Para Sempre Rainha escrita por Tricia


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/764644/chapter/1

Daenerys apoiou as mãos no parapeito de uma das sacadas da fortaleza vermelha, agora tomada. A guerra havia acabado; contra Cercei, contra o Rei da Noite e seu exercito de mortos assombrosamente persistentes em combate.

Muitos lutaram, muitos morreram e, agora podia finalmente se permitir suspirar e descansar, estava em casa.

Em casa...

— Vossa majestade – ouviu ser chamada e os passos curtos de Tyrion se aproximando ate que este ficasse ao seu lado segurando uma taça generosamente cheia de vinho – Esta tudo bem?

Não olhou o anão apenas o céu alaranjado que ia ate onde seus olhos enxergassem e era lindo. Derretendo a neve do inverno e trazendo de volta as cores daquela cidade tão destruída por Lannisters.

— Vossa majestade – Tyrion voltou tornou a chama-la. Ele estava preocupado, sabia.

— Quando era pequena e vivia viajando de um lugar para outro para não ser morta enquanto dormia eu dizia á Viserys: “Eu quero ir para casa” e ele me dizia que iriamos quando tomássemos o poder que nos fora tirado, mas que ainda lembrado, pois havia pessoas que clamavam pelo retorno dos Targaryens a Westeros – maneou a cabeça lembrando vagamente do irmão – Eu não me importava com poder, gloria ou qualquer outra coisa que ele dizia, só queria uma casa confortável que não precisasse ir embora cinco dias depois.

— Você teve uma casa quando se casara com Khal Drogo – o homenzinho lembrou-a.

— Sim, eu tive, com pessoas para me servir e me respeitar como Khaleesi e, Viserys teria seu exercito para conquistar sua coroa.    Entretanto com o tempo eu entendi; não importava se ele tinha o maior e melhor exercito, ele perderia no final. 

— Por que acha isso?

Deu de ombros.

— Ele era um péssimo estrategista, um péssimo irmão e seria um péssimo rei. Não merecia tal posição. Ser rei não era apenas ter uma coroa de ouro em sua cabeça. 

Lembrou-se do irmão gritando sobre ser um rei de direito e em seguida gritando por misericórdia antes de morrer nas mãos do falecido marido.

— Bom pensamento – disse Tyrion bebendo um pouco da taça – Por isso vossa graça quis ser rainha? Pelas pessoas.

Havia uma bela convicção nas palavras de Tyrion que fazia a mulher de cabelos prateados crer que não importava o que aquele homem podia dizer, ele saberia soar convincente o suficiente. Para uma pessoa. Para uma multidão ate.

— Queria ser rainha de Westeros para nunca mais ser perseguida por coisas que não fiz – disse olhando pela primeira vez o rosto do anão, sua expressão deixava claro que não imaginava ouvir isso, completou então – Inicialmente.

— E o que mudou?

— Drogo. Ele queria tomar Westeros apenas para dizer que ninguém mexia com sua Khaleesi, provavelmente ao final destruiria o trono de ferro como pirraça. Mas seus métodos, não eram bons e quando tentei ajudar e consertar os estragos provoquei sua morte e do meu filho.

O arrependimento que levaria ate o tumulo.

— Você errou. Mas tento de um jeito diferente fazer as coisas e isso precisa ser ressaltado, majestade – o anão então deu de ombros – Homens morrem aos montes por motivos tolos a todo o momento. Você foi enganada quando tentava fazer algo bom, não é tão tola para mim.

O Lannister voltou à taça aos lábios bebendo ate que esta ficasse vazia, olhando brevemente para baixo. Seguiu seu olhar para os portões abertos onde um grupo de imaculados entrava acompanhados de soldados da capital. Alguns locais destruídos estavam sendo reconstruídos.

— Hoje gosto de ver que foi uma parte do meu trajeto. Dolorosa, mas necessária. Se não fosse por ela não teria meus filhos. Não teria libertado tantas pessoas de suas correntes.

O ato que poderia ter orgulho de tê-lo feito pelo resto de seus dias.

