O Último Juramento escrita por Carol McGarrett


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Então, possíveis spoilers do capítulo inicial da 13ª temporada à frente.

Como já avisei, é uma realidade alternativa sobre o que eu acho que poderia ter acontecido com o arco do Sr. Arranhão e, assim, encerrar esta história.

Há aqui algumas frases tiradas do próprio capítulo e outras de outras de outros capítulos.

Um leve Hotchniss.

Se você, assim como eu é fã de Aaron Hotchner e acha o Jack uma coisinha fofa, aconselho ler com lencinhos.



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ENTÃO era isso. Morgan acabara de aparecer na BAU com aquela que era a nossa última e única pista sobre o famigerado Mr. Scratch. E, não, dessa vez, ele não sairia ganhando. Ele já tinha machucado demais os membros da minha equipe, da minha família. Eu já estava cansada de perder para essa cara de fuinha.

Saímos atrás da pista, ela nos levava a algum lugar isolado no meio do Estado da Virgínia. Eu mal poderia esperar para quando finalmente pusesse minhas mãos nele. Ele pagaria por tudo o que fez, por cada mínima consequência dos seus atos.

Acontece que nunca chegamos. De alguma forma que só fiquei sabendo muito depois, Peter Lewis conseguiu nos emboscar. Por meio de ondas de rádio, em uma frequência muito específica, ele acionou os fincos no meio do asfalto molhado. Sem chances de ver ou parar. Quando demos por nós, os pneus estavam furados, os carros descontrolados, rodopiavam pela estrada deserta. Por fim, paramos. Estávamos bem, mas um caminhão, em alta velocidade colidiu com ambos os SUV’s. Após isso, não me lembro de mais nada.

Acordei em uma espécie de hospital, um hospital improvisado em algum lugar, estava com um braço quebrado, cortes pelo rosto, mas o pior tinha acontecido da cintura para baixo. Não sentia minhas pernas e, ao ter coragem pra olhar debaixo do lençol, vejo o motivo, elas estavam em imobilizadores. Grandes, atravessando-as de lado a lado. Não poderia sair de lá nem que quisesse.

Mas eu tinha. Eu tinha uma equipe com que me preocupar. Eu tinha um juramento a cumprir.

Onde estariam todos? Tento gritar, chamando por JJ, por Luke. Eles estavam no mesmo carro que eu. Não obtenho resposta, não deles pelo menos.

Porém, como em um passe de mágica, as cortinas de meu quarto, se abrem e nele entra um enfermeiro, ele me analisa e me pede para fazer tudo o que o outro me pedisse. Pergunto-lhe quem era “o outro”, ele não me responde, simplesmente sai. Mesmo assim imploro, preciso saber se todos estavam bem.

Contudo, meu pesadelo só estava começando. Em poucos segundos, um dos homens que mais odiei em toda e a minha vida aparece em meu campo de visão. Peter Lewis, a.k.a. Mr. Scratch.

Ele entra zombando de mim e da minha situação, diz que não há nada que eu possa fazer, que o plano dele estava se encaminhando para o final. O seu final. O seu Grande Final.

Ele chega bem perto, e sua presença me dá nojo. Sua figura é repulsiva a meus olhos. Ele me diz como está a equipe – Foram levados a um hospital da região – não estavam todos bem, somente SSA Alvez tinha saído sem machucados, de resto, tinham cortes, concussões e Rossi muito provavelmente teria que ser operado, mas o que mais me doeu foi saber que tinha perdido um agente, um amigo, Stephen Walker, o mesmo que se ofereceu para trocar de lugar com JJ, havia morrido com o impacto. Meu Deus isso não é justo! Ele tem família! Esposa e dois filhos que o amavam mais que tudo no mundo! E isso era minha culpa! Eu falhara.

