Forego ov Attention escrita por potzdam


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

1- Tae e jk colocam o nome no cálice.
2- Jungkook e Yoongi estavam estudando na biblioteca, quando Tae chega e pergunta se ele era o Jungkook: disse que precisava de ajuda caso seu nome saísse do cálice. JK disse que não podia, pois seria seu rival.



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Capítulo Único.

Para Jungkook, as vestes do uniforme escolar pareciam lhe apertar os músculos, mesmo que o caso fosse o orgulho que enchia seu peito e o deixava, de certa forma, estufado. Andava como se alguém tivesse chutado a base de seu dorso e não duvidava que fosse este o caso, sinceramente, pois seus ombros estavam demasiadamente contraídos para trás. Não sentia dor, porém, somente uma ansiedade que o atingia desde a volta às aulas, ou até mesmo antes, se contasse os dias que se preparara junto a Yoongi no beco diagonal. Podia até ser o caso, quem sabe, de sentir uma dor mínima em seu peito e costas (também na bunda, mas devia ser o trabalho de algum pervertido sem noção, não se importava no momento) devido aos tapas que recebia em encorajamento, estímulo, qualquer coisa.

Desde o primeiro dia de Setembro, o ano letivo em Hogwarts tomara um ramo extremamente dinâmico. Não só recebera diversas cartas de admiradores acompanhados de trufas que, provavelmente, possuíam amortentia (não arriscara para descobrir), alguns presentes básicos de seus amigos, aliás, era seu aniversário, também recebera o maior apoio da sua casa, Sonserina, para dispor seu nome ao Cálice de Fogo.

Um mês antes da volta às aulas, passou boa parte do seu período na mansão extravagante de Min Yoongi, seu melhor amigo, treinando no que podia e estudando tudo que tinha direito. Era um garoto bom, o Min, mais velho que Jungkook, e possuía uma família influente na comunidade bruxa da Grã-Bretanha. Soubera antecipadamente do Torneio Tribruxo ao escutar uma conversa de seus pais com um dos professores da escola, e não se reprimira em passar todas as informações para o mais novo.

Veja bem, Jungkook não é um metido (talvez um pouco, mas isto não precisa ser malvisto), tinha um ego enorme e um orgulho a zelar, porém. Era, com absoluta convicção, um dos melhores alunos do colégio em aulas práticas e fazia o seu máximo para ser um dos melhores nas áreas teóricas. Sua gravata verde e prata tornara-se um orgulho ao adornar seu pescoço, motivo pelo qual sorria abertamente àqueles que todo dia, pela manhã, o saudavam com exímio respeito. Jungkook era, ponderando, metido, mas não se pode julgar a culpa toda no garoto da pele alva, aliás, foram todos que massagearam seu ego e enfatizaram, exibiram e aplaudiram suas habilidades.

Hum, Jungkook era muito habilidoso.

E, por isso, quando completara dezessete anos no primeiro dia de Setembro, todos os seus irmãos de casa o encorajaram avidamente para o hoje, agora, em que dirigia-se vertiginosa e orgulhosamente para o cálice empoderado, cujo as chamas ziguezagueavam como serpentes num tom azulado chamativo, quase turquesa, e Jungkook podia sentir que aquilo era um bom presságio. Tinha que ser.

Seus passos eram largos, confiantes (tinham que ser), e quando soltou o papel meticulosamente dobrado, com a tinta de sua primeira pena, foi agraciado por um coro esbravejante dos estudantes de toda a escola, e até mesmo alguns alunos dos colégios rivais, aliás, uma competição só é boa quando temos bons oponentes. O fogo serpenteou, atiçado, saltando com um sonoro chiado de sucesso.

Foi quando, de supetão, os gritos animados e as conversas paralelas, murmurinhos e burburinhos se esvaíram do salão, os substituindo por um silencio desconfortável. Varreu os olhos pelas reações dos estudantes, procurando, de algum jeito, entender o que causara tamanha mudança no clima. Vira Hector Phillips, estudante simpático da Corvinal, tomar um semblante contraditório: ora sorria, ora fazia careta. Melinda Walker, uma grifina popular de diversos admiradores, arrumara a gravata e levantara a saia, disfarçadamente. Suas amigas, Jungkook julgara, abriam os botões do uniforme; outras apalparam o cabelo, buscando imperfeições. Por fim, concluíra duas coisas:

Primeiramente, todos passaram a agir de modo esquisito, como se não tivessem para onde ir.

