está estranhando o fato do meu cabelo está maior, mas... Sou  Aretha Sampaio, devo recorda-se do meu nome de alguma campanha que fiz,seu muito famosa. -Ela olhou para a morena na sua frente e, com uma falsa expressão de simpatia (que mais parece uma expressão de nojo contida), ela perguntou: -E você, querida?

Camilla abriu um sorriso e estendeu a mão. 

—Prazer, a empresa. 

Aretha fechou a cara. 

—Mas... Eu...

—Você... 

—Eu queria... 

Camilla riu e Allan completou a frase de Aretha. 

—Queria ir embora? Pode ir! As portas estão abertas e, creio eu, suas pernas funcionam muito bem. -Ele se aproximou dela, frente a frente, ela sentiu como se a qualquer momento ele fosse beija-la. -Não funcionam? 

Ela sentiu as mesma se amolecerem e uma vontade inumana de beija-lo. 

—Eu... -Picou algumas vezes. -Estou indo.

Camilla e Allan observaram a mulher sair dali. 

—Coitada, maninho. 

*

*

*

*

Mais um dia começava, funcionarias chegavam e saiam do prédio, rodos procurando fazer seu trabalho da melhor maneira possível, para agradar o chefe. Por falar em chefe, Saulo estava concentrado em firmar alguns contratos e não percebeu Camilla se aproximar com seu café. 

—Bom dia. -Disse colocando o copo na mesa dele. 

Ele se assustou e a olhou com os olhos arregalados. 

—Desculpe. -pediu ela. -Bom, sua agenda está "vazia". -Disse ela com o tablete em mãos. 

—Os preparativos para  a festa? 

—Todos correm muito bem. Alguns itens de decoração chegaram, luzes estão sendo colocadas e as flores chegaram amanhã no inicio da tarde. -Ele a olhou com atenção, estranhando o novo acessório na cabeça da moça, um chapéu, discreto. -Alguma pergunta, senhor? 

Ele negou e ela saiu. 

Naquela tarde, Camilla recebeu um telefonema de Saulo, ele pedia (ordenava) que ela fosse buscar uma tal moça, em um determinado local. Camilla sentiu de o mandar a todos os canto que representavam sinônimos de xingamentos. 

—Estou indo, senhor. -Disse por fim, desligando o telefone. -Como se ele me paga-se para ser sua motorista particular! -Exclamou em revolta antes de sair. 

O local não era tão afastado, ela teria que passar no apartamento dele, para pegar o tal ser humano e depois teria que leva-lo a um hotel. Quando chegou de frente ao prédio, tudo que não esperava era encontrar Aretha na porta do mesmo. Assim que viu o carro a modelo andou até ele. 

Idiota. -Sussurrou antes de parar o carro. 

E abriu um grande sorriso de satisfação ao ver Camilla. 

—Boa tarde, queridinha. 

Camilla assentiu.

Desceu para abrir a mala do carro para guardar as malas da modelete, que esperava muito bem sentada no banco. 

Ela logo voltou ao automóvel e percorreu boa parte do caminho em silencio, até o ser das trevas se pronunciar. 

—Bom, queridinha, acho que pode adivinhar que terá que me respeitar e que pagará caro pelo que fez no dia da sessão de fotos... Aprenderá que eu mando aqui. EU. Onde quer que seja. E nem você com esse ridículo chapéu que, provavelmente, esconde o horroroso corte de cabelo, pode mudar isso. -Aretha sorriu. -Conforme-se com o nada! Entendeu? –Perguntou como se fosse a dona da razão.

Camilla a olhou, com atenção, e assentiu. Não antes, de abrir um pequeno sorriso. Foi quando o sinal abriu. Conhecendo como conhecia aquela rua, ela olhou mais uma vez para a abusada modelo e afundou o pé no acelerador. Passando macha antes de macha, o carro ia ganhando velocidade.

—O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO? –Gritou à ruiva.

Camilla não disse nenhuma palavra, até que, lembrando que um sinal se aproximava, ela freou com tudo. Se ambas não estivessem com o cinto de segurança poderia ter acontecido uma tragédia, mas por sorte (não tanta), ambas estavam.