Enquanto lamentava a perda de Walker, minha cabeça girava com tudo o que minha vida tinha virado nos últimos doze meses.  Eu me transformara em uma Chefe de Unidade sem ao menos almejar tal cargo, afinal, nem mais neste país ou ligada ao FBI estava. Mas aí recebi uma ligação. Dele, Aaron Hotchner me pedira para assumir a sua equipe, disse que confiava em mim e em mais ninguém para ficar em seu lugar. Me passou as coordenadas básicas de quem eles estavam atrás e falou que só estava saindo para proteger o filho, Jack, de apenas 12 anos. Ele não suportaria se o pequeno tivesse o mesmo fim trágico da mãe. E eu, eu não soube dizer não. Aliás, eu saberia dizer não a ele? Tenho certeza que não. Então eu jurei. Jurei ao meu antigo chefe e amigo que pegaria o desgraçado que o forçara a se afastar, que ameaçara Jack.

Mas eu não me preparei para as consequências. Eu não estava pronta para ver tanto sofrimento. Pra ver a minha equipe cair um a um, para ver o cara de fuinha avançar suas peças neste louco tabuleiro de Xadrez, atrás do Rei, querendo o seu Check Mate a qualquer custo, e ao passo que avançava, acertar a todos das mais diferentes formas.

Eu vi JJ chorar a prisão de seu amigo. Eu vi Reid perder o brilho de garoto gênio ingênuo e crescer amargurado, eu vi Tara a beira de um colapso por seu irmão. Vi o sol da BAU murchar, deixar de sorrir e se encobrir de trevas e me entregar chorando a sua carta der demissão, isso não poderia continuar acontecendo.

Enquanto divagava, ele continuava ali. Ele queria algo, algo que só eu poderia dar. No fundo eu sabia o que era. Mas não queria aceitar.

“Então, Agente Emilly Prentiss” – Ele me chama. “Me diga onde está!”

— “Onde está o que? O que você quer? Já não basta tudo o que aconteceu? Onde estou?”

 - “Você é minha agora. Tenho o total controle sobre você. E até você me dizer o que eu quero, vai sofrer”.

Eu não diria nada. Já tinha sido torturada o suficiente para aguentar o tempo necessário, fui treinada para isso, tanto pelas agências às quais servi quanto pela vida. Mas ele tinha cartas na manga.

Ele saiu, mas sei que voltaria. Voltaria para me fazer falar. Enquanto isso me concentraria em meu mantra particular. “Wheels Up” (Decolaremos), assim eu saberia que mais cedo ou mais tarde a equipe me encontraria, me tiraria de lá e acabaríamos com a festa deste ser.

E sem demora ele voltou, curioso sobre o que eu tanto balbuciava. Ele queria invadir a minha mente, o último resquício de sanidade que me restava. Essa batalha estava perdida para ele.

Então começou.

— “Onde ele está? Me diga onde Aaron Hotchner está!”

Aí estava, ele rodopiou e voltou ao início, ele queria a todo custo a localização de Hotch e Jack.

Me ameaçou, cortou a minha morfina. Eu me contorcia de dor, mas não quebraria a confiança que foi depositada em mim.

Então veio a cartada final. A minha vida estava em jogo. Ele me testaria, tentaria saber até onde eu estava disposta a ir para manter minha palavra.

Ora, eu havia “morrido” por um menino que eu mal conhecia. Forjei a minha morte com a ajuda de dois amigos, para proteger Declan. O que ele acha que faria por Jack? Eu amo aquele garoto, eu o vi crescer. Por ele, para protege-lo, eu morreria de verdade. Foi então que aconteceu. Uma dose a mais e meu coração parou.

Mas eu já tinha morrido de verdade. Por poucos segundos, eu vi as trevas, eu senti frio, eu vi o nada após a existência. Aqui, hoje, estava diferente, parecia como que um sinal de meu subconsciente me dizendo o que eu já deveria saber há muito tempo. Ao ver a minha lápide, com a minha data de nascimento, a data da minha morte e renascimento, eu entendi. Estava presa em uma ilusão. Uma perigosa ilusão criada por Lewis e suas drogas.