— Você conseguiria estar aqui com ou sem dragões. Vossa majestade é obstinada – o anão distanciou-se e Daenerys seguiu-o com o olhar para vê-lo pega mais uma taça e a garrafa de vidro cheia que estava sobre a mesinha, ao voltar continuo – Por isso é respeitada e merecedora.

 – Não mais... – fora tudo o que dissera, voltando o fitar o horizonte alaranjado e as edificações destruídas de Porto Real.

Por mais que a fortaleza vermelha fosse o lar da casa Targaryen no passado não havia muitas coisas que provassem isso como em Pedra do Dragão com suas paredes esculpidas, estatuas em forma de cabeças entre outras coisas que deixavam claro o fato de que um Targaryen viveu ali um dia.  

 Porto Real continha apenas pilastras esculpidas e um grande trono cuja origem fora ignorada no decorrer dos anos. Não importa mais como foi feito ou por que, apenas quem esta sentado lá desta vez. E, por muitos anos Daenerys almejou ser esta pessoa. A rainha dos ândolos e dos primeiros homens.

— Isso não é verdade – Tyrion protestou – Você é uma rainha. Nasceu pra isso.

Riu sem humor.

— Eu sempre dizia isso pra mim, mas a verdade é que não sou. Não mais. O direito ao trono de ferro não é mais meu, você sabe disso, eu sei disso, todos sabem.

Sem retrucar o anão colocou as duas taças no parapeito enchendo-as e empurrando uma para sua rainha que apenas maneou a cabeça pelo descarado vicio daquele homem que tanto ouvia e às vezes ignorava também.

Levantando a taça ele disse:

— Aos caminhos cujos destinos finais não agradam.

Pegou a taça levantando também, concordando com as palavras do conselheiro, ingerindo aquele liquido que Tyrion dizia trazer-lhe sabedoria e tornas as pessoas menos irritantes.

— O que acha que devo fazer?

— Quer um conselho da sua Mão ou de um amigo.

— Quero um conselho sincero que só você me daria.

Os portões foram fechados com um ranger alto, mas Dany manteve os olhos em sua Mão. A taça dele já estava vazia enquanto a sua estava quase cheia.

— Se quer tanto ser uma rainha há mais de uma maneia de conseguir ter uma coroa em sua cabeça.

Ele tornou a encher a taça, sem olha-la. Seus olhos estavam em outro ponto. Tomou um pouco do vinho absorvendo as palavras do pequeno homem. Ele não poderia estar sugerindo que...

 – Acho que é hora de ir – Tyrion exaltou.

— O que?

Franziu o ceio vendo o anão com sua taça fazer-lhe uma reverencia e se distanciar, acompanhou-o com os olhos para então ver no corredor aquele que todos acreditaram ser só um bastardo passar pelo anão trocando algumas palavras com o mesmo e vindo em sua direção. O símbolo dos lobos era exibido em um broche bem posicionado acima do peito do homem em sua cota de couro negra.

— Vossa graça – parando ele saudou-a com uma reverencia mais discreta que a que Tyrion e outros faziam.

— Isso não é mais necessário Jon Snow. Quem deveria estar o fazendo seria eu, não você.

Jon maneou a cabeça andando ate o parapeito, apoiando os braços ali, fitando a cidade em reconstrução além dos muros da fortaleza vermelha.

— Nunca gostei quando me faziam reverencia no Norte, ou quando me chamavam de Lorde no meu primeiro ano na patrulha da noite. Não parecia certo.

— Nem Lorde Comandante?

— Outro titulo que eu não queria.

— E o que você queria exatamente Jon Snow?

— Talvez um lugar onde ninguém me visse como o bastardo de Ned Stark – disse após alguns segundos de reflexão em busca daquela curta, porem sincera resposta. Uma dupla de imaculados passou por eles saudando-os cordialmente e prosseguindo novamente. Daenerys viu seus homens sumirem com certo desanimo, mas a voz de Jon a fez voltar a encara-lo – E quanto a vossa graça? Só o que desejava ter era os sete reinos?

Ponderou. Sete reinos não é o que se classificaria como pouco. Afastando a taça apoiou melhor os braços no parapeito assim como o ex-bastardo.

— Uma casa – viu a cabeça de Jon virar automaticamente para si com o ceio franzido e quis rir. Era um pedido simples de mais para uma rainha ele podia estar pensando, e de fato era – Queria um lugar para chamar de meu, pra viver sem medo. Até que me casei.

