Saturday Night escrita por Tahii


Capítulo 1
Saturday Night


Notas iniciais do capítulo

Sim, essa foi mais uma ideia tipo insight que eu tive :P Embora, dessa vez, motivada por um desejo ainda não muito concreto de ver esses dois juntos. Estou eu virando uma jily shipper? Talvez... ♥

Essa é uma one bem tranquilinha com o objetivo de fazer vocês sorrirem com esses dois. Espero que vocês gostem ♥



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Sábado sempre foi o dia favorito de Lily Evans. Ela gostava da ideia de dormir tarde na sexta-feira e acordar tarde no sábado, decidir se queria tomar café da manhã ou almoçar, jogar-se no sofá para assistir Orange Is The New Black na netflix a tarde inteira e depois de tudo isso sair a noite com suas amigas, Marlene Mckinnon e Dorcas Meadowes. Esse sempre foi o seu plano de fim de semana.

Só que naquele sábado houve um pequeno probleminha enquanto assistia o quarto episódio seguido da sua série. O seu celular vibrou em cima da mesinha de vidro, despertando toda a sua atenção.

—----

D4

Lene, Dorcas, Lice, Lily

Lene

Não vai dar para eu sair hj (16:21)

Dorcas

Pq? (16:21)

Lene

Tenho um encontro (16:21)

Dorcas

A piada do dia kkkkkkkkkkk (16:22)

Lily

Desde quando vc tem encontros? (16:22)

Lene

Desde que o Sirius me chamou há cinco minutos (16:22)

Lice

Vc não pode simplesmente sair com o Sirius (16:22)

Sábado é noite das migas, miga (16:23)

Lily

Concordo com a Lice (16:23)

Vc não pode sair com ele (16:23)

Lene

Ahhhhhhh, vou sim (16:24)

Pq hoje vai ter hahahahahha (16:24)

Se é que vcs me entendem (16:24)

Dorcas

Seja mais difícil, Lene (16:25)

Lene

Sorry, girls, mas não vai rolar mesmo (16:25)

Lily

Vc tá me zoando, né? (16:26)

Lene

Não (16:27)

Lily

Então tá, eu, a Lice e a Dorcas vamos então (16:27)

Lice

Isso aí (16:28)

Dorcas

19:30 pego vcs, gatitas (16:28)

Lene

Agora falando sério (16:30)

Vcs acham que vermelho combina com o meu tom de pele? (16:30)

—----

Lily franziu o cenho ao não entender o que Piper dizia, voltou alguns minutos da série com o controle remoto e bloqueou o celular.

Era o segundo furo de Lene em um mês. Na primeira semana do mês ela saiu pela primeira vez com Sirius Black, um idiota que estudava na mesma faculdade que elas; na segunda semana elas foram comer tacos mexicanos e em seguida foram para uma balada, onde Dorcas desapareceu com, provavelmente, Remus Lupin, um cara não tão idiota que também estudava na faculdade delas (fato que surpreendeu Lily, porque ela achava que ele era, no mínimo, gay); e naquela semana, a terceira do mês, Marlene sairia de novo com Sirius. Tenso.

Não demoraria muito para acontecer alguma coincidência do destino e Dorcas e Alice furarem também. E é claro que Lily não ficaria em casa. Nem se ela tivesse que sair com Petúnia, mas ela não iria ficar em casa, essa era uma certeza.

Às seis horas da tarde, o seu celular vibrou novamente. O que, raios, alguém queria com ela? Todos sabiam que ela ficava muito ocupada no sábado.

—----

Dorcas

Lily (18:03)

Vou passar aí sete e quarenta, ok? (18:03)

Lily

Tá (18:03)

—----

A Evans revirou os olhos e terminou de assistir o último episódio do dia. E apesar de ter ficado muito relutante em sair do sofá, tomou coragem para ir se arrumar. Algo pior do que decidir qual série iria assistir — How To Get Away With Murder, Orphan Black, The Walking Dead, Scream ou Game of Thrones — era decidir qual roupa iria vestir.