O check mate era meu.

Como eu me enganara nesta hora.

Eu voltei, eu renasci de novo, e como a fênix eu tinha um plano. Mas eu precisava de minha família.

Scratch reapareceu, eu fingi que nada sabia, mas ele notou. Era agora ou nunca.

Começamos a luta. O principio do fim para um de nós. Não foi fácil. Nunca é. Mas quando achei que tinha uma vantagem, ela escoa por entre os meus dedos.

Quando as cortinas do local imaginário tornaram-se  nada mais do que plástico; quando percebo que estou em um galpão ao invés de um hospital, eu também noto que o plano da irritante fuinha era muito maior do que eu poderia imaginar, do que todos nós poderíamos imaginar.

Ele enganara à melhor equipe do FBI. Ele enganara aos melhores, os da ativa e os que estavam afastados.

Meu sequestro foi uma cortina de fumaça; eu era uma isca. A isca que atrairia todo o time que pudesse lutar a esta altura para o ato final.

De alguma forma, entre mandar a dica para Derek e nos pegar na estrada, Peter Lewis conseguira o seu intento. Ele chegou lá. Ele nos monitorou. Nos seguiu, nos perfilou. E nos venceu!

Quem foi que me falou que os serial killers são os melhores perfiladores? 

Quem me disse uma vez que precisávamos entrar na cabeça deles, entender os mínimos detalhes para compreender o passo seguinte desses psicopatas?

Sim, claro, o mesmo homem que agora eu vejo aqui. Sem vida. Ao lado do corpo do filho.

Por que eu não vi isso?  Por quê?

Era o que o Lewis queria todo o tempo! E, para finalizar, ele mostraria para toda a equipe que tinha conseguido. Que tinha nos vencido. Que, ao final, o check mate era dele. Ele derrubara o rei, e todos os peões assistiriam a derrocada ao vivo.

Ele pegou Jack. Ele pegou Hotch. O melhor perfilador que conheci foi pego pelo unsub. Não sei e nunca saberei o que aconteceu. O que fez Hotch vir atrás ou se entregar. Só sei que quebrei o me juramento.

Não peguei Peter Lewis. Não consegui pegar o Mr. Scratch. E ele matou o seu alvo final.

Isso não terminaria assim.

Com lágrimas que só percebi que caiam quando avancei, corri na direção do desgraçado. Eu era uma mulher furiosa. Um inocente tinha morrido. E esse inocente, eu o amava, ah como amava!

Avancei e no encontro não medi força nem esforço, dei tudo de mim. Lutei como uma leoa, uma mãe que vê seu filhote indefeso ser atacado.

Entre socos, pontapés, uso de qualquer coisa que servia de arma, o acertei.

O covarde fugiu. Mas ele não iria longe. Eu tinha uma demanda a cumprir e morreria por ela.

Eu falhei em salvá-los. Não falharia vingando-os.

Ouvi dois carros parando de forma violenta do lado de fora. Nesta hora não me importava quem eram. Eu só tinha um objetivo.

Ouvi gritos. Ouvi meu nome ser chamado por quatro vozes masculinas. Ouvi um lamento e eu reconhecia esta voz, era Reid, ele provavelmente encontrou os corpos.

Por fim, alguém me surpreendeu. Era Matt Simmons. O agente da IRT para quem, com certeza, Garcia pedira ajuda quando perdeu contato com a equipe.

Ele tentou me parar. Disse que estava fraca e sob efeito das drogas do Mr. Scratch. Me pediu para recuar. Disse que eu passara por muita coisa em muito pouco tempo.

Mas eu não podia.

Eu era a CHEFE. Eu acabaria com a raça daquele homem. Ele pagaria.

Pedi uma arma. Todos nós temos duas.  Ele pestanejou.

