E estava ali de novo, em ponto de decisão. Uma comitiva calorosa em seu redor, mas só uma coisa em sua mente, os olhos aflitos do noivo que também a encarava, e tinham uma conversa silenciosa. 

"Não vejo outra maneira de evitar isso se não... fugindo!" fora o que Darcy havia dito.

"Como advogado não posso dizer que é o mais aconselhado, mas como amigo, eu realmente não sei ..." - Jorge pareceu ter perdido a fala, algo o fez interromper-se. Na verdade todos na sala parecia está com suas atenções presas em algo e Ema tinha a ligeira impressão que era nela.

— Não! - disse Ernesto, depois de um tempo vendo tudo nos olhos dela. - Está fora questão. Você não vai!

— Vou. E isso já está decidido! - ela foi categórica, a certeza inabalável de repente lhe abatendo.

— Não tem nada decidido, Ema! Eu nem sei para onde vou...

— Nem eu. - ela sorriu com lágrimas,  em sua euforia desesperada. - Não sei para onde vou desde o dia que cheguei do Vale. Desde o dia que eu pedi, praticamente implorei para você ficar comigo, desde então eu não sei para onde vou. Mas, eu sei que para onde quer que seja irei com você! 

— Que tal um bangalô? – interveio Ludmila e alguns na sala pensaram que somente ela para interromper aquela... conversa. – Tenho um afastado da cidade! Na verdade, é... – ela pareceu pensar. – Bem, bem afastado da cidade! Creio que estarão a salvo lá.

— Pronto! Já temos nosso destino. – disse Ema que em nenhum segundo tinha desviados os olhos dos de Ernesto e de sua relutância.

Ele balançava a cabeça freneticamente. 

— Ema! Você não está entendendo...

— Você que não está! Qual parte do "eu preciso de você" que você não entendeu?

— Acabou de dizer que coloquei em risco o seu futuro! – ele tentou.

— Não! Eu disse que colocou em risco o nosso futuro! – Ela rebateu, petulante. Ernesto quase sorriu.  - Porque não mais existe “meu”, só existe “nosso”, só existe nós! E nós só estamos perdendo tempo, eu vou com você! 

— Minha baronesinha, por favor, entenda... – a voz dele tornou-se suplicante, já estava se compadecendo nas palavras dela, e sabia disso.

— O que você quer fazer? Ir embora? Me deixar? Você também acabou de dizer que nunca me deixaria sozinha! - ela o tinha pego, e dessa vez ele teve certeza. - Já pensou como eu ficaria aqui, sem ter noticias suas? Desesperada! Eu enlouqueceria! Teria uma síncope ou qualquer coisa do gênero! Você não pode fazer isso comigo! 

— Ema...

Ela sem mais argumentos, e não querendo mais ouvir os dele, com a agitação lhe correndo nas veias, atirou-se para ele, e o beijou sem nem pensar. O que mais precisava fazer para ele entender?

Porém, ela percebeu naquele beijo que ele já tinha entendido. Apesar da relutância, ele tinha entendido. Não existia mais Ema sem Ernesto, pelo menos não a Ema corajosa e decidida que ela - e sabia que ele também - aprendera a admirar. Ela ainda precisava muito dele para aprender, e aquela era a ocasião perfeita para uma lição.

Só o largou quando ficou sem ar. E olhando seus olhos, acariciando a barba que tanto enlouquecia, explicou de uma vez:

— Meu amor, não vai mais haver despedidas. Nunca mais. – pontuou.

Beijou-o de novo, esquecendo-se da platéia que ainda os observava e esquecendo-se de qualquer outra coisa que pudesse naquele momento tirar a certeza que seria dele para todo sempre.

Quando novamente se soltaram, Ernesto suspirou derrotado.

— Ao menos tem água quente nesse seu bangalô, Lud?!

Ema sorriu, assim como os outros na sala, entendendo: Eles sempre se encaixariam um no outro.