Segundamente, todos estavam absolutamente corados, do fio de cabelo ao dedo do pé, e olhavam para uma só única direção: uma que roubara toda a atenção que Jungkook uma vez dominara. Não estava incomodado, verdadeiramente, só... desacostumado.

Acompanhou a visão de todos naquele salão, curioso, para se deparar com algo que não imaginava: um garoto. Não era um trasgo, um mamute, nem mesmo o professor Longbottom em vestes constrangedoras, pior se fosse a Diretora McGonagall. Era um garoto, asiático como si, mas de comum nada tinha.

Não era estudante de Hogwarts, notara rapidamente pelo seu terno de seda azul claro. Não o vira antes pelos corredores, e se tivesse o feito, certamente se recordaria. Era tão belo que o interior bissexual de Jungkook soltou um berro vergonhoso, e agradecera aos céus que somente sua consciência poderia ouvir. Talvez alguém do seu lado também pudesse perceber sua ansiedade, já que seu coração batia tão frenético que jurava que compunha os tambores de boas-vindas ao outro.

Lá estava ele, o garoto, passando pelo turbilhão de olhares, os passos silenciosos e majestosos. Não eram confiantes como os de Jungkook: eram plenos, como se confiança não fosse algo necessário – era algo certo. Não sorria, mas também não carregava um semblante de estupidez; mais uma vez: pleno. 

E para completar todo o encanto, o garoto de Beauxbatons possuía cabelos louros, num tom arenoso quase cinza. Mas não era algo comum, não: percebia que aquilo não era tinta, não podia ser, pois arrancava-se de seu coro como ondas majestosamente feitas dalí. Tão sedosos e brilhantes que Jungkook temeu ver-se nos fios, pois podiam ser tão polidos quanto um espelho. Não era possível, porém (a autora apenas aprecia uma descrição romântica).

Bronze, não era possível discutir sobre algo tão incomum assim. Num cenário frio, de pedras de Inverno e casacos grossos, o menino asiático apresentava o bronze mais reluzente que já vira. Sentira inveja, por fim. Diziam que Jungkook era o menino de ouro; aquele garoto, no entanto, aparentava ser feito de ouro. Tão precioso.

Os dedos finos e longos soltaram um papel no cálice, para seu ato logo ser acompanhado por um sorriso de lado, repleto de malícia. E, assim, girou os calcanhares, deixando o salão, um rastro expesso de seu aroma acompanhando seu caminho traçado. Era cheiro de pele, mas tinha um fundo de frescor, como se Jungkook tivesse tomado um gordo gole de limonada sob um sol escaldante: alívio, prazer, causava revirar dos olhos.

Quando não se via mais seu corpo e nem se sentia mais sua presença, o som voltou a tomar seu lugar no local. As vozes levantaram um coro quase imediato, mas agora, todo o assunto se voltava ao garoto de Beauxbatons. Jungkook não fora exceção, para seu desgosto. Sua mente parecia extasiada demais para conseguir formular alguma frase que faça sentido.

“Quem é ele?” conseguiu soltar, após recompor-se de seu torpor. O coração parecia zumbir em seus ouvidos, o peito saltando. Temia por sua morte, temia cair de esgotamento. Mas não entendia o que houvera. Seria ele o único a se sentir assim?

“Aquele é Kim Taehyung, estudante de Beauxbatons. Vive isolado, me falaram, pois dizem as más línguas que é extremamente perigoso.” o garoto ao seu lado respondeu, provavelmente aquele que escutara seus batimentos cardíacos. Jungkook relanceou o outro, identificando as vestes como iguais as suas, era um dos seus companheiros de casa que outrora batia em suas costas. Uriah Fletcher.

Perigoso? Esse anjo? Jungkook rasgou a garganta com seu pensamento, aliás, se fosse verdade o que lhe fora contado, aquele Kim Taehyung era um candidato a seu inimigo.

“Achei que o problema era Durmstrang”, desabafou, sincero.

“A competição está forte este ano, Jungkookie. Parece que até mesmo Beauxbatons tem cartas na manga”, o outro respondeu, reflexivo. Lançou um olhar simpático a Jungkook, dando indícios de que iria se retirar, não antes de lhe dizer: “Agora só resta o Cálice nos dizer à que direção tudo isso vai nos levar”.

E se foi, abandonando um Jungkook contemplativo, observando as chamas azuis levantarem chiados ao mesmo  tempo em que alguém queimava seu nome na magia, seguido de mais brados comemorativos.