— Não pense duas vezes, Agente Simmons. Eu sou a Chefe aqui. – Eu precisava da arma, eu precisava impor minha autoridade. Naquele momento, o problema era meu, profissional e pessoalmente.

Mesmo indeciso ele me cedeu a arma e eu corri.

Segui a trilha de sangue, Lewis sangrava do estrago, que nem ao menos sei qual foi, eu fizera nele.

A trilha leva a uma porta até a cobertura do prédio. Conto até três e chuto a porta, nesta hora discrição não faz parte do meu dicionário, já pronta para qualquer investida, mas ele não a faz.

Com a noite clara, a lua parecia zombar de minha situação de tão linda, vejo que a trilha de sangue segue até a beira do prédio. Faço a mira e avanço pé ante pé.

Ele tenta atirar em mim, mas sua arma trava. Ele está sem forças e encostado no beiral.

Chego bem perto, perto o suficiente para escutar sua respiração maldita e notar que ele não tem muito tempo de vida.

E eu tornaria esse restante de vida, da sua miserável vida, ainda pior.

Ele tenta mais uma vez atirar. Desta vez não em mim, mas nele. É assim que os covardes fazem. Quando se sentem encurralados, eles buscam a saída mais fácil!

— “Não é assim que você vai morrer, Lewis! Não comigo aqui!”

— “Vai fazer o que, Agente Prentiss? Me matar com suas próprias mãos?”

— “Não me tente! Por mim, sim, eu te enforcaria e veria sua vida se esvair pelos seus olhos, mas seria fácil demais para você, e injusto para com todos que você fez mal”. – Digo me ajoelhando ao seu lado.

— “Sabe, já faz um tempo que você vem perturbando a BAU e eu não gosto disto.”

— “Você nem ao menos estava aqui! Por que se importar?” – Ele retruca.

— “Não, Lewis, agora é a minha vez de entrar na sua cabeça. De te mostrar que não se mexe com as pessoas que amo e se fica impune. Eu não meço a força, nem medidas para vingar. Posso muito bem esquecer o meu juramento, aqui e agora, só para te torturar, pouco me importando as consequências deste ato. Você foi longe demais.” – E dizendo isso, eu deliberada e muito conscientemente aperto a ponta da minha pistola no buraco que há em seu peito, buraco que eu fiz com um cano, enquanto brigávamos.

— “Hoje, aqui, você vai pagar. Vai pagar por ter sequestrado Aaron, por ter ameaçado Jack, por ter sido uma sombra na equipe, por ter feito Garcia chorar, por ter transformado todos em zumbis, autômatos até o último grau enquanto te caçávamos, por ter feito Tara sofrer e quase matar o irmão dela, por ter a audácia de tentar encurralar um ex-agente do FBI e pai de família, por ter colocado A MINHA EQUIPE em risco, por ter matado Walker, nos enganado, me sequestrado e - aqui eu paro, respiro fundo e tento aceitar a triste realidade – matado Hotch e Jack. Peter Lewis, sou seu carrasco, júri, julgador e acusador.”

E dizendo isso, dou alguns passos para trás, sem nunca tirar os olhos dele.

Vejo o desespero, vejo o medo em seus olhos. Ele sabe que não recuarei, ele sabe que o fim está próximo, e, com isso, tenta uma última e desesperada tentativa de atirar em mim. E falha. E com isso eu tinha minha chance. Ele ameaçara a minha vida, eu poderia revidar.

Então o faço. Um, dois, três, quatro.... Os tiros não são números, são nomes, são os nomes dos meus amigos que, de forma tão diferente e tão igual sofreram na mão desse desgraçado, os últimos três são pronunciados em voz alta:

— “Stephen Walker” – e um passo é dado à frente.

— “Jack Hotchner” – Outro passo, agora eu estou vendo, vendo a vida se esvair, os olhos se apagarem.

— “Aaron Hotchner” – E dou o último tiro, no meio da testa, e o vejo morrer.

