Amnesia escrita por SpiritOfYuki


Capítulo 1
Decisão


Notas iniciais do capítulo

Então, meus amores, eu nunca escrevi sobre o universo dos quadrinhos e nunca é tarde para tentar.

Esta fanfic é claramente um OOC sobre um casal muito polêmico, mas a minha intenção foi mostrar uma espécie de redenção da parte do Coringa.

Espero que gostem.



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Amnesia.

 

 

 

 

Vazio. Sua existência não passa disso quando todas as memórias são varridas, como o vento arrastando as folhas do outono sobre o solo seco. Os gritos de desespero e quem você já foi em certo momento não importam, aquilo não existe, pelo menos não para você.

 

―Ele vai ficar bem. ―A voz suave, mas recheada por um desespero contido, ecoou pelo lugar que mais parecia um frigorífico. ―Nada vai acontecer ao papai.

Papai”.

 

Os olhos se abriram lentamente, como numa noite preguiçosa. Todo o corpo doía e parecia ter sido pisoteado por uma manada. Nenhuma lembrança recente, nenhum motivo para se assustar ou se sentir culpado.

―Hn? ―Grunhiu, tentando apoiar os cotovelos sobre o solo frio, os lábios se contraindo em uma expressão desgostosa. ―O que é isso?

―Você acordou, você realmente acordou! ―Ele estremeceu, tanto de confusão quanto de dor, quando os braços dela rodearam seu pescoço, puxando-o para mais perto. ―Eu fiquei tão preocupada! Você não voltou para casa...

―Quem... ―Sua voz soou rouca, como alguém que discursara no dia anterior até certa hora. ―É você?

―Do que está falando, pudinzinho? ―Harley se afastou o suficiente para encarar os olhos vazios e confusos. ―Sou eu, sua esposa.

―Papai. ―Uma voz mais aguda e infantil invadiu seus ouvidos com a mesma empolgação da outra mulher, fazendo-o encarar uma pequena menina de cabelos loiros, estes presos por uma fita vermelha.

―Eu realmente... Não consigo lembrar. ―A mão levantou-se em direção à cabeça, deslizando a ponta dos dedos por ali para logo retornar com uma mancha escarlate. Sangue.

―Você está machucado, talvez seja apenas uma pequena confusão mental. ―Ela tentou amenizar a situação, como se não já fosse desconfortável o suficiente. ―Vou leva-lo para casa e cuidar disso.

Deixou-se guiar, não sabia para onde estavam indo ou qual caminho era aquele, se já o fizeram e se, de fato, aquela mulher era sua esposa, mas não ficaria ao relento quando poderia, ao menos, confiar em alguém.

O tempo foi passando, no mesmo ritmo que o das voltas de um carrossel. O Coringa encantava-se cada vez mais pela doçura e dedicação de Harley, o modo como ela lhe explicava sobre um passado que ainda não ficara claro em sua mente.

―Batman... ―Ele repetiu, levando uma mão ao queixo para coçá-lo, em dúvida. ―Eu realmente não consigo me lembrar de muitos detalhes.

―Assim fica difícil, pudinzinho. ―Fechou o livro grosso com força, fazendo com que um pouco de poeira se espalhasse pelo ar. ―Melhor continuarmos amanhã.

―Espere. ―Estendeu o braço, segurando-a pelo pulso antes que ela pudesse se levantar e sair do local. Por algum motivo, os olhos de Harley brilharam em um desespero discreto, os ombros encolhidos. Medo. ―Queria que lesse um pouco mais, quem sabe eu possa me lembrar.

―Eu realmente preciso cuidar da nossa filha. ―Puxou o braço para si, afastando-se dele em um movimento rápido, praticamente calculado. ―Leio para você mais tarde.

―Harley... ―Sua voz sussurrou, fazendo-a ficar arrepiada com o chamado. Os músculos travaram de vez, a impedindo de sair do lugar. ―Você tem medo de mim?

―Não, pudinzinho. ―Os lábios tremularam, a voz vacilante enquanto buscava, com o olhar, algo em que pudesse se apoiar. ―Por que eu teria?

O silêncio reinou entre os dois, os dedos dele se afundaram por sobre o estofado, dando-o impulso para se colocar de pé e, a passos curtos, aproximar-se dela.

―Você quem deveria me responder... ―Os corpos estavam perto o suficiente para que ele notasse toda a aflição, toda a dor que ela carregava. Por algum motivo, perguntou-se o porquê da esposa se submeter àquilo. ―Por que tem medo?

Mais uma vez fez-se silêncio e Harley resolveu desviar o olhar, lágrimas rolando por sobre as bochechas pálidas. Joker percebeu como sua aproximação era desconfortável e, como um click proporcionado pelo cheiro da pele da esposa, suas memórias voltaram gradativamente.

―Responda. ―Disse de modo suave, os dedos repousando sobre a mandíbula dela enquanto viravam lentamente seu rosto.

―Por favor... ―A voz tremulou, como em um pedido de socorro, mas aquela não era a intenção dele, machucá-la, pelo menos não mais.

A doçura de Harley o havia feito enxergá-la de modo diferente, com um carinho que não sabia existir dentro do peito. Ela era uma mulher que merecia ser respeitada, cuidada com carinho e proteção, não com violência.

―Eu não consigo lembrar quem eu era... ―Mentiu, os olhos fixos sobre os dela. ―Mas eu garanto que posso me tornar alguém muito melhor. ―E, como um pedido de perdão silencioso, abraçou-a por longos segundos.

O Coringa já não pregara mais suas peças.


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