A primeira flor foi um trevo de quatro folhas. Tão sortuda, a garota encontrou duas, e por gentileza, deu uma à ela.

Maki de fato se surpreendeu quando, suja de areia, com suas redondas bochechas rosadas, a menina humana correu em sua direção, e lhe entregou um trevo.

Ela não tinha notado que fora notada, afinal, humanos raras vezes viam youkais. Talvez, aquela tivesse sido, realmente, sorte.

O caso não foi sorte, no entanto. Poucos dias depois, a mesma garota voltou à floresta para colher mais flores. Aquele dia, Maki não se deixou ser vista, mas ela retornou de novo, e de novo, e mesmo que o templo estivesse vazio, ela esperava por Maki com uma flor em mãos.

Um feito grande e incomum dos humanos. Maki se comoveu pelas ações da menina, sentindo-se má por ignorá-la, mas preferia dizer que era porque a garota a irritava com tamanha insistência.

Então, no dia seguinte, Maki não se escondeu e Kaede lhe deu uma peônia.

Durante 12 anos no calendário humano, Maki recebeu a companhia de Kaede nas tardes que antes eram solitárias, e flores que coloriam o inverno e noites frias.

Maki nunca perguntou porque Kaede levava flores para ela todos os dias, por algum motivo, tinha a sensação de que se sentiria incomodada com a resposta. Talvez, justamente pelas flores.

Não as que ela usava como decoração do quarto, as que floresciam timidamente no seu coração. Essas precisavam de Kaede para viver e não do sol no céu, e Maki as renegava com toda sua força.

Era incabível para ela aceitar que Kaede a afetava de alguma forma, mas isso não tornava as flores inexistentes, apenas invisíveis por curto prazo, pois era só ouvir Kaede tocar e cantarolar que elas se abriam de acordo com a melodia, da mesma forma que Maki aceitava seus pedidos egoístas se ela insistisse por um longo tempo. E aquela certeza deixava impossível não notar que branco ou preto não escondiam as cores vibrantes, Kaede já havia feito Maki florescer e não tinha como ela voltar atrás.