Depois que tomou banho e secou o cabelo, Lily abriu o seu guarda-roupa e suspirou. Estava precisando mesmo fazer algumas comprinhas. Ela analisou bem como seria a sua noite antes de optar por uma saia preta que estava lhe encarando. Dorcas, provavelmente, iria querer jantar alguma comida estranha primeiro. Lily odiava essa mania de encher a pança antes de encher a cara. Mas como o carro era dela, Lily iria para onde ela quisesse. Essa era a regra. E infelizmente era o dia de Petúnia ficar com o segundo carro dos pais.

Quando Lily finalmente resolveu que iria com uma saia e uma blusa preta, seu celular vibrou.

—----

Dorcas

Lily (19:30)

Não vai rolar (19:30)

Pra mim e pra Lice (19:30)

Amanhã a gente te explica tudo (19:30)

Sorry (19:30)

Lily

HÃÃÃÃ? (19:30)

COMO ASSIM? (19:30)

QUE MANCADA, MEADOWES (19:31)

—----

Lily se olhou bem no espelho e ficou em dúvida sobre o que estava mais vermelho, o seu cabelo ou o seu rosto. Respirou fundo e tentou se acalmar, praguejando bem baixinho enquanto passava um batom bem vermelho — talvez para tentar realçar a sua raiva — e terminava sua maquiagem. O que, raios, ela iria fazer? Poderia chamar a sua irmã, como havia planejado, mas achou que poderia bolar outro plano.

Se as suas três melhores amigas lhe deram um grande bolo, quem restava além de Petúnia? Foi então que resolveu se comunicar.

— VEM AQUI, PETÚNIA. — gritou abrindo a porta de seu quarto. Uma garota magrela, alta e desengonçada apareceu na porta do quarto em frente. Lily segurou a risada quando viu o belo vestido que sua irmã vestia. Verde e cheio de flores roxas. — Essas flores combinam com os seus olhos.

— O que você quer, aberração? Eu estou atrasada já.

— Aonde você vai? Sair com o cabeça de repolho?

— O nome dele é Vernon. — Lily arremedou-a, dando uma risada malvada. — E sim, ele vai me levar para jantar junto com a família dele.

— Ele vem te buscar?

— Óbvio.

— Então eu posso pegar o carro? — sorriu amarelo.

— Que dia é hoje, aberração?

— Sábado.

— Quem fica com o carro hoje?

— Você. — Petúnia sorriu maldosamente, fechando a porta. — Mas você acabou de dizer que ele vem te buscar!

— HOJE-O-CARRO-É-MEU! — gritou histericamente. — E não ouse relar nele ou eu vou contar pro papai o que você fez mês passado. — falou calmamente e voltou a se arrumar na frente do espelho como se não tivesse alterado-se antes.

Lily gritou e bateu a porta. Ela odiava Petúnia com todas as suas forças, mas isso não faria diferença em nenhum momento. Respirou fundo e cruzou os braços. O que iria fazer?

Sentou-se na cadeira de sua escrivaninha e pegou o celular novamente. No snapchat não havia nenhuma esperança, nem no facebook e muito menos no WhatsApp. Passou o dedo pelas suas conversas, nada de interessante… Até que chegou na última da lista.

James Potter.

Clicou.

—----

James 

16 de Agosto

Evans, você vai na festa do Diggory? (18:52)

25 de Agosto

Oi :) (19:02)

04 de Setembro

E aí? (15:47)

19 de Setembro

Por que não me responde? (22:25)

29 de Setembro

Oi (13:55)

Oi (18:19)

Oiii (22:00)

15 de Outubro

Bom dia! (08:59)

Boa tarde! (16:00)

Boa noite! (23:00)

Hoje

Lily

Potter (19:53)

James

Chora (19:55)

Lily

Quais são os seus planos pra hj? (19:55)

James

Pra que vc quer saber? (19:59)

Lily

Pq (19:59)

Hj eu não vou fazer nada (19:59)

Se você topasse sair para beber (20:00)

Seria legal :) (20:00)

James

Sorry (20:02)

Tenho um encontro hj (20:02)

Sábado à noite e tal... (20:02)

Lily

Aff, sério? (20:02)

James

Não kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk (20:05)

Daqui 10 minutos eu tô passando aí (20:05)

—----

Lily revirou os olhos. Não era exatamente o plano perfeito para um sábado à noite, mas seria melhor sair com ele do que ficar em casa.

