Tell Me You Love Me escrita por WeekendWarrior


Capítulo 11
Real and True


Notas iniciais do capítulo

Final ♥



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Demi

Voltar para Logan foi fácil, era como simplesmente voltar para casa após um longo tempo distante. Foram duas intermináveis semanas longe de meu amado e revê-lo foi mais que acalentador, pois tive a completa certeza de que ali era meu lugar, ao seu lado, em seus braços, em sua vida.

Logo que o vi corri em sua direção e o abracei forte como numa tentativa de fundir-me a ele, nunca mais sair de perto, nem em pensamento. Fui agraciada com seu forte aperto, seu cheiro me contornando, seu calor, seu tão conhecido amor. Eu simplesmente não podia pedir mais nada que isso, tinha o mundo inteiro ao meu alcance.

Sorri e o beijei matando a saudade, necessitava tocá-lo mais que tudo, precisava senti-lo. E como em todas as vezes que nos beijávamos; era perfeito. Sua mão que sempre ia para minha nuca numa carícia que me arrepiava até os últimos fios de cabelo e deixava todo meu corpo em chamas. Como enrolava sua língua na minha com maestria e sempre com leves mordidas terminava nossos beijos.

Sempre fui e sempre serei derretida por esse homem. Ele me leva a loucura e não pretendo sair de seu lado nunca.

— Você voltou.

Falou rindo lindamente, suas mãos segurando meu rosto.

— Eu disse que voltaria, era meu Destino.

Logan sorriu e beijou o topo de minha cabeça, abraçou-me de lado e guiou-me para a casa qual agora era nossa. A casa do lago qual tanto sonhei, a vida que sonhei ter com ele, tudo agora aconteceria, finalmente.

Era nosso recomeço.

No começo foi difícil simplesmente deixar tudo pra trás mas valeria a pena, pois recomeçaria minha vida com Logan ao meu lado e com ele tudo parecia fluir naturalmente e em breve abriria meu escritório de Paisagismo e Arquitetura. Tudo correria bem, tudo seguiria seu rumo, sem afobação ou pressa, o que mais queríamos era sentir um ao outro.

Logo todos souberam de nosso retorno; tanto amigos, familiares quanto a mídia. Mamãe não esboçou muita coisa primeiramente, meu pai sorriu dizendo estar feliz se eu estava feliz e minha irmã abraçou-me contente já revelando que sempre soube que eu e Logan um dia voltaríamos.

— Tem certeza disso, minha filha?

Estava sozinha na cozinha na antiga casa qual passei minha infância e adolescência em Newark, era aniversário de meu pai; eu e Logan estávamos juntos há dois meses.

— Certeza do que, mamãe?

Virei-me deixando o pano de louça sobre a pia.

— Sua nova vida com esse homem. Você mudou tudo tão drasticamente… Está certa disso?

Inspirei e expirei o ar calmamente.

— Estou mais certa que nunca. Meu lugar sempre foi ao lado de Logan, nunca deveria tê-lo deixado.

— Se tivesse ficado com ele não seria o que é agora.

— Vivi uma vida amargurada, mamãe. O que adianta ser rica e amargurada? Infeliz?! Nem tudo é sobre dinheiro, sabia?

Ela meneou a cabeça.

— Me preocupo com você.

— Não se preocupe, ficarei bem, estou ótima. Casarei com ele, serei feliz com ele. Por que não fica feliz por mim?

— Estou feliz, acredite… Só temo por você… que se machuque… – a mulher aproximou-se em passos lentos – Sei que Logan é um bom homem, eu sempre soube. Via o jeito que a olhava e cuidava de você, mas o mundo que ele escolheu pode ser cruel e invasivo.

Sorri de canto e segurei a mão de minha querida mãe.

— Sei disso, mas aceitei o pacote completo; com as coisas boas e ruins. Vou ficar bem, mãe, acredite; estou mais feliz que nunca, estou fazendo o certo e não me arrependerei. Será que pode entender isso e me apoiar?

Dona Patt sorriu e me abraçou.

— Estou tão orgulhosa de você, minha filha. Desculpe não demonstrar, às vezes me esqueço que já uma mulher crescida.

