A Seita do Sol escrita por VersalhesTodd


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

O prólogo conta um pouco da história que está por vir ao longo dos indefinidos capítulos que vou escrever. Ele se passa no ponto de vista de Maegor Targaryen, Príncipe de Pedra do Dragão e herdeiro do Trono de Ferro, filho de Daenerys.

Eu tentei manter a escrita fiel à de Martin, mas sem perder minha essência. Espero que gostem.



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O chão de mármore verde produzia um longo eco que se espalhava por toda a cúpula a cada passo desleixado, ainda que leve, que Maegor Targaryen dava ao adentrar cada vez mais fundo dentro da cúpula. Ele se certificara de que ninguém o seguiria até lá, causando uma pequena distração envolvendo seus primos da Campina no meio da comemoração.

Sozinho, ele descia as escadas com as tochas postadas a cada braço em ambas as paredes que se abriam em um grande círculo metros e metros abaixo da terra, iluminado pela redoma de vidro que permitia que o brilho e calor do sol de verão entrassem. Já era o quarto ano de verão, e era o terceiro verão que Maegor conhecera. Ele estava confiante de que aquele seria o seu momento, afinal, havia sido há poucas luas em que completava o vigésimo-segundo ano de seu nome e isso exigia uma atitude que lhe dignificasse como o verdadeiro herdeiro do Trono de Ferro.

Ele estava ali, diante das imponentes criaturas que até então haviam desdenhado de sua presença. Já estavam acostumados com o rapaz e seus cabelos platinados, ele era um constante visitante do Fosso dos Dragões, e os outros filhos de sua mãe já não se incomodavam com sua presença ali, diferente da irmã caçula, que respeitava as criaturas à distância. — Tolices... — murmurou para si mesmo, aproximando-se com um sorriso galanteador, como se estivesse tentando fazer seu irmão reptiliano se encantar.

A fera o observava com desdém, com os orbes dourados semicerrados de maneira tediosa e os dentes negros como ônix à mostra ao abrir da boca vermelha bocejante. O dragão levantou-se, para caminhar com as patas e as asas arranhando o chão de pedra verde, que refletia o vermelho de todo o corpo da criatura vinte vezes maior que o homem.

Taerys sempre fora o favorito de Maegor. Os dois cresceram juntos, e quando garoto, o príncipe gostava de brincar com o dragão, que crescia descomunalmente. Em seis anos a criatura já era maior que qualquer homem enquanto o jovem rapaz ainda não passava da cintura de sua mãe. Mesmo assim o garoto o visitava todas as semanas, contra a vontade da mãe e os avisos da irmã mais nova. Que raios era aquela irmã, sempre cautelosa, sempre fugindo da beleza das criaturas que lhes eram parentes por extensão. E, ainda assim, conseguia se ligar com todos os dragões com mais facilidade do que ele mesmo.

— Doce Elleanore... Taerys é meu por direito. Meu irmão, meu mascote. Você tem apenas seu consentimento... Eu tenho seu controle. — Refletiu, com um brilho nos olhos violetas antes de se aproximar novamente do dragão, que grunhia em alguma conversa com outro de seus parentes mais ao fundo. Eram cinco no total, mas apenas o meteoro vermelho interessava ao jovem Targaryen.

Aproximando-se novamente do dragão, Maegor ralhou para o outro, o azul e roxo, que era conhecido por ser o mais gentil dos cinco. Em resposta, Taerys bufou na direção do rapaz que sorriu ao sentir o quente vapor que era expelido das narinas da criatura. — Você já teve mais respeito por mim...

Dando de ombros, ele se aproximou, retirando a luva de couro preto que cobria sua palma direita e estendeu a mão na direção do animal. De início não houve reação, até que Taerys aproximou-se e cheirou a carne crua envolta na pele de Maegor. Ele tocou o focinho do dragão e seu sorriso cresceu. — Hoje você vai ganhar o reconhecimento que merece, meu irmão. Vamos juntos mostrar à nossa mãe quem realmente deve reinar sobre os Sete Reinos. — Arrogantemente, os passos desleixados do rapaz rumaram para as costas do animal, que não reclamou quando teve suas costas escaladas. — Você será a minha arma para conquistar o trono, irmão.

Em sua ambição, Maegor escalou rapidamente as costas que pareciam uma impenetrável parede, dura e sólida, conseguindo ver o reflexo vermelho das escamas em sua armadura tão negra quanto o breu. Vermelho e preto, eram as cores de sua casa. Eram as cores do grande Taerys, que pela primeira vez era montado, dignando assim Maegor em seu ato glorioso. O trono deveria ser por direito seu, era o filho mais velho, já era adulto há seis anos e sua mãe deveria ter-lhe passado a coroa. Ora, onde uma mulher deveria governar sete reinos? Ela falava sobre suas conquistas, mas assim como as três cabeças do dragão, suas antepassadas Visenya e Rhaenys eram apenas as irmãs-esposas do verdadeiro rei, Aegon, o Conquistador. Por que então Daenerys Nascida da Tormenta deveria ser a regente quando ele, Maegor, já era de idade suficiente para governar?

O dragão parecia compreender o sentimento cultivado ao longo dos anos pelo rapaz e assim subiu para o alto, para a superfície, alçando voo com suas largas asas, permitindo que Maegor abrisse a redoma de vidro através da alavanca mecanicamente projetada para que só fosse manejada sobre as costas de um dragão. Livre, Taerys voou para fora do Fosso dos Dragões, já não mais sob a terra, mas sim acima dela, atingindo uma altura da qual Maegor conseguia ver toda a cidade portuária, rindo e gozando de sua conquista. Ao longe, próximo ao Grande Septo de Baelor, sobre a Colina de Visenya, a comemoração não parava. Risos, música, gritaria e o metal contra metal podia ser ouvido mesmo estando do outro lado da cidade. Lorde Tully não havia poupado esforços.