James Potter era uma figura impressionante. Bonito, carismático, engraçado, poderia sair com qualquer garota da faculdade, mas ele — por algum motivo que Lily deixou de querer descobrir — gostava de insistir em sair com ela. Lily nunca deu muita moral para suas investidas ridículas, só saiu com ele no mês anterior… E no mês anterior do anterior e no outro anterior e no ano anterior também.  

Na verdade foi em Agosto”, Lily corrigiu a irmã mais velha mentalmente ao lembrar que não saiu com James em Setembro.  

Olhou-se no espelho pela última vez, pegou sua bolsa e jogou o celular lá dentro. Quando estava indo em direção à escada, trombou com a sua irmã.

Elas eram contrastantes.

Enquanto Petúnia parecia uma dona de casa — muito brega — dos anos cinquenta, Lily parecia uma pirralha rebelde. Lily, já estando com dezenove anos, não sabia até onde isso era bom. Encararam-se e desceram os degraus.

Não demorou muito para ouvirem uma buzina.

— TCHAU, MAMÃE! EU VOLTO ÀS ONZE EM PONTO. — gritou Petúnia enquanto se arrumava no espelho. Lambeu o dedo indicador e passou em um fio rebelde do seu cabelo. A senhora Evans logo chegou e deu um beijo na filha, estendendo-lhe seu sobretudo. — Me desejem sorte.

— Boa sorte, querida, comporte-se. — disse a senhora Evans abrindo a porta. Surpreendeu-se ao ver um rapaz que suava como se fosse um porco segurando um buquê de flores amarelas.

— Boa noite, senhora Evans. — ele discretamente enxugou o suor de sua testa com um lencinho que rapidamente guardou no bolso de seu paletó. — São flores para a senhora.

— Vernon — a senhora sorriu gentilmente —, não precisava. Quer um copo de água, querido? Você parece cansado.

— Por que está suando tanto? — perguntou Petúnia arregalando os olhos e fazendo uma cara de nojinho. Lily segurou a risada colocando a mão sobre a boca.

— Eu vim a pé. — tentou recuperar o ar. — O meu carro quebrou, mas… São só nove quadras.

— Ah. — Petúnia falsamente se comoveu. — Então eu vou pegar a chave e-

— Deve ser o tempo gelado que estraga o motor ou algo assim. — analisou a senhora Evans. — O carro das meninas também foi para o conserto hoje.

— Será que o papai pode nos levar? — questionou a irmã mais velha olhando feio para Lily, que apenas observava.

— Não sei se você consegue perceber, girafa, mas o papai não está em casa. — disse Lily sorrindo amigavelmente para o cunhado. — Uma caminhada não vai fazer mal para ninguém, não é, Vernon?

— É. — o repolho sorriu nervoso. Novamente, ouviu-se uma buzina.

— MAS QUE BUZINA IRRITANTE É ESSA? — gritou Petúnia olhando por cima do ombro do Dursley. Franziu o cenho, arregalou os olhos e abriu a boca incrédula. O vidro abaixou e a garota teve de forçar a visão para enxergar quem estava dirigindo.

— A Lily está aí? — perguntou o rapaz lá de longe. Ela olhou para a irmã.

— Ah, é a minha carona. — sorriu vencedora para Petúnia. — Volto antes das duas, mamãe, eu prometo. — beijou a bochecha da senhora Evans e fez sinal para que Vernon saísse de sua frente. — Boa caminhada para vocês dois.

— Lílian. — quando a ruiva estava no segundo degrau da escadinha em frente a porta, sorriu ao ouvir a voz da irmã. — Você-

— Que dia é hoje, Túnia?

— Sábado.

— O carro fica com quem hoje?

— Comigo.

— Cadê o carro?

— No conserto.

— De quem é a carona?

— Sua.

— Boa caminhada para vocês dois. — virou-se enquanto Petúnia a esquartejava com o olhar e entrou no carro do Potter. — Tchau, mamãe, amo você!

O rapaz logo deu partida, e em menos de um minuto já estavam bem longe daquela casa problemática. A Evans sorria divertida enquanto James dirigia e respeitava os semáforos. Quando pararam no primeiro vermelho, ele a encarou.