Aparentemente, o episódio com Taehyung despertara em Jungkook um desejo ainda maior de vencer o Torneio Tribruxo. A existência de um personagem tão enigmático, que seria tão perigoso a ponto de ser isolado em seu colégio lhe excitara, e, de certa forma, também o preocupara. Por esse mesmo motivo, o sonserino acordara aquela manhã inspirado: banhara-se na água gelada, tomara um café da manhã reforçado, porém leve, e prestara demasiada atenção nas aulas matinais. Quando chegara o intervalo, dirigiu-se á biblioteca, onde buscaria pelos livros que lhe foram recomendados pelo professor de Feitiços. Yoongi o acompanhara dessa vez, pois, aparentemente, estava interessado em um livro sobre a forma de vida dos Trouxas.

Uma hora e meia sentado naquela cadeira desconfortável, um pensamento lhe percorreu:

“Yoongi-hyung, você sabe algo sobre Kim Taehyung? De Beauxbatons”, arriscou, tirando os olhos da página para direcionar-se ao seu amigo. Os olhos felinos do outro o advertiram a respeito do seu tom de voz, jogando relances ao redor para verificar se alguém se dava o trabalho de prestar atenção na conversa alheia. Fora surpreendido pelo local vazio.

“Só que é perigoso. Mas já o vi pelos corredores acompanhados de alguns estudantes de Beauxbatons, e nenhum deles parecia alarmado ou algo assim”, revelou, e pareceu pensar um pouco antes de voltar a lhe responder: “Vi que abordou Jimin esses dias no Salão Principal”.

“Jiminnie-hyung? E como ele reagiu? Ficou assustado?” interessou-se rapidamente pela resposta, curioso. Seus olhos de jabuticaba saltaram brilhantemente, a inocência tomando sua feição.

“Não assustado... surpreso?” hesitou um pouco, então começou a balançar a cabeça, como sempre fazia ao afirmar algo que tinha certeza: “Surpreso.”

Jungkook tentou engolir as informações, mas sentia que tudo parecia meio incompleto. A resposta de seu hyung só servira para aumentar sua curiosidade, ao mesmo tempo em que dúvidas fermentavam sua mente. Voltou os olhos ao livro, mas sentia-se disperso demais para tal. Até, aliviado, a voz rouca de seu hyung se fazer presente:

“Por que a dúvida?”

“Ele colocou o nome recentemente no cálice, claro, por que não faria isso?” começou, tomando um grande fôlego para disparar as perguntas de sua mente: “E tudo bem, mas todos viraram a atenção a ele. E então eu descubro que ele é alguém perigoso, e isso me deixa nervoso, porque os estudantes de Durmstrang já são considerados perigosos, e isso soma mais competição. Eu só quero ganhar, ou pelo menos entrar”.

Yoongi pareceu pensativo por um tempo, tentando analisar os pontos que lhe foram levantados. Jungkook esperou, pacientemente, pois a palavra de seu hyung era sempre muito considerativa e assertiva.

  “Bem, eu tenho minhas suspeitas...” começou, receoso, a voz tomando um timbre mais rouco e baixo que forçou Jungkook a debruçar-se sobre a mesa, procurando ouvir melhor: “Não acho que ele seja perigoso, na verdade, acho que ele seja...”

“Oi? Jeon Jungkook?” foi pego de supetão, a fala de seu hyung interrompida repentinamente. Os dois sonserinos pularam da cadeira, um arrepio de adrenalina tomando as veias apressadas dos garotos. Levantou os olhos esbugalhados para lançar uma bronca naquele que o assustara, mas fora impedido pelo ar que lhe faltara no pulmão.

Ali, de pé, estava Kim Taehyung, em todo sua esplendorosa forma, enevoando imediatamente a mente do mais novo ali. Merda, como odiava ficar daquele jeito. Sentia-se vulnerável demais na presença do outro.

“Sim, sim, é ele. Deseja algo?” foi salvo pela voz serena de Yoongi, que não parecia estar imerso em uma sensação de calafrios e nervosismo. Ele não aparentava estar quente, mas Jungkook sentia o sangue fervente percorrer até mesmo suas orelhas.

“Estavam falando de mim?” ergueu uma sobrancelha, divertido, puxando uma cadeira ao lado da de Jeon e sentando-se, novamente pleno, como se não estivesse incomodado com a situação de ser o assunto dos dois amigos. Como se não soubesse dos rumores enraizados que percorriam pelas escolas.

