Survivor escrita por Dandara Santos


Capítulo 29
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

"Finais são difíceis, qualquer idiota com um teclado pode escrever um começo, mas finais são impossíveis. Você tenta unir todas as pontas soltas, mas nunca consegue, os fãs sempre vão reclamar, e sempre haverá buracos. E como é o final deveria significar alguma coisa, pelo menos é o que eu acho. Eu estou dizendo finais são sempre um saco. Sem duvida, finais são difíceis! Mas afinal, nada acaba realmente não é? "

— Chuck Shurley (Supernatural)



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Otávio estava esperando a horas em um local imundo, os cães na cela ao lado não pararam de rosnar para ele, o que o estava deixando extremamente estressado. Afinal, porque ele não estava em cela comum? Sentia o sangue nas suas costas seco, fazendo o que sobrou de suas roupas ficarem grudadas em sua pele. Não encontrou uma posição para descansar, então decidiu ficar em pé. Fez um torniquete na perna que sofreu o corte, contendo assim o sangramento, mas as pontas de seus dedos já estavam ficando roxos, pela falta de circulação de sangue. Não entendia porque ainda estava sendo mantido ali. O sol a muito tempo que tinha raiado.

Foi quando enfim ouviu passos vindo em sua direção, ergueu o olhar e viu Afonso parado em frente a sua cela, com aquele sorriso assustador em seus lábios. E pela primeira vez temeu por sua vida e o do que ele seria capaz de fazer.

"Resolveu acabar de vez com isso?" Ele perguntou, fingindo uma coragem que não tinha. Mas o rei a sua frente nada disse por um tempo. Ele tinha tomado banho, estava com suas vestes reais e a coroa de Montemor em sua cabeça.

"Lastrilha foi invadida durante a madrugada, qualquer parente que você pudesse ter estão mortos. Gostaria que soubesse antes de morrer que eu sou o novo rei de seu reino." Falou com sarcasmo.

"Enquanto eu estiver vivo, você nunca será o rei de minhas terras." Falou irado, tentando se aproximar das grades da cela. Sentiu o corpo inteiro arder em chamas, mas não deixou que isso o fizesse parar.

'Mas tenho certeza que isso não será um problema, querida pode fazer as honras?" Afonso falou, estendendo a mão para a entrada do local. Otávio ouviu os passos se aproximando, e logo em seguida Catarina apareceu. Mais linda do que nunca, usando sua coroa de Artena, ficando ao lado do marido.

"Ora, ora. E não é que você realmente conseguiu escapar com vida." Otávio resmungou. Catarina olhou para o homem a sua frente e a única coisa que conseguiu sentir foi pena. Mas sabia que ele merecia pagar por tudo o que fez, ela quase perdeu seus filhos por causa daquele crápula, fora toda a dor física e psicológica que ele lhe causou.

"Podem soltá-los." Ela ordenou para Delano, que estava próximo a rainha. Ele puxou a grade que separa Otávio dos cães, fazendo com que todos rosnassem e começassem a andar em direção ao homem ensanguentado.

"Cães de caça. Eles são treinados para caçar animais, não seres humanos." O homem falou com desdém. Catarina olhou para ele, e um sorriso quase escapou de seus lábios. Ele ainda a subestimava.

"Eles são treinados para me obedecer, eles só atacaram se eu ordenar. E bem, eles estão famintos. Mandei que parassem de alimentá-los. Tenho certeza que você não será uma presa difícil para eles." Catarina falou aproximando devagar da cela.

Otávio observou quando os cães começaram a rodeá-lo, do mesmo jeito que um leão cercava sua presa, e no momento ele era a refeição. Entretanto nenhum deles avançou. "Eu pensei que sentiria raiva de você, mas tudo o que sinto é pena e nojo. Um ser humano desprezível como você não merece viver." Falou por fim.

"Você não teria coragem." Otávio falou em fio de voz, olhando os cães que cada vez mais se aproximavam.

"Adeus Otávio." Ela falou por fim, e se afastou. Quando estava fora de vista, assoviou de forma alta, e isso era o que os cães estavam esperando. Sem esperar mais nenhum segundo todos eles avançaram e atacaram Otávio, cada um ávido por pegar o maior pedaço e matar a sua fome. Catarina ouviu os gritos de desespero que rapidamente foram silenciados, seu corpo se encolheu pelo som. Não queria ver aquela cena e muito menos ouvir seus gritos, mas sabia que aquilo era o certo, estava vingando cada homem inocente que morreu nessa batalha, estava vingando seus filhos que quase morreram por causa daquele homem, estava vingando todos os dias de terror que passou nas mãos dele.

