A Marota escrita por Ray Black


Capítulo 26
Capítulo 25




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N.O.M.s.. Níveis Ordinários Em Magia

O sol brilhava do lado de fora do castelo. Os alunos entravam e saiam das salas de aula, alguns ansiosos com a chegada das provas, outros não se importavam já que haviam passado ou ainda passariam. A garota morena e baixinha estava aflita. Não havia estudado o suficiente para as provas, estudando pouquíssimo no dia anterior junto do amigo que, agora, sabia ser um lobisomem. Achava que não passaria, mesmo o garoto a dizendo que estava tudo bem.

Juntos, eles entraram na sala onde seria realizada a prova de defesa contra as artes das trevas. O Prof. Flitwick espalhava provas sobre as carteiras, usando sua varinha como ajuda já que eram muitos alunos. Sirius e James já estavam na sala, sentados devidamente em suas cadeiras, bem bonzinhos, ou fingindo ser. De anjos só tinham as faces.

Jane se sentou pouco atrás se Sirius, recebendo uma piscadela do mesmo junto de um sorriso. Ela tentou retribuir, mas tudo o que conseguiu foi uma careta. A garota quase não ouviu as explicações do professor, mas tinha de Remo o essencial. Ou o básico. Se concentrando nas perguntas, ela pegou sua pena. A mão trêmula quase derrubou o tinteiro e ela respirou fundo, molhando a pena e começando a responder as questões.

Tudo o que havia estudado com Remo parecia querer sumir de sua mente, mas ela segurou e usou isso como apoio. "Vai dar tudo certo", era o que dizia a si mesma. Uma das questões a intrigou... Ela não esperava algo como aquilo, exatamente.

10 - Cite 5 sinais que identifiquem um lobisomem.

A garota levou as mãos aos lábios, tentando não rir com o pensamento de que tinha um amigo lobisomem. E ao imaginar a piada que aquilo daria para James e Sirius. Com o passar, ela relaxou e se concentrou em responder tudo de acordo com o que havia estudado ao máximo. O garoto de cabelos cumpridos um pouco mais a frente parecia relaxado, escrevendo algo no pergaminho e deixando a pena de lado.

— Mais cinco minutos! - a voz do professor sobressaltou Jane e só ai ela reparou que já havia se passado um tempo.

Respondendo a última pergunta, ela deixou a pena de lado e se esticou na cadeira, a tempo de ver o irmão se virar para o melhor amigo que lhe levantou o polegar. Os dois haviam terminado também. Jane se sentiu um tanto desconfortável com o olhar da garota a sua frente em Sirius, esperançosa e faminta, diria ela. Com um revirar de olhos, ela suspirou e massageou as têmporas, olhando os outros dois marotos.

Remo parecia reler suas respostas, concentrado mais na prova do que em qualquer coisa ao redor. Já Pedro parecia tão nervoso quanto Jane quando entrou na sala.

— Descansem as penas, por favor! - esganiçou-se o Prof. Flitwick. - Você também, Stebbins! Por favor, continuem sentados enquanto recolho os pergaminhos. Accio!

Mais de cem rolos de pergaminho voaram para os braços estendidos do Prof. Flitwick, acabando por derruba-lo pra trás. Varias pessoas riram. Uns dois estudantes nas primeiras mesas se levantaram e ajudaram o professor a se levantar.

— Obrigado.. Obrigado. - ele ofegou. - Muito bem, todos podem sair!

Todos se levantaram para sair da sala, o mesmo tumulto de sempre. Jane pegou suas coisas e se levantou, sorrindo para as amigas que se juntaram a ela. Juntas, as quatro caminharam para fora do saguão de entrada.

— Você parece mais confiante agora pois quando entrou com Remo, eu pensei que teria um troço. - Lilian comentou, fazendo as garotas rirem.

Conversando sobre as questões, as garotas desceram o gramado em direção ao lago, se sentando a beira no mesmo para aproveitar o dia bonito. Elas riam, tirando os sapatos e as meias, deixando que os pés se refrescassem na água. Lilian apoiou a cabeça no ombro da amiga, feliz por estarem novamente bem. Assim a outra se sentia, tendo sua melhor amiga de volta depois de toda aquela confusão.