Contudo, tal fato não impediu Aretha de abaixar o tronco.

Ainda com as mãos nos joelhos, ela virou a cabeça e olhou Camilla como se a mesma fosse uma louca.

—Cuidado com as suas palavras. –Disse friamente, olhado o semáforo. –Esse é o meu reino e, sendo quem sou, você não possui nenhum privilégio ou lugar. É apenas uma pedinte em meio a tantos outros. –O sinal abriu e antes que Aretha pudesse pensar em refutar a fala da morena, o carro parou novamente, em frente ao Hotel em que ela estava hospedada. Camilla abriu um sorriso falso. –Até logo, Aretha , foi um prazer lhe dá carona.

Aretha respirou fundo, antes de levantar o tronco e sair do carro. Vendo-o, logo depois, cantar pneus.

Excuse (Com licença). –Um funcionário do hotel a chamou. –Are you well, madam? (A senhorita está bem?) 

Ela o olhou em confusão, entre tentar entender o que aconteceu no carro e o que o homem dizia.

Would you like a glass of water? You're white as paper, ma'am! (Gostaria de um copo de água? A senhorita está branca como papel). –Ele observou as mãos dela e viu que as mesmas estavam vermelhas, fato dado pela pressão das unhas na pele. - Or go to a hospital? (Ou ir a um hospital?)

E só então ela percebeu e entendeu. Camilla não era, de longe, quem Saulo pensava ser. E Aretha faria de tudo para que ele descobrisse isso da pior maneira.

Assim que saiu dali, de perto daquele ser, Camilla sabia que estava encrencada. Muito encrencada. Provavelmente seria demitida, ou, no pior caso, Saulo descobriria o seu segredo. 

—Você o que? -perguntou Allan entre risos. 

—Não ria, boco! Eu posso perder o meu emprego e não teremos dinheiro e... 

—Por favor, maninha, encare a realidade. O que é aquela empresa perto do nosso império? 

—Parece o papai falando dessa maneira. -Disse com seriedade. 

—Somos um deles, conforme-se. Sempre soube que algum dia deveria voltar e assumir aquilo tudo. Aquilo que lhe pertence! 

Ela levantou-se; 

—Nos pertence! 

Allan a olhou com carinho. 

—Lhe pertence. -Voltou a falar. -Sempre foi você... O meu mundo é esse. Fotos, sorrisos, flash. Não negócios. Esse é o seu mundo.

*

*

*

*

—Allan... -Camilla disse bem devagar, segurando o vestido com muito cuidado. -O que é isso? 

O homem riu. 

—É um vestido, querida irmãzinha. 

Ela o olhou com aquela cara de "Jura?". 

—Onde você conseguiu ele? É muito caro! 

Ele abriu um sorriso ainda maior. 

—Você sabe que não é...

Ela ficou seria. 

—Não, você não fez isso. Nos prometemos, Allan! 

—Está na hora dos velhos saberem que estávamos vivos. 

*

*

*

*

 

Masquerade. -Disse a si mesma olhando-se no espelho. 

—Está magnifica, irmã. -Disse Allan serio, pegando na mão da mesma. 

Masquerade! Paper faces on parade
Masquerade! Hide your face, so the world will never find you!
Masquerade! Every face a different shade
Masquerade! Look around, there's another mask behind you!

O local estava bem iluminado, dourado e preto eram as cores foco. O drama do teatro. O odor da opera, ali brilhava. Flores brancas espalhadas pelo grande salão. Mesas fartas e com belos arranjos se espalhavam pelo local. Flash e luzes na entrada se serviam para que a sensação do clássico aumentasse. 

—Você está preparada? -Perguntou Allan, malicioso. 

Bianco Mancini ?

Bianco Mancini ! Vamos lembrar a empresa do poder que carregamos. 

Ela sorriu, como a muito tempo não fazia, com malicia. 

—O que está esperando, baby? 