Não sei se era essa a vingança que Hotch esperava que eu fizesse. Mas eu fiz o meu melhor.

Nesse momento, ouço passos, a porta pela qual passei se escancara, e saindo dela, vejo, não Simmons, ou Alvez ou qualquer outro de minha equipe. Vejo meu amigo e parceiro de tantos anos, Derek Morgan, e ele tem lágrimas nos olhos.

Não sei como ele chegou aqui, ou quem o avisou. Mas ele sente tanto quanto eu, perdemos um amigo e mentor lá embaixo. Perdemos um sobrinho.

Sou arrastada para fora, já não tinha mais forças. Estava quebrada, despedaçada, dolorida, mas ainda não tinha acabado. Eu tinha que contar à equipe.

Fico sabendo por Derek que todos estão no hospital. E é para lá que ele quer me levar. Mas me recuso a sair daquele galpão deixando os dois corpos para trás. Eu teria que acompanha-los. Era o mínimo.

Ao chegar no Hospital e ser examinada e medicada – como se isso pudesse me curar agora – recebo a visita da equipe. Todos eles estão bem, até mesmo Rossi que passou por uma pequena cirurgia, mas noto que ainda não sabem. Nem Simmons, nem Alvez, nem Reid ou Derek contaram. Era minha responsabilidade.

Então começo, mas antes de conseguir pronunciar as primeiras palavras, caio no choro. E então eles notam, eles sabem, estamos juntos há tanto tempo que a menor expressão de nossos rostos nos entrega.

Penelope é a primeira a negar a informação, mas não tem jeito. – “Sim. PG, infelizmente eles se foram.”

— “Os dois?” - Ela me pergunta, com uma voz quebrada – Eu nem tive como dizer o quanto os amava, eu nem pude me despedir!” - E ela cai em um choro cheio de dor, saudade e mágoa.

— “Infelizmente é verdade, Pen.” – É só isso que me sai agora, não há palavras de conforto nessa hora.

— “De que adiantou tudo isso então?” – Escuto Reid reclamando – “Qual é o objetivo de tudo se não podemos proteger uns aos outros?”

JJ não sabe o que falar. Acho que ela se pós no lugar de Hotch e imaginou um de seus bebês no lugar de Jack, era demais pra ela. O choro é livre e silencioso. Ela apenas se afasta.

Derek sai para confortar Reid e Penelope. Coitado, nem era para estar aqui e agora está fazendo o meu trabalho.

Olho para os restantes, e vejo Simmons sem jeito, meio que deslocado, ele trabalhou com Hotch em um caso, mas como também é pai, está sentindo a perda de uma alma inocente.

Tara e Alvez não acreditam e não aceitam, foi Hotch quem os colocou na BAU, o ex-chefe agora nunca voltaria.

Por fim, encaro aquele que foi o melhor amigo do meu mentor, David Rossi, e eu vejo dor, talvez a mesma dor, na mesma intensidade da minha, ou não.

Ele chora, lamenta o amigo e sobrinho. Tantos anos juntos, tantas batalhas vencidas, para terminar com o mais novo no necrotério. Para ele a batalha tinha sido perdida.

E eu? Bom, eu não sei. Talvez tenha constatado tarde demais que Aaron Hotchner foi mais que mentor e amigo, era o grande amor da minha vida. Mas que diferença isso faria? Isso o traria de volta? Traria Jack de volta?

Ah Jack! Eu sinto tanto! Tia Emilly não pode te proteger! Eu falhei e peço que de onde você estiver, que você me perdoe. Porque eu nunca me perdoarei.

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Como Chefe de unidade cabia a mim fazer um discurso na despedida de Walker, o fiz, mas não um que fosse de despedida, eu enalteci o seu trabalho, sua vida e pedi perdão. Perdão por tê-lo trago à BAU, por tê-lo colocado neste fogo cruzado.

Mas o mais difícil dos funerais estava por vir.

