Manto Negro escrita por Roz
Senti uma fisgada nas costas, como se alguém alfinetasse minha pele. Era tão doloroso que parecia impossível levantar do chão sem ajuda.
— O que aconteceu? - Vladimir se aproximou
Ignorou os bons modos, e entrou quase que empurrando a Hazel, Horus vinha logo atrás, mais quieto e educado. Tentei pedir pra ele se acalmar, mas procurar folego pra falar era torturante.
— Me deixa cuidar disso Vlad, no momento apenas se afaste - Horus pediu
Vlad obedeceu, eu ainda estava de roupa intima, o que escondia meu corpo ferido eram 3 camadas de cobertores. A principio eu achei que Horus fosse me tocar e analisar o estado critico, mas ele apenas posou a mão sobre mim e uma luz esverdeada brilhou sobre ela.
— Isso ta feio, 3 costelas fraturadas, e estão próximas ao pulmão, imagino que seja difícil respirar - Analisou
Concordei com um aceno.
— Consegui ouvir apenas uma - Hazel comentou
Vlad a fitou como se fosse queima-la viva, mas Hazel obviamente não notou.
— Fora isso, hematomas, pulso direito lesionado e cortes superficiais - Disse por fim
— Em quanto tempo pode cura-la? - Hazel perguntou
— Eu não curo ninguém, sabe disso, apenas acelero o processo de regeneração do corpo - Corrigiu - Ademais, temos aqui no minimo 6 meses de recuperação normal, eu posso resolver em 3 sessões
— Porque precisa disso tudo? - Vlad perguntou
— A costela e o pulso é o mais complicado de acelerar. Hoje posso fazer uma sessão de 2 horas, e nos outros dias de 4 horas - Respondeu
— Hoje não pode estender esse horário? - Hazel perguntou
— Hazel, no momento, é isso que meu poder pode oferecer, se ultrapassar meu limite, seria inútil - Respondeu
— Claro, me recordo bem -
— Não posso reviver os mortos, sabe disso -
Vi Hazel saindo da sala frustrada e entrando no quarto. Quando Horus começou a usar o seu poder, senti meu corpo dormente, já não sentia nada do pescoço pra baixo. Depois que passou essas duas horas, reparei em como Horus ficou mais pálido e com aspecto de cansado.
— Se sente melhor? - Perguntou
Ainda sentia dor, mas não era como antes, agonizante e pungente, agora era mais fraco, como um cansaço extremo.
— Um pouco, minha costela ainda dói - Respondi
Minha voz ainda saia rala e fraca.
— Me preocupei com os mais simples, amanha tratarei os graves, te aconselho a não se mexer muito ou ter conversas longas -
— Como vamos leva-la? - Vlad perguntou
— Não vamos, ela não tem condições de ser carregada daqui até a Casa - Horus respondeu
— E vamos deixar na mão da Hazel? Guta vai morrer agonizando se depender dela -
— Seu pedaço de merda, eu que salvei essa garota! - Ouvi Hazel gritando do quarto
Vlad suspirou mas não discutiu com Hazel, apenas disse.
— Deixe pelo menos, eu coloca-la em uma cama confortável -
Ele me levantou com cuidado, não teve a menor dificuldade em erguer meu peso. Fiquei na cama da Hazel, que era mais confortável e quente que o chão frio.
— Quando isso acabar, você me deve uma explicação - Sussurrou no meu ouvido
— Voltaremos amanha 00:00 - Horus pronunciou
Beijou minha testa e se retirou com Horus, isso era quase 5 da manha. Hazel estava sentada no sofá, olhando para o nada, talvez tentasse ouvir ou sentir algo, nunca se sabe.
— Precisa de algo? - Perguntou
Neguei com a cabeça, esquecendo sua condição.
— Não, obrigada - Respondi
— Vou ficar com você hoje e amanha, para monitorar sua recuperação - Comentou
Hazel tetou a procura do celular, e quando encontrou ordenou "ligar para Jout's Psiquiatria", uma mulher atendeu e conversaram por alguns segundos, Hazel pediu 2 dias de folga, que foi aceita.
— Sabe, ainda não entendo. Como isso aconteceu? - Perguntou enquanto guardava o celular
— Também não sei... Meu poder simplesmente não funcionou -
— Isso já aconteceu antes? -
— Nunca, talvez tenha sido pela quantidade de pessoas e pelo que fiz com Erza -
Ela pareceu curiosa.
— O que fez exatamente? Vlad me contou que ela anda mais deprimida que o normal -
Não sabia se seria bom contar o que fiz, levaria a outras perguntas e daqui a pouco, chegariam até aquela cena inquietante.
— Apenas usei muito com ela - respondi tentando manter a calma
Não teve outra pergunta, ou uma acusação de mentira, mas senti que Hazel sabia que eu não estava sendo sincera.
— Conseguiram encontrar o Carniceiro? - Perguntei desviando o assunto
— Não, perdemos o rastro dele -
Não conversamos tanto, porque logo depois ela cortou o assunto por conta da minha condição, em seguida acabou adormecendo no sofá.
Fiquei pensando no Carniceiro, e no que vi quando entrei na cabeça dele, tentava recordar mas foi tudo tão rápido, como um slide sem sentido e cheio de gente morta. Pensar nisso me dava dor de cabeça, no entanto, no fundo surgiu uma ideia estupidamente brilhante ou suicida.
"Do mesmo jeito que entrei na cabeça dele na primeira vez, posso fazer de novo, talvez possa descobrir aonde ele leva os peculiares..."
Ao mesmo tempo que cogitava essa ideia, aparecia a imagem sua macabra, me esperando no canto de algum quarto abandonado. Fiquei dividida entre o medo e a coragem, era quase irônico, a pessoa que desperta os medos alheios, não ter coragem de frente o seu próprio trauma.
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