(Re)Lembrar escrita por Dani


Capítulo 7
Diário de bordo 3: Riven


Notas iniciais do capítulo

EU VOLTEI, MILAGRES ACONTECEM HAHAHAHHA

Desculpa a demora (de novo), mas espero que vocês gostem tanto do capítulo como eu gostei de escrever e hora que o Riven é o meu menos favorito kkkkkkkk

Mas espero que todos vocês gostem, e continuem a ter paciência com a minha pessoa hehehehe

Boa leitura bberes ♥



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— Que droga — Um garoto de longos cabelos lilases arrepiados e bagunçados, reclamava enquanto a câmera chacoalhava — Como que se coloca isso?

A palma da mão do garoto bloqueava grande parte da imagem da câmera, enquanto ela era jogada de um lado para o outro, parecendo se firmar uma vez ou outra na haste a qual um certo alguém havia tirado por achar que não era um bom lugar.

— Droga! — Riven por fim gritou, desistindo, deixando a câmera troncha pendendo para a direita, fazendo com que parecesse que ele estava de lado.

E então alguém riu ao fundo.

— É bem triste você não saber nem ajustar uma câmera — Uma voz masculina, vinda do lado esquerdo, pois era para onde Riven olhava frustrado, caçoava do garoto.

— Cala a boca Sky.

Sky riu novamente.

— Você quer ajuda ou não?

Riven revirou os olhos, frustrado, porém vencido, e recostou-se irritado na cadeira, dando espaço para um garoto com parte do rosto e dos cabelos loiros aparecendo por entres os dedos de sua mão espalmada contra a câmera, ao finalmente ajustar a imagem, o vídeo finalmente se encontrava alinhado ao garoto irritado sentado à sua frente.

Sky apareceu momentaneamente atrás de Riven dando um xauzinho.

— Oi garotas — Sky sorriu, sendo empurrado por Riven em seguida.

— Deixa eu terminar logo com isso.

— Você fala como se não tivesse pedido para ser o próximo — Sky já não estava mais aparecendo, e sua voz estava distante, mas foi perceptível o tom zombeteiro.

Riven encarava o amigo irritado e quase grunhindo. E então, com o barulho de algo deslizando, Riven voltou seu olhar para as pessoas que o assistiam, suspirando cansado, debruçando-se para a frente e olhando de forma cansado, porém sempre com aquele olhar irritado, característico do garoto. E então ele começou.

— Então, tá, vamos acabar logo com isso — Riven pigarreou — Diário de bordo 3, Riven falando...

 

 

 

Já faziam cerca de dois meses que seguiam coordenadas e pistas tiradas de um livro infantil. Uma lenda antiga que se misturava com um conto de ninar era o que fazia aqueles garotos continuarem sua viagem pelo espaço frio e escuro.

Riven tentava se manter ocupado. Socava uns bonecos de treino aqui, esmurrava um outro especialista ali. Mas nada parecia fazer sua mente ficar quieta.

Ele estava irritado, frustrado, cansado e impaciente com a teimosia, principalmente vinda de Timmy, que continuava a levá-los para o que parecia ser lugar nenhum. Quando ele concordou com aquilo estava sendo movido pelo luto recente, Nabu havia sido o seu amigo próximo, mais próximo até mesmo que Brandon ou Sky. O mago sabia lidar com seu temperamento estourado, sua teimosia e até mesmo com o precário relacionamento que tinha com Musa. A qual só lhe deu uma segunda chance graças aos conselhos de Nabu.

Mas agora, quase 4 meses depois, ele começava a duvidar de que houvesse a tal planta mágica, de que houvesse uma chance de trazer o amigo de volta ou de que ao menos Timmy tivesse certeza de que não estavam apenas navegando em círculos naquele vazio estúpido. Riven queria apenas voltar para casa e esmurrar algumas coisas e talvez até pessoas. Mas principalmente, voltar. Voltar para Musa.

E então nesse momento uma sirene vermelha acompanhada de um barulho estridente soou.

Com uma toalha jogada por cima da regata com poças de suor, Riven encontrou os outros no comando. Brandon, Sky e Hélia estavam sentados, cada um em frente a um monitor holográfico com coisas que ele não conseguia ler ou identificar, reconhecendo apenas, de relance, o que parecia ser uma forma oval e escura. E ao olhar para o centro da sala, encontrou Timmy.

O ruivo usava uma bermuda moletom e um casaco laranja, sua cabeça alternava quase que de forma frenética entre a vista do nada logo a frente através do vidro que os separava das estrelas, e o que Riven supôs ser uma tela presa em suas mãos. Os dedos do garoto trabalhavam inquietos sobre o vidro, deixando-o tão absorto em pensamentos que nem notou quando o garoto de cabelos lilás empurrou seu ombro, o que fez com que um olhar assustado se formasse atrás das finas lentes de seus óculos.

— O que você está fazendo? — Timmy falou com um tom estranho.

