Dragon Ball - Antagonism escrita por Verniz


Capítulo 1
Distopia


Notas iniciais do capítulo

Capítulo introdutório, apenas para que consigam entender o mundo em que se passa a história, e como ele se tornou o que se tornou.

Espero que gostem!



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O mundo mudou.

Mudou em um ritmo que os povos antigos jamais conseguiriam acompanhar, ou mesmo compreender. Mudou de forma mecânica, com o tilintar das engrenagens que produziram máquinas cada vez mais eficientes e inteligentes. Mudou como a força de trabalho, que substituíra os braços humanos por robóticos, por cérebros positrônicos mais e mais eficientes. Mudara como a engenharia genética, capaz de criar vida do zero, de decifrar a sopa primordial, e de recriar sentimentos e sensações em realidades virtuais tão reais quanto a nossa realidade palpável. Mudara como os governos, que pareceram esquecer-se do sentimento democrático e revolucionário que um dia os fundaram, para moldar-se ao bel prazer do poderio das grandes corporações, onde tudo se vende e se compra. Mudara como o vento que sempre sopra para o norte, inapelável.

Sim. O mundo mudara bastante nos últimos séculos.

Começara com uma crise financeira que assolara os cinco continentes como uma verdadeira praga, quebrando governos e deixando milhões de pessoas na linha da extrema pobreza. Guerras por domínios territoriais e econômicos se alastraram, e com o eminente fim dos combustíveis fósseis, um mar de sangue se espalhara, naquilo que fora denominado nos livros de história como a Grande Guerra da Eurásia. Com o fim dos embates restara apenas os corpos de militares e civis, que perderam suas vidas em um combate sem vencedor.

Anos de trevas, assim ficara conhecido esse período obscuro da sociedade humana. Com o seu fim, viera toda uma reconfiguração social, política e econômica no planeta, que perduraria até os tempos atuais. As grandes corporações, as únicas a terem realmente lucrado com a guerra de proporções mundiais, ofereceram os seus braços para auxiliar as novas forças governamentais. Por debaixo dos panos era sabido que os presidentes, primeiros ministros e afins nada mais seriam do que fantoches dos verdadeiros comandantes do mundo.

Facebook Co., que um dia fora apenas uma rede social, mas se especializara no estudo das mentes humanas, sendo atualmente a maior fabricante de cérebros positrônicos do mundo, escolhera os seus lacaios para comandar as repúblicas do continente americano, incluindo os EUA, que ampliara seus territórios na segunda guerra México-Americana. Na parte sul do continente restara o Brasil que, após invadir o Uruguai e a Bolívia, afundara-se em uma guerra civil que perdurara por quase trinta anos. Juntamente com algumas ilhas da América central, o sul da América é considerado área vermelha, e ainda se encontra em processo de colonização e ajustamento.

A parte setentrional da Europa e mais a Federação Rússia ficara com a Homstead Inc., a empresa precursora das viagens interestelares. Todo o seu poder partira das missões de colonização a Marte – a primeira a ter sucesso – e a asteroides próximos. As riquezas de lá extraídas aumentaram ainda mais o caixa da empresa, o que pudera bancar a mais ambiciosa de todas as missões espaciais, mandar uma nave ao planeta Homstead I, que orbita a estrela Alfa Centauro. A corporação fora a primeira a criar forças de segurança paramilitares, acopladas aos fracos governos dos países ligados ao seu domínio, o que lhe permitira manter o controle das regiões dominadas. A Oceania acabara sendo a mais recente aquisição da Homstead.

A Europa meridional e a Ásia ficaram sob o controle da Capsule Co., uma das mais ricas e influentes de todo o planeta. No princípio, fora uma grande fabricante de armamentos de guerra, tendo sido vital para a pacificação do Oriente Médio. Os países islâmicos e Israel foram os primeiros a se tornarem totalmente dependentes da Capsule, o que lhe dera trânsito livre na região. Com o dinheiro oriundo de suas conquistas, um grande investimento em nanotecnologia fora realizado, e a corporação fora a primeira a conseguir com sucesso criar os chamados veículos de bolso. Motocicletas a jato, produzidas em um material tão leve quanto uma pluma, descoberto a partir de dados retirados de um dos seus milhares de satélites espalhados pela galáxia. Motocicletas que, literalmente, podiam ser guardadas dentro de capsulas do tamanho de um polegar.

Com essa verdadeira revolução tecnológica, a Capsule conseguira ampliar os domínios por todo o território Asiático, com drops que iam de mísseis nucleares a casamatas com centenas de soldados dróides. Nunca antes se vira um fim de guerra tão brutal e eficiente como na Eurásia. A terra devastada servira de palco para a criação de novas cidades e do maior parque industrial já visto na história humana, tomando praticamente todo o território da antiga China Comunista, e boa parte das Filipinas.

Sua maior adversária, a Red Ribbon Force, chegara a rivalizar na corrida armamentista no furor das guerras, mas ficara para trás ao não conseguir desenvolver a nanotecnologia domada pela Capsule. O continente africano é sua grande base, porém, duras derrotas foram impostas nos últimos anos, o que retirara de seu controle praticamente toda a região norte do continente, incluindo o Egito, a Argélia e a Tunísia, hoje acopladas ao poder da corporação Capsula. O Estado da Palestina, outrora importante parceiro, também mudara de lado, associando-se a gigante asiática.