— E aí? — James sorriu galante. — Por que esse sorriso tão malvado, Evans?

— A vida dá voltas, Potter, uma hora você está embaixo e outra está sapateando em cima da cabeça da sua irmã mais velha. — ela ligou o som, procurando alguma música legal. — Como disse alguém inteligente algum dia: A vingança é um prato que se come frio.

— Tenso. — riu ele. — Pensei que estaria meio pra baixo.

— Por quê?

— Sei lá, suas amigas te largaram em pleno sábado. — ele acelerou o carro novamente. — Eu ficaria deprimido.

— Não acho que também não furaram com você, Potter. Por que você sairia com uma garota ao invés de sair com seus amigos?

— Simplesmente pelo fato de eu ser hétero. — a ruiva gargalhou. — É sério.

— Sei. — respondeu contendo-se. — Aonde vamos e cadê a sua moto?

— Sirius fez o favor de quebrar a dele e pegar minha antes que eu pudesse perceber. Aonde você quer ir? — Lily pareceu pensar por uns instantes. — Quer comer nachos? Abriu um trailer aqui perto e o Frank disse que é uma delícia. — Lily pareceu não gostar da ideia. — Ou podemos ir no Caldeirão Furado.

— Pode ser.

O Caldeirão Furado era o lugar que ela e as garotas mais gostavam de ir. Além de ser muito aconchegante, não duvidavam de suas identidades falsas. E, para Lily Evans, era a melhor coisa do universo poder beber e chegar em casa quando estivesse quase amanhecendo.

Lily colocou uma música do Coldplay — uma banda que ambos gostavam — e cutucou o garoto para que ele cantasse junto com ela.

Oh, angel sent from up above. You know you make my world light up. — ele gargalhou em seguida. — Fala sério, eu canto muito mal. Deixa pelo menos eu ficar bêbado primeiro, Evans, não quero fazer os seus ouvidos sangrarem.

— Realmente.

Lily balançava os ombros conforme as batidas que ouvia da canção e, para evitar ficar olhando James, mexeu algumas vezes no celular para checar se alguma das traidoras haviam mandado alguma mensagem.

— Marlene e Dorcas me pagam. — grunhiu bloqueando a tela.

— Pelo menos você arrumou uma ótima companhia para passar a noite. — sorriu de canto. — Imagina se eu tivesse mesmo um encontro e você ficasse em casa sozinha? A não ser que a sua irmã te chamasse para ir na casa do Velcron.

— Vernon. — corrigiu-o. — Pode ter certeza, Potter, que eu arrumaria outra pessoa para sair, mas… Você não resistiria à tentação de sair comigo, fala sério.

— Você está muito convencida para o meu gosto, nem parece que levou um pé na bunda.

— Eu, diferente de você, tenho êxito na minha vida amorosa.

— Estou vendo. — James freou o carro e, sorrateiramente, colocou a mão sobre a perna de Lily. — Não se preocupe, Evans, hoje eu vou garantir o êxito.

— Ah, claro. — riu sem humor. — Não estou tão desesperada assim, Potter, pode ficar tranquilo.

James sorriu marotamente, contagiando a ruiva, que apenas deu-lhe um tapa na mão.

Quando a música estava quase acabando, James parou o carro e o desligou. Desceu e abriu a porta para a garota, que olhou o seu batom pelo retrovisor. Sorriram um para o outro, mostraram as identidades para Monstro, o cara que ficava lá na frente, e entraram. Olharam por todo o local e viram dois banquinhos no balcão.

— Mas então, como está a vida? — perguntou Lily pedindo um drink para os dois.

— Ah, a mesma merda de sempre. — riu passando a mão pelos cabelos. — Meus pais não se separaram, Sirius está dividindo um apartamento comigo e… É.

— Deve ser tenso. — analisou a Evans. — Morar com o Black, fala sério.

— Pois é. — sorriu James. — Fiquei sabendo que você está procurando algum lugar bacana pra se mudar.

— É, quero me livrar da Petúnia logo.

