Fascinação escrita por Dama dos Mundos


Capítulo 9
Ato Final: As estrelas que tombam por sua própria vontade.


Notas iniciais do capítulo

O fim... ou quase.

Obs.: o título faz alusão a um Rondel de Neil Gaiman, no qual eu fiquei simplesmente apaixonada. Se interessar a alguém, aqui tem um site com ele inteiro (tem bastante considerações do autor do blog sobre também, mas o que importa está ali).
—> http://sonhosteoriasepalavras.blogspot.com/2009/10/lendo-as-entranhas-um-rondel.html



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— Você não tem nada… você não é nada. Você não tem razão para existir nesse mundo… o melhor que você pode fazer agora é queimar até seus ossos partirem e sua mente ser consumida por completo. — Tray disse. A despeito do fogo e do perigo ao seu redor, ele continuava tranquilo, e não apenas isso, inatingível. Por mais que a mão de Flamie forçasse seu pescoço ele apenas sorria para ela de volta.

— Você… — as palavras dela haviam se tornado difíceis de discernir, sua voz era um murmúrio irritado e crepitante, saindo de um lugar que outrora fora uma boca. Atualmente, as chamas que a envolviam pareciam misturar-se com sua própria pele e cabelos, e era como se ela própria tivesse se transmutado em um ser de fogo vivo e consciente, cuja principal função era espalhar suas flamas para qualquer coisa que pudesse tocar. Entretanto, o foco de seu ódio não queimava. — Por que você… não está queimando!?

— Eu não sou algo que possa queimar. Você vai consumir sua energia inteira e mesmo assim não será suficiente. Então faça isso, Flamie. Surte, devore tudo e caía em desgraça logo depois… — ele então riu. Uma risada cristalina e infantil, que ao mesmo tempo era assustadora. — Você não consegue sentir? O medo dos outros? Os olhos de julgamento?

Salazar, ainda com a respiração acelerada, ousou tirar os olhos daquela cena para ver o que ocorria ao seu redor. Os integrantes do grupo de teatro olhavam apavorados, nenhum capaz de chegar muito perto, principalmente porque uma boa parte deles precisava manter Morph bem segura. Ela parecia hipnotizada pelas chamas, uma mariposa apaixonada pela luz, e todos sabiam o que acontecia quando uma mariposa chegava perto de uma lâmpada. Nia, a musicista, encontrara água e tentava andar o mais rápido possível na direção da tenda de Flamie, mas era atrasada pela quantidade de baldes que carregava com seus braços extras. Ele conseguiu ouvir vagamente a voz da mãe entre os murmúrios e gritos que aumentavam. Subitamente, sentiu a mão de Blake em seu ombro, ela escorregou para baixo de seu braço e o garoto sentiu-se ser erguido pela equilibrista.

— Você vai se machucar se continuar aqui, vá para perto de sua mãe!

— Mas… Flamie e Tray…

— Você não pode fazer nada por eles agora. — a voz de Caleb veio de seu lado direito, Salazar tremeu dos pés a cabeça quando notou-o segurando suas facas e apontando em direção a Flamie.

— Não… não tente feri-la, vai ser pior. De qualquer forma, uma arma de contato não vai fazer diferença alguma do jeito que ela está agora. — era Gael que estava falando. O mago vinha de trás, já movimentando as mãos num feitiço. A água presente dos baldes dos integrantes que estavam mais próximos se aglutinou numa bolha líquida de grande porte que foi seguidamente atirada em Flamie.

Um som de fogo sendo apagado, muito mais alto do que o esperado, foi ouvido. A fumaça espeça subiu, cobrindo a área por um curto momento e fazendo com que os membros ao redor da tenda começassem a tossir e espantar a fumaça e as cinzas geradas pelo incêndio com o balançar das mãos.

— Bom trabalho, Gael. — disse Ciryl, que em algum momento conseguira se aproximar da balbúrdia que acontecia. Ela estava mesmerizada… Salazar também, ele encolhia-se contra Blake e tinha a respiração irregular, parte dele queria fugir dali e outra parte queria ter certeza que tudo acabara bem. Mas o pior de tudo era a culpa, ela corroía os seus ossos. Ainda não sabia o que Tray tinha na cabeça para causar aquela situação, mas tinha certeza que fora por sua culpa que tudo acabara daquele jeito.

