A Marota escrita por Ray Black


Capítulo 23
Capítulo 22




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Jane Potter

Hoje era dia de voltar pra Hogwarts. Logo pela manhã, nós pegamos nossas coisas, a qual havíamos arrumado na noite anterior e fomos no carro dos pais de Lilian e mais um táxi. Meus pais não puderam ir conosco, então, nos despedimos antes de sair de casa. Eu estava ansiosa pra voltar, mas também sentiria, novamente, saudades de meus pais.

Quando chegamos na plataforma, atravessamos o portão discretamente, devido a estação que estava bastante movimentada. Creio que seria estranho ver algumas pessoas sumindo por dentro de uma parede para os trouxas. Eu atravessei junto de Lilian, que ainda parecia meio chateada por eu a ter evitado durante os últimos dias. Eu ainda não tinha coragem..

— O que está rolando entre vocês? - Remo perguntou pra mim, ao atravessar a barreira.

— Vocês quem? - perguntei de volta, quando ele me puxou para um canto.

— Você e Lilian. Eu notei que estão afastadas.. Brigaram? - ele parecia preocupado.

Eu quis contar o que ocorreu e lhe pedir um conselho, mas não sabia se podia. Não por não confiar em Remo.. Confiava nele de olhos fechados. Mas sim por ser algo.. De Lilian, e não meu.

— Não.. Na verdade, eu não sei.. - suspirei frustrada, levando meus dedos a boca.

Quando iria começar a roer o restinho da unha que ainda tinha, pelo fato de estar roendo bastante nos últimos dias, Remo segurou minha mão. Ele passou um de seus braços pelas minhas costas e sorriu doce, me levando de volta em direção aos outros que já se despediam. Pedro já estava ali, ao lado de Sirius a sorrir pra nós quando nos aproximamos. Eu tentei retribuir, mas tenho certeza que saiu mais como uma careta.

— Boas aulas, crianças. - a Sra. Evans nos desejou, sorrindo pra todos nós.

Nós sorrimos, antes de nos direcionar para o trem que já apiatava indicando a saída. Lilian se despediu de seus pais e subiu no trem conosco, acenando pra eles da janela. Eu me encolhi no abraço ladino de Remo, sentindo ele acariciar meu braço. Procuramos uma cabine e eu me joguei no banco perto da janela, ciente que minhas amigas estavam na cabine ao lado.

Sirius, James e Pedro que estavam logo atrás de nós, entraram também e me olharam meio preocupados. Eu os ignorei, abrindo a janela e deixando o vento bater em meu rosto conforme o trem ganhava velocidade. Eu estava tensa.. E nervosa, muito nervosa. Eu sabia que agora teria que falar com Lilian sobre o que aconteceu. Afinal, estávamos no mesmo dormitório e.. Eramos amigas!

— O que está acontecendo? - ouvi James perguntar a Remo, como um sussurro.

— Acho que ela e Lilian brigaram.. - Remo respondeu no mesmo tom.

Eu me recompus, me sentando direito e olhando cada garoto na cabine. Eles me olhavam atentos, como se eu fosse uma bomba prestes a explodir.

— Isso... Se chama ataque.. Nunca viram uma garota tendo um ataque de nervosismo? - perguntei, me levantando.

— Depende... Já vi Lilian quase explodir de tão vermelha que ela ficou enquanto gritava comigo no terceiro ano. - James pareceu pensar, me fazendo revirar os olhos.

— Mas aquele dia foi legal.. - Sirius sorriu, como se lembrasse de algo bom.

— Queria que ela me batesse, não é? - o outro retrucou, cruzando os braços.

— Talvez... Mas pensa, seria uma boa lembrança se ela chegasse tão perto assim de você. - o Black disse, dando de ombros.

— Ela já chegou mais perto de mim. - James sorriu sacana para o outro.

— Ela já chegou ou você já chegou?

Quando meu irmão iria responder, eu os interrompi.

— Deixem de ser idiotas. - pedi, pulando as pernas de Sirius que estavam esticadas em direção a porta da cabine.

— Onde vai? - Remo perguntou quando eu abri a porta.

— Falar com Lilian.

*****

Eu estava parada no corredor, encostada na 'parede' entre uma cabine e outra, sentindo meu corpo balançar levemente pelo movimento do trem. A cabine da esquerda se abriu e eu suspirei aliviada ao ver James sorrir pra mim. Ele se encostou na 'parede' a frente, pondo as mãos nos bolsos da calça.

— O que te incomoda? - perguntou, ajeitando os óculos no rosto.

— Você viu... No meu quarto.. Na manhã de natal.. - eu disse, vendo suas bochechas tomarem um tom rosado.

— Sim.. Acho que deve falar com ela. - James disse, brincando com o próprio tênis no chão.

Eu assenti, respirando fundo. James voltou para a cabine e eu tomei coragem, abrindo a porta da cabine das meninas. Elas me olharam e eu sorri forçado ao fechar a porta atrás de mim. Sem dizer nada, eu me sentei ao lado de Marlene, bem em frente a Lily. O silêncio foi perturbador até que eu decidi quebra-lo.