— E teve essa casa.

Novamente quis rir.

— Cresci na verdade e aprendi que não importava o quanto eu tentasse, eu seria perseguida, estava acorrentada e precisava me libertar. Precisava lutar.

Um suspiro cansado deixou os lábios do homem.

— Não mais. As lutas acabaram Daenerys.

Da mesma forma que fizera um dia no barco de volta a Pedra do Dragão Jon pegou a mão de Daenerys. O contato familiar e agradável a fez lembrar um pouco da noite que tiveram antes de chegarem ao Norte e toda verdade ser posta em pratos limpos.

— Eu sei que sim – disse, em tom baixo fitando a mão presa a de Jon – Só não estou acostumada com a sensação.

— Eu também não, mas ficaremos bem.

— Como pode ter tanta certeza?

— Porque somos lideres e lideres não podem cair.

A intensidade que as palavras saíram da boca do nortenho a fez sorrir. Pelo menos seria um Targaryen a estar no trono de ferro novamente. 

— Você será um bom rei Jon Snow – Bebeu o resto do vinho da taça, desvencilhando a mão da mão do nortenho – Majestade.

Fez uma reverencia com aquela taça em mãos começando a andar, deixando o objeto sobre a mesma mesa que Tyrion pegara. Em breve voltaria para Pedra do Dragão como uma Lady Targaryen que era o que agora seria.

Querendo ou não.

— Não tem que ser assim – a voz de Jon soou alta para que a alcançasse seguido por seus passos, mas Daenerys apenas parou sem olhar para trás, esperando. Estava na entrada do grande salão. Semidestruído por uma batalha cujo final pudera ter o vislumbre de ver na casa dos imortais alguns anos atrás. Ele parou ao lado novamente juntando os braços atrás do corpo – Você me disse que nasceu para governa e que assim o faria.

Juntou as mãos a frente do corpo com a cabeça erguida, se fosse deixar a batalha pelo menos o faria assim, com a cabeça erguida e o orgulho intacto.

— O farei como protetora de Pedra do Dragão com meus filhos e no que mais precisar.

— Preciso que governe aqui. Comigo.

— Por quê?

— Porque não consigo imaginar pessoa melhor para ser a rainha de Westeros – com dois passos ele estava frente a frente com aquele olhar decidido que Daenerys descobrira admirar – Você nasceu pra isso.

— Sou sua tia.

Aquilo incomodou Jon, assim como incomodava um pouco Daenerys. Era um tanto estranho às vezes pensar que os pais eram irmãos, que tudo não passava de um costume tradicional para manter o sangue puro e evitar a perda das características marcantes que um Targaryen que possuía, entretanto Jon não as possuía. 

— Isso nunca impediu nossos antepassados antes – ele retrucou.

— Não somos eles.   

— Não. Seremos melhores – ele olhou para trás, para onde estava o trono de espatas fundidas, intacto, a janela que tinha atrás estava quebrada assim como boa parte do telhado. Então, ele voltou a olha-la novamente estendendo-lhe a mão – Justos, minha rainha?

Westeros merecia um futuro decente, sempre estivera determinada a ser a pessoa a poder dar isto, traria de volta a gloria de sua casa e talvez tivesse que casar no meio do caminho para fortalecer alianças. Então por que não casar com alguém que realmente parecia despertar sentimentos que a muito não lembrava ter.

Era uma rainha, mas também era humana e merecia poder amar e governar ao lado de alguém bom. Então por que não Jon Snow?

Aspirou o ar, deixando-se sentir mais leve quando pegou a mão que lhe era estendida por aquele homem que sabia poder fazê-la feliz.

— Juntos, meu rei.

Estava finalmente em casa.

Em seu lugar de direito.

E ninguém poderia tirar isso dela.

Jamais.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Como eu queria ver algo assim em 2019, mas conhecendo GOT é pouco provável
Espero que tenham gostado ^_^
Se alguém tiver alguma teoria que acha que ira acontecer, adoraria saber, principalmente se for sobre Daenerys Targaryen
até
bjss



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Para Sempre Rainha" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.