“Apenas diga!”

As palavras ecoam pela cabeça da garota, enquanto o coração bate acelerado em seu peito.  Os cabelos coloridos de Teddy Lupin entram em seu campo de vista e Victoire Weasley sente cada átomo do seu corpo entrar em combustão, ao mesmo tempo em que uma guerra civil começa a ser travada em seu cérebro.

Há uma parte dela que deseja correr até o rapaz e despejar todos os sentimentos – que a assombram durante a madrugada, assassinando seu sono – sobre ele. A menina dá um passo para frente, mas algo a impede de prosseguir e a mantém congelada onde está.

Victoire Weasley é uma covarde. Sempre foi. Provavelmente sempre será. É irônico que a primeira herdeira de um célebre grifinório – vindo de uma família de grifinórios – e de uma campeã tribruxo seja uma criatura tão pateticamente desprovida de coragem. Ainda assim, irônico ou não, as coisas são como são e, na única vida que conhece, o medo a paralisa diante ao garoto que ama.

Teddy Lupin tem sido seu melhor amigo desde sempre. E talvez seja esse o problema. O rapaz tem estado ao seu lado desde que ela se entende por gente e a simples ideia de perde-lo lhe soa insuportável. Então, seguindo a razão, como uma boa corvinal, a garota escolhe se calar e sufocar seus sentimentos. Escolhe não correr riscos. Escolhe ser uma covarde. É mais fácil assim e, ela deseja muito acreditar, menos doloroso.

 No entanto, a dor que cresce em seu peito enquanto Teddy caminha despreocupadamente até ela, ignorando como seu simples sorriso é capaz de incendiar todo o mundo da amiga, faz com que Victoire não tenha tanta certeza de que sua covardia é capaz de lhe oferecer qualquer conforto.

— Oi, Vic! — o rapaz a cumprimenta. As mãos nos bolsos da calça, os cabelos azuis despenteados, o sorriso torto nos lábios.

A menina quer dizer “eu te amo”, quer dizer “meu mundo fica melhor porque você existe”, quer dizer “eu quero você muito mais do que como amigo”, mas as palavras ficam presas em sua garganta e se enrolam em sua língua.

— Oi, Teddy! Quais as novidades? — é o que acaba dizendo.

Porque Victoire Weasley é uma covarde. Sempre foi. Sempre será.