Manto Negro escrita por Roz


Capítulo 13
Capítulo XIII




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— Guta, você por acaso viu meu moletom preto? - Leona perguntou

Ela revirava o armário, o frio tinha atingido a cúpula mágica aonde a Casa habitava. 

— Tenho certeza que deixei ele aqui... - Comentou revirando

Por acaso, esse moletom era o que eu usara algumas semanas atrás,  quando levei o tiro de raspão, não sabia ao certo o que fazer, assim que apenas o escondi de Leona e continuei usando nas minhas fugas.

— Talvez tenha emprestado a alguém - Sugeri

— Talvez... Já faz tanto tempo que não uso - 

Desde quase levei um tiro, tomei mais cuidados nas ruas e andei somente de casaco pela casa, não queria ninguém perguntando sobre como que uma garota pacifica pode ter conseguido esse tipo de corte.

Agora se tornou habito entrar na casa da Hazel por volta e 3:40 da madrugada, conversar e depois ir embora. Ela era muito fechada, sempre desviava assuntos relacionado ao período que morou na Casa, não contei que sabia sobre Apolo, porque apreciava aquela amizade simples.

Eu e Leona saímos do quarto, andando pelo corredor tão cedo e cheio de peculiares, senti a pressão dos olhares alheios, ainda era um mistério para os demais o que eu fazia.

— Vamos chegar atrasada - Apertamos o passo 

Chegamos no salão, aonde alguns sentavam nas poltronas e sofás, outros apenas abriam espaço no chão e se aconchegavam por ali, no centro estava Vladimir, usando sua jaqueta preta e Ezra, que usava uma toca para esconder o cabelo sempre bagunçado.

— Agora que a grande maioria esta presente, vamos começar - Vlad pronunciou 

Foi Ezra que falou.

— Sabemos que alguns mutantes estão usando seus poderes entre os outros para realizar lutas. - Contou - Bom, quero deixar claro, que isso é proibido na Casa, usar seus dons para infligir dor ao companheiro é ilegal - 

Ouve uma troca de sussurros entre os peculiares, logo depois Vlad se pronunciou.

— Não toleramos essa classe de luta, não mais. Quem continuar realizando esses atos será expulso da Casa - 

Mais múrmuros entre os peculiares, e então um se levantou e falou.

— Isso tem relação com o acidente de 4 anos atrás? - 

Pude ver a feição de Ezra mudar de um segundo ao outro, Vlad tentou conter as inúmeras perguntas que vinham em seguida, mas era impossível.

— Sim, e não foi um acidente, e sim um assassinato, vitima foi meu irmão, como todos sabem - 

— 2 assassinatos. Seu irmão também matou a garota, porque não soube perder. Eu estava presente Ezra - Outro garoto se manisfestou

Ezra corou, vi seu punho se fechar.

— Tome cuidado com que diz, Tomás. Você não conhecia meu irmão - 

— Era tão competitivo, usava golpes baixos, assim era fácil ganhar. - Rebateu 

Vlad conteve Erza e Tomás e por muito pouco o erro de 4 anos trás, quase fora repetido. Eu, Leona, Maya e Jay assistíamos caladas, logo depois Kayle apareceu por trás dizendo.

— Quero ver esse lugar pegar fogo - Sussurrou

Mas esse desentendimento não deu em nada, até que Hazel apareceu. Foi como se o clima mudasse, o silencio era bizarro.

— Isso vai dar muita merda - Leona falou

Agora Erza não tinha motivos para se conter, Hazel era seu gatilho e lenha. 

— O que ela esta fazendo aqui!? - bufou furiosa 

Hazel olhava para o vazio, mas soltou um pequeno sorriso ao ouvir a voz de Erza irritada. Tudo isso estava acontecendo a pouco menos de 3 meses de distancia, o braço de Erza formava pequenos espinhos.

— Você não é bem vinda - Disse

— Não tenho assuntos com você, e sim com Vladimir - Retrucou em tom de ignorância 

Isso foi o suficiente, Vlad não conseguiu conter Erza que ergueu os braços para Hazel. No entanto, antes que pudesse atirar, eu não deixei.

A alguns meses atrás, poderia ser desgastante, manter um salão com mais de 50 cabeças com diferentes medos e traumas sobre o  meu poder. Mas hoje, depois de praticar, explorar e aperfeiçoar minhas habilidades, era como manter crianças entretidas com brinquedos.

Alguns peculiares tinham reações diferentes, como deitar no chão e ficar em posição fetal, outros se ajoelharam e colocaram a mão na cabeça, choravam e gritavam. Apenas eu podia ouvir seus gritos, para eles, era como ficar na solidão, sem ouvir ou ver nada ao redor.

Fui em direção a Erza, como eu já havia feito a merda, porque não tirar proveito? 

Ela estava paralisada, lagrimas rolavam sobre seu rosto apavorado. Quis testar algo novo, queria entrar na cabeça dela como eu entrei no Carniceiro, queria ver mais do que coisas superficiais.

Encostei minhas mãos em sua cabeça, e comecei a ver tudo com seus olhos, parecia um filme arranhado, aonde certas cenas travavam ou pulavam.

"- Apolo? Irmão? - A voz ecoou

Um rapaz de moicano jazia no chão, com o rosto desfigurado de tanto sofrimento. Olhei para cima e vi uma Hazel diferente, com o cabelo tão curto que seria impossível amarrar, o rosto brilhava no suor da luta, seus punhos pingavam sangue, mas seu feição continuava a mesma, sem expressão, olhando para o vazio." 

 

Eu voltei a realidade, como alguém volta a respirar depois de ficar muito tempo submerso. Estava plantada na frente da Erza, de joelhos buscando o ar pedido. Olhei ao redor, e vi o estrago que fiz com o meu próprio povo, queria protege-los de mim mesma, e agora a maioria estava apavorada, chorando, deitados no chão sem saber o que tinha acontecido.

Hazel estava ajoelhada, olhando diretamente para o chão, balançava pra frente e pra trás, balbuciava algo mas era muito baixo para ser ouvido. Por mais que eu soubesse que era questão de tempo até que todos voltassem ao normal, um lado meu se sentia culpado.

Comecei a me questionar, por que queria proteger uma assassina?Não sabia ao certo, talvez eu me sentisse endividada com ela, minha cabeça doía tanto e estava difícil de respirar, acabei adormecendo nos pés de Erza.


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