— Irmãs mais velhas, tenso. — Lily ergueu as sobrancelhas. — Eu sei de um lugar ótimo. Aconchegante, bonito, moderno. Se quiser eu posso te passar o telefone do dono.

— Eu já tenho o seu celular, Potter. — ela rolou os olhos.

— Ah, é uma boa ideia, vai! Você nem precisaria pagar aluguel com dinheiro, poderia pagar com beijinhos.

— Por que você é tão irritante? — questionou pegando sua bebida. — Por que eu decidi sair com você?

— Porque você ficou sem opções e até onde eu sei — ele se aproximou do ouvido dela — o seu encontro com o Diggory foi horrível. Palavras do próprio.

Lily abriu a boca em sinal de surpresa, causando uma risada escandalosa do rapaz em sua frente. Ridículo. Ela se lembrava muito bem que Alice e Dorcas haviam, praticamente, forçado ela a sair com o cara, que só queria transar mesmo. E é claro que Lily deu um chute no meio das pernas dele quando percebeu suas intenções — uma história que contou para a sua família, fazendo-se de incrédula e ressaltando como era uma boa menina.

Amos Diggory não fazia o seu tipo.

Na verdade, Lily nem sabia se tinha um “tipo”. Suas amigas tinham, isso era óbvio. Remus Lupin era, exatamente (mais ou menos), o “tipo” de Dorcas. Certinho, inteligente, responsável e — segundo as conversas de WhatsApp — safadinho. Sirius Black era quase a versão masculina de Marlene, só um pouco mais bonito e doido. Frank e Alice poderiam ser confundidos como primos, irmãos ou algo do tipo, mas no caso Alice era quem tinha uns parafusos a menos na cabeça. A Evans assustou-se ao considerar a ideia de que o seu tipo fosse, talvez, pessoas como James Potter.

Nas últimas três vezes que saíram juntos, não foram parar em outro lugar senão na cama de James; e Lily não gostava da ideia de transar com ele quando alguma amiga lhe dava um bolo. A primeira vez foi em junho a segunda em agosto e a terceira em setembro — o maldito mês que a sua irmã ouviu uma conversa de Lily com Marlene.

Lily não gostava de pensar que James Potter, de alguma maneira insana, despertava coisas estranhas nela.

— Eu não iria dar pra ele, fala sério. — respondeu depois de algum tempo calada. James já tomava um gole de sua bebida. — Ele é ridículo.

— Também acho. Seria decadente você largar isso — apontou para a sua calça — para pegar aquele trambolho de quinta categoria.

— Potter, você não é nenhum deus grego não. O problema do Amos é que ele não sabe conduzir uma conversa.

— E nem uma transa.

— Potter. — ela não evitou uma risada. — Você por um acaso já transou com ele para saber disso?

— Não gosto de quando você coloca a minha masculinidade em jogo, Evans. — ele puxou o banquinho para mais perto do dela e a encarou sorrindo divertido. — É o que as pessoas dizem.

— Nem sempre as pessoas estão certas.

— Ah é?

— É. — ela se aproximou do rapaz. — As pessoas dizem que você é muito, muito bom de cama. — afastou-se e suspirou. — Mas na verdade você é horrível.

— Tão horrível que você teve que repetir umas cinco vezes pra ter certeza de como eu sou horrível, não é? — ele fez sinal para o barman trazer mais bebidas. Antes que ela protestasse, ele a cortou. — Eu só lembro de duas palavras que saiam da sua boca várias, várias, várias vezes.

— Hm. — Lily rolou os olhos.

— Vai, Potter.

[...]

00:36

— Para onde estamos indo, James?

James fechou a sua porta e deu partida no carro quando ouviu a voz da garota ruiva, que estava bem mais alegre do que quando entraram no Caldeirão Furado. A animação e algumas doses de álcool ajudaram Lily a ficar menos chata e aceitar que a vida poderia ser muito leve e engraçada, principalmente quando não tinha opções para mudar o rumo.

Enquanto ela falava sobre como havia descoberto que Peter usava camisinhas neon e aumentava cada vez mais o som — aquele maldito Coldplay que já estava quase virando a trilha sonora da vida de James —, ele tentava prestar atenção na avenida. O seu plano não era, exatamente, sofrer um acidente enquanto tentava levar Lily para o seu apartamento. Era bem, bem diferente.

