Family escrita por oicarool


Capítulo 1
Capítulo 1




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A primeira onda de náusea veio em uma tarde ensolarada, assim que passou pelo bar e sentiu o cheiro que vinha do local. Foi breve, e Elisabeta teria esquecido esse episódio, não fosse acordar na manhã seguinte tomada pelas mesmas náuseas. Correu ao banheiro do cortiço, mas não passava de uma sensação de enjoo.

Elas se repetiam em alguns momentos do dia, quando sentia algum cheiro estranho. Estranhou quando alguns alimentos começaram a parecer mais atrativos do que o normal, enquanto outros causavam repulsa apenas pelo pensamento. Mas deveria ser algo passageiro, alguma doença descomplicada.

Mas os dias se passaram, e agora era uma rotina que fosse acometida por tais sintomas pelas manhãs. Estava mais sonolenta, cansada, ainda que sua rotina de trabalho não estivesse tão desgastante. Ao mesmo tempo, seu humor estava mais reativo, com pequenas coisas causando irritação, e crises de choro sem explicação.

Seu corpo começou a ficar mais sensível, notava aos toques de Darcy. Seus seios pareciam mais pesados, e algumas roupas começaram a ficar apertadas em sua cintura a medida que as semanas se passavam. Mas apesar de todos os sinais, só havia cogitado a possibilidade ao repensar e notar que suas regras estavam atrasadas nos últimos dois meses.

Não quis contar a Darcy, não sem ter certeza. Nunca havia conversado com ele sobre filhos, muito menos tão precocemente, quando ainda nem estavam casados. Mas o médico havia sido categórico, e agora não havia muito a ser feito, além de contar para o namorado.

Não temia a reação dele, apenas não sabia como iniciar o assunto. Darcy jamais rejeitaria um filho deles, mas nunca havia comentado sobre o desejo de ser pai. E preocupou-se que talvez não fosse parte de seus planos, assim como não parecia parte dos dela.

— Meu amor, o que aconteceu? – ele a chamou.

Elisabeta tinha a cabeça encostada no peito de Darcy, enquanto ele acariciava seus cabelos. Não notou que estava em silêncio a tanto tempo, mas inclinou a cabeça e o olhou nos olhos.

— Darcy, você já pensou em ter filhos? – perguntou, insegura.

— Filhos? – ele arregalou os olhos. – Você quer dizer um menino alto demais para a sua idade e um pouco rebelde? Ou uma princesinha de laços de fita vermelhos na cabeça?

A imagem fez Elisabeta sorrir.

— Não há nada que eu queira mais do que formar uma família com você, Elisabeta. E isso envolve quantos filhos você quiser ter.

— Mas você já pensou sobre isso? – ela quis saber, não satisfeita com a resposta.

— Sobre o que, meu amor?

— Sobre como seríamos como pais.

Darcy a puxou para um beijo tranquilo, notando a preocupação nos olhos de Elisabeta.

— Elisabeta, não há nada no mundo que eu ame mais do que você. E não consigo imaginar amar menos um fruto do nosso amor. – ele disse, a fazendo sorrir.

— Você acha que eu seria uma boa mãe?

— A melhor do mundo. – Darcy sorriu, puxando-a novamente para seu peito.

Mas sentiu que o corpo de Elisabeta não relaxou, e o silêncio dela quase o fazia ouvir as engrenagens de seu cérebro produzindo pensamentos.

— Isso tem a ver com a gravidez de Lídia? – perguntou, segurando a mão dela e beijando sua palma.

— Não.

E Darcy esperou uma resposta pacientemente. Foi alguns minutos depois que Elisabeta sentou-se na cama, e o encarou com olhos marejados, antes de desviar o olhar para suas próprias mãos.

— Ultimamente muitas coisas tem me deixado enjoada. – ela respirou fundo. – O meu corpo está diferente, e eu não tinha certeza até ontem...

Darcy sentou-se, seu corpo todo em alerta. Seu coração estava acelerado e perguntava-se se realmente estava acontecendo o que parecia estar acontecendo. E naquele momento percebeu que tudo o que mais queria ouvir era justamente o que saiu da boca de Elisabeta após alguns segundos de pausa.

— Nós vamos ter um filho, Darcy.

Elisabeta finalmente teve coragem de encará-lo. E os olhos assustados dele aos poucos começaram a se tornar mais brilhantes, a medida que seu sorriso crescia, e o peito de Elisabeta ficava mais leve.

Ela foi surpreendida pela boca dele na sua, em um beijo rápido, repleto de sentimentos. Darcy levou as duas mãos ao rosto dela, acariciando-a delicadamente. E então uma de suas mãos repousou em seu ventre, onde aquela pequena vida começava a se formar.

— Eu não acredito. – ele disse, incrédulo. – Não é uma brincadeira, não é? – perguntou, aflito.

— Claro que não, Darcy. – ela revirou os olhos. – Eu não brincaria com um assunto tão sério.

E então Darcy gargalhou, puxando Elisabeta para seu abraço. E aos poucos seu riso foi dando lugar à lágrimas de uma emoção que ele nunca pensou sentir, nunca pensou ser capaz de sentir.

— Eu te amo tanto. – disse, de repente, limpando as lágrimas que caiam do rosto de Elisabeta também.  – E eu prometo à você ser o melhor pai que eu puder. E quando não for bom o suficiente, me ajude.

Elisabeta o beijou, pois em sua mente não havia qualquer dúvida quanto a isso. Darcy seria um pai maravilhoso para aquele bebê, e naquele momento soube que não poderia estar mais feliz, ainda que incrédula. A vida continuava a dar tanto à ela, tão mais do que sentia merecer.

— Darcy, isso está acontecendo. – ela sorriu, a testa colada na dele.

— Eu sei que você gostaria de fazer isso no Vale do Café, com sua família, mas eu não posso passar mais nenhum dia sem ser seu marido, Elisabeta. – Darcy sorriu, acariciando o rosto dela. – Porque amanhã mesmo eu quero comprar nossa casa, e não vou sair do seu lado.

— Parece um pouco apressado. – ela riu, feliz.

— Não somos mais só nós. Meu Deus, meu amor. Nós vamos mesmo ter um filho. – disse, a beijando.

E eles não souberam em que momento as palavras se transformaram em mais beijos e toques íntimos. Mas não foi urgente naquela noite. Suas roupas foram retiradas lentamente, e se amaram em um ritmo incomum para eles. Ainda assim, Elisabeta nunca sentiu-se tão amada quanto naquele momento, com os olhos dele nos dela, suas mãos entrelaçadas, e o corpo de Darcy sobre o seu.

Darcy sorriu quando ela chegou ao prazer, contendo-se ao máximo para prolonga-lo o quanto pudesse. Ao mesmo tempo não foi impaciente com o seu prazer, não aumentou o ritmo, não tirou os olhos dos dela.

Mais tarde Elisabeta adormeceu em seus braços, e Darcy jurou que nunca mais passaria nenhuma noite longe da mulher que amava. Naquela noite sonhou com a família que construiriam, sem saber que todos os seus sonhos se tonariam realidade.


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