Desde o princípio era uma ideia tola, mas Iruma lhe entregava comidas dizendo com toda a perseverança do mundo que Kiibo gostaria deles.

Após dangos, takoyakis, taiyaki, maçãs caramelizadas, mochis e bastante algodão doce, Kiibo deveria estar o que os humanos chamavam de cheio — não que ele pudesse sentir —, mas não pretendia aceitar qualquer outra comida que lhe fosse oferecida.

De certo, ao menos eles tinham uma resposta positiva ao exagero, o sistema digestivo que Miu criara para ele funcionava, ainda faltavam ajustes, ela disse, no entanto, ele se sentia feliz por ao menos ser capaz de engolir as comidas que antes estragariam seu sistema.

A presença da gratidão era o fator desconhecido para Kiibo, e por isso sua atenção, que deveria estar voltada para o lado funcional, tentava acessar aquela parte abstrata bloqueada. Ele não entendia como podia dizer que se sentia feliz quando não sabia o que e como era o sentimento e sequer era capaz de senti-lo. Era difícil analisar todas as ações ao seu redor quando tentava entender seus recém descobertos sentimentos em meio a multidão de pessoas, Kiibo não entendia como os humanos conseguiam raciocinar tão rápido os sentimentos e sensações daquela forma.

E por isso, tão centrado em descobrir porquê Miu lhe empanturrando de comida era algo que o fazia feliz — quando não deveria —, que Kiibo parou seu sistema por uma fração de segundos. Iruma tinha os lábios macios contra os seus frios de metal, e de alguma forma, ele pode assimilar àquele ato à um beijo, uma ação que os humanos faziam muito frequentemente quando estavam em uma relação amorosa, ou diferente, que nas palavras de Miu era “sexual”.

Kiibo não chegou à sua conclusão da teoria da felicidade, nem tentou pensar em qualquer outra que pudesse explicar o beijo, porque nos seus dados, de alguma forma, estava gravado o sabor do algodão doce que eram os lábios de Miu.