Ele precisava ter certeza que todos estavam bem.

— Vocês encontraram Ærith? — a dona reiniciou, dando alguns passos por entre a fumaça.

— Ainda não. Não tem sinal dela. — alguém respondeu. Entretanto, Salazar conseguia perceber uma comoção um pouco mais longe de onde estavam, a julgar pela distância vinha da Tenda das Feras. Kron estava exaltado, os sons que produzia atropelavam-se um sobre o outro e era difícil entender sobre o que ele falava. Com um peso indescritível no peito, Salazar voltou sua cabeça naquela direção, apenas para ver o domador caminhar com alguma coisa nos braços que sua mente rapidamente negou-se a descobrir o que seria.

— Ela está…

— Foi colocada na Tenda das Feras…

— Quem pode ter feito isso?

— Está mor…

Oh, não… aquilo não estava acontecendo… não podia estar.

Mas Salazar sabia que os habitantes do Sonhar não sonhavam, e portanto, não tinham pesadelos.

As lágrimas começaram a escorrer e ele esforçou-se para ficar de pé direito, mil coisas bombardeando sua cabeça. Ærith… Ærith foi encontrada na Tenda das Feras. As bestas estavam longe da entrada mais cedo, quando estivera lá com Tray. Nada acontecera com ela, não é? Se ela não entrou demais na tenda, se Tray não a fez entrar demais… ele não queria acreditar naquilo que ocorria em frente aos seus olhos, mas a lembrança do sorriso de Tray, daquela expressão macabra em sua face, já lhe dizia tudo que precisava saber.

Antes que seu cérebro racionalizasse o tamanho daquela desgraça, porém, uma explosão rimbombou em meio a fumaça e Ciryl foi obrigada a recuar. Todas as cabeças dos integrantes mais próximos viraram-se para o local onde estivera a Tenda de Flamie, agora um monte de destroços carbonizados. Alguma coisa levantou-se de lá, uma criatura que parecia feita de rocha ígnea, ela produzia um som pungente que parecia um choro longo e sentido. Filetes de lava começaram a escorrer dos buracos que deveriam ser seus olhos, e a coisa balançou a cabeça de um lado para o outro, cobrindo o rosto com as mãos, enquanto seu corpo começava a incandescer novamente.

— A água não funcionou?

Salazar escutou Gael proferir um palavrão, e imediatamente seu olhar foi das mãos dele que se moviam para a área chamuscada. Só havia um ser, evidente de quem se tratava, ali no centro. Nenhum sinal de Tray. Com medo, ele fez o que Blake sugeriu mais cedo e afastou-se alguns passos dali. O garoto não conseguia piscar. Ele mal conseguia respirar enquanto via a cena: o ser de rocha, ou Flamie, começara a irradiar uma energia fumegante cada vez mais forte, o som de lamento aumentando e aumentando e aumentando mais, até que se tornou um grito arrepiante e o fogo percorreu-a mais uma vez, de cima a baixo, para logo depois inflar e explodir numa potente onda de calor.

Foi nesse instante que Artemísia chegou até ele, ela puxou-o por trás e abraçou-o, sua mão passou por cima de seus olhos e tampou a visão do que quer que havia sobrado no local destruído. Por um momento, Salazar sentiu-se aliviado por estar nos braços da mãe novamente, de sentir seu cheiro de ervas e incenso, e as mãos macias e quentes. Ela virou-o finalmente na sua direção para esconder o panorama de fogo que voltava a se alastrar, ele quase imaginou que iria abraçá-lo de novo por um bom tempo e não soltaria mais, mas as coisas ali estavam perigosas e a mulher apenas segurou sua mão e puxou-o cada vez mais para trás, para longe das chamas, não de maneira insistente, deixava-o segui-la em seu ritmo. Ao mesmo tempo, algumas pessoas olhavam em choque para a cena, muitas derramavam lágrimas, outras simplesmente corriam para buscar mais água. Salazar notou um fino escudo de magia ao redor deles, que começava a se dissipar, deveria ter sido erguido por Gael para mantê-los seguros da explosão de Flamie.

Flamie… Ærith… Tray…

Ele não aguentou mais e começou a soluçar, e então a chorar, parando de andar. Soltando a mão de sua mãe, Salazar levou os punhos para o rosto e tentou limpar as lágrimas, mas elas apenas caíam e caíam e parecia que não parariam nunca. Assim como parecia que ele havia quebrado seu próprio coração em pedacinhos e não haveria concerto algum para isso.

