Após a festa que tinha ido com os amigos, as semanas passaram voando, tanto que nem ao menos reparou quando os professores já estavam aplicando os últimos trabalhos e comentando sobre as provas finais e seus respectivos dias. Como de praxe, a grande maioria seria no último dia de aula para cada matéria, apenas a avaliação do professor Asuma que aconteceria na penúltima semana de aula. E para evitar possíveis exames, e como acadêmica dedicada, a Hyuuga queria terminar bem o semestre.

Nesse meio tempo, Hinata começou a estagiar no fórum de modo voluntário, estava na vara civil e às vezes acabava encontrando Naruto ou Sasuke que estagiavam de modo remunerado na vara penal e na vara do trabalho, respectivamente. Tinha tanto trabalho burocrático para fazer no fórum que ela só percebia que as horas tinham passado quando estava na hora de ir para casa comer, se arrumar e correr para a faculdade.

Naquela noite em particular, havia aula com o professor Yamato, que dava a matéria de História das Instituições Jurídicas, o conteúdo estudado era realmente interessante, a garota não conseguia tirar os olhos do mestre, por mais que ver o Kiba mexendo no celular incansavelmente a incomodasse um pouco.

— Então é isso gente! — Yamato falou encerrando previamente o conteúdo. — Voltem em vinte minutos e não se esqueçam do livro que mencionei, precisamos dele para estudar o assunto da semana que vêm, só lembrando que tem poucos exemplares na biblioteca. — Finalizou liberando os alunos para o intervalo.

— Kiba, saí desse celular! — Ino que estava sentada do lado esquerdo de Hinata censurou-o. — Não desgrudou nem por um minuto dele hoje, vai acabar indo mal na prova do Yamato se continuar desse jeito.

Kiba terminou de mandar uma mensagem deixando Ino no vácuo por um tempo e então retrucou-a: — Olha quem fala, você ficou fazendo trabalho de outra matéria a noite toda.

Sem muito interesse na discussão dos amigos, e um pouco curiosa, Hinata começou a esticar o pescoço tentando ver por cima do ombro do colega que estava sentado em sua frente, a fim de descobrir quem era a pessoa com quem ele tanto conversava, mas não obteve sucesso, já que a tela tinha sido bloqueada e Kiba a encarava com um sorrisinho de canto.

— Não pense que eu não estou de olho em você. — Acusou-a.

— Com quem o senhor estava falando? Será que eu posso saber? — Provocou seu amigo.

— Era uma pessoa.

— Uma pessoa ou uma garota?! — Interessou-se Ino entrando no jogo de Hinata.

— Isso é da conta de vocês? — O mais velho se revoltou com as garotas interessadas em sua vida.

Ino tentou dar uma resposta, mas foi interrompida por Hinata, que decidiu intervir na possível discussão dando de ombros para a loira, para que deixasse a conversa para depois, visto que Kiba parecia levemente irritado.

— Mudando de assunto, vocês vêm comigo na biblioteca?

— Não vou poder, Hina. — Informou Kiba, agora mais calmo. — Marquei de me encontrar com alguém na cantina.

— Era a garota que você ficou na festa, né?! — Confessou Ino tentando descobrir com quem o garoto tanto falava nos últimos dias.

— Eu já disse, isso não é dá sua conta! — O jovem levantou irritado e foi andando em direção a saída. — Até depois meninas. — Resmungou alcançado a porta da sala. Alguns alunos em volta fitaram a situação confusos, e as duas ficaram encarando Kiba passar pela porta, então Hinata questionou:

— Que bicho mordeu ele hoje?

— Sei lá, vai ver homens também ficam de TPM.

As amigas deram risada com a ideia ilógica de Ino.

— Mas agora sério — prosseguiu a loira — não posso nem acreditar que o Kiba está de namorinho e nós duas aqui — ela mexeu o indicador em um movimento de vai e vem entre si e sussurrou a última palavra com cuidado: — encalhadas.

— Eu não estou encalhada! — Protestou com confiança e o queixo levemente erguido.

— Então é verdade! — A dona de olhos azuis bateu a mão direita contra a própria coxa. — Você está mesmo saindo com o Naruto?! — Perguntou Ino mudando seu humor para excitação imediatamente. — Bem que eu percebi um clima entre vocês naquele dia que a gente estava vendo o pôr do sol.

— O que? Não! — Surpreendeu-se negando tal absurdo. — Eu e ele somos apenas amigos, o que te faz pensar que nós temos alguma coisa?

— Pera aí, se você não estava ficando com o gatinho do Naruto, então com quem a senhorita está ficando? — Perguntou em tom investigativo, tentando lembrar-se de algum possível garoto que Hinata tivera comentado, mas nenhum vinha em sua mente.

— Eu não estou ficando com ninguém! — Retrucou Hinata com sinceridade.

— Então a senhorita está encalhada, Hinatinha querida. — Reafirmou tal fato.

— Não, não estou! Encalhada é uma pessoa que está procurando alguém e não consegue encontrar, como você! — Expôs sincera e com um sorriso no rosto por ter conseguido provocar a amiga. — Eu estou sozinha por opção e é por opção própria! Antes que você venha falar que é dos outros.

— Nossa, obrigada pela honestidade. Depois dessa vou até voltar a fazer meu trabalho. — Ino proferiu olhando para o que estava escrevendo anteriormente.

— Não vai ir comigo na biblioteca? — Questionou encarando a amiga fingir interesse no pedaço de papel a frente com as bochechas levemente avermelhadas.

— Não posso... — ela suspirou — tenho que terminar isso ainda hoje, não vou ter tempo para fazer amanhã e eu preciso de nota com o Shikaku. Se você encontrar mais de um livro, pega pra mim?

— Sem problemas

— Obrigada.

— Até daqui a pouco então — se despediu e rumou a biblioteca.

A biblioteca da faculdade era bem perto do bloco de Direito, bastava cruzar o estacionamento que chegava nela, mas assim que Hinata colocou o pé para fora do bloco em que estudava, sentiu o vento gelado bater no rosto, o inverno já estava começando, pensou.

Não demorou a chegar à biblioteca e quando adentrou sentiu a mudança no clima imediatamente, dentro do ambiente estava quentinho e silencioso, o único barulho que se ouvia era de alguns cochichos e das páginas de livros virando, exatamente como uma biblioteca deveria ser.

Hinata rumou para um dos computadores que tinha em uma das bancadas mais próximas e começou a pesquisar se ainda tinha para reserva o livro que o professor pediu, e ali estava, tinha apenas um exemplar do livro, se considerou uma pessoa de sorte. O livro se encontrava na seção L prateleira Z situada na parte dos livros do curso de Direito, encerrou a pesquisa no computador, se encaminhando até a referida seção e prateleira, demorou um pouco, mas assim que encontrou, pegou o exemplar se dirigindo para o balcão da bibliotecária onde reservaria o livro em seu nome.

Havia algumas pessoas em sua frente, ficou esperando na fila por um tempo, até ouvir alguém chamar seu nome.

— Hinata?

A morena se virou para ver quem era o dono da voz, apesar de reconhece-la de algum lugar, e seus orbes miraram o loiro de olhos azuis parado atrás de si.

— Oi, Naruto. — Cumprimentou sorrindo ao reconhecê-lo. — Tudo bem com você?

— Tudo sim, e contigo? — Cortejou-a enquanto inclinava o corpo para cumprimentar a amiga com um beijo na bochecha.

— Tudo ótimo, não sabia que você frequentava a biblioteca. — Brincou ela.

— Só as vezes — entrou na brincadeira — eu estava precisando de uma doutrina de Direito Penal, você sabe né, as provas finais estão quase chegando. — Confessou enquanto balançava o livro grosso que tinha em sua mão. — Mas, e você? Está fazendo o que aqui?

— O professor Yamato pediu para a gente pegar esse livro — apontou para o mesmo. — Ele quer falar sobre esse assunto na aula que vem.

— Há, já li esse livro, se não me engano, provavelmente ele vai pedir um trabalho em grupo para apresentar, mas se você quiser posso entregar o trabalho que o meu grupo fez nessa época, para você e o seu grupo ter alguma coisa no que se basear, só aconselho que não copiem porque o Yamato zera quando é plágio. — Sussurrou a última parte olhando em volta e encenando como se fosse algo perigoso.

— Nossa, que veterano querido esse que eu tenho, me ajudando desse jeito. — Hinata riu da encenação, virando-se e encostando-se ao balcão da biblioteca, já que sua vez tinha chegado.

— Eu faço o que posso — ele deu uma piscadinha, cortejando-a.

Uma das bibliotecárias pediu o livro que Hinata tinha em mãos, ela o entregou e foi para o outro lado passando pela máquina de furto, em seguida digitou seu código e senha efetuando a reserva do livro, Naruto fez a mesma coisa que a morena e em seguida os dois foram em direção ao bloco de Direito conversando.

— Então você quer mesmo seguir carreira na área de penal? — Hinata surpreendeu-se com o rapaz.

— Na verdade meu foco é mais a Polícia Federal. Eu não aguento ver bandido solto enquanto a população corre perigo. — Disse como se fosse um super-herói.

— Entendo, acho o trabalho da Polícia Federal incrível! — Respondeu com admiração — E mais incrível ainda quem tem coragem de prestar esse tipo de serviço, porque querendo ou não acaba colocando a própria vida em risco, não concorda?

Naruto entreabriu os lábios para responder, mas foi interrompido por um sujeito que estava encostado em um carro prata.

— Ora, ora, então era verdade!

— Quem é você? — Sondou Naruto sem reconhecer o homem, pois o mesmo estava usando o capuz da jaqueta, que escondia seu rosto pela falta de claridade do ambiente.

— Olá, Naruto! E boa noite, Hinata. — Saudou um rapaz de madeixas grisalhas tirando a touca. — Não me reconhecem mais?

— Toneri?!  — Acusou a Hyuuga forçando um pouco a visão.

— Eu mesmo. — Sorriu — Naruto, seria possível deixar eu conversar com ela um pouco? 

— O que? — Naruto fez uma expressão de incompreensão, estava prestes a dizer não, mas Hinata encostou uma das mãos em seu braço e o acalmou: — Pode deixar, eu também quero falar com ele a sós. 

— Tem certeza? — O loiro parecia relutante.

Hinata não respondeu, apenas meneou a cabeça positivamente. Naruto compreendendo que ela realmente tinha assuntos a tratar com seu antigo amigo, respondeu de maneira firme, porém, com tom de preocupação:

— Qualquer coisa me chama, vou estar lhe esperando logo ali na frente. — Informou rumando para o local indicado. A medida que o loiro se afastava, o antigo namorado parecia relaxar os ombros, se aproximando um passo.

— Está namorando com o Uzumaki agora? — Questionou Toneri, de modo mais amigável.

— Não, ele é apenas um amigo, nos encontramos na biblioteca por acaso — respondeu segurando o livro com os dois braços. — O que você queria falar comigo?

— Já que vocês não estão juntos, eu gostaria de pedir para a gente reatar o nosso namoro! — O grisalho parecia relaxado, como se estivesse fazendo um pedido para o garçom de um bar qualquer.

— O que?! — Se assustou. As palavras recém proferidas giravam em sua cabeça; não esperava tal reação de seu ex-namorado.

— Fiquei sabendo essa semana que você tinha acordado, quando te vi nos corredores e logo que eu soube, senti sua falta, tive muita vontade de te ver. — Ele declarou de forma convincentemente. — Fiquei desapontado por você não ter vindo falar comigo.

— Toneri... — Hinata inspirou profundamente, e começou devagar, para acompanhar tudo o que seu cérebro processava. — Isso tudo já passou, você sabe muito bem disso.

Já fazia mais de meio ano que ela tinha acordado, como ele podia ter notado a presença dela só agora? Os dois cruzavam os caminhos nos corredores quase o tempo inteiro.

— Não, não passou! Olha tudo o que a gente já teve, podemos ter tudo aquilo de novo. — Insistiu ele tocando seu braço com as pontas dos dedos. O contato da pele a arrepiou, mas não permitiu que isso a desconcertasse.

— E como eu iria ter certeza que nós teríamos tudo aquilo de novo? — Hinata questionou, puxando o braço e desfazendo o contato.

— Porque eu prometo que dessa vez será diferente!

— Você já prometeu uma vez, quando disse que ia me esperar — Hinata acusou com o tom de voz firme — eu não quero mais suas promessas vazias!

— Mas eu esperei, mais do que qualquer um poderia esperar! — Ele suplicou e por impulso tentou abraçar Hinata, porém esta deu um passo para trás não permitindo a aproximação.

Toneri expressou um semblante com um misto de confusão e tristeza, trazendo alguns sentimentos de Hinata à tona.

— Você disse que estaria lá quando eu acordasse! — A Hyuuga alfinetou, relembrando-o do voto que ele tinha com ela.

— Me falaram que era como se você estivesse "morta", que a possibilidade de você acordar do coma era quase nula! — Toneri já estava se exaustando, perdendo a linha, tentando convencer a ex-namorada desesperadamente, e começava a aumentar o tom de voz.

— Mas eu não estava “morta”! E de qualquer maneira, você prometeu! Se fosse você que estivesse em coma eu iria esperar por ti e você sabe disso! — Retorquiu tentando engolir o caroço que se formava em sua garganta por tais lembranças. — Você sabe o que eu aprendi com esse coma? — Hinata esperou uma resposta que não veio e então prosseguiu. — É que algumas pessoas simplesmente se acostumam com o fato de você não existir mais, então muito obrigada por mostrar que eu não tive nenhuma importância na sua vida.

— Eu nunca disse que você não tinha importância para mim! — Toneri tinha os olhos cheios de lágrimas e uma expressão de dor.

— Até pode ser verdade — Hinata murmurou se segurando para não chorar também. — Mas a única verdade que eu acredito é a que eu sei: que nesse momento você está drogado.

— Como você sabe? — Ele a fitou desfazendo a máscara da encenação, limpando as lágrimas forçadas que escorreram por sua bochecha.

— Da para sentir o cheiro de longe. E de qualquer maneira eu não vou ficar junto de alguém que trata a namorada da maneira que você trata a sua, traindo a Shion no meio de uma festa, daquela maneira, chega a ser vergonhoso. — Revidou sentindo o baque daquela encenação.

— O que?! Que festa você está falando?

Hinata até quis rir no momento, mas poupou a si mesma e explicou: — No 14 Bis você estava praticamente transando em público com uma garota qualquer, não precisa se fazer de desentendido, você sabe que faz isso o tempo inteiro.

— E-eu não... — Toneri tentou formular uma frase, mas não saiu, em desespero de perder esse contato que estava tendo com Hinata ele recorreu ao apelido carinhoso do passado. — Me desculpa, eu sinto muito princesa.

— Não, eu é que sinto, não quero ser um estorvo para você, principalmente agora que você tem uma “vida”. — Usava aspas por saber a vida que ele levava. — Mesmo que eu não faça parte dela.

Hinata virou o corpo para começar a andar, mas Toneri tornou a falar, dessa vez bem mais calmo e com arrependimento na voz.

— Espera Hinata, não vai!

— Me esquece Toneri, como eu disse antes você já tem namorada, mesmo que não à valorize. Então não tenta fingir que você não superou aquilo que você já esqueceu faz tempo!

Hinata começou a caminhar devagar, com passos pesados, e assim que foi tomando distância dele, apressou o passo para se afastar o mais rápido possível, e quando sentiu que estava longe o suficiente voltou a caminhar, porém com passos largos e de cabeça baixa tentando segurar as lágrimas e com aquele turbilhão de sentimentos presos dentro de si. Estava tão focada em caminhar que nem reparou quando passou por Naruto, apenas queria se afastar do Toneri o mais rápido possível.

— Hey, hey! Hinata! — O loiro alcançou a amiga e a segurou pelo braço. — Está tudo bem? — Ele a fitou com uma expressão preocupada.

— Sim — articulou a morena ainda de cabeça baixa, fitando os próprios pés.

— Oh, olha para mim vai. — Solicitou o loiro com delicadeza.

O Uzumaki colocou sua mão em baixo do queixo da amiga e levantou seu rosto, de modo que pudesse encara-la. Ela estava chorando, e sentiu uma pontada no coração quando viu aquela cena, odiava ver garotas chorando.

— Ele fez alguma coisa com você? — Questionou preocupado.

A Hyuuga apenas negou com a cabeça contraindo o cenho.

— Quer que eu vá falar com ele?

— Não precisa. — Expressou com a cabeça erguida por causa do Uzumaki, mas com os olhos desviando dos do outro. — Ele não fez nada de errado, nós apenas acabamos de oficializar o termino do nosso namoro.

Naruto ficara sabendo recentemente que Toneri tinha sido namorado de Hinata no passado e, por causa da curta amizade que ele e o Otsutsuki tivera, ele sabia que a ex-namorada de Toneri tinha entrado em coma logo após fazer uma cirurgia complicada, descobrir que era Hinata a garota que esteve em coma por dois anos foi um choque para o loiro, afinal, ela parecia ser tão forte e se esforçava tanto para manter um bom astral, que ver a amiga sofrendo dessa maneira parecia ser tão injusto considerando tudo o que ela já tinha passado.

— Vem — o loiro disse colocando sua mão no ombro da mesma. — Vou te levar para casa.

— Não, eu não posso — relutou — tenho meus materiais e estou de carro também.

— Não se preocupa com isso, eu mando um whats para a Ino pegar suas coisas e eu te levo para casa com o seu carro — sugeriu gentilmente.

— Mas, e o seu carro? — A morena ainda relutava, tinha medo de vir se apaixonar por Naruto, ele era tão gentil, que relembrava o Toneri do passado, não queria passar por tudo isso uma segunda vez.

— Eu deixo ele aqui, amanhã posso vir de carona com o Sasuke.

— Mas a minha aula de hoje é importante. — A Hyuuga continuava procurando desculpas para ficar, mesmo que as lágrimas em seu rosto dissessem o contrário.

— Hina. — Naruto falou um pouco sério. — Desculpa, mas você não está mais em condições de prestar atenção na aula de hoje, vai ficar distraída o tempo inteiro, sem contar que ficar aqui só vai piorar tudo, me deixa te levar para casa, lá você pode descansar e colocar as ideias no lugar.

Ainda relutante Hinata acabou aceitando o conselho de Naruto, entregou as chaves para o loiro e o guiou até seu carro. A caminhada até o seu carro havia sido silenciosa, vez ou outra esbarravam seus ombros graças a calçada oscilante, um atrito desconfortável, mas ao mesmo tempo reconfortante, chegando no carro Naruto foi para o banco do motorista e começou a dirigir.

O caminho para casa foi tranquilo, Hinata ainda chorava de vez em quando, por mais que já soubesse que Toneri tinha se perdido no mundo e que ele já estava com outra garota, mesmo ela não querendo, ainda nutria um pouco de sentimento por ele.

Sentia falta de todas as coisas que fizeram no passado, porém, em contrapartida, não conseguia mais confiar no que o grisalho dizia. Em sua opinião, o que ele fez era imperdoável, por mais que isso possa ser considerado egoísta da parte dela, já que tinha plena consciência que a possibilidade de ela acordar era menor cada ano que passava, mas ainda assim, as únicas palavras que vinham em sua mente eram as que ele disse no dia da sua cirurgia: “Não importa o que aconteça, você só precisa lembrar que eu sempre, sempre, vou estar ao seu lado”, uma promessa não cumprida no fim das contas.

— Obrigada Naruto. — Agradeceu sincera.

— Imagina. — O loiro falou de modo automático enquanto se concentrava na estrada.

Agora ela entendia que de nada adiantava palavras bonitas se, no fim, o seu significado era vazio.