Afastei-me sorrindo.

— Não se preocupe, mamãe, está tudo bem. Obrigada por tudo que fez por mim, sou muito grata.

Depois de mais algumas palavras sinceras trocadas ela saiu do aposento e admito que sentia-me muito mais leve. Não que minha mãe fosse uma pessoa insensível, ela apenas queria cuidar-me ao extremo e essa fase já havia passado.

Escutei passos lentos e levantei o rosto avistando Logan parado na batente da porta que dava acesso à cozinha.

— Tudo bem? – indagou se aproximando – Senti sua falta, sumiu por tempo demais.

Sorri e relaxei quando abraçou beijando-me suavemente.

— Tudo bem sim, apenas vim dar uma ajudinha na limpeza, se não depois sobra tudo pra Dona Patt.

— Nossa, que prestativa. Acho que ganhei na loteria.

Ri e o empurrei de leve.

— Conversei com minha mãe, está tudo certo agora.

— Pensei que ela me odiasse.

Meneei a cabeça com veemência.

— Claro que não! Por que ela odiaria você? Não faz sentido. Ela só é muito protetora, mas já entendeu que agora é pra valer.

— É pra valer? – indagou num tom cômico.

— Sim, só falta oficializar.

Ele sorriu e me beijou.

— Impressão minha ou senti um tom de cobrança?

— Não sei… É? Sabe, eu até que gostaria de um anel na minha mão esquerda.

Falei como se não quisesse nada enquanto encarava meus dedos.

— Só se você prometer que nunca mais vai me deixar sozinho com sua família tendo de autografar até não poder mais para seus primos e tios.

Gargalhei não me contendo, segurei na gola de sua camisa tomando ar.

— Meu Deus, não acredito! Eu disse para eles não fazerem isso. Provavelmente vão vender os copos e pratos em que você comeu.

Ele riu e me abraçou mais forte.

— Te amo demais.

— E eu amo você!

Logan abaixou a cabeça e sussurrou em meu ouvido.

— Que tal subirmos pro seu quarto e relembrarmos os velhos tempos?

Naquele momento meu corpo esquentou e imagens do passado pipocaram minha mente, sorrindo mordi meu lábio inferior. Olhei ao redor e peguei em sua mão levando-o escada acima.

— Um dia você vai me levar a loucura.

Falei enquanto o trazia para dentro de meu antigo quarto e trancava a porta em seguir.

— Acredite, essa é minha intenção.

E Logan não precisava de nenhum esforço para me levar ao ápice, a loucura. Todo santo dia eu me surpreendia com algo, com o quão perfeito era estar com ele e o simples pensar de que poderíamos estar separados agora era assustador, não era certo.

— Nada nesse mundo vai te tirar de mim.

Disse me trazendo para seus braços na cama, o que apenas fiz foi aconchegar meu corpo nu ao seu e fechar meu olhos cansados enquanto o aroma dele me rodeava, imagens de um belo futuro me abatendo, simplesmente em paz.

A última coisa que ouvi antes de adormecer nos braços de meu amado foi sua linda voz cantarolar minha música preferida, qual ele confidenciou ter feito para mim.

Nada vai te machucar, querida

Enquanto você estiver comigo, tudo vai ficar bem

Nada vai te machucar, querida

Nada vai tirar você do meu lado.”

 

Logan

Estava suando frio, passei minhas mãos na calça enxugando o mínimo suor, suspirei e coloquei dois dedos dentro da gola do smoking numa tentativa de afrouxar o tecido, mas parecia algo impossível.

Olhei para os lados reconhecendo as faces que por mim passavam; amigos, conhecidos, parentes, alguns desconhecidos, porém todos sorriam para minha pessoa, cumprimentavam-me com apresso, sorriso enorme no rosto. “Parabéns!” Diziam ao passar. “Você está maravilhoso.” “Ótimo smoking.” “Onde está a noiva?”

Mais uma vez afrouxei a gola e apoiei uma mão na parede. De onde havia saído tanto nervosismo? Minhas pernas estavam moles e meu coração batendo descompassado, não sabia se aguentaria até o final.

Senti um aperto em meu ombro e logo a voz de meu irmão mais velho fez-se ouvida.