Assim que a porta do carro se abiu e Allan desceu, pronto para agir como o cavalheiro que fora ensina a ser, para abrir a porta para a irmã, Camilla conseguia ouvir os gritos dos fotógrafos, entusiasmados com a volta dos irmãos. Aquelas luzes, céus, como poderia odiar e gostar tanto de algo?

—É a volta dos irmãos Bianco Mancini!

—Allan, onde estavam? 

—POR QUE VOLTARAM?

—Onde está sua irmã? 

Allan os olhou com um sorriso nos olhos. E, calmamente, abriu a porta do carro. Assim que Camilla pôs o pé para fora do carro os flash aumentaram.

Flash of mauve, splash of puce
Fool and king, ghoul and goose
Green and black, queen and priest
Trace and rouge, face of beast, faces

Do alto das escadas, na entrada da festa, Saulo estava acompanhado de ocionistas e da modelo da campanha. 

—Onde está a outra? 

—O que? -Aretha o olhou sorrindo. 

Ele revirou os olhos. 

—A outra modelo! 

O sorriso dela se desfez e, antes que ela pudesse dizer algo, os flash aumentaram, chamando a atenção de todos que ali estavam. 

—Quem chegou? -Perguntou um dos senhores. 

—Deve ser alguém muito famoso. -Disse Aretha com os olhos brilhando. 

Saulo olhou com atenção a movimentação dos fotógrafos e, quando seguranças impediram que eles continuassem, um casal surgiu. Um homem e uma mulher, ambos vestidos de preto e com mascaras metalizadas. 

—Quem são? -Perguntou ele. 

Ninguém respondeu, até que eles se aproximaram mais e ficaram frente a frente. 

—Bem-vindos. -Disse um dos acionistas, Augusto. 

A mulher sorriu, atraindo a atenção de Saulo. 

—Creio que eu deveria lhe dizer isso, senhor. 

Alguns perceberam, pela voz, outros, como Saulo, não. 

—Devo dizer que a snehorita está deslumbrante. 

Ela sorriu. 

—Agradeço. Este é o meu irmão, Allan Bianco Mancini. 

—Senhor. -Disse apertando a mão de Augusto. 

—É um prazer conhece-lo, rapaz. Devo lhe dizer que tens muita sorte de ter uma joia dessa em sua vida, Camilla é, de fato, um ser humano admirável. 

Camilla... Camilla... Espere, Camilla era o nome da sua secretaria... E... Saulo se confundia em pensamento. 

—Obrigada. -Ela se virou para Saulo, ignorando completamente Aretha, que foi sendo esquecida em meio a luxuria. -Está tudo bem com o evento? 

—Eu... 

—Senhor? 

Ele piscou atordoado. 

—Sim. Tudo perfeito. 

Take your turn, take a ride on the merry-go-round
In an inhuman race

Ele passou toda a noite a observando, com assombro, a desejou. Ardentemente. Os irmãos bailaram toda a noite. Rindo e se divertindo. Quando Camilla se distanciava para resolver algo, Allan se arrumava com alguém. E Saulo observava. 

—O que faz sozinha? -Perguntou ele, num tom que ela julgou muito excitante. 

—Bebendo. Está apreciando a festa? 

Ele assentiu lentamente. 

—Está muito bonita. 

—Sim, de foto, o local foi bem... 

—Falo de você. 

Ela se calou e sua garganta se fechou. Seus olhos foram para os dele que, por sua vez, migraram para os lábios dela. Ele iria agarra-lá ali. Possui-la. E só depois de uma longa noite juntos ele iria perguntar quem ela realmente era e quem poderia ser. 

Masquerade! Burning glances turning heads
Masquerade! Stop and stare at the sea of smiles around you!
Masquerade! Grinning yellows, spinning reds
Masquerade! Take your fill, let the spectacle astound yo

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Sejam eles Cecilia e Allaniddas, os primos que se apaixonaram no sex XX e foram separados pela grande guerra, ou a enfermeira francesa Ameellis que serviu a sua pátria com amor e conheceu o inimigo Allaniddas, a quem jurou amor e cumpriu com ódio. Até mesmo, o gentil e covarde Saul, que conheceu Cecilia ao fugir da guerra. Juntos eles correram do ódio e fundaram uma bela fazendo produtora de vinhos e produtos orgânicos. Que garantiu sua sobrevivência, mas não garantiu o amor "completo" de Cecilia, que sempre pensou e se entristeceu com o fim do seu primo. 

