“To trust in another

is the same as to rely upon that person.

Reliance is for the weak.”

— Sousuke Aizen, Bleach.

A fraca luz de seu cômodo parecia ter sido o suficiente para despertá-lo, fazendo-o observar o local quase que tediosamente, refletindo em silêncio como havia chegado ali. Respirou fundo, deixando o calmo suspiro escapar por suas narinas enquanto desviava os seus elegantes olhos castanhos para o próprio corpo, reprovando-se pela centésima vez. Um tolo, arrogante.

Ele estava preso. Mesmo sendo o poderoso homem que era, sempre meticuloso, imponente, cuidadoso e sagaz... Ele encontrava-se amarrado. Acorrentado a algo que nunca imaginou se envolver e muito menos considerava a ideia de que acabaria daquela forma. Tão desamparado e perdido. Cercado e carente daquelas mãos delicadas e gentis que tanto o acariciam enquanto o manipulavam sutilmente.

Um monstro. Era essa a palavra que poderiam descrevê-la. Uma odiosa sereia que tivera a audácia de seduzi-lo com ações graciosas, choros silenciosos, rebeldias inesperadas e uma benevolência tão gigantesca que chegava a ser obscena, especialmente naquele lugar onde apenas o mais forte poderia sobreviver, um reino amaldiçoado a nunca se modificar. Uma eterna noite infértil, repleta de demônios sanguinários esperando apenas uma chance para atacar-lhe pelas costas.

Contudo o poderoso Sousuke Aizen – um capitão caído, famoso por sua inteligência e esperteza – jamais teria cogitado tamanha traição por parte dela. Uma reles humana que apenas havia se demonstrado interessante por conta de seus poderes incomuns nunca tivera exposto qualquer ameaça, pelo contrário, a moça parecia mais uma pobre inofensiva lebre assustada, tremendo diante dele e de seus servos impiedosos.

“Inacreditável...” Murmurava a grave voz do monarca, soltando uma breve risada sem humor enquanto criticava suas impensadas ações mentalmente, ainda descrente de que ele, o rei e senhor do Hueco Mundo, havia sido dobrado e manipulado daquela forma tão tola... e tão perigosamente deliciosa.

“É... Talvez eu devesse ter tomado mais cuidado com ela...” Comentou para si próprio enquanto ajeitava o corpo em cima da cama, movendo suas correntes em forma de lençóis de seda para baixo, revelando o curvilíneo corpo de sua adormecida acompanhante. “Quem imaginaria que aquele velho arrogante estaria certo sobre seres perigosa...” Ironizou a meia voz, permitindo que sua visão passeasse pelos longos cabelos cor de caramelo da jovem, logo desviando de seu caminho até que pudesse vagar por aquela pele clara, sutilmente aproximando-se da moça e se autorizando a respirar o perfume impregnado naquele ser gracioso.

Talvez aquele tivesse sido o seu erro. Aquele hábito quase que natural de desejar desobedecer às ordens de seu superior, ignorando as normas impostas por ele, orgulhosamente filosofando que regras só deveriam ser seguidas por aqueles que desejavam ter as suas vidas vinculadas a isso – coisa o qual desprezava – aclamando que ele deveria estar acima de tais leis antiquadas.

“Sim... Meu erro foi lhe permitir ter a minha confiança...” Pensou silenciosamente, compreendendo que a partir do momento em que o castanho percebeu que estava necessitando da presença dela, ele estava perdido. “Como será que deixei isso acontecer?” Perguntou em pensamentos enquanto liberava a sua ambiciosa mão a caminhar e vagar pelas montanhas que formavam aquele corpo atraente digno de uma princesa. Uma deusa.

Sousuke a escutou gemer baixinho, reagindo ao elegante e ganancioso toque dele. Assisti-la movimentar-se preguiçosamente em seu leito até finalmente encará-lo com aqueles grandes e brilhantes olhos claros, o fizeram sorrir e lentamente avançar contra os lábios macios da jovem, beijando-a apaixonadamente, aprofundando tal ato a cada reação que ela tinha, sutilmente acorrentando-o mais uma vez, apertando suas amarras com carinho.

Contudo ele amava ser subjugado daquela forma... Mesmo que ferisse seu orgulho, era simplesmente inevitável se deixar perder daquela maneira tão deliciosa. Ele estava perdido e sabia disso, porém não conseguia evitar desejar tê-la daquele jeito. Escutá-la chama-lo intimamente entre os gemidos descompassados, o calor que a pele dela emanava por debaixo do seu, as expressões de êxtase... Tudo nela o atraía.

Uma provocação volátil que apenas acordava os seus desejos egoístas e primitivos, o obrigando a conquista-la diariamente, pois sabia que nenhuma outra conseguiria satisfaze-los da mesma forma que ela, Orihime Inoue, conseguiria. E ali no meio daquela orquestra de respirações e colisões, Sousuke aceitou mais uma vez ser derrotado pelos encantos da humana. Admitindo para si próprio que era um fraco e que ela era digna de sua confiança, seu corpo, coração e de sua alma. Novamente rendendo-se à aquelas graciosas correntes de seda.