Vi todo o FBI, vi a ex-cunhada de Aaron, Jess, vi pessoas importantes, e, talvez algumas pessoas que ele tenha salvado. 

E tinha a equipe. Cabisbaixa, dividida entre carregar os dois caixões. Lamentando as suas próprias dores, cada um em seu luto.

Discursos foram feitos, a cerimônia foi concluída e as duas urnas baixadas, sete palmos abaixo da terra, ao lado da de Haley. Essa família não merecia esse fim. Nenhum deles.

Quando chegou o meu momento de fazer um discurso, eu não soube o que dizer, eu não tinha palavras para expressar a dor, a tristeza, para traduzir o meu luto e o da equipe em belas palavras. Eu não era o Hotch que, na sua seriedade, sabia ouvir, e dizer as palavras certas, nos momentos certos.

Me desculpe eu quis dizer, mas só soube chorar.

E, após a saída de todos, fiquei ali, encarando as sepulturas, olhando para o local onde seria o descanso final de pai e filho. Foi então que, arrasada pela culpa, as palavras que me teimaram em não sair, saíram, não foi um discurso, foi um monólogo, um triste monólogo de quem pede perdão.

“Você merecia mais Aaron Hotchner. Você merecia ter liderado não somente a BAU, mas todo o FBI, não existem homens como você. Você merecia ter sido feliz, mais alegre e vivido o tempo suficiente para ver seu filho ir para faculdade, se casar e ter filhos e ver seus netos crescerem e seguirem o seu legado. Eu trocaria de lugar com você se pudesse. Eu te devolveria o seu time, sua vida, como eu jurei fazer, se fosse possível. Por hora, só queria dizer, eu sinto muito. Palavras ditas agora não mudarão o que aconteceu, mas eu preciso de seu perdão. Eu falhei Aaron, falhei quando não podia. Falhei com você.”

“E quanto a você, Jack, Eu sinto tanto! Você tinha uma vida pela frente e ela lhe foi tirada. Você, desde muito cedo, aprendeu o que é sofrer. Perdeu a mãe ainda criança. Conviveu com um time que te amava como se fosse o sobrinho preferido e que faria qualquer cosia para te ver feliz e seguro. Viu seu pai ser preso e teve que fugir, de novo, mas nada disso adiantou. Você tinha tudo para ser incrível. Você era especial, trazia um sorriso para cada um de nós, até mesmo para a mais sisuda das pessoas, seu pai. Espero que um dia me perdoe por ter falhado com você.”

 Quanto a mim, eu nunca me perdoarei. Mas tentarei seguir adiante, tentarei guiar este time que me foi entregue com tanta confiança por alguém que não está mais aqui, esperando honrar o seu legado. Honrar tudo o que ele ajudou a construir com o passar dos anos em que esteve á frente da Unidade de Análise Comportamental. E eu não estarei sozinha, tenho outras sete pessoas que querem o mesmo.

E quando eu me sentir perdida, o que acontece a maioria das vezes, eu vou me lembrar do que aprendi, vou me espelhar no melhor, vou parar em frente à sua foto, Hotch, e me perguntar o que você faria.

Mas acho que já sei a resposta.

“Decolaremos.” – Você diria. - “Decolaremos em trinta minutos.”

Sim. Meu mantra com sua frase.

Decolaremos sempre.


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Notas finais do capítulo

Sim, eu fui ruim e matei Hotch e Jack, que espécie de fã eu sou?!
Mas, a meu ver, tendo em vista que demitiram Thomas Gibson da série, era o único meio de encerrar dignamente a história do Peter Lewis, ele queria o Hotch, se apegou em Jack, então era esse o final.
E para dar aquela mexida, coloquei a Emilly Prentiss como a vingadora da morte dos dois, muito pelo discurso dela neste episódio e também porque acredito que seria o mais justo, a Chefe da UAC eliminando a maior ameaça do time.

Espero que tenham gostado!
Fiquem à vontade para criticar!



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