“Jungkook almeja muito a Taça Tribruxo, então analisa com muito vigor seus oponentes” respondeu novamente, sendo sincero e perspicaz de uma forma que o mais novo jamais conseguiria: “Espero que não seja incômodo” finalizou.

“De forma alguma! Na verdade isso é muito legal, Jungkook-ah!” respondeu, parecendo verdadeiramente impressionado com o posicionamento do mais novo, os olhos longos brilhando em excitação. Aquela postura tirou o mais novo do seu êxtase, um fundo de irritação e confusão tomando seu peito. O que raios Kim Taehyung fazia ali, e por que raios se comportava daquele modo? Não cairia naquela atuação, pois Jungkook sentia a presença do outro o atordoar, e sabia que não era algo comum. O sentimento de perigo o alertou, tencionando os músculos.

Percebera que o estudante de Beauxbatons cumprimentara seu amigo apenas quando a mão bronzeada lhe fora esticada, convidando a sua para um aperto amigável. “Kim Taehyung, prazer”.

O mais novo não reproduziu seu ato, mesmo não sendo de seu feitio faltar-lhe educação. Engoliu em seco, e com a voz seca, respondeu: “E-eu sei quem você é. Hm, como sabe meu nome?”. Amaldiçoou-se internamente por não conseguir estabilizar a voz, rasgando a garganta em seguida para recompor a postura. O outro soltara uma risadinha maliciosa, porém observara que a graça não chegara aos olhos do Kim.

“Não é muito difícil saber de você, você é bem popular, Jungkook-ah” sorriu, tombando a cabeça um pouco, como se tentasse nivelar seus olhos à alma do mais novo: “Ouvi falar que você é muito bom. E que você tem tudo pra ganhar, se seu nome sair do cálice”.

O ego do sonserino quase o engasgou, tamanho o orgulho que sentira ao ser elogiado. Não era comum, porém, sentir-se tão inflado com qualquer elogio: ouvir as palavras da boca de Taehyung parecia algo totalmente inovador, excitante. Novamente, sentiu as bochechas queimarem, e quis se atirar de um precipício. Não aguentava mais as emoções embaralhadas na presença do outro. Escutou, do canto, a risada de seu hyung:

“É, não escutou errado. Meu dongsaeng é o melhor”.

“Ah! Isso é ótimo, realmente ótimo!” exaltou o garoto de pele dourada, parecia sorrir sinceramente agora, e Jungkook teve certeza que a cena dos dentes perfeitos entornados por lábios carnudos e avermelhados ficaria para toda a eternidade em sua memória. Suspirou.  

Inspirou, expirou; pensou. Duvidou.

Ótimo?” indagou Jungkook, um arquear de sobrancelha intenso “Como ‘ótimo’? Sou seu rival, não posso ser ótimo! Pensei que estivesse interessado no troféu! Eu d-digo... você o quer, não é?”.

Mil pensamentos percorreram a mente de Jungkook naquele momento, e todos se convergiam em uma conclusão que não fazia sentido para o mais novo. Gostava de saber quais planos seus rivais desenvolveriam, e tinha certeza absoluta de que o sorriso simpático de Taehyung não refletia os seus esquemas a respeito do torneio.

“Eu quero, muito. Você não faz ideia, pequeno.” revelou ele, em tom íntimo. Como se conhecesse o moreno há anos e não estivessem tendo a primeira conversa da vida, em uma situação totalmente desconfortável para, talvez, ambos? O Jeon não parecia identificar nenhum aspecto de desconforto no mais velho, porém, não poderia recapitular nenhum cenário de conversa agradável dentre o trio. “Por isso ‘ótimo’, preciso que me ajude a consegui-lo. Você consegue, não consegue? Procurei pelo melhor e não foi o acaso que me trouxe a você, Jeon Jungkook.”

O erro de Jungkook fora olhar nos olhos amendoados de Taehyung. A partir daí, não mais enxergava, mas focava-se na áurea clara que contornava o rosto do mais velho, detalhando sua silhueta em alta-definição. Não mais possuía olhos de humano, e sim de águia. Procurava exacerbadamente um mísero defeito, mas não era possível para um mero bruxo como si identificar naquela pele nem mesmo um poro mais aparente, pois consistia numa tez perfeita de porcelana e ouro, formulando a mais perfeita boneca, que refletia a mais perfeita luz que infiltrava nas janelas altas da biblioteca de Hogwarts. Era uma luz amena, parecia transpassar uma sensação fresca: de noite, de luar; contrastava com seu tom de pele bronzeado, que remetia diretamente à luz vívida e vigorosa do sol. Taehyung era belo e todos os astros manifestavam-se pelo seu rosto divino, escolhendo-o como seu representante.

