Meia Lua escrita por Nanda Vladstav
— Vocês também perceberam, não foi?
— Nem um dia, pai. Seis anos combatendo, e nenhum dos dois envelheceu sequer um dia. Não sei se fico preocupada ou com inveja.
— Tem alguma coisa diferente neles, e não é o poder.
— Tem razão, amor. Além disso, Mauro está coberto de cicatrizes, mas o Cas não tem nada novo. Como se ele... Não, estou pensando besteira. O que você acha que aconteceu com eles, Luca?
Luca continuou encarando a janela, de testa franzida. — Vou ter uma conversa séria com Ângelo na próxima vez que ele estiver aqui, e espero que ele me diga a verdade completa dessa vez. Se eu estiver certo, precisaremos sair uns dias. Quero muito estar errado.
Marina concordou, séria. — Pra onde vamos?
— Só reavivar a memória de algumas pessoas. Se Cássio ou Mauro tiverem problemas, serei o primeiro a saber.
***
— Moços, não vão por aí! Essa floresta é assombrada!
O casal seguiu sem dar ouvidos.
— É sério, não sigam nessa direção! Tem um deus da destruição morando na mata, e ele não gosta de intrusos! — Os dois nem mudaram o passo. O homem olhou e deu de ombros. As bordas da mata eram um lugar bem seguro pra viver, se não estragassem as plantas ou caçassem demais. Mas ninguém entrava no caminho entre as árvores e conseguia contar o que viveu lá dentro. Quando voltavam, claro. Infelizmente, os jovens sumiriam, e que bons ventos os levassem.
A mulher teve certeza que não estavam sendo seguidos antes de sorrir embaixo do chapéu largo.
— Deus da destruição? Gato, se o Cinco-fios ficar mais egocêntrico que isso, ele vai alterar até a gravidade. Com certeza é o caminho certo.
— Linda, se um décimo das histórias que ouvimos forem verdade, ele faz... Ele está aqui. Proteja-se!
— Protego flamae! — O círculo de chamas durou apenas um segundo, e o homem cobriu a mulher com o corpo quando a onda de choque e poeira apagou o feitiço e jogou o casal no chão.
Os dois vultos pareciam surgidos da terra.
— Não sei quem são ou o que querem, mas não têm o direito de estar aqui. Vão embora.
A ordem continha várias camadas de magia, e ela sabia que não fossem os longos feitiços de proteção antes da viagem, teriam entrado em choque, ou fugiriam por um ano inteiro.
— Só viemos conversar. Não queremos fazer mal a ninguém. Mas você sabe quem nós somos, Troca-letras.
Não levantou – e nem conseguiria, ao menos por um tempo – mas tirou o chapéu e a echarpe que protegiam o rosto nas estradas. Seu companheiro ainda tossia devido ao impacto, mas tirou o chapéu de vaqueiro que lhe cobria o rosto e os cabelos cacheados.
Podia sentir o invocador estupefato com a visão, e após um rosnado curto do mago, ela e o vaqueiro puderam olhar bem para os homens que se aproximavam. Um deles puxou a máscara, e nenhum dos dois grupos sabia quem estava mais surpreso.
— Vocês não são quem eu esperava encontrar. — Droga, aquilo alterava tudo.
— Xavier? Denise?
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
* Xavier é o nome verdadeiro do Xaveco;
* Tenho cinco one-shots programadas, com publicação semanal;
* A publicação da continuação pode demorar, mas vai acontecer. Se então vocês quiserem voltar a ler e acompanhar, serão mais que bem-vindos.
A todos, muito obrigada e até a próxima.