Aquilo era culpa dele… tudo aquilo, era culpa dele.

— Foi… minha culpa. Isso não teria acontecido se eu tivesse ouvido você.

— Oh, meu amor… — ela soltou sua mão para agachar-se na grama e passar os braços ao seu redor, aninhando-o em seu peito. — Eu não sei o que aconteceu aqui, mas a culpa não foi sua.

— Foi sim. Eu comecei isso. E agora… agora está doendo. Está doendo muito…

— Eu tenho certeza que não foi. Você é um bom garoto. Meu bom garoto, nunca causaria uma situação horrível dessas. — ela passou carinhosamente os dedos pelos cabelos esverdeados do filho, e os dois sabiam muito bem que aquelas palavras não seriam o suficiente. Nada seria o suficiente para remediar a situação.

Artemísia então soltou-o, voltando a estender sua mão para que Salazar a pegasse, deviam retornar para a própria tenda, ou ao menos para um lugar mais seguro em que pudessem conversar e entender. Mas o rapaz, em vez de segurá-la, meneou a cabeça de um lado para o outro. Só então a mulher pareceu notar as queimaduras.

— Oh, sinto muito, eu não as vi… estava te machucando, não é? Venha, eu vou cuidar delas.

Mais uma negativa. As lágrimas recomeçaram a rolar e Salazar começou a tremer novamente. Porque naquela direção em que estavam andando, ele agora podia ver e reconhecer a coisa que Kron segurava. Ele reconheceu Ærith.

— Me desculpe… mamãe.

E então, em pânico, ele deu as costas a sua mãe pela última vez e disparou para longe. Na direção da saída do Circo. Ele quis pedir desculpa para todos os outros, mas não tinha forças, sabia que não tinha. Ele causara um mal tão irreparável que não se sentia no direito de continuar a viver ali… entre aqueles seres. Saltando por objetos em seu caminho e desviando atrapalhadamente das mãos daqueles que tentavam segurá-lo, ele atravessou a porta da Tenda Mestra e o tapete vermelho que se expandia por uma estrada vazia, e tomou-a sem olhar para trás, nem mesmo para Esdras que, possivelmente, foi o último a vê-lo.

 

 

 

 

 

Salazar não parou. Mesmo quando suas forças iam se esgotando, ele apenas diminuía um pouco o ritmo e logo acelerava de novo, sentindo o sol do Mundo dos Sonhos esquentar sua pele e incomodar as queimaduras. Agora elas estavam doendo ainda mais, já que a adrenalina havia passado, e ele sabia que não tinha nenhuma coisa em seus pertences que pudesse usar para cuidar delas, nem uma pomada, nem um unguento, nem uma faixa. Droga, ele não apenas causara um desastre como nem sequer se preparara bem para a própria fuga. Percebendo uma floresta que margeava a estrada que seguia, ele embrenhou-se nela e começou a se aprofundar cada vez mais. O sol não o incomodava, agora, mas em compensação precisava com frequência tirar galhos e cipós de sua frente enquanto andava, o que machucava ainda mais suas mãos.

Ele teve a sensação de que andara por muito tempo, tentando colocar distância entre si mesmo e o Circo ancorado. Sabia que não poderiam sair em seu encalço naquele momento, não depois de perderem dois membros e terem que apagar o incêndio que se seguiu. Mesmo assim, alguém deveria vir atrás dele… talvez sua mãe, ou Gael.

Sabia que ser pego seria sua salvação… mas ele não queria ser salvo.

O garoto andou por mais algum tempo, pegando trilhas na mata e as vezes apenas entrando na parte mais fechada para tentar despistar um perseguidor. Então, ele começou a ouvir os passos. Pareceram-lhe estar na sua frente a princípio, mas depois notou que vinham de trás. Além disso, estavam quase sincronizados com os seus próprios, e era por essa razão que demorara para notá-los.

Seria um ser aleatório do Sonhar? Alguém do Circo que conseguira segui-lo? Difícil saber. Teve medo por um instante, lembrando das palavras de sua mãe, de que ali fora haviam coisas perigosas. Coisas que podiam feri-lo… ou pior. Mas o que veio até ele fora um rapaz da sua idade, com cabelos loiros e olhos azuis, e um rosto angelical. Portando um sorriso de tranquilidade que não condizia com tudo o que acabara de ocorrer.