— Como vão você e Sirius? - a ruiva perguntou, aclamando a atenção da loira e das duas morenas.

— Hum.. - Jane fez suspense, levando um dedo ao queixo e rindo quando Lily a cutucou. - Melhor que nunca. Nas últimas semanas ele tem estado.. Menos idiota.

Elas riram, espalhando um pouco de água com os pés ansiosos. As três garotas não pareciam satisfeitas, mas foram interrompidas de ouvir mais. Olhando pra trás, puderam notar que os estudantes formavam uma pequena aglomeração ao redor de algo que parecia divertir alguns. Os alunos riam e as garotas se levantaram, Lilian e Jane empurrando algumas pessoas para ver o que acontecia exatamente.

— Espere pra ver o que? - o garoto de cabelos cumpridos perguntou, calmo. - Que é que você vai fazer, Ranhoso, limpar o seu nariz em nós?

Pouco mais a frente dele, um garoto lutava contra o que pareciam cordas invisíveis, que murmurava coisas que, de onde elas estavam, não dava pra ouvir bem.

— Lave sua boca. - o maroto de óculos disse, frio. - Limpar!

Bolhas de sabão cor-de-rosa escorreram da boca de Snape na hora; a espuma cobriu seus lábios, fazendo-o engasgar, sufocar..

Lilian se enfureceu e avançou.

— Deixem ele em PAZ!

James e Sirius se viraram. James levou a mão livre aos cabelos de imediato.

— Tudo bem, Evans? - disse James, e o seu tom se tornou imediatamente agradável, mais grave e mais maduro.

— Deixem ele em paz. - repetiu Lilian, ela olhava para James com intenso desagrado. - O que foi que ele lhe fez?

— Bom.. - o maroto pensou na pergunta. - É mais pelo fato de ele existir.

Muitos estudantes ao redor riram, Sirius e Pedro inclusive, mas Lupin, ainda aparentemente absorto em seu livro, não riu, nem tampouco Lilian ou Jane, que observava de longe a cena toda, não sabendo como reagir.

— Você se acha engraçado. - a ruiva disse com frieza. - Mas você não passa de um cafajeste, tirano e arrogante, Potter. Deixe ele em paz.

— Deixo se você quiser sair comigo, Evans. - James respondeu depressa. - Anda.. Sai comigo e eu nunca mais encostarei uma varinha no ranhoso.

As costas do maroto, a azaração que ele havia lançado ia perdendo o efeito. Snape estava começando a se arrastar pouco a pouco em direção à sua varinha caída, cuspindo espuma no caminho.

— Eu não sairia com você nem que tivesse de escolher entre você e a Lula gigante. - replicou Lilian.

— Mau jeito, pontas. - o Black disse animado, se voltando para Snape. - OI!

Mas tarde demais. Snape tinha apontado a varinha diretamente para James. Houve um lampejo e um corte apareceu em sua face, salpicando suas vestes de sangue. Ele girou: um segundo lampejo depois, Snape estava pendurado no ar de cabeça pra baixo, as vestes pelo avesso revelando pernas muito magras e brancas e cuecas encardidas.

Muita gente na pequena aglomeração aplaudiu: Sirius, James e Pedro davam gargalhadas. A garota morena não muito longe dali, sentiu os olhos arderem. Ela não sabia se era por Snape, por Sirius ou por não imaginar que o irmão poderia fazer aquilo.

Já Lilian, cuja expressão se alterara por um instante como se fosse sorrir, disse:

— Ponha ele no chão!

— Perfeitamente. - E James acabou com a varinha para o alto, Snape caiu embolado no chão.

Desvencilhou-se das vestes e se levantou depressa, com a varinha na mão, mas Sirius disse "Petrificus Totalus", e Snape emborcou outra vez, duro como uma tábua.

— DEIXE ELE EM PAZ! - Lilian berrou.

Puxara a própria varinha agora. James e Sirius a olharam preocupados.