— Nunca pensei que iria vê-lo assim, todo nervoso num smoking. Com medo que ela não venha?

Indagou em seu habitual tom retórico, Kevin nunca mudaria e eu amava meu irmão por isso, mesmo que ele tivesse sido um tanto ausente em minha vida.

— Nem fale isso – proferi rindo nervoso – Não sei o motivo de estar tão nervoso… Parece que tenho um milhão de borboletas no estômago, meu coração não vai aguentar e a cerimônia nem começou.

— Não se preocupe, não há casos de infartos em nossa família – falou rindo – E outra, se Demi for uma mulher bem esperta tenho certeza que ela cairá fora antes de cometer essa burrada.

O dei um soco leve no braço rindo, Kevin segurava a risada enquanto esquivava de outro golpe.

— Cale essa boca, Kevin. Não me ponha mais pilha!

— Tudo bem, desculpe irmãozinho – levantou as mãos em rendimento – Brincadeiras a parte; te desejo toda felicidade do mundo, que tudo que sonhou se torne realidade.

Sorri feliz e abracei meu irmão como há muito não fazia.

— Obrigado, Kev.

— Querido, apronte-se! Meu Deus, o que aconteceu com sua gravata? Está toda torta.

Exclamava mamãe aproximando-se e arrumando minha gravata borboleta no lugar, mais uma vez fazendo-a sufocar-me.

— Tudo certo? Mas já?! – indaguei apreensivo.

— Sim, já estamos alguns minutos atrasados. Tudo bem com você?

Engoli em seco e assenti nervoso.

— Se você me disser que ela já está lá fora aí sim tudo estará bem comigo.

Dona Taylor sorriu e acariciou meu rosto.

— Acalme-se querido, ela já está aqui e logo estará ao seu lado naquele altar.

E todo nervosismo dissipou-se quando a vi naquele vestido branco muito bem adornado em seu corpo. Meu coração encheu-se de uma alegria inexplicável, era como um sonho realizado, mais um degrau em nossas vindas juntos.

Minha vontade era de correr até ela, rodopiá-la no ar e sair correndo o mais rápido possível dali, um lugar longe, apenas nós dois, amá-la até o dia amanhecer e contemplar a felicidade que emanava daquelas órbes verdes esmeralda.

Nosso período como noivos durou pouco, menos de cinco meses, pois não tínhamos tempo a perder; tempo já havíamos perdido demais.

— Está radiante – sussurrei não conseguindo tirar meus olhos dela.

Demi sorriu mais que lindamente.

— Te amo – sussurrou de volta.

E minutos depois saímos casados dali, alianças nos anelares, compromisso para a vida toda.

— Agora é pra valer – falou ela rindo – Vai ter de me aturar pra sempre.

— É o que eu mais quero.

Sorri e a beijei, comemorando um dos dias mais felizes de minha vida, nosso casamento.

 

18 de Agosto de 2013

Demi andava estranha por demais nos últimos dias, mas estranha num modo diferente se assim posso dizer. Suspirando pelos cantos, sorrindo sozinha, soltando frases de duplo sentido no ar, um tanto afobada.

Eu simplesmente não entendia nada na maioria das vezes. Só sabia que ela escondia algo, talvez estivesse tramando alguma coisa, como no ano passado quando teve a brilhante ideia de dar-me uma festa de aniversário surpresa, pois eu nunca havia tido uma.

Como assim você nunca teve festa surpresa? Todo mundo tem o direito de ter uma festa surpresa na vida.” Lembro que disse um tanto estupefata com a notícia, mas não esperava que montaria uma completa festança em meu nome.

Porém meu aniversário estava um tanto distante, então o que poderia ser? Será que chegaria mais uma vez em casa com um filhotinho de gato abandonado e machucado? Já contabilizavam-se três vezes! Sim, tínhamos três gatos em casa.

Ou seria mais uma reforma mirabolante? Demi comentou algo sobre reformar a marina… Ela sempre vinha com umas ideias malucas, muito bonitas e muito, muito caras. “Olhe esse desenho que projetei, essa planta aqui, não ficaria lindo em nosso jardim?” Estava quase sucumbindo ao seu desejo de montar uma piscina. Mas pra que precisaríamos de uma se tínhamos um lago enorme ao nosso redor?