Jungkook creia firmemente em sua conclusão, sentindo-se abençoado por ter aquela oportunidade de olhá-lo tão de perto, tão intimamente. Fora aquela gratidão que o fizera responder:

“Claro, o que quiser. Pode contar comigo, para tudo. Sério, confie em mim”.

Foi o desespero em sua voz que levou à seguinte resposta:

“Ah, não. Responda outro dia, pode ser? Pense um pouco. E me desculpe, hm...” Taehyung parecia encabulado, finalmente desconfortável. Sua situação fora o que despertara Jungkook de seu transe reflexivo a respeito da aparência excepcional do louro diante si. “Hm, até mais!”

E se retirou, sem nem olhar para trás. Jungkook se levantara, furioso, o rosto quente de uma indignação que não cabia em seu peito. Depois da circunstância que passara, sua mente encontrava-se enublada e incapaz de situar-se. Estava momentaneamente irracional.

“Qual é desse CARA? Ele me enfeitiçou para que eu aceitasse!” estava prestes a segui-lo, desvencilhando-se de livros e da madeira que o circundava, quando lembrou-se da terceira voz naquele cenário que segurara firmemente em seu braço, impedindo-o de realizar o que tanto necessitava: tirar satisfações que não o levariam a lugar nenhum.

“Pare, Jeon, se acalme!”.

ME ACALMAR?! Este cara é um vilão maligno neste prédio e vai exterminar...”.

“Eu acabei de descobrir qual é a dele, pirralho. Então me escuta aqui antes que eu desista de te falar algo.” Yoongi interrompera, havia uma mistura de impaciência e curiosidade em sua feição. Jungkook se deixou ser guiado de volta ao seu assento, analisando a expressão do mais velho diante si. Continuava sendo um bom dongsaeng, e, mesmo um tanto fora da casinha (seu dia estava anormal demais), deu entrada para que o mais velho falasse.

“Taehyung não é do mal, eu acredito. Não posso confirmar isso ainda, mas o episódio com você anteriormente pôde confirmar minhas suspeitas anteriores” sua enrolação parecia fazer crescer uma bola de impaciência no peito de Jungkook . Os olhos de jabuticaba eram esbugalhados por natureza, mas pareciam aumentar quando miravam em algo que lhe prendiam a atenção. Yoongi achava adorável.

“Taehyung é veela, Jungkook, não um monstro. Por isso você fica tão alterado diante ele: pois ele te deixa encantado, e você, como um bom virginiano, odeia estar fora de controle. 

E, quem sabe, de atenção.”

xxx

Jungkook usufruíra de seu final de tarde e começo de noite pensando sobre sua conversa com Yoongi. Depois da revelação, muitas das peças do quebra-cabeça que pareciam lhe faltar foram preenchidas, pois finalmente tinha conhecimento das origens do garoto que não abandonava a lábia do colégio. Tivera uma breve discussão com o seu hyung, aliás, que falta de vergonha na cara era aquela de chamar seu amigo mais novo de um carente por atenção? E, não só isso, mas um grande controlador. Estivera deveras magoado por um bom tempo, mas não era hipócrita – sabia muito bem fazer uma autoanálise, e tinha consciência dos seus maiores defeitos. Por fim, deixara a audácia do Min de lado para tentar organizar as informações que recebera.

Primeiramente, ficara confuso e curioso. Não era o mais expert em veelas, gostava mais de adquirir conhecimentos que lhes eram úteis e a espécie de Taehyung não apresentava muita utilidade que não seja encantar e matar homens, quem sabe mulheres. Tivera que fazer uma breve pesquisa após a descoberta, já encontrava-se na biblioteca, portanto sua localização lhe fora muito conveniente. Veelas era uma espécie predominantemente feminina, e Jungkook desconhecia a existência de homens nesta população, mas aparentemente era algo que de fato existia. Raro, extremamente raro, mas de certo real.

Jungkook admitia que estivera um pouco aliviado, pensar na possibilidade de um mero crush no adoidado do colégio não lhe agradava.