James Potter, ao olhar e ver como Lily estava sorridente e linda, teve certeza de que o que havia feito foi mais do que certo. Primeiro, ele subornou Sirius para ele convencer Marlene Mckinnon a sair com ele e não com Lily, e isso custou muito caro, no ponto de vista e no bolso de James; depois, implorou para Remus dar um jeito e tirar Dorcas Meadowes da linha, o que significava, em outras palavras, que a dívida deles estava quitada e a partir de então James teria que fazer os trabalhos da faculdade por conta própria. E para completar, comentou com Frank sobre uma promoção de rodízio de comida japonesa que teria. Tudo isso para passar uma noite com a sua crush.

Quando ele estacionou o carro na garagem, fitou Lily pelo canto do olho e sorriu, recebendo um olhar danado da sua companhia.

— Por que eu tenho quase absoluta certeza de que você armou todo um esquema para conseguir sair comigo hoje? — ela disse tirando o cinto de segurança de seu corpo e os sapatos de seus pés. James olhou atentamente para isso.

— Porque não admite que o destino nos quer juntos.

— Juntos? — Lily deu uma risada abafada. James assentiu desafiador, observando como ela saía de onde estava sentada para ir para o seu colo. Ah, a diversão, havia finalmente começado. Lily puxou a própria saia para cima e acomodou-se em cima do que já era um volume. — Juntos assim?

— Eu odeio como você irritantemente me seduz.

James suspirou colocando uma mecha do cabelo ruivo por atrás da orelha. Antes de beijá-la, fitou seus olhos verdes para gravar em algum lugar de sua coleção de memórias. Ela deu risada.

Embora Lily tivesse chamado ele para sair com um possível intuito, não conseguia negar que as coisas entre eles eram diferentes. Todas as vezes, antes e primeiro do que qualquer coisa, eles se beijavam carinhosamente — afeto que ela não sabia de onde vinha ou quando surgiu. Um beijo calmo, tranquilo, com respirações pesadas e toques marcantes. Sentir o corpo da Evans, ali, quente e macio, apenas confirmava o que James andava pensando há um tempo e concretizada o motivo de sua saudade. Suas mãos pequenas passeando pelos ombros dele, seus fios fazendo cócegas no pescoço, seus lábios deixando um rastro de algo que não sabiam denominar.

Quando terminaram o beijo, em um lento selinho, Lily desviou o olhar das lentes de James, focando exatamente em um copo do Starbucks que estava na porta.

— Você já pensou em limpar o carro? — perguntou pegando-o dali. — É um pouco nojento você deixar seus restos por aqui. — James sorriu enquanto ela o analisava e, de repente, o virava para baixo com a plena convicção de que nada estaria ali ainda. Quando, na verdade… — Isso só pode ser uma pegadinha sua.

— Como eu disse, o destino nos quer juntos. — ele tirou o copo da mão dela, deixando-o no mesmo lugar. Seu braço estava todo melecado de cappuccino, apenas aumentando o sorriso do rapaz. — Juntos lá em cima.

James conduziu Lily até o seu apartamento. Durante o percurso, ouviu algumas piadinhas sobre como ele era engraçado ou sobre como era patético. A melhor parte era tê-la, de alguma forma, perto demais. Ao lado dele enquanto andavam, no meio das pernas durante o elevador, e batendo em seu braço enquanto virava a chave para abrir a porta.

— Faz tempo que eu não venho aqui, você mudou o sofá de lugar? — analisou a garota deixando os sapatos do lado de fora. James trancou a porta e jogou as chaves em cima da mesa. Ele negou com a cabeça quando ela o olhou. — E aí? O que vamos fazer agora?

— O que você acha de um banho? — sugeriu enquanto tirava os seus sapatos também. Lily deu ombros, com uma falsa expressão de ingenuidade.

— Você vem comigo?

Ugh.

James Potter odiava essas perguntas que ficavam tão atraentes nos lábios de Lily. Ele tirou a sua camisa e ajudou a Evans a tirar a tirar a blusa e a saia. Afinal, ela teria que voltar para a sua casa e não seria legal se (1) voltasse com as roupas molhadas ou (2) com as roupas dele..