Já sei! Nosso aniversário de casamento! Só pode ser isso. Estamos para completar dois anos juntos… Nossa, como o tempo voa… Parece que foi ontem que Demi voltou para mim, tudo correu tão depressa, tão certo, mal via os dias passarem pois estava preocupado demais observando-a.

O jeito como conseguia conciliar seu trabalho e a casa. Em como achava tempo para cuidar de si e também sempre pensar em mim, em sua família, no bem-estar de todos. Sempre disposta a ajudar ao próximo, a se doar, tão acolhedora e protetora.

Deus, como amo essa mulher.

— Não, Alex! Não!

A ouvi exclamar.

Eu subia as escadas e de cenho franzido fui para onde sua voz soava.

— Alex, solte isso já! Cachorro malvado! Me dá aqui, seu danado!

Chegando no quarto a vi travando uma pequena luta com Alex, nosso cachorro pastor alemão. Se ela tinha o direito de adotar gatos, eu tinha o de adotar cães, certo? Tudo bem que Alex equivalia a quatro cachorros juntos.

Ela puxava um envelope da boca dele, quem tinha o ruim hábito de pegar as coisas de nossas mãos sem mais nem menos. Por fim conseguiu o papel de volta, pois Alex percebeu minha presença e veio até mim.

— E aí, garotão. Dando muito trabalho pra sua mãe?

Falei rindo enquanto acariciava suas orelhas pontudas.

— Leve esse cão a um adestrador, Logan. Urgentemente! – proferiu raivosa, as mãos na cintura.

Apenas ri da cena.

— O que é isso?

Indaguei sobre o papel em sua mão. Demi mudou de face instantaneamente, levou o envelope às costas.

— Nada.

— Nada? – perguntei aproximando-me.

Ela riu sem graça, simplesmente não podia mentir pra mim.

— É só um rabisco que fiz… Começo de um projeto… Bom, lembra que te disse algo sobre arquitetar uma cozinha para um cliente chato? Então, é isso! Alex, seu cão malvado, quase me põe em apuros.

Demi se embolava toda nas palavras, claramente mentia, mas não a pressionaria quanto a isso. Sentia que esse papel fazia parte de toda sua estranhice nos últimos dias.

Assenti lentamente a fitando profundamente nos olhos.

— Tudo bem… Vou adestrá-lo apenas se conseguir fazer com que seus gatos parem de soltar pelos e afiar as garras no sofá novo.

— Oh, por favor! – exclamou ao passar por mim – Não fale de meus bichanos calmos e silenciosos.

E logo saía porta afora com o secreto envelope em mãos. Fiquei a observar a porta de cenho franzido, o que será que ela escondia? Ou tramava?

Suspirei e meneei a cabeça.

— O que será que tem naquele envelope, hein? Estava curioso também? – perguntei a Alex, ele apenas virou o rosto botando a língua pra fora enquanto abanava o rabo – Essa é Demi, nunca a entenderemos.

Eu não entendia ainda, mas entenderia muito, muito em breve.

 

— Grávida? – indaguei estupefato.

Meus dedos tremiam minimamente enquanto lia o exame que estava dentro da caixa surpresa que ela deu-me. Presentes? Nem meu aniversário era. Estranhei, mas Demi era uma incógnita então já não era mais surpresa esse tipo de coisas.

Espantei-me quando vi o teste de gravidez, seria aquilo real? Apenas a fitei e ela assentiu minimamente, as mãos sobre a boca e os olhos lacrimejados. Com o papel em mãos, ali estava a prova, ainda estupefato a encarava. Coração rápido, um milhão de sentimentos misturados.

— Sim… Grávida, Logan…

Sorrindo fui até ela abraçando-a, a apertei tão forte que achei que quebraria todo seus ossos. Demi sorria, os braços ao redor de meus ombros.

Não pude segurar as lágrimas.

— É sério mesmo?

Perguntei olhando-a fundo nos olhos.

— Sim, meu amor.

— Isso explica muita coisa. Toda sua estranhice.

Ela riu acariciando meu rosto com ternura.