— Você anda bastante rápido, Sala.

Ele sentiu-se aliviado por ver que Tray de alguma forma conseguira sair vivo do Circo. Mas foi por um pequeno instante, em um movimento ele estendia a mão em direção àquele que considerava um amigo, mas logo em seguida retraiu-a e puxou-a contra o peito.

— Você… Tray, você planejou que… tudo terminasse assim?

— Mais ou menos. — ele deu um outro passo e parou, as mãos nos bolsos das calças que usava, a expressão imperturbável. — Em alguns momentos eu apenas improvisei. Mas foi um espetáculo maravilhoso, não acha?

Salazar piscou os olhos. As lágrimas ameaçaram a descer novamente, mas ele colocou toda a sua força de vontade para impedir que caíssem. Enquanto Tray permanecia amigável, o próprio Salazar começava a demonstrar uma careta de desgosto.

— Por que…? Por que você fez isso? Ærith era boa, Flamie também! - ele aumentou alguns tons de sua voz ao falar aquilo. — Você não deveria ter dito aquelas coisas. Você não devia ter levado Ærith para a Tenda se sabia que era perigoso!

— Você me pergunta o porquê, mas… como explicar isso? É a minha natureza. — ele inclinou a cabeça para um dos lados e bocejou levemente. — Você ainda não percebeu, Sala? Você não se lembra da conversa que tivemos sobre os Pesadelos Ancestrais?

Aquela conversa deixara-o impressionado por alguma razão, e Salazar quisera acreditar que se tratava do mau agouro que falar sobre aquelas coisas trazia. Mas… não era apenas isso. O garoto havia lido em um livro antigo que encontrara, sobre as criaturas. Havia muito pouco a ser dito sobre, afinal eram seres impossíveis de definir ou compreender. Tanto que apenas um dos Pesadelos Ancestrais ficou mais gravado em sua mente, e ele tinha guardado essa informação bem profundamente, sendo algo que não gostava de pensar sobre, pelo menos até Tray chegar e o assunto ressurgir.

Havia um Pesadelo Ancestral capaz de assumir forma física. Não uma específica, aparentemente, mas já era algo a mais do que seus conterrâneos. Era Traição, a encarnação da deslealdade, representada em várias relações humanas… um ser que parecia inofensivo a um primeiro momento, alguém que você poderia facilmente se apegar. Entretanto, ele ainda era Traição, e como tal, o único ato esperado dele seria um empurrão para o abismo… uma facada nas costas.

— Eu lhes disse meu nome, mas não entenderam. É natural… faz parte de mim afugentar pensamentos de desconfiança. É um tipo de coisa que acontece por si só, sem que eu possa controlar. — os olhos muito azuis piscaram algumas vezes e ele corrigiu a própria postura, jogando os braços para cima e colocando-os por trás da cabeça. — Mas sua mãe… ela chegou muito perto. Acho que a preocupação com você falou mais alto que o meu encantamento passivo. Isso me surpreendeu um pouco, sabe? Não é algo que qualquer um consegue fazer.

Salazar trincou os dentes. Sua mãe estivera sempre olhando por ele, cuidando de seu bem-estar, e ele lhe virara as costas. Ela avisara sobre o fogo, sobre Flamie… não era exatamente uma tragédia apontada para ele, mas sim algo que ele causaria, mesmo sem perceber. Ela avisara sobre o mundo fora do Circo, sobre como a liberdade poderia ter seu preço. E ela avisara sobre Tray.

Ela acertara cada uma das suas previsões. Salazar só queria ter dado mais ouvidos a ela.

— Você… veio para me matar? Vai voltar para o Circo e ferir mais alguém? — suas pernas mal conseguiam sustentá-lo. Céus… não conseguia pensar qual seria a pior opção dali. E se Flamie fora incapaz de fazer algo contra Tray, ou melhor, Traição, ele certamente não conseguiria impedi-lo de ir atrás de sua família, nem sequer poderia fugir. Aliás, Salazar correra por aquele tempo todo, saíra do caminho e fizera sua própria trilha numa tentativa de colocar qualquer perseguidor fora de seu encalço, e mesmo assim aquela coisa encontrara-o.