— Eu.. Lily, podemos conversar? Sozinhas? - eu hesitei, olhando para ela.

Os olhos verdes se viraram na minha direção e ela cruzou os braços.

— Pode falar.. Jessy e Marlene também querem saber o motivo de você ter me ignorado nos últimos dias. - ela disse, erguendo uma sombrancelha.

— Lilian.. É complicado. - tentei dizer mas ela me interrompeu em seguida.

— Não pareceu complicado pra você nem olhar pra mim. - voltou seu olhar para a janela, mas depois me olhou parecendo triste.

Eu travei, olhando para os lados meio hesitante. Eu não pensei que ela fosse querer falar sobre aquele dia com Jessy e Marlene.

— Eu.. Sobre a manhã de natal... Eu só estava receosa. - falei baixo, sentindo minhas bochechas corarem.

— Receosa pelo que? - ela questionou.

— Por.. Por você ter me beijado. - eu confessei, mordendo meu lábio fortemente.

A cabine ficou silenciosa e eu olhei para Lily que me olhava como se eu estivesse louca. Jessy e Marlene olhavam dela pra mim, como se assistissem a melhor coisa de suas vidas.

— Do que está falando..? - a ruiva perguntou, agora parecendo assustada.

— Da manhã de natal.. Você entrou no meu quarto e.. Me beijou. Depois saiu correndo quando o James nos viu. - lhe lembrei, ela havia esquecido?

— Não nos falamos na manhã de natal.. E eu saberia se tivesse beijado você. - ela disse, ainda me olhando como se eu fosse louca.

— Eu não sou louca! Uma ruiva igualzinha a você esteve no meu quarto naquele dia. - eu me levantei, levando as mãos a cabeça.

— Okay.. Vamos descobrir o que aconteceu, mas eu te garanto que não era eu. - Lily também se levantou e segurou meus ombros.

Eu assenti e ela sorriu. Sem pensar duas vezes, eu a abracei. Aquilo era esquisito... Eu tinha certeza que era ela.. Mas ela disse que não foi e eu acreditava.

*****

A chegada a Hogwarts foi tranquila. Nada de especial como a seleção ou os avisos de Dumbledore no inicio do ano, mas tivemos o banquete e as brincadeiras na sala comunal. As coisas com Sirius estavam melhores que nunca,  conversamos sobre muitas coisas enquanto James aprontava algumas coisas com sua varinha e Lilian fazia caretas, indicando que reprovava tudo aquilo.

Era bom estar de volta a escola.. Havia sentido saudades do salão comunal, das escadas, dos amigos, até mesmo da mulher gorda. Mesmo que tenha sido pouco tempo, acho que Hogwarts já estava se tornando uma casa pra mim.

— Está pensando a mesma coisa que eu quando cheguei aqui. - Sirius chamou minha atenção, entrelaçando nossos dedos.

— É? E como sabe o que eu estou pensando? - perguntei, erguendo uma sombrancelha pra ele.

— Porque.. Além de animago, eu consigo ler mentes. - ele sussurrou, sorrindo bonito.

— Jura..? - sussurrei de volta, me segurando para não rir.

— Sim.. Escuta. - ele disse, olhando a sala em volta. — James está pensando em como a ruivinha dele fica linda irritada, por isso está fazendo essas palhaçadas. Pedro não pensa em nada, apenas devora o máximo de chocolates que consegue. Remo.. Bem, digamos que eu não consigo ler a mente de lobisomens.

Ele disse baixinho a última parte mas o garoto que estava ao nosso lado ouviu, batendo com o livro em Sirius. Eu gargalhei da cara de indignação de Sirius enquanto esfregava a coxa ofendida.

— Você é idiota, Sirius. Nem o bruxo mais poderoso consegue ler mentes. - Remo lhe explicou, voltando a atenção ao seu livro.

— Tipo.. Dumbledore? Ele sempre parece saber o que eu penso quando me mandam pra sala dele. - o Black pareceu pensativo, e Remo revirou os olhos.

— Isso porque você não pensa muito, então não é difícil adivinhar. - eu disse, dando um sorrisinho.

— Está ficando engraçadinha, Srta. Potter.. - ele me disse, fingindo ofensa.

— Está no sangue. - dei de ombros, indicando James que tentava cantar algo encima da mesa.

Sirius e eu nos olhamos antes de cair na gargalhada, acabando por levar Remo a rir também.

O resto da noite foi agradável. Remo continuou a ler, já Sirius e eu nos juntamos a James, passando a pregar peças nele. O maroto pareceu irritado, mas acabou se divertindo com a própria cara depois de um tempo. Quando fomos dormir já passava da meia noite e eu acabei sendo a única menina a ficar no salão com os marotos. Nós nos despedimos e fomos para nossos dormitórios. O dia de aula amanhã prometia..


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