— Desculpe. Eu não posso nem ao menos te esconder as coisas, você me conhece tão bem.

— Meu Deus, Demi! Não consigo acreditar… Quem mais sabe?

— Apenas mamãe.

— E de quanto tempo está?

— Devo estar indo para o terceiro mês.

Ri mais uma vez e a trouxe para um abraço ainda mais forte tirando-a do chão. Inspirei seu cheiro de erva-doce e um turbilhão de memórias correram minha mente, desde o momento que a vi pela primeira vez, para o instante que a beijei pela primeira vez, na vez que nos amamos em seu quarto e agora… Tudo se encaixava perfeitamente.

— Estou tão amedrontada… Não sabia como lhe dizer pois não estávamos esperando por isso – falou suavemente.

— Essa é a melhor coisa que poderia ter acontecido.

Demi abriu o sorriso mais lindo do mundo e me beijou fazendo-me sentir o homem mais sortudo do mundo.

— Te amo – sussurrou.

— Te amo.

Respondi trazendo-a para meus lábios.

 

— Gêmeos?

Demi indagou, os olhos arregalados, a mão segurando a minha com força descomunal.

— Tem certeza disso, doutor?

Perguntei arrumando-me na cadeira que estava sentado ao lado de minha esposa deitada na maca.

O doutor sorriu e olhou-nos com leveza.

— Toda certeza do mundo. Olhem aqui; – passou a mão sobre a tela do computador enquanto mexia o objeto sobre a barriga de Demi— uma cabecinha e aqui outra. Aqui um tronco, aqui outro… Sim, duas crianças e pelo jeito que estão afastadas provavelmente de placentas diferentes. Gêmeos bivitelinos.

Olhei pro lado e Demi encontrava-se petrificada e eu completamente confuso, minha ficha custava a cair. Gêmeos? Deus, havíamos ganhado na loteria.

— Meu Deus, Logan… – ela balbuciou.

Não contive meu riso, apertei forte em sua mão e a beijei nos lábios acalmando-a.

— Você me faz o homem mais feliz desse mundo.

E Demi limpou as lágrimas antes de sorrir-me lindamente.

 

Segurar meus pequenos nos braços era mais do que eu poderia entender ou tentar explicar em palavras. Mesmo antes deles nascerem eu já os amava mais que tudo, com toda minha alma, com todo meu ser. Faria qualquer coisa no mundo para protegê-los.

— Ela tem seus olhos, Logan. Escuros como ônix.

Comentou Demi passando os dedos levemente pelos cabelos escuros e ralos de minha pequena menina.

— Mas tem seu narizinho empinado, olhe…

Falei rindo e minha esposa riu junto.

— Já ele tem os olhos mais claros, talvez fiquem verdes como os meus.

Sorri assentindo ao contemplar o pequeno e harmonioso rosto de meu filho. Ambos estavam deitados no berço, gêmeos bivitelinos, muito diferentes, um garoto e uma garota. Ava e Kurtis. Pequenos e frágeis, meus para cuidar… Para a vida toda. A prova do meu amor e de Demi.

— Eles são tão lindos – falei abraçando-a, trazendo-a para meu peito – Obrigado. Obrigado por tudo. Sou o homem mais feliz desse mundo.

Beijei sua testa e acariciei sua bochecha.

— Tudo parece tão certo agora – balbuciou.

— Também sinto isso.

Ela levantou o rosto para o meu.

— É como se viesse uma paz interna… Tudo está em seu lugar.

— Sim, tudo em seu devido lugar…

Virei o rosto para observar meus filhos que curiosos tentavam observar o novo mundo ao seu redor, tão lindos…

Os meses de gravidez pareceram voar, Demi já não aguentava mais o barrigão, queixava dizendo: “Por favor, libertem meus bebês.” Nem parecia aquela mulher que no meio da madrugada fazia-me levantar à procura de pêssego com creme. E daquela outra vez que mordeu o sabão pois ele parecia apetitoso? Mas foram momentos bons, como os que os gêmeos chutavam sua barriga e como respondiam a minha voz e a da mãe. Nos entendiam, nos sentiam, eu já os amava mais que tudo, um amor incondicional.