Segundamente, tentara encaixar a espécie do garoto aos eventos que antecederam sua descoberta, e chegara a algumas conclusões dispersas. Concluíra que Taehyung não era veela, e sim metade, um-quarto ou alguma fração veela. Possuía sangue-bruxo, portanto era um mestiço das duas raças: por isso estudava em um colégio bruxo. Não sabia o quanto isso podia afetar no poder daquele homem. Seria ele incrivelmente mais forte? Ou seria mais fraco, por não ser inteiramente um mago? Relatos informavam que não havia diferença entre um bruxo comum e um meio-veela, tirando os poderem que um veela possuía.

De qualquer jeito, a varinha de Taehyung funcionava como a de qualquer outro, e isso era o suficiente para que Jungkook concluísse que o estudante de Beauxbatons não era tão invencível assim. Aparentemente, tudo lhe direcionava à conclusão de que grande parte do mistério que Taehyung carregava se resumia naquele grande segredo.  

E o desejo fervoroso do outro de participar do torneiro ainda era uma incógnita para o sonserino.

“Jimin” Jungkook tocara levemente no ombro do garoto que passeava despreocupadamente com seus amigos pelo corredor de Hogwarts. Era dia, manhã, a luz amena alcançou os olhos do mais baixo, tornando-os mais claros. Jungkook possuía um ponto fraco pela beleza singular de Jimin e seus lábios gorduchos, mas o que mais admirava no outro era a tranquilidade no olhar de alguém que sabia que carregava o coração mais deslumbrante de todo o mundo. “Tudo bem, tem um minuto?”

“Ah, Jungkook” um sorriso enorme tomou conta dos rosto do lufino. Olhou sobre os ombros, dando um pequeno aceno aos seus amigos e um recado que logo os encontraria; “Claro, como vai? Precisa de algo?”.

“Hm, não. Estou bem” assegurou, observando o olhar do outro tornar-se um tanto confuso. Apressou-se “Na verdade, queria só conversar com você, faz um tempo”.

“Oh! Sim, me desculpa. Estive ajudando meus colegas a estudar para o NIEMs, alguns deles estão realmente na beira do precipício. Taemin está quase certo de que conseguirá um T em Runas Antigas, e eu não duvido muito, mas espero que ele pelo menos consiga um A ” Deu um sorriso de canto “Nem todos nascem para o sucesso, diferente de você, JK”.

“Ou você, Jiminnie-hyung.” foi rápido em revidar, um leve rubor em suas bochechas. Independente da amizade, a atracção superficial que o menor sentia pelo outro era sempre sentida quando Jimin o elogiava. “Colocou seu nome no cálice, aliás?”.

“Oh, não! Não quis tirar essa oportunidade de você” sorriu maroto, alfinetando o ego do outro. Jungkook riu, empurrando levemente o ombro do outro. Porém, logo lembrou-se do seu verdadeiro propósito ali. Segurou o sorriso:

“Viu, preciso tirar uma dúvida. Você conversa com Kim Taehyung, o estudante de Beauxbatons?” o lufino pareceu surpreso com a questão, mas logo seu rosto suavizou-se. Parecia mais curioso no porquê da pergunta.

“Sim, converso sim. Nos conhecemos há um bom tempo, na realidade. Fiquei muito feliz em vê-lo! Você o conheceu? Por que a pergunta?”.

“Por que me disseram que você é o único que fala com ele...” assimilou um pouco a fala anterior de Jimin, antes de sua cabeça der uma pequena travada, um novo buraco ser formado: “’Feliz’?! Todos dizem que ele é um...” abaixou a voz, um pouco incomodado em estar espalhando fofocas: “...cara extremamente maligno.”.

Sua última frase pareceu muito engraçada para o lufino, que pusera-se a gargalhar repentinamente. Sorte que o local estava repleto de adolescentes transitando e conversando, abafando a altura da risada. As bochechas de Jungkook coloriram-se de escarlate, constrangido com sua situação.

“Maligno? Se maligno é andar na ponta dos pés quando pisa em grama para não matar formigas, Taehyung é sim, de fato, muito maligno.” o platinado parecia muito divertido com a fala do outro.

“Mesmo?” Jungkook tivera que processar a informação, um tanto surpreendido. Muito mais desconfiado.

“Mesmo. Se não acredita em mim, descubra por si só. Ele está na biblioteca, esquisitamente, mas está. Vá conhece-lo, ele adoraria conversar.”. aconselhou, dando dois tapinhas em conforto na nuca do mais novo. “Vou indo, Gukie. Venha falar comigo depois das aulas! Agora preciso ajudar Taemin, se não ele jamais conseguirá um A nos NIEMs. Se eu não puxar a orelha ele não estuda, infelizmente.”

 

 


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Notas finais do capítulo

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