Riven levantou uma sobrancelha.

— Eu? O que você está fazendo? — E então olhou ao redor, para os garotos balançando em suas cadeiras — Na verdade, o que tá todo mundo fazendo? Não tem nada na droga do caminho.

O garoto falava com seu tom típico de frustração.

— O que foi Riven? — Reconheceu como sendo a voz de Sky, sentado ao lado de Brandon na parte elevada do comando, ele sorria travesso para o amigo — Acordou com o pé esquerdo hoje?

Riven apertou os punhos, grunhindo, jogando a toalha molhada de suor na cara do príncipe.

— Cara — Sky segurava o estômago com uma das mãos, enquanto com a outra segurava a toalha suja — Você nunca toma banho?

Riven sorriu com a frustração do loiro, mas logo voltou sua atenção para o quatro-olhos na sua frente.

— Então — O especialista estressado se aproximou ainda mais de Timmy, puxando o aparelho das mãos do ruivo — O que aconteceu?

Timmy pegou de volta a tela, ajeitando os óculos, parecendo evitar manter contato visual com o amigo.

— Nada — O ruivo falou, com um tom que indicava que nem ele parecia acreditar no que dizia.

— Timmy... — Riven chamou mais uma vez, tentando controlar a voz.

— Cara, melhor falar logo, vai ser pior se ele souber de outro jeito — Brandon falava, debruçado sob o teclado do computador.

Riven levantou uma sobrancelha, olhando novamente para Timmy, cruzando os braços.

— Conta logo.

O garoto percebeu que o ruivo apertou um pouco forte demais o tablet em suas mãos, deu um suspiro e apresentando um olhar receoso, Timmy começou.

— Houve uma pequena falha no sistema de navegação, uma sobrecarga quase que imperceptível fez com que a navegação falhasse e nos tirou da rota.

Os punhos de Riven se fecharam com tanta força que ele pôde sentir sua mão latejar, e uma raiva subia rasgando pela sua garganta, mas ainda assim controlou a voz antes de continuar.

— A quanto tempo?

Timmy havia abaixado a cabeça.

— 3 dias.

Os dentes de Riven cerraram.

— Vagamos pelo caminho errado por 3 dias?

Timmy apenas assentiu.

Nesse momento Riven explodiu. Puxou o tablet das mãos do garoto e jogou no chão com tanta força que a tela trincou por inteira no momento que tocou no chão. Os punhos de Riven estavam fechados e ele podia sentir que suas unhas estavam quase rasgando sua pele. Ele mordia com tanta força que, se não fosse pela raiva que percorria todo o seu corpo, se preocuparia com a ideia de algum dos dentes quebrar.

E então agarrou Timmy pelo colarinho da camisa, o suspendendo. Os outros se levantaram alertas, mas com um gesto o ruivo pediu que parassem.

— Você... — Riven começou, agora com todo o escárnio e ódio na voz que estava tentando controlar — Você nos trouxe pra cá, se baseando na droga de um livro infantil! — Gritou.

Riven podia sentir a raiva lhe rasgar de dentro pra fora soltando coisas que ele havia guardado a sete chaves.

— Você me fez acreditar que podíamos trazer ele de volta, eu confiei em você — Seus braços tremiam pela força que fazia em erguer o amigo — Você me fez pensar que eu ia poder me desculpar por ter deixado ele morrer, você brincou comigo não foi seu idiota?! — Gritou mais uma vez, Timmy permanecia com uma expressão ilegível — Você queria tanto mostrar que podia fazer alguma coisa, que se baseou em uma droga de história pra criança dormir, você não sabe como é carregar essa culpa todo dia, não é? Eu sinto a droga do sangue dele nas minhas mãos, eu podia ter ajudado ele — Seus braços começavam a ceder — Eu nunca servi pra nada a não ser quebrar a cara de monstros, mas quando alguém realmente precisou de mim eu não fiz nada, eu não consegui fazer nada, e você ficou se aproveitando dessa droga de sentimento não foi seu idiota quatro-olhos?! —Gritou jogando Timmy no chão.

Hélia correu para ajudar o ruivo a se levantar. Riven bufava na frente do garoto, seus braços tremiam e seu rosto tinha uma coloração vermelha, a respiração estava descompassada e arrastada. Enquanto que Timmy apenas mantinha a cabeça baixa.

— Riven, se controla — Sky gritou ainda em pé na frente do computador.

— Cala a boca principezinho — Riven gritou, direcionando um olhar furioso para o loiro, que manteve a postura.

Ele estava tão absorto na sua própria raiva que nem notou quando Timmy se levantou novamente, ficando ainda na sua frente.

— Riven — O ruivo chamou.

O garoto de cabelos lilases virou com tamanha selvageria que os outros tiveram medo que ele derrubasse Timmy ali mesmo com um soco, mas ele apenas encarava o amigo com apenas ódio no olhor.

 - Você acha que é só você que se sente culpado? — Timmy não o olhava.