Sim, tudo realmente estava seu devido lugar.

Só pensava no quão sortudo era, no quão abençoado fui. Minha vontade era de colocá-los embaixo dos meus braços e protegê-los cem por cento do tempo. Mas teria a vida inteira para mantê-los a salvo; tanto minha amada esposa quanto filhos.

Nada nesse mundo os machucaria, não enquanto eu vivesse e lutasse por eles.

— No que está pensando, querido?

Indagou Demi acariciando meu rosto, sorrindo pus minha mão sobre a sua.

— Pensando no quão sortudo sou por ter essa família maravilhosa.

— Eu que sou a sortuda por ter você. Quando paro pra pensar vejo que passamos por tantas coisas… Mas você sabe que sempre fui sua, não? Desde o primeiro dia que o vi, se não antes.

Sorri abertamente e a beijei. Adorava quando Demi vinha toda filosófica e certa das coisas, até parecia que havia uma profecia em torno de nós.

— Você fala com tanta certeza sobre sermos predestinados, me soa muito espiritualista às vezes. Por um tempo achei que acreditasse em deuses gregos.

Demi riu lindamente jogando a cabeça pra trás.

— Não seja bobo! Não sou tão fora da casinha assim… Porém não pode negar que há algo sobre nós, nunca se sabe…

E arqueou as sobrancelhas bem-feitas. Semicerrei os olhos e sorri de canto.

— Às vezes sinto que você sabe de alguma coisa que eu não sei…

— Quem sabe um dia te conto.

— Ah! Então há um segredo?

— Não há nenhum segredo, Logan. Não é segredo que sempre fui sua e sempre serei.

Não me aguentando a beijei suavemente. Sentia-me completo, nada nesse mundo poderia nos abater enquanto estivéssemos juntos. Nem parecia que estivemos separados por um longo tempo de nossas vidas, nem sentia mais isso, pois a tinha novamente ao meu lado, minha esposa, nossa casa, nossos sonhos e agora nossos filhos.

Real e verdadeiro.

• ♠ •

E mais uma vez eu me perdia nas íris verdes de Demi. Era uma floresta densa, nebulosa, escura, cheia de vida e segredos. Ela tinha os olhos mais lindos e enigmáticos que já vi em toda minha vida, e ter o prazer de fitá-los a fundo era indescritível.

O olhar que ela jogava-me agora dizia muita coisa, pois em conjunto de sua completa face entendia o contexto. Demi sorria minimamente, sua mão na minha num carinho incessante; palavras não eram necessárias.

— Seus olhos são tão negros – balbuciou ela.

E no mesmo instante franzi meu cenho em espanto, pois eu fazia a mesma coisa, perscrutava suas órbes verdes escuras.

— Herdei de meu pai.

— São como pedras ônix.

— E os seus esmeraldas.

Ela sorriu lindamente e aproximou-se apoiando a cabeça em meu ombro, passei meu braço direito pelo seu corpo trazendo-a para mim.

Estávamos sentados no banco, fim de tarde, o sol quase se pondo, Demi ao meu lado, nossos filhos sob nossa vista, nossa casa, nossa vida… Não havia nada restando.

— Mamãe! Kurtis me empurrou.

Exclamou Ava que corria pelo gramado com Alex, o pastor alemão, em sua cola.

— Não empurrei não!

Defendeu-se Kurt empinando o nariz igualzinho Demi tinha o costume de fazer quando mais nova. Era até engraçado de ver o quanto eles nos puxaram e herdaram. Ava tinha cabelos e olhos negros como os meus, porém o nariz e boca da mãe; já Kurtis pareceu puxar mais as características de Demi; como cabelos e olhos claros.

— Não empurre sua irmã, Kurt.

Proferiu Demi em tom firme.

— Isso, não empurre sua irmã. Lembra do que te disse? – falei enquanto ambos nos encaravam ao levar a bronca – Meninos não batem em meninas.

— Eu sei, pai. Desculpe – disse ele num muxoxo triste.

— Ajuntem os brinquedos, crianças. Logo entraremos para o jantar.

Então os dois correram até nós apressados enquanto diziam:

— Só mais um pouquinho.

Pedia Ava com aquela carinha de anjo.