Foi naquela direção que o dragão voou, sobrevoando toda a Baixada das Pulgas em questão de segundos e finalmente atraindo os olhares curiosos daqueles que estavam sobre a colina no momento em que a grande sombra do dragão vermelho encobriu o sol que regia sobre a festa de sua mãe. Suspiros e gritos podiam ser ouvidos sob o grande réptil, mas o que mais se destacava era a voz firme e imponente da rainha de cabelos platinados. Seu tom demonstrava todo o poder que ela adquirira com os anos e a seriedade de sua ameaça para com Maegor, que decidiu ignorar a Nascida da Tormenta.

Como se entendesse os pensamentos do príncipe, Taerys disparou uma baforada, fazendo uma curva para o alto enquanto as chamas vibrantemente escarlates criavam um desenho no céu. — Já é tempo, mãe, de eu assumir o Trono de Ferro. — O rapaz declarou pomposamente a plenos pulmões. — Sou o herdeiro por direito e já passou a hora de a Rainha Regente passar a coroa para mim.

O tom de Maegor deixava claro que aquilo era um ultimato. Ele muito amava sua mãe, mas não era certo uma mulher governar, ainda mais que ela nem mesmo dominava seus dragões, tratava-os como filhos, como animais de estimação. Os dragões eram as armas dos Targaryen contra qualquer um que ameaçasse seu reino, e infelizmente, naquele momento, a ameaça era a própria Daenerys. Maegor havia planejado aquilo há dias, e só precisou que o Mão da Rainha, Tyrion Lannister, estivesse ocupado demais sendo entretido e entretendo os convidados vindos para a comemoração do dia do nome da rainha. Era o quarto dia de festa, era o momento certo para demonstrar seu poder perante a todos os grandes líderes de cada um dos Sete Reinos.

— Maegor, eu como sua mãe lhe digo: desça com Taerys, junte-se a nós nas festividades. Após a comemoração, discutimos a posse da coroa. Eu lhe perdoo. — As palavras de Daenerys soaram firmes e ainda assim delicadas, como ela sempre fazia quando as dosava. Maegor conhecia sua mãe, há anos acompanhava suas reuniões e tinha lições de liderança.

Ele riu em desdém. —  Perdoar? Você deveria estar implorando pelo meu perdão, mulher. Eu sou o herdeiro do dragão, eu tenho o sangue de um rei! Não vou dar ouvidos a palavras que foram pensadas antes de serem ditas. — Maegor não se sentia bem com aquela situação, ele deveria estar sendo coroado rei, não recebendo o perdão da rainha. Aquela era sua mãe, era o seu dever agir como tal. O reinado de Daenerys deveria ter terminado logo após o décimo-sexto dia do nome de Maegor. Mas cá estava ela, agindo como uma rainha, fria e racional, ao invés de como sua mãe regente, que reconhecia o seu lugar e apenas estava ali até que o príncipe fosse de idade. Aquela idade veio e se foi, já era hora.

Daenerys suspirou. Ela não podia deixar de amar seu filho, mas sabia que sua rebelião aconteceria mais cedo ou mais tarde. Ele tinha o mesmo brilho nos olhos que seu irmão Viserys, até mesmo as íris dos olhos de ambos eram iguais. Pelos deuses, como podia Viseryon ser a melhor versão de seu irmão, ela se perguntava. Dany ainda era a Mãe dos Dragões e a Protetora dos Sete Reinos. Seu dever para com seus súditos era maior do que para com seu filho rebelde.

— Eu realmente sinto muito, meu filho. — Disse, solene, em um tom tão sóbrio e baixo que ninguém poderia ter ouvido. — Jiōragon ilagon! — Ela proferiu em sua língua mãe, ao que Taerys obedeceu de imediato, descendo em um rasante totalmente imprevisto pelo Príncipe de Pedra do Dragão, que em sua expressão de medo e fúria confundiu os sentidos do animal, fazendo-o diminuir a velocidade, desequilibrando-se no ar.

Aquilo fora o bastante para que Maegor perdesse o equilíbrio e se soltasse das costas do animal. O grito de desespero de Daenerys Targaryen fora a única coisa que sucedeu o arder da frota de ferro com a baforada de fogo escarlate com a qual o dragão tentara se equilibrar, fazendo os vários fogos de artifício que eram reservados para o fim da festa explodirem em um efeito de cascata à maré do Mar Estreito, onde o corpo de Maegor já era consumido pelo fogo ardente do dragão desde sua queda ainda com o homem vivo.

A cada explosão dos fogos, seus ouvidos pareciam estourar com a proximidade do barulho. Foi uma questão de tempo até que as chamas dos explosivos atingissem a embarcação em que ele caíra, e pouco a pouco seus membros eram lançados para longe de seu corpo conforme os pavios dos artifícios encontravam a dinamite comemorativa em uma verdadeira explosão de fogo e sangue.


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Notas finais do capítulo

Fim do prólogo! Eu queria agradecer se você leu tudo até aqui e eu quero muito saber sua opinião sobre a história, então, por favor, comente! Eu respondo o mais rápido que puder sempre!

Obrigado mesmo por ter lido. Nos vemos no próximo capítulo!