Afonso ficou observando com satisfação os cães devorarem o que um dia foi o rei de Lastrilha. Quando percebeu que não tinha mais nada para ver, foi ao encontro de Catarina, ela estava do lado de fora, mas seu corpo tremia levemente.

"Está tudo bem meu amor, acabou. Eu estou aqui." Falou em seu ouvido, a abraçando forte por trás. "Você está segura agora, não deixarei que mais nada de ruim aconteça com você ou com nossos filhos."

XXX

Os reis que se renderam, firmaram um acordo com o rei Afonso. Todos juraram lealdade a coroa de Artena e Montemor, e sempre que fossem convocados seus soldados deviam estar à disposição de seu novo imperador. E para evitar qualquer tipo de traição, foi enviado para seus castelos homens de confiança dos novos imperadores da Cália, para servirem como conselheiros. Assim qualquer atividade suspeita seria relatada imediatamente.

Fora isso, cada um deles poderiam reinar em seus reinos da maneira que desejassem, seus filhos e netos iriam assumir seus tronos. Mas todos dobrariam suas cabeças para os imperadores e sua linhagem. O acordo foi firmado, e assinado por todos os reis. Unificando assim toda a Cália.

Rodolfo enfim voltou para seu reino, Alcaluz. Prometendo em breve voltar para visitar seu irmão e seus sobrinhos que estavam a caminho, mas dessa vez Lucrécia viria junto.

Catarina enfim estava em seu quarto, no castelo de Montemor, seus olhos estavam distantes, sabia que naquele momento estava acontecendo o enforcamento de Amália, e preferiu ficar no castelo, já tinha visto o horror de perto nas últimas semanas e não achava aquilo saudável para a sua gestação.  Fechou os olhos e aproveitou a suave brisa que entrava pela janela relembrando tudo o que aconteceu do seu casamento com Afonso até agora e sorriu para sua nova vida, agora sim poderia dizer que estava completa e realizada. Não era mais aquela garotinha assustada que estava se casando com o poderoso rei Afonso. Ela não se escondia mais a sombra dele, agora ficava ao seu lado. Reinando junto e mesmo sem ter seus pais fisicamente ao seu lado, ela sabia que os tinha em seu coração.

A porta foi aberta e por ela entrou seu marido, ela sabia que era ele apenas por seus passos firmes e seu cheiro amadeirado. Catarina continuou parada na janela, de olhos fechados, quando sentiu seus braços circularem sua cintura. 

"Acabou, enfim tudo acabou minha pequena feiticeira." Afonso falou suavemente, e percebeu quando lágrimas desceram de seu rosto. Ele virou delicadamente seu corpo. Beijando cada lágrima que tinha escorrido. "Eu estou aqui. Sempre estarei."

Afonso apesar de amar com todas as suas forças Catarina, não deixou que isso o tornasse fraco, pelo contrário. Amar Catarina apenas o deixava mais forte, mais completo, mais poderoso. E Catarina o amava do jeito que ele era, o todo poderoso imperador da Cália, Afonso de Monferrato. Seu Afonso.  


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Notas finais do capítulo

Chuck Shurley sempre fez muito sentido para mim (passagem que citei no começo), montar a estória, criar todo o drama é fácil, mas finalizar uma estória sempre é um desafio grande para mim, quase maior do que pensar em todos os detalhes do inicio, fiz e refiz varias vezes esse epílogo, como conciliar as minhas ideias com as expectativas de vocês. E não foi fácil, no entanto consegui ficar satisfeita com ele, não achava justo finalizar a fic de outra maneira. Espero de coração que tenham gostado tanto quanto eu.

Foi uma longa jornada até aqui, fiz diversas amizades (considero vocês minhas amigas) cada uma com sua particularidade, e como me despedir agora? rsrs Acho que por isso fiz tantos bônus, então vamos fingir que a estória não acabou e eu vou me despedir apenas no último bônus ok?

Próximo temos o casal que ninguém esperava. Brice e Virgílio...

Spoiler:

"Você já deveria ter falado como ela." Afonso resmungou, enquanto analisava alguns papeis sobre as finanças dos seus reinos. "Você não consegue se concentrar em nada desde que ela veio morar no castelo. E eu preciso do meu conselheiro de volta Virgílio, então faça um favor a nós dois. Vá falar com Brice." Ele falou enfim largando os papeis e bebendo um pouco do seu vinho.

"Ela não é mais uma simples plebeia majestade, desde que a guerra acabou e vocês deram a ela o título de marquesa."


"Que foi por merecimento, nós dois sabemos o quão importante ela foi naquela época. Nada mais justo lhe oferecer o título e as terras." Afonso o cortou. "E você é um duque. Não é como se fosse inferior a ela."

XXX

Nos vemos em breve.

XOXO



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