De bom grado, ele abriu o chuveiro e fez Lily entrar primeiro, dizendo que já iria. Sentou-se no sofá para ler as mensagens que Sirius e Remus haviam lhe mandado.

—---------

Ontem

Padfoot

Cara (20:13)

deu ruim (20:13)

deu mto ruim (20:13)

Quer dizer, ruim ruim ruim n deu (20:13)

Mas vai dar ruim (20:13)

O idiota do Remus trouxe a Dorcas aqui tbm (20:15)

Krl, como se não bastasse a Mckinnon pra me encher o saco (20:15)

Odeio você, James Potter (21:30)

Viado (21:45)

A sua sorte é que eu tenho um coração bom (22:30)

Se não, eu ia estraçalhar essa sua cara de viado (22:30)

Qq eu faço agr com ela? (23:43)

Remus vazou (23:57)

É capaz dessa espenunca fechar e a Mckinnon não parar de falar (23:59)

Hoje

Rapaaaaaaaaaaa (00:30)

Você tá em casa? (00:30)

N vou pra casa tbm (00:35)

Essa sua lerdeza de responder me incomoda (00:36)

Vou levar ela pra outro lugar (00:36)

Acho q agr vai dar bom (00:45)

heheheheehehehehehehe (00:45)

Moony

Você é o único idiota que fica mandando mensagem (00:59)

quando poderia estar fazendo outras coisas (00:59)

e eu não esperava que você ia levar a Marlene para um restaurante (00:59)

fala sério (00:59)

você não tem classe o suficiente pra ir naquele restaurante (00:59)

Diferente de você, eu estava em um encontro de verdade (00:59)

Prongs

Vdd, vc é o único idiota mesmo, Padfoot ;) (01:00)

—---------

— James! — gritou Lily do banheiro, fazendo com que ele deixasse o celular de lado. Ele abriu a porta e arqueou as sobrancelhas. — Preciso de uma toalha.

O Potter pegou uma vermelha no armário do corredor e abriu os braços com ela para que a garota viesse até ele. James a enrolou na toalha e beijou sua testa, ajudando-a a se enxugar. E foi uma bela visão ver Lily só de calcinha na sua frente. Talvez o momento da diversão houvesse, finalmente, chegado.

— Talvez eu passei um pouco do ponto. — riu se desvencilhando do suposto abraço. — Só um pouquinho.

— Só um pouquinho. — ele sorriu fazendo com que o corpo dela se encostasse na pedra da pia. — Você sabe que eu gosto de você de qualquer jeito, principalmente quando você tenta me agarrar dentro do carro.

— E que tal no banheiro?

— Em qualquer lugar, Evans.

Eles sorriram um para o outro, James achando-a mais linda do que nunca. Ele não quis perder mais nenhum segundo, e a beijou intensamente, como sempre fazia nas vezes em que se encontravam. Ele a colocou em cima da pedra, e encostou os seus corpos e fez tudo o que já sabia que Lily gostava.

— Vai, Potter. — pediu ela causando um riso malicioso nele. — Tenho que voltar pra casa duas horas.

[...]

01:55

— Entregue. — James suspirou, esticando o braço pelos ombros da garota, que rolou os olhos. — Não faça essa carinha de decepção, eu sei que você adoraria um segundo round, mas…

— Você é ridículo, Potter, sério. — ela rolou os olhos ajeitando o seu cabelo.

— De nada por fazer você se divertir quando as suas queridas amigas te deram um super bolo, de nada por não deixar você beber tanto e de nada por te proporcionar a melhor transa da sua vida. Não precisa me agradecer tanto. — a garota apenas negou com a cabeça. James não precisava de muita coisa para inflar o seu ego. Lily abriu a porta do carro e ouviu um pigarrear. — Mereço um beijinho de tchau, Evans, fala sério.

Ela lhe deu um selinho e ouviu um muxoxo.

Rolou os olhos, de novo. Era, basicamente, o que mais fazia quando estava perto dele.

James pegou o seu rosto com as duas mãos e lhe deu um beijo de verdade. Aquele beijo que ele sempre quer quando a vê andando pela faculdade, quando vê a sua foto de perfil no facebook e até mesmo nas horas em que ela diz que ele é ridículo e idiota. James Potter gostava de Lily Evans. Muito. Muito mais do que ela poderia imaginar. E ele nem queria saber o porquê, já que não era tão relevante assim. James era capaz de fazer qualquer coisa, desde subornar amigos até atrapalhar encontros alheios, para ganhar algum tempo com ela.

Poder tocar Lily, beijar e abraçar era como se fosse um sonho. Ele gostava de imaginar que talvez ela ficaria pensando nisso até dormir ou nos próximos dias, igual aconteceu com ele quando deram o primeiro beijo no ano anterior. E na realidade, o único problema de Lily Evans com James Potter era que ele a deixava completamente fora de si em diversos sentidos, e ela não gostava nem um pouco de se sentir desse jeito simplesmente pelo fato dele falar “E aí, Evans?”. Ele a alterava muito mais do que vodka, e isso a irritava.

— Até qualquer dia, Evans. Se mudar de ideia sobre o apartamento, me liga. — e piscou para ela, dando-lhe um beijo na bochecha.

Sem responder nada, Lily saiu e deu tchau para ele, que foi até a esquina bem devagar, esperando ela entrar em sua casa. Mas como toda noite boa tem algo muito melhor, Lily gargalhou ao ver uma garota alta, magrela e estranha vindo em sua direção com a pior das expressões.

— O que foi, aberração? — perguntou mal-humorada.

— Pensei que a filhinha maravilhosa ia chegar onze horas. — respondeu cruzando os braços. — O que estava fazendo até essa hora, Túnia? Não me diga que você se deixou levar pela beleza exuberante do cabeça de repolho?

— Eu odeio você, aberração, odeio.

— O papai não vai gostar de saber que você anda fazendo coisas indecentes com o seu namoradinho, Túnia. Seria uma pena se eu contasse que você chegou tarde hoje, né.

Lily abriu a porta bem devagar e entrou na frente da sua irmã, que estava quase soltando fogo pela boca, como se fosse um dragão bem estranho dos anos cinquenta. Ela riu, subiu as escadas devagar e quando chegou no seu quarto, pegou o seu celular. Deitou-se na cama e sorriu para o teto.

—---------

D4

Lene, Dorcas, Lice, Lily

Lily

Odeio vocês (02:13)

Muito (02:13)

Marlene

Como foi a noite agitada com o Potter? (02:13)

Lily

Como você sabe que eu saí com o Potter? (02:14)

Marlene

O Sirius me contou, né (02:14)

Lily

Como o Sirius sabia? (02:15)

Marlene

Ué, Lily, o James contou pra ele (02:15)

Você acha que Whatsapp serve pra q?? (02:15)

Dorcas

Ou simplesmente o James obrigou o Sirius a sair com a Lene (02:17)

E o Remus comigo (02:17)

Pra você não ter escolha e sair com ele (02:17)

Marlene

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk vdd (02:17)

É a cara dele fazer essas coisas (02:17)

Lily

¬¬’ (02:19)

Eu odeio ele (02:19)

—---------

James

Lily

Eu odeio você, Potter (02:20)

James

Me ame menos, Evans (02:21)

Oq vc sempre fala mesmo? (02:21)

Ah é kkkkkkkkkkk (02:21)

VAI, POTTER! (02:21)

Lily

Idiota (02:22)

James

♥ ♥ ♥ (02:22)


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Notas finais do capítulo

Quem adivinhar o que aconteceu nove meses depois ganha um prêmio (meu core! ♥ sim, isso é um prêmio) :D
Ai, James, sempre articulando tudo em prol de um momentinho com a Lily. Não é de encantar o core? KKKKKKKKKKKK ♥

Mas, e vocês? O que acharam? Não deixem de mandar um comentário dando a opinião de vocês, até um "amei ♥" está valendo. É muito importante e legal saber se vocês gostaram, se não gostaram, se vocês fazem ideia do que aconteceu depois de nove meses, etc.

Qualquer coisa, estou lá no twitter (@itstahii)

Obrigada por lerem! Bjs ♥



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