— Ah, Evans, não me obrigue a azarar você. - James pediu, um tanto sério.

— Então desfaça o feitiço nele!

James suspirou profundamente antes de se virar para Snape e murmurar um contrafeitiço.

— Pronto. - ele disse, enquanto Snape procurava se levantar. - Você tem sorte de que Evans esteja aqui, Ranhoso.

— Não preciso de uma sangue ruim imunda como ela!

Lilian pestanejou.

— Ótimo. - ela respondeu, calma. - No futuro, não me incomodarei. E eu lavaria as cuecas se fosse você, Ranhoso.

— Peça desculpas a Evans! - berrou James, apontando a varinha para Snape ameaçadoramente.

— Não quero que você o obrigue a se desculpar! - Lilian gritou, voltando-se contra James. - Você é tão ruim quanto ele..

— Quê? Eu NUNCA chamaria você de.. Você sabe o quê!

— Despenteando os cabelos só porque acha que é legal parecer que acabou de desmontar da vassoura, se exibindo com esse pomo idiota, andando pelos corredores e azarando qualquer um que o aborreça só porque é capaz.. Até surpreende que a sua vassoura consiga sair do chão com essa sua cabeça cheia de titica. Você me dá náuseas.

E, virando as costas, Lilian se afastou depressa.

— Evans! - James gritou. - Ei, Evans!

Mas ela não olhou pra trás.

— Qual é o problema dela? - James perguntou, tentando parecer indiferente mas não conseguindo.

— Lendo nas estrelinhas, eu diria que ela acha você metido, cara. - Sirius disse.

— Certo.. - James parecia furioso agora. - Certo.

Houve um lampejo, e Snape, mais uma vez, ficou pendurado no ar de cabeça pra baixo.

— Quem quer ver eu tirar as cuecas do Ranhoso? - ele gritou e houve varias exclamações.

Mas, antes que o pudesse fazer, Jane se aproximou e apontou a varinha para o garoto.

— Coloca ele no chão. Agora! - ela mandou, sentindo as lágrimas lhe molharem o rosto.

— Jane.. - ele tentou mas foi interrompido.

— Eu não me importo se me azarar! Vamos, vá em frente.

James a olhou sem expressar realmente o que sentia. Mas ele não a iria azarar, sabia disso.

— Jane, abaixa a varinha. - Sirius pediu, tentando se aproximar da garota que apontou a varinha pra ele dessa vez.

— Cala.. A boca! - o olhou com ódio, se voltando para o irmão. - Coloca ele no chão. Por favor, James.

O Potter mais velho suspirou, desfazendo a azaração depois de uma batalha interna. Snape lutou para se levantar e alcançar a própria varinha.

— Expeliarmus! - a garota disse e a varinha dele estava em suas mãos no mesmo instante.

Ela olhou para todos, a visão meio embaçada pelas lágrimas, a decepção estampada no rosto.

— Chega.. O quão babacas vocês podem ser? Dois imbecis, é isso que são.

Jane secou o rosto um tanto violentamente e se virou, saindo dali ainda segurando as duas varinhas na mão. Correndo pelo gramado, ela logo alcançou uma das entradas para o castelo, caminhando rapidamente pelo corredor. Antes que pudesse subir as escadas em direção ao sétimo andar, alguém puxou seu braço e ela parou, se virando e dando um tapa certeiro no rosto do garoto. Ele, por sua vez, levou a mão ao lado magoado.

— Não me toca.. - ela disse, puxando seu braço agressivamente.

Sirius apenas a olhou, não ousou contradize-la.

— Eu acreditei.. Que você não era o que eu pensava. Não era o cara arrogante, cafajeste, imbecil... Mas você me provou o contrário, muito obrigada por abrir meus olhos.

Ela riu sem muita vontade, subindo os primeiros degraus da escada. No caminho, ela parou, tirou o colar de seu pescoço e lhe entregou. Sirius, sem reclamar, pegou o colar e deixou que a garota subisse o resto das escadas. Em sua cabeça ele só pensava.. Que havia acabado com algo que nem ao menos havia começado ainda.


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