— Hum. Não. — ele disse, e abaixou suas mãos. — Sim, eu sei que minhas palavras não são confiáveis. Mas eu já tirei o suficiente de você. E já dei algo que desejava muito em troca.

— Em troca!? Em troca!? Como pode dizer isso? Flamie e Ærith estão mortas e eu… eu não posso voltar. Eu não tenho para onde ir.

— Mas você está livre para fazer o que quiser, quando quiser, e falar com quem quiser. — Salazar estremeceu, lembrando das palavras que dissera à Traição, antes daquela tragédia ocorrer. — Considere um presente.

Ele então começou a caminhar em direção a Salazar, que foi dando passos para trás até suas costas esbarrarem em uma árvore larga. Não ousou retirar seus olhos dele enquanto vinha, apesar de suas palavras, aquela criatura não era uma em que podia desviar sua atenção nem por um segundo.

— Sabe… eu realmente gosto de você. No fim das contas, você estava disposto a fugir de sua casa para que pudéssemos continuar a ser amigos. Não foi a primeira vez que vi uma reação parecida… mas dessa vez eu senti que não era algo ligado ao meu encanto. E portanto, é uma memória que não serei capaz de esquecer, não importa quantos Reinícios ocorram. — Traição foi o primeiro a afastar o olhar, e seus passos. Ele andou direto, desviando-se do corpo pequeno de Salazar contra a árvore e apenas passando ao lado dele. — Se eu fosse outra coisa, poderíamos realmente ter nos tornado bons amigos. Mas eu sou o que sou, e não há nada que eu possa fazer sobre. Então, como mais uma prova de meu apego, eu não lhe tirarei mais nada… e sairei de seu caminho. Pelo resto de sua vida, você não precisará mais temer ser tocado pela Traição.

Salazar piscou os olhos, vendo-o desaparecer de seu campo de visão completamente, e pôde jurar que um sussurro de adeus soprou em seus ouvidos. Um misto de sensações borbulhavam em seu estômago, tristeza, raiva, hesitação, medo, remorso… decepção. Ele deixou-se escorregar pelo tronco e caiu sentado na terra coberta de folhas e matéria morta da floresta, passando os braços ao seu redor e apoiando a testa nos joelhos.

Toda a sua força de vontade havia se esgotado, e ele não conseguia fazer qualquer outra coisa além de pensar na dor das bolhas em suas mãos, nas pernas que estavam exaustas de andar e em como ele fora um completo imbecil.

E que, por mais que ele quisesse voltar, ele não poderia.


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Notas finais do capítulo

Então, pessoal... é isso.
Esse ainda não é o final, como podem ver ficou em aberto, isso porque ainda temos o Epílogo para fechar tudo direitinho.

Esse capítulo, assim como o anterior, ao mesmo tempo que me custou um pouco de tempo para escrever, acabou ficando melhor que eu imaginava no começo. Principalmente esse de agora, que eu imaginei primeiramente bem mais simples.
Em primeiro lugar, era apenas para o Salazar fugir quando o incêndio se alastrasse. Mas então eu considerei que seria estranho não ter ninguém em volta tentando resolver a situação, e ele passa um pequeno pedaço de tempo em choque encarando aquilo tudo.
Em segundo lugar, ele não deveria chegar a reencontrar a mãe, mas achei que seria ainda mais doloroso se ele fosse embora sem vê-la de novo.
Em terceiro lugar e por último, Tray deveria ser apenas uma entidade má e desapegada que causava o caos porque sim, porque era sua função. Mas enquanto escrevia eu considerei que ele realmente poderia estar sendo sincero sobre seus sentimentos para com Salazar. Nesse sentido, eu preferi fazê-lo um ser incapaz de ir totalmente contra seus instintos básicos. Isso coloca mais uma camada sob o personagem, mas ao mesmo tempo causa um pouco mais de drama também.

Eu não sei dizer se todas as escolhas que tomei nesse cap foram certas para os outros, mas para mim elas se complementam bem. Só espero que vocês que estejam lendo apreciem-nas também. ♥

Muito em breve estarei lançando o Epílogo e, com sorte, abrindo a próxima história do projeto, cujo protagonista será o Allistar.

Até lá, só posso agradecer por terem lido até aqui.
Kisses kisses para todos, e até a próxima. ♥



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