— É, vamos ficar aqui só mais um tiquinho.

Completou Kurtis sorrindo sapeca.

Eu e Demi nos encaramos por um segundo sorrindo de canto. Não precisamos dizer nada para conversar, havíamos criado esse hábito de conversamos por olhares.

— Só mais cinco minutos – proferiu Demi rindo enquanto os dois saíam correndo pelo gramado.

Era uma bela vista, o quintal dos fundos qual era enorme, quase sem fim, dava direto na pequena marina e logo a frente o lago rodeado de pinheiros. O sol ia se pondo devagar e a cena mais perfeita de minha vida era montada, isso merecia uma pintura, ser eternizado.

— Eles cresceram tanto – sussurrou aconchegando-se a mim.

— Têm apenas cinco anos, meu amor.

Ela riu e por fim suspirou.

— Passou tão rápido, acho que estou ficando velha então.

— Não pra mim.

Fitou-me encabulada, sorria minimamente, tão linda… Me indagava como ela mantinha-se assim, tão jovial, cada vez mais linda. Adorava observá-la fazer as coisas mais banais do dia como acordar, cuidar das crianças, arrumar-se para sair, colocar a maquiagem. Pequenos momentos guardados em minha memória.

Demi transformou-se no pilar de minha vida. Sem ela nenhum de meus sonhos seriam reais.

— Você sempre me faz sentir tão bem – sussurrou.

Acariciava meu rosto com lentidão, olhava-me fundo nos olhos.

— E continuarei fazendo isso até o fim.

— Estamos bem longe do fim.

— Eu sei.

E o sol se punha mais uma vez atrás dos pinheiros. Era lindo. Ainda mais com minha esposa e filhos ao redor, tudo isso sempre seria perfeito e indescritível.

O passado nem ao menos me atormentava mais, tudo estava em seus eixos. Os erros e medos do pretérito foram grandes aprendizados, tanto para mim quanto para Demi, pois não havia ninguém contra nós a não ser nós mesmos.

O medo, a insegurança, a ignorância, egoísmo, sonhos grandes demais que não pareciam abranger a realidade em sua total parcialidade. Tudo isso contribuiu para que nos separássemos e que fossemos privados um do outro por algum tempo, mas como Demi sempre dizia “Estava escrito nas estrelas”, e, nada pudemos fazer quanto ao nosso bem-vindo retorno.

Não pediria nada mais que isso… Olhava ao meu redor e via minha realidade qual não era somente minha, era de todos nós.

Cada momento com Demi era inesquecível, lembrava desde o primeiro olhar até o último. Desde sua infância, adolescência e agora… Se era predestinação, que fosse, eu apenas agradecia de braços abertos.

— Te amo tanto, Logan. Você salvou minha vida, literalmente.

Falou em seu habitual tom suave. Apenas sorri selando nossos lábios rapidamente.

— Você quem me salvou, olhe tudo que tenho… Apenas graças a você. Te amo mais que tudo.

Ela encarou-me terna e esticou os lindos lábios num sorriso que avivava os olhos verdes. Aconchegou-se mais a mim, apertei seu corpo contra o meu e beijei o topo de sua cabeça.

Contemplei a cena mais uma vez sentindo uma paz invadir meu peito juntamente de amor e gratidão. Demi ao meu lado, meus filhos ao meu alcance, nossa saúde e estabilidade. E sem segredo nenhum meu maior impulso e desejo era protegê-los, eles sempre seriam meu porto seguro, meu destino final, aqueles quem sentiria saudades infinitas quando longe.

— Nada nesse mundo irá machucar vocês, não enquanto eu estiver aqui, sempre irei protegê-los. Nada irá tirá-los do meu lado…

Ali selava minha promessa para a eternidade. Era apenas o começo, eu sabia, porém estava mais que ansioso para isso, pois a vida estava finalmente do nosso lado, dando-me forças para mantê-los protegidos.

E aquela era minha primeira, última e eterna imagem de Demi… Amor de minha vida, minha protetora e salvadora, esposa, mãe, predestinada, perfeita para mim, feita para mim… Minha para amar e cuidar…

Até o fim, real e verdadeiro.


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