Ozpin chegou no recanto de Salem, e mal pode segurar o riso ao ver a cena mais cômica que ele já havia presenciado, assim como Ruby havia dito, a rainha das fadas agora estava perdidamente apaixonada por um homem com cabeça de asno.

— Ah, meu amor, mas tu és tão lindo. — Salem dizia abraçando a estranha aberração enquanto o pobre infeliz tentava se desvencilhar de seus braços e fracassando no processo.

As fadas estavam em volta da rainha, algumas confusas, outras, tentavam trazer algum juízo para a cabeça dela e Ozpin se divertiu com a reação de cada uma delas, infelizmente, aquilo deveria acabar logo. O rei, muito a contragosto, fez sua presença ser notada, as servas fadas se afastaram para ele passar e ele se aproximou de Salem.

— Se divertindo com seu novo amante, minha adorada esposa? — perguntou debochado.

— O que faz aqui? Não ver que tenho um novo amor? — disse ela.

— Sim, vejo, até porque, fui eu mesmo que o providenciei. — Ela olhou confusa para suas palavras. — Mas creio que a brincadeira chegou a seu fim. — Dito isso, Ozpin jogou a erva para desfazer o feitiço da flor mágica.

— O que…? — Salem limpou seus olhos e repentinamente, o feitiço se desfez e ela olhou horrorizada para o homem/asno ao seu lado, ela pulou para longe dele lhe dando a maior expressão de desprezo. — Argh, saia de perto de mim, oh criatura asquerosa!

A quimera estranha pareceu se ofender com aquelas palavras e saiu correndo o mais rápido que pode desaparecendo na floresta.

— Por que fez isso comigo, Ozpin? Usou de tua feitiçaria contra mim!

— Não se ofenda tanto, minha cara, se tivesse dando o menino indiano que eu pedi, nada disso precisava ter acontecido.

— Pois bem, vamos resolver disso, e deixar o jovem Oscar decidir com quem quer ficar! — Salem disse por fim, ela ordenou que uma de suas fadas trouxesse o menino Oscar até eles.

— Sim, deixemos agora ele decidir com quem quer ficar. — falou o rei dos elfos.

Enquanto isso, Ruby tentava resolver o problema dos jovens atenienses apaixonados. Ela viu Jaune correndo procurando Pyrrha, mas ele já estava apaixonado pela pessoa certa, Ruby tinha era que tirar o feitiço de Yang para que ele voltasse a amar Weiss.

Yang passou correndo, ele estava com sua espada em mãos e parecia procurar por Jaune.

— Volte aqui e me enfrente covarde, correu quando eu estava distraído!

— Estou aqui! Venha me pegar! — Ruby gritou usando a voz de Jaune, não era difícil imitar a voz de outros quando se era um elfo esperto como ela.

— Eu vou te pegar! — Yang correu na direção da voz.

— Você não é de nada! — Ruby disse e assim que Yang estava vindo em sua direção ela fez as raízes do chão se enrolarem nos pés dele novamente.

— Maldição! — ralhou Yang quando ele caiu no chão.

Enquanto ele lutava para se libertar, Ruby pulou a sua frente, Yang se virou e encarou ela por um instante, seus olhos se arregalaram com a visão da elfa.

— O que é você?

Oh não, um humano me viu, isso é muito ruim.

Ruby balançou a cabeça se livrando dos pensamentos, ela tinha uma tarefa a cumprir, depois ela pensaria no fato de seu segredo ter sido descoberto. Ela jogou a erva que desfaz o feitiço da flor mágica nos olhos de Yang, ele imediatamente se retraiu com o ato e cobriu o rosto com as mãos esfregando os olhos com os dedos, Ruby aproveitou isso e sumiu no meio das árvores.

Yang voltou a si aos poucos, ele mal podia acreditar  no que houve, ainda podia ver um rastro vermelho de onde ele havia visto a estranha criatura com orelhas pontudas a pouco.

— Yang? — Weiss gritou de algum lugar atrás dele. — Você está bem? Se machucou? — Ela se ajoelhou ao seu lado no chão.

— Eu estou bem. — Yang disse pegando sua espada que havia caído ali perto, ele cortou as raízes que prendiam seus pés e se levantou com a ajuda de Weiss. — Me sinto estranho.

— Yang? — Weiss parecia hesitante.

— Weiss? O que há de errado com você, meu amor?

Os olhos de Weiss se iluminaram, Yang parecia ter voltado ao seu eu normal, o mesmo Yang que ela havia se apaixonado e amava tanto. Weiss se jogou em seus braços e enterrou seu rosto no ombro dele.

— Weiss? Por que está chorando?

— Senti sua falta!

Yang ficou confuso com aquilo, ele mal lembrava do que havia acontecido nas últimas horas, mas ele não suportava ver Weiss chorando.

— Não se preocupe, seja lá o que tenha acontecida, vai ficar tudo bem agora, — disse afagando as costas de Weiss para acalmá-la.

— Obrigada. — Ela se afastou um pouco limpando algumas lágrimas dos olhos, Yang passou a mão pelo rosto dela e sorriu puxando seu queixo para um beijo casto.

Mas a felicidade do casal recém unido, logo foi substituída por expressões preocupadas, eles ouviram vozes se aproximando.

— Ah não, é seu pai, eu sabia que ele viria atrás de nós quando percebesse que você sumiu. — Yang disse parecendo aflito.

— O que faremos? — perguntou Weiss igualmente aflita.

— Vamos fugir, se corremos, talvez possamos escapar deles. — Yang pegou sua mão e esperou a resposta de Weiss, ela hesitou só por um instante antes de assentir.

Yang sorriu e correu, Weiss correu logo atrás segurando sua mão.