Poderiam ser da mesma família, como ocorreu no século XIV, a grande e bela família Gianakos. Descendentes diretos de gregos, eles viveram em uma das ilhas que constituem a Grécia. Simon, Arthur, Amanda e Charlotte cresceram juntos e desenvolveram sentimentos muito bonitos. Primos de segundo grau, tinham a tradição de casar-se entre si, para garantir a "pureza". Diferente de outros familiares, não ouve dificuldade na realização das cerimonias. Em um belo dia de sol, no alto de uma bela montanha, Amanda e Simon juravam amor eterno. Alguns meses depois foi a vez de Charlotte e Arthur se declararem. E eles viveram, se amando, mesmo que não estivessem com o parceiro comum de outras vidas, ele eram parceiros entre si e isso os unia.

Não eram mais unidos que os estudantes Stefan, Alexandre, Ana Luiza e Clarissa. Eles se conheceram nos campus da faculdade, o grande amor pela vida uniu Alexandre e Malú, nem mesmo a falta de tempo advinda da profissão fez com que falta-se amor. Eles se amaram além. Nas noites de sábado, se reunião com outros amigos e se perguntavam como tudo começou. 

—Mas, não há logica! -Exclamava Malú. -Em que linha imaginaria medicina se entra com engenharia mecânica e arquitetura? 

Claire iria rir e deixaria seu amigo, Stefan, comentar:

—Em que mundo brasileiros se encontrariam com um português e uma colombiana e formariam essa bela amizade? -Ele olhou para Malú e Alex. -E um belo casamento! 

Alex levantaria sua taça, sendo logo imitado pelos demais. 

—Isso, meus grandes amigos, é a linha do destino! Certa vez uma cigana me disse que estaríamos juntos pela eternidade. 

—Sendo assim, um brinde. -Claire tomou a palavra. Um brinde a eternidade. 

E brincariam e beberiam, beberiam semelhantemente ao que Camilla, Allan, Saulo e Aretha beberam naquela noite. Cada um com seus motivos. Alegria medo, ódio. Saulo não poderia sequer imaginar que amaria algo de forma superior ao seus negócios, mas ele amou. Ele chorou por ela e riu. E as mais duras lagrimas caíram quando ela se foi, em uma tarde de sol, admirando o belo jardim da casa deles. Dor semelhante sentiu Allan, ao enterrar a irmão. Seu pequeno flor. Como uma doença poderia ser tão cruel? Perguntas que não tinham respostas. Diferente de Camilla, Aretha viveu muitos anos, teve filhos, os abandonou pela fama, se arrependeu, sofreu. Poderia ter sido melhor, mas a fama e o dinheiro pareciam mais importantes que todo o resto. 

—Eu estou com medo. -Sussurrou para si mesma. 

Ela respirou fundo e olhou para a imensidão verde. 

—Seja forte, Camilla. -Disse. 

O que a senhora Hughes não ouvia, além dos sons da natureza e da própria voz, eram as outras vozes. 

Seja forte.—Dizia a grande líder e rainha, Catarina. 

Calma, logo passara. -A doce e saudosa, Cecilia. 

Respire fundo.—Pedia a iluminada Charlotte. 

É só mais uma pagina. -Disse Clarissa, a inteligente Claire. 

E era, escrita nas linhas da existência, com o lápis da vida e a força de um amor que supera contatos físicos e palavras. Pois... Nos, todos nos, juntos, podemos ser melhores de inúmeras maneiras e há incontáveis formas de mudarmos e evoluímos. Para que, em algum momento, dessa ou da próxima vida, sejamos verdadeiramente felizes. Assim, em fim, encontraremos a luz da criação.

 

 

ºNota da Autora: Eis o fim. Foi um prazer! 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Roupa do baile:

 


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Notas finais do capítulo

Até a próxima!



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