A raiva de Riven aumentou.

— É melhor você parar ai mesmo... — Soava ameaçador, cuspindo as palavras.

— Ou o quê Riven? — Timmy levantou a cabeça, mostrando um brilho furioso que Riven nunca havia visto nos olhos do garoto — Vai me bater? Me matar? Fazer eu me arrepender? Você acha que é só você que tá sofrendo, que apenas você tem o direito de sofrer pelo Nabu, sim, eu sei que eram próximos, mas isso não anula como cada um aqui se relacionava com ele, então vê se deixa tão egoísta e deixa que os outros sofram também! —Timmy gritou, firme.

Riven cerrou os punhos, e se aproximou devagar do ruivo, quase juntando suas testas.

— Você, não sabe de nada — Falou pausadamente, olhando o garoto nos olhos.

Os ombros de Timmy se alinharam, e olhando com a mesma intensidade, ele respondeu.

— Tem razão, jamais vou entender sua relação com ele, mas você também não sabe de nada sobre ninguém aqui — Timmy cuspia as palavras — A única diferença entre eu e você Riven, é que enquanto você ainda está preso na fase da raiva e negação, eu me forço a aceitar e fazer alguma coisa que não seja me lamentar o tempo todo.

Nesse momento um soco levou Timmy novamente ao chão, Brandon e Sky correram, as novamente o ruivo pediu para que parassem.

Riven não queria escutar nada daquilo. Ele não estava em negação, e nem preso na raiva, ele estava frustrado. Frustrado por não fazer nada, por não poder ajudar nem mesmo Musa a lidar com aquilo, por que ele mesmo não conseguia.

E ele começava a perceber que estava ainda mais frustrado por que Timmy estava certo. Nunca havia parado pra pensar em como os outros se sentiam, na verdade, ele sabia como se sentiam, mas havia escolhido ignorar e se concentrar na sua própria dor. Por que ele havia perdido um amigo, um companheiro, um conselheiro e um irmão.

Mas não havia sido só ele.

E o olhar de Timmy, enquanto um filete de sangue escorria por sua boca. Sem medo ou insegurança, só comprovou isso.

E aos poucos, Riven pode sentir seus braços caírem sem força ao lado do seu corpo, as mãos ardiam pelos cortes que havia feito em si mesmo, suas pernas começavam a fraquejar e o seu coração ardia, não com raiva, mas com exaustão. Riven estava tão exausto de tudo aquilo, de toda aquela culpa e raiva.

E então caiu de joelhos.

— Riven? — Brandon chamou, com um tom preocupado.

Riven não respondeu.

— Nós já estamos no caminho certo de novo — Timmy limpou o sangue, e pressionou o corte no lábio para estancar o sangramento — Antes de você quebrar o tablet é claro.

Riven novamente se manteve em silêncio.

— Nós vamos achar essa droga de flor, nem que custe minha vida — Timmy prometeu, sério, ainda no chão de frente para o amigo.

E então o garoto finalmente respondeu.

— Não — O garoto de cabelos lilases mantinha a cabeça baixa.

O ruivo arqueou a sobrancelha.

— Não quero perder mais nenhum amigo — Riven continuou — Me desculpe, eu... — Hesitou por um momento — Eu perdi o controle, você está certo, estão todos certos... Eu fui egoísta.

E por um momento o ambiente ficou em um silêncio completo, os especialistas se olhavam e tentavam entender toda aquela situação e o que ela significava para eles.

E enquanto as estrelas continuavam a brilhar lá fora, dentro daquela nave que havia se transformada na casa daqueles 5 garotos o silêncio foi rasgado pelo choro de Riven.

Os outros o olhavam sem julgamentos, e com seus próprios olhos brilhando como se prestes a chorar também. Timmy encarava o amigo, e se aproximando devagar, puxou o garoto para um abraço contra o qual Riven não lutou.

 

 

 

A imagem de Riven no vídeo estava estática, ele não se movia, enquanto escondia o rosto nas mãos, enquanto seu corpo tremia levemente e um barulho de choro tomava o áudio.

Após alguns momentos ele respirou fundo, e mostrou os olhos e a ponta do nariz vermelhos. Mas mesmo assim, um sorriso desafiador, tomava conta de seus lábios.

— Por favor esperem mais um pouco, logo estaremos todos de volta, isso é uma promessa — Ele perguntou algo fora do campo de visão da câmera, revelando momentos depois como um pequeno chaveiro em forma de guitarra, na mesma cor que os cabelos de Musa — Por favor.

E então a tela escureceu.


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Notas finais do capítulo

Iae? Valeu a pena a enorme demora? Espero que sim hehehehe

Estamos finalmente cada vez mais perto da volta finalmente desses meninos pra casa, mas até lá tem um pouco mais de emoção, e espero que esse capítulo tenha agradado novamente.

Muito obrigada a todos que ainda me aguentam ♥ ehehehe



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