Depressão

Parece que não é tão tarde...

Ainda que eu saiba que horas são.

Ressoa-se uma espécie de canção,

Em ritmo fúnebre de palpitação.

Com as dúvidas devorando minha cabeça,

E as incertezas atingindo meu coração.

Quem lá dentro questiona o que há em mim?

Ultrajantes palavras afligem meu ego.

E a névoa que as envolve me deixa cego.

Há algo vazio lá dentro de mim...

Algo como a verdade que se aprisiona aqui.

Afoito pelo silêncio que me corrói com suas palavras...

Largo tudo que me faça prosseguir.

Gosto de não me sentir abandonado,

Obrigado a quase não existir.

Muito do sereno é inerente a mim.

O frio é meu adjetivo favorito,

Recentemente, todavia, odeio senti-lo.

Talvez por estar sempre aqui...

O frio me é um sentimento esquisito.

Dói saber que as madrugadas são mártir...

Eu sei que a dor vem das verdades.

Não gosto de encará-las,

Tanto quanto não consigo deixa-las.

Restabelecido um vazio de palavras,

Omitido pelo silêncio que as cala.

Dói sentir frio...

Enquanto eu mergulho num quase plano vazio.

Madrugadas mastigam minha calma...

Incapacitam minhas falas,

Matando minha alma.

~Gabriel.