Seu grande investimento atualmente é na produção de uma nova geração de bombas nucleares, uma centena de vezes mais poderosas do que as maiores já feitas. Também mantém sobrevida a partir de uma parceria bastante lucrativa com a Homstead, no que tange o contato com raças interplanetárias. Esse tipo de comunicação ainda corre às escuras, em um processo que engatinha em seu desenvolvimento. Há a esperança de que novos recursos possam ser extraídos a partir dessas relações diplomáticas, enquanto que alguns teóricos mais pessimistas afirmam que uma guerra de proporções galácticas possa estar sendo iniciada.

A Antártida, antes um conglomerado compartilhado por diversas nações, ganhara um único patrono, uma gigante corporação que conseguira o monopólio do setor de pesquisas genéticas, a Hanso Foundation. Com braços no desenvolvimento do conhecimento nas áreas da física, da química, e da biologia, a fundação conseguira, a partir de inúmeras pesquisas em Ilhas do Pacífico, avançar centenas de anos em apenas uma década. Doenças como a AIDS e o câncer encontraram sua cura a partir do trabalho de seus cientistas. Bebês clones criados do zero erradicaram os problemas de fertilidade, e durante muito tempo, a empresa da família Hanso fora considerada a única corporação detentora da real moral e ética.

Mas, como toda empresa bilionária, a Hanso não fugia do padrão, e logo fora atestado que suas ações humanitárias eram na verdade uma fachada para os seus verdadeiros objetivos. Pesquisas que envolviam bizarras misturas genéticas de homens com animais, gerando cachorros e gatos bípedes e falantes, vendidos a milhões de dólares a unidade para milionários excêntricos. O escândalo envolvendo a utilização de ursos polares geneticamente modificados como operários em suas estações na Antártida fizera com que suas ações despencassem vertiginosamente. Atualmente a fundação está tentando mudar sua imagem, e o desenvolvimento de câmaras de criosono, capazes de permitir a viagem de um ser humano durante séculos no espaço, parece ter surgido efeito nesse sentido. Tal tecnologia fora adotada atualmente pela Homstead em sua missão a Alfa Centauro.

Uma paz aparentemente estável fora estabelecida após a ascensão das corporações. O mundo fora reconstruído, assim como suas leis e regras, moldadas em benefício das empresas que agora tomam controle de tudo e todos. Aqueles que possuem bens e posses conseguem usufruir do bem estar que as novas tecnologias lhes proporcionam, enquanto que os mais pobres, a camada considerada obsoleta da sociedade, fora totalmente esquecida e empurrada para debaixo do tapete. O que fora marcado como lixo era tratado como lixo. O grande símbolo disso fora a projeção das cidades altas.

A primeira cidade alta a ser construída fora Delta City, nos escombros da antiga New York. Esse modelo de arranha-céus unidos por plataformas e linhas de trânsito magnéticas logo servira de inspiração para construções semelhantes em todos os continentes, espalhando novos conceitos de moradia e transporte. Com ela, a desigualdade social se ampliara absurdamente, com o chamado modelo social de pirâmide, onde no pico dos prédios, junto ao luxo, ao poder e ao dinheiro, estavam os dotados de posses, e na base, escondidos em meio à escuridão estavam os miseráveis.

Delta City, Cidade do Oeste e Damasco são os grandes centros do planeta, considerados por muitos as capitais da Terra. Lá ocorre o controle político e econômico, e fora a partir de reuniões nesses palcos, que os conflitos, outrora comuns, arrasadores e brutais, passaram a diminuir cada vez mais.

Os últimos grandes combates armados aconteceram no norte da África, quando a Capsule tomara para si boa parte da região. Um tratado de não agressão fora assinado entre todas as grandes empresas, e tal atitude, na verdade, deixara claro o quanto a tecnologia das capsulas se tornara o grande trunfo da gigante asiática, deixando crescente o temor entre as demais corporações. A paz prevalecera ante a perdição, e nas últimas décadas pouco se falara sobre uma possível quebra desse acordo, por mais que se acredite que, por debaixo dos panos, todas trabalham para uma nova grande investida, buscando sempre a derrocada de suas adversárias comerciais.

Sem que a grande mídia se dê conta, uma nova corrida espacial vem ocorrendo, desde que os primeiros contatos com civilizações alienígenas foram estabelecidas. Nunca uma nave ou um ser fora encontrado, mas as mensagens que viajaram por dobras espaciais, chegaram até nós e ainda se encontram em processo de decodificação. Pouquíssimo se sabe sobre essas raças, apenas que o contato partira deles com um objetivo ainda não identificado. Encontrar um planeta ou um ser avançado ampliaria ainda mais o campo de pesquisa das empresas, o que lhes traria mais dinheiro e, por conseguinte, mais poder.

Porém, tal contato ainda é muito temido por teóricos da conspiração, que acreditam que não estaríamos recebendo essas mensagens como simples manifestações amistosas de interação entre planetas, mas sim, com objetivos muito mais escusos. Tais pessoas acreditam que ou eles estariam pedindo socorro, o que significaria que uma civilização muito avançada estaria sofrendo o ataque de outra ainda mais avançada do que ela. Ou eles seriam os verdadeiros algozes, carrascos de planetas, apenas alertando que o nosso estaria na sua lista de ataque e colonização.

De toda forma, por mais que não passem de especulações alarmistas, todas as hipóteses apontam para uma nova reconfiguração, para novas e drásticas mudanças em uma sociedade que ainda tenta acostumar-se com sua mais recente faceta. Talvez a distopia disfarçada de utopia na qual vivemos esteja pouco a pouco perdendo a máscara que esconde o seu verdadeiro rosto.


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Notas finais do capítulo

Olá!

E então, o que acharam? O próximo capítulo já contará com o início da história propriamente dita.

Não se acanhem em comentar, quero saber o que acharam.



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