Jaune enfim encontrou Pyrrha, ela parecia cansada se apoiando no tronco de uma árvore.

— Pyrrha, você está bem?

— Não! — Ela se virou. — Por que disse aquilo? Está brincando comigo? — A voz dela tremeu.

— Não estou, não sei bem o que houve comigo, parece que algo fez renascer ainda mais forte tudo que já sentia por você. — Ele disse chegando perto, ela não parecia se importar com a aproximação. — Eu sei que fui um idiota com você, nem sei se mereço seu perdão…

Jaune fechou sua mão em um punho transtornado consigo mesmo, então ele sentiu a mão de Pyrrha segurando a sua e ele levantou o olhar para  encarar seus gentis olhos verdes.

— Eu também não sei o que houve, Jaune, mas se você é sincero com seus sentimentos eu também sou com os meus e… — As bochechas dela se enrubesceram. — Se você quiser tentar, eu aceitaria de bom grado.

— Ah, Pyrrha! — Jaune se anima, seus olhos brilhando de alegria não contida. — Eu vou fazer valer a pena seu voto de confiança, não quero te ver sofrer nunca mais e vou lutar por isso!

Ele se aproximou e segurou seu rosto entre suas mãos, Jaune se inclinou selou seu compromisso com um beijo. Eles se separaram e se olharam carinhosamente um para o outro.

Yang e Weiss chegaram correndo e pararam de repente assim que avistaram Jaune e Pyrrha, o outro casal se viraram para olhá-los.

— Não! Você não tirará, Pyrrha de mim! — Jaune disse abrindo os braços de forma protetora na frente de Pyrrha.

— Por que eu iria querer tirar Pyrrha de você? — Yang perguntou irritado, mas Weiss apertou sua mão indicando sua preocupação. — Ah, esquece, não temos tempo a perder, saiam do nosso caminho!

Jaune olhou para Pyrrha.

— Que dizer que você voltou a amar Weiss? — Ela perguntou.

— Eu nunca deixei de amá-la! — Yang respondeu.

— Parece que no final, tudo se ajeitou por si mesmo. — comentou Jaune abaixando os braços e deixando de lado qualquer agressividade anterior que existia entre ele e Yang.

— Vocês dois? — Weiss perguntou sem terminar a frase direito, ela olhou de Jaune para Pyrrha.

— Sim. — Pyrrha disse meio tímida.

— Ah, que felicidade! — Weiss exclamou contente por eles.

— Ficamos felizes por vocês, mas… — Yang olhou para trás, o barulho de passos e vozes se aproximando ficavam mais alto.

— O que é isso? — Jaune perguntou.

— Deve ser o pai de Weiss, ele deve ter mandado seus homens atrás de nós. — respondeu Yang. — Temos de ir agora.

Jaune e Pyrrha se entre olharam e o rapaz disse:

— Vão, nós vamos ganhar tempo para vocês dois.

Yang e Weiss se surpreenderam e olharam um para o outro, mas foi Weiss que falou:

— Tem certeza?

— Sim! Vocês merecem serem felizes, e nós também. — falou Pyrrha.

— Obrigado… — Yang disse claramente emocionado, ele pegou a mão de Weiss e saiu correndo para a direção oposta.

Weiss se virou no último instante e deu uma olhada na amiga, Jaune a abraçou e ela sorriu se virando e desaparecendo no meio das árvores com Yang.

Ruby deixou escapar um suspiro aliviado, parecia que tudo havia acabado bem, no final das contas, ela não ficou para ver a discussão que se seguiu entre o pai de Weiss que havia vindo procurar a filha pessoalmente, com Jaune e Pyrrha, Ruby preferia garantir que Yang e Weiss conseguiriam sair da floresta em segurança o mais rápido possível.

De vez em quanto, Yang virava o rosto e Ruby tinha certeza que ele sabia que ela estava por perto ajudando, mostrando o caminho certo, quando ambos saíram, ele virou-se e murmurou um obrigado e Ruby se deixou aparecer por um instante, lhe sorriu e o loiro lhe sorriu de volta e ela sumiu novamente.

— O que você está olhando, Yang? — Weiss perguntou.

— Uma amiga, eu acho, vamos, a casa do meu tio e logo depois dessa colina, ele nos receberá com pão fresco e vinho. — Ele puxou Weiss para perto e os dois seguiram em frente contentes.

Na floresta, Ruby pensou que foi uma loooonga noite e que teria de ir até o rei Ozpin para contar que tudo havia se resolvido entre os casais, mas ela de repente avistou o mesmo homem com cabeça de asno de antes.

— Ora, ora, parece que eu havia esquecido desse pobre coitado, melhor desfazer o feitiço logo. — Ela balançou os dedos e o homem voltou a ter sua cabeça normal.

Ele correu gritando de felicidade e Ruby riu da palhaçada dele.

Ruby chegou ao rei Ozpin:

— Meu rei, tudo se resolveu, os casais se acertaram e ficarão felizes agora, Yang com Weiss, e Pyrrha com Jaune.

— Pelo menos, essa boa notícia. — O rei disse meio amargurado.

— O que houve?

— Salem ficará com o menino, acho que no final, acabei perdendo a disputa, mas pelo menos, esses jovens serão felizes no amor, não é?

— Sim! — respondeu Ruby contente.

O rei se retirou para descansar e Ruby refletiu consigo mesma:

— Eh, parece que tudo ficou bem para todos no final, essa história foi louca e divertida, mais do que normalmente é, parece até um devaneio de um louco ou um sonho de uma criança, talvez seja isso, e tudo não passou de um sonho, um encantador